Ruptura do Café-com-leite de 1910 e Revolta da Chibata

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
República do Café - I.
Advertisements

República do Café III Aula 19.
A REPÚBLICA VELHA OU REPÚBLICA DO (CAFÉ COM LEITE)
República Velha.
Revolução de 1930.
ESCOLA ESTADUAL BRAZ SINIGÁGLIA
A República Velha Brasileira ( )
REPÚBLICA VELHA ( ).
REPÚBLICA VELHA ( ) Agentes participantes do projeto republicano  líderes militares, cafeicultores, profissionais liberais, componentes da classe.
BRASIL: REPÚBLICA VELHA (1889 à 1930). REPÚBLICA VELHA A República velha é dividida em duas fases: República das Espadas República Oligárquica.
BRASIL: REPÚBLICA VELHA (1889 à 1930). REPÚBLICA VELHA A República velha é dividida em duas fases: República das Espadas República Oligárquica.
Conflitos no Paraná Revolução Federalista 1893 a 1895 E
EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx – DEPA – CMF DISCIPLINA: HISTÓRIA 2º ANO DO ENSINO MÉDIO ASSUNTO: PERÍODO REGENCIAL – CABANAGEM.
MÓDULO 10 – REPÚBLICA VELHA(I)
AS REVOLTAS DA PRIMEIRA REPÚBLICA
Revolta chibata Nomes: Bruno, Eduardo e Gabriel.B Turma: 82
República Oligárquica (1894 – 1930):
CRISE NO BRASIL IMPÉRIO II
Primeira República.
Revolta da chibata Alunos :Bianca,Fernanda,Taynara N°s:05, 14, 35.
Revoltas na República Velha
Trabalho de historia da Politica café com leite 9ano `b`
2 - A república no Brasil.
Revisão República!.
VENCESLAU BRÁS – 1914 a 1918 Desenvolvimento da indústria nacional devido a 1ª Guerra Mundial. O Brasil começou a produzir aqui o que não podia importar.
A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
Nome:Amanda de Souza;Camila Ribeiro; Núbia Karoline;Victor Hugo
R EVOLTA DA CHIBATA T RABALHO DE H ISTÓRIA Nomes:Gabriel Alves,Giovane,Wagner,Marcelo Prof. Miquéias Turma:81.
A Era Vargas COLÉGIO IPIRANGA ALUNOS:CAROLINE MAYUMI
O Primeiro Reinado / foi um período da História do Brasil marcado por sérios conflitos de interesses. De um lado os que desejavam preservar.
Morro da Favela - Tarsila do Amaral, 1924
Aspectos políticos, sociais e econômicos
BRASIL REPÚBLICA A Queda da Monarquia Fatores: A Questão Religiosa
PROCLAMDA A REPÚBLICA EM XV DE NOVEMBRO DE 1889
A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
REPÚBLICA BRASILEIRA PERÍODO PROVISÓRIO.
Feito por: Bruna Pires Daniela luz Laura Moreira Ana Carolina
A consolidação do Império no Brasil
TRABALHO DE HISTORIA TEMA:A ERA NAPOLEÔNICA
PRIMEIRA REPUÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRAZIL
Coluna Prestes.
Sociologia-2ª SÉRIE Professor Breno Cunha
Disciplina de História Profª.: Thayanne Siqueira.
EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx – DEPA – CMF DISCIPLINA: HISTÓRIA 2º ANO DO ENSINO MÉDIO ASSUNTO: A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA OBJETIVOS.
República Oligárquica
História Prof. Carlos GEO Grupo SEB
República Velha 1889 – 1930.
História Prof. Carlos GEO Grupo SEB.
BRASIL REPÚBLICA -Com a República, o Brasil mudou a forma de governo, trocou de bandeira, nova Constituição e separou a Igreja do Estado, sem, contudo,
O IFRJ E O CENTENÁRIO DA REVOLTA DA CHIBATA Brasil. Século XIX. Um mundo em que se enxergava aquele que era diferente do colonizador como coisa, objeto,
Guerra de Canudos Duração 4 anos.
O BRASIL ANTES DA SEMANA DE ARTE MODERNA.
. REPÚBLICA DO CAFÉ COM LEITE.
15 de Novembro de 1889 Mal. Deodoro da Fonseca: Ocupação do Quartel-General do Rio de Janeiro Deposição do Gabinete Imperial (Ministros: Ouro Preto – chefe.
Era Vargas História 9º’s.
BRASIL REPÚBLICA VELHA
O Fim do Segundo Reinado
1 - Diferentes projetos republicanos:
ALUNAS ALINE,JOICE,IONY,ROSINETE 9 ANO B´VESPERTINO
REVISÃO REPÚBLICA VELHA.
CAUSAS DA CRISE DO IMPÉRIO 3/1/
LITERATURA. PRÉ-MODERNISMO 1902 – 1922 BRASIL CONTEXTO HISTÓRICO FINAL DO SÉC. XIX INÍCIO DO SÉC. XX.
REPÚBLICA VELHA ( ).
PRIMEIRA REPÚBLICA (PARTE I) Natania Nogueira
A PRIMEIRA REPÚBLICA (PARTE II)
Primeira República ( ) 1.República da Espada ( ) * A proclamação da república foi um golpe militar apoiado pelos cafeicultores paulistas.
Brasil: fim da República Oligárquica Professora Vanessa Martins.
CAPÍTULO 15.  RESISTÊNCIA DOS ESCRAVIZADOS E O MOVIMENTO ABOLICIONISTA.  COM O FIM DA GUERRA DO PARAGUAI A CAMPANHA ABOLICIONISTA POPULARIZOU-SE INCLUSIVE.
A República das Oligarquias
Transcrição da apresentação:

