Uma mulher alcançada plenamente pelo Espírito, por presente de Deus e colaboração sua, foi Maria de Nazaré. O Espírito terá alcançado a nossa pele se toda a nossa pessoa respira e vive o ar de Jesus, ou seja, se – como se passou com Maria de Nazaré - nos deixámos configurar pelo Espírito de Deus até que Cristo se forme em nós e nos vá convertendo em criaturas novas. Então viveremos os valores evangélicos de um modo quase natural, sem voluntarismos nem perfeccionismos mas como fruto de ter descoberto a verdade do nosso ser, de nos termos deixado alcançar pela força do alento de Deus que nos prometeu em Jesus e que a primeira comunidade acolheu com assombro de tal modo que aprendeu a respirar o “ar de Jesus” até que o seu Espírito se revelou em cada um dos seus membros à “flor da pele”. Emma Martínez Ocaña Cuerpo espiritual Texto: Lucas 1, Quarto domingo do Advento –B- / Comentários e apresentação: M.Asun Gutiérrez. Música: Johan Svendsen. Romance em Sol.

Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José. O nome da Virgem era Maria. Nazaré, pequeno lugar