Recursos Hídricos Superficiais Variação do Caudal dos Rios

As disponibilidades hídricas das bacias hidrográficas portuguesas são fortemente influenciadas pela irregularidade temporal e espacial da precipitação, que confere ao escoamento uma acentuada sazonalidade. Assim: Regista-se uma grande variação sazonal na precipitação e no escoamento. Tanto a precipitação como o escoamento apresentam uma grande irregularidade interanual. a precipitação e o escoamento são mais elevados nas bacias hidrográficas situadas a norte.

Caudal dos rios: Volume de água que passa numa dada secção do rio numa unidade de tempo (m3/s).   Regime dos Rios: É variação do caudal do rio ao longo do ano. O Regime dos Rios, em Portugal, é irregular e com carácter torrencial, devido à diferença entre os caudais de Inverno e de Verão (mais acentuado no Sul). Assim: os caudais são muito elevados no Inverno porque a precipitação é elevada e a evaporação reduzida; os caudais são muito baixos no Verão devido à fraca precipitação e à elevada evaporação.

Na generalidade o caudal dos rios é mais elevado nos meses de Inverno.

Quanto à repartição espacial dos caudais verifica-se que os caudais são inferiores no Sul do país, devido aos baixos quantitativos pluviométricos, às temperaturas mais elevadas, que levam a uma maior evaporação, ao relevo menos acidentado e à menor cobertura vegetal. No Norte, os rios apresentam um caudal mais elevado e o seu regime caracteriza-se pela ocorrência de cheias frequentes no Inverno e início da Primavera e pela diminuição de caudal no Verão, apesar de haver sempre escoamento. No Sul, os rios têm caudais mais baixos e um regime caracterizado pela ocorrência de cheias pouco frequentes, no Inverno e no início da Primavera, e pela redução acentuada dos caudais, no período seco estival, chegando alguns cursos de água a secar (sem escoamento). Nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira: os caudais das ribeiras são elevados no Inverno e baixos no Verão; nos Açores há menor irregularidade da precipitação e menor variação nos caudais; Na madeira há um contraste Norte/Sul: na vertente norte os cursos de água têm escoamento todo o ano, na vertente sul alguns só têm escoamento ocasionalmente.

A irregularidade (temporal e espacial) do caudal dos rios é o reflexo da variação de um conjunto de factores. 1. Factores Físicos Clima (temperatura e precipitação); Vegetação (o escoamento será maior se a densidade da vegetação for menor e vice-versa); Relevo (quanto maior a altitude, maior é a precipitação; quanto maior forem os declives, mais acentuada/acelerada será a escorrência); Hidrografia (quanto mais densa for a rede hidrográfica, maior será o caudal do rio principal); Constituição geológica e pedológica da bacia (a maior ou menor permeabilidade do solo facilita ou dificulta o escoamento).

2- Factores Humanos Desflorestação (os terrenos ficam mais vulneráveis à acção das águas superficiais, os materiais são facilmente arrastados acumulando-se nas margens e no leito); Impermeabilidade dos solos (o solo coberto impede a infiltração, o escoamento superficial pode tornar-se muito rápido, impetuoso e arrasador); Construção de pontes (pontes de estrutura fechada dificultam o escoamento; a acumulação de água pode levar ao rebentamento da estrutura); Construção de barragens (reduz o caudal e a impetuosidade das águas; com as descargas o caudal aumenta subitamente; contribui para a regularização dos caudais);

2- Factores Humanos (cont.) Transvases (transferência de água de rios mais caudalosos para rios de menor caudal); Cobertura e/ou encanamento de cursos de água (altera o fluxo das águas correntes, reduzindo a secção do seu caudal); Extracção de inertes (a extracção de areias alteram o normal escoamento das águas); Assoreamento do leito dos rios (a acumulação de sedimentos e de detritos de diversas origens é causa e consequência da variação do caudal); Captação de água para consumo (a bombagem de água dos rios para diversas actividades humanas pode diminuir o caudal de um rio).

A variação anual do caudal de um rio reflecte-se no seu leito: Leito fluvial – parte de um vale ocupado parcial ou totalmente por um rio. A variação anual do caudal de um rio reflecte-se no seu leito: Leito menor ou de estiagem – corresponde ao caudal dominante, zonas de inundação mais planas. Leito normal – corresponde ao caudal médio. Leito maior ou de inundação – é a região onde o rio se expande em período de cheias. Ver pág. 219