Ruptura do Café-com-leite de 1910 e Revolta da Chibata

Política do Café-com-leite na República Oligárquica (1894-1930) Hegemonia dos Estados de São Paulo e Minas Gerais sobre o Governo Federal. Apesar do Estado de São Paulo defender o federalismo não hesitou em usar o Governo Federal para seus propósitos. PRP (Partido Republicano Paulista) e PRM (Partido Republicano Mineiro) mantiveram a primazia na política republicana. Dos 11 presidentes que governaram o país entre 1894-1930, 3 paulistas : Prudente de Morais, Campos Sales e Rodrigues Alves( mais Washington Luís que nasceu no Rio de Janeiro mas era identificado com as elites paulistas) e 4 mineiros: Afonso Pena, Venceslau Brás, Delfim Moreira (vice-presidente de Rodrigues Alves morto em 1919) e Artur Bernardes. Através de fraudes eleitorais os interesses e o poder da burguesia cafeeira eram garantidos. A forte influência paulista e mineira na política federal pode ser explicada por alguns dados: São Paulo e Minas Gerais eram os maiores produtores de café do Brasil (motivo econômico) , a população brasileira em 1908 contava com cerca de 20.515.000 habitantes, destes 3.960.000 eram mineiros (Estado com maior população) e 3.397.000 paulistas (2º Estado com maior população) . O peso demográfico repercutia no cenário político já que os dois Estados dispunham de maior número de representantes no Congresso Nacional.

Ruptura do equilíbrio político em 1909/1910 Durante a campanha e a sucessão presidenciais os PRP e PRM apoiaram candidatos diferentes constituindo a primeira ruptura séria da chamada Política do Café-com leite : RUI BARBOSA (político baiano com o apoio do PRP) X HERMES DA FONSECA (militar gaúcho com o apoio do PRM) Campanha Civilista : Defendida por Rui Barbosa pregava o voto secreto, revisão constitucional, um Código Civil e procurou atacar a influência do exército na política nacional “[...] Mas por isso mesmo que quero o exército grande, forte, exemplar, não o queria pesando sobre o Governo do país. A nação governa. O exército, como os demais órgãos do país, obedece. Nesses limites é necessário,é inestimável o seu papel; e na observância deles reside o seu segredo, a condição da sua popularidade. O exército certamente o sabe. Não quererá outra função.[...]” . Carta de Rui Barbosa aos senadores F. Glicério e A. Azeredo em 1909. Rui Barbosa saiu derrotado nas eleições de 1° março de 1910. Apesar da grande popularidade de sua candidatura.

Hermes Rodrigues da Fonseca Rui Barbosa de Oliveira Candidatos em 1910 Hermes Rodrigues da Fonseca (1855-1923) Militar gaúcho nascido em São Gabriel, desempenhou importantes funções militares: durante o Império foi ajudante-de-ordens do Conde D´Eu e na República foi ajudante-de-campo do Marechal Deodoro da Fonseca (seu tio). Foi ministro da Guerra no Governo Afonso Pena (1906-1909) se desentendendo com o presidente devido à sua candidatura à presidência da República. Hermes da Fonseca tornou-se presidente entre 1910-1914. No final da vida esteve envolvido no episódio das “Cartas Falsas” de 1921 e na Revolta Tenentista de 1922, sendo preso e morto antes do julgamento. Rui Barbosa de Oliveira (1849-1923) Importante político brasileiro nascido em Salvador. Rui Barbosa desenvolveu atividade jornalística defendendo a abolição da escravidão no Império. Durante a República pertenceu ao Governo Provisório de Deodoro sendo responsável pela política econômica do Encilhamento. Esteve exilado durante o Governo Floriano (1891-1894). Foi convidado pelo Barão do Rio Branco para representar o Brasil na 2ª Conferência Internacional da Paz em Haia em 1907, devido ao prestígio que essa participação lhe conferiu passou a ser conhecido como “Águia de Haia”. Foi candidato duas vezes à presidência da República. Em 1920 afastou-se definitivamente da política.

Governo Hermes da Fonseca (1910-1914) Conhecido como “Dudu” ou “Urucubaca” . Posse em 15 de novembro de 1910. Seu governo foi fortemente marcado pela figura do senador e general gaúcho Pinheiro Machado fundador do PRC (Partido Republicano Conservador) Desencadeou a chamada “Política das Salvações”= Intervenção Federal nos Estados visando substituir as oligarquias dissidentes por grupos mais próximos do Governo Federal, tal intervenção provocou bombardeios em cidades como Salvador e Manaus. Em 1913 casou-se com a caricaturista Nair de Teffé (30 anos mais nova que o marechal) Nair de Teffé realizava seus trabalhos com o pseudônimo de “Rian” Sete dias após sua posse estourou uma importante rebelião que teve repercussão internacional.

Revolta da Chibata: “A Marujada em fúria” Situação da marinha brasileira: Durante o Império esteve entre as cinco maiores do mundo, durante a Proclamação da República desempenhou um papel secundário, cabendo ao exército o papel de protagonista no Golpe de Estado. No início do século XX com o enfraquecimento da marinha brasileira e o crescimento desta força na Argentina, o governo brasileiro adotou medidas visando modernizar a marinha de guerra adquirindo navios no exterior. Houve um descompasso entre o tratamento dispensado aos marinheiros e a modernização dos novos navios de guerra. Na época dos veleiros eram procurados homens fortes fisicamente, com resistência a longas viagens e precárias condições de higiene : “homens de ferro em navios de madeira”. Para manter esses homens disciplinados as autoridades faziam uso de castigos físicos . Com os navios do século XX, movidos a vapor, eram necessários: técnicos, eletricistas, mecânicos e os marinheiros ideais nos veleiros tornaram-se um problema nas novas embarcações e os castigos físicos feitos de maneira descontrolada passaram a ser questionados. Como as condições de vida e trabalho na marinha eram péssimas o número de voluntários eram modesto, sendo assim o recrutamento ocorria pela incorporação forçada de órfãos e condenados, haviam também aqueles com precárias condições sociais que entravam como marinheiros. Os marinheiros estavam sujeitos a pederastia (contato sexual de um homem com rapaz bem jovem), castigos físicos (100 ,250 ou até 500 chibatas em um único dia), baixos soldos e má alimentação. Em 1910, como resultado da política de modernização naval, chegaram ao Brasil dois modernos encouraçados fabricados em estaleiros ingleses: São Paulo e Minas Gerais e o cruzador Bahia.

Alguns marinheiros, entre eles João Cândido Felisberto, foram para a Inglaterra na espera dos navios que a marinha do Brasil havia comprado. Ocorreram contatos com marinheiros ingleses (os castigos físicos haviam sido oficialmente abolidos na marinha inglesa) Reuniões entre os marinheiros eram feitas planejando a rebelião. Os encontros foram liderados por Francisco Dias Martins. Em 22 de novembro de 1910 os marujos se rebelaram e tomaram o controle dos encouraçados São Paulo e Minas Gerais, do cruzador Bahia e do blindado Deodoro . Ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro caso suas reivindicações não fossem atendidas (o Governo tinha 12 horas para se pronunciar) : Aumento dos soldos dos marinheiros, diminuição da carga horária de trabalho (com a incorporação dos novos e modernos navios de guerra à marinha brasileira e os marinheiros tiveram que acumular mais funções), melhoria nas condições de alimentação e abolição dos castigos físicos como a chibata. A organização dentro dos navios (jogos de azar e bebidas alcoólicas foram proibidas) e o poder de fogo dos mais de 60 canhões (24 deles de maior calibre) que ameaçavam destruir a capital federal forçaram o Governo a negociar. O fato foi noticiado na imprensa internacional e contribuiu para o desprestígio do Governo Brasileiro.

Depois de intenso debate no Congresso Nacional a anistia aos revoltosos foi concedida em troca do desarmamento dos navios em 27 de novembro de 1910. Após entregarem os navios muitos marinheiros foram afastados pelos oficiais, a situação piorou até que no começo de dezembro marinheiros do Rio Grande do Sul e no Batalhão Naval se revoltaram. O Governo reprimiu a rebelião e acusou João Cândido de participar da revolta. A anistia aos marinheiros foi revogada e muitos foram presos, assassinados e transferidos à força para o Acre (trabalhos na construção da ferrovia Madeira-Mamoré e em seringais) . João Cândido Felisberto apelidado pela imprensa de “O Almirante Negro “ foi preso na Ilha das Cobras e depois de presenciar a morte de muitos dos seus companheiros foi internado no Hospital de Alienados onde foi liberado em 1914. Morreu em 1969. O movimento contou com a participação de cerca de 2.000 marinheiros que em alguns casos chegaram a matar os oficiais que resistiram a tomada dos navios pelos marujos.

João Cândido Felisberto (1880-1969) Nasceu na então província do Rio Grande do Sul. Entrou na marinha do Brasil ainda com pouca idade, foi apontado com o maior líder da rebelião naval de 1910. Sofreu com a repressão do governo ficando retido na Ilha das Cobras e depois no Hospital de Alienados. Importância Histórica da Revolta dos Marinheiros Tratou-se de um importante movimento social ocorrido durante a Primeira República (1889-1930). No cenário de fraudes eleitorais e hegemonia política da oligarquia cafeeira as revoltas sociais eram um caro meio de demonstração das aspirações e necessidades das camadas sociais consideradas subalternas. Após a revolta dos marujos a chibata foi abolida da marinha brasileira. O movimento conseguiu chamar a atenção internacional para os problemas dos marinheiros brasileiros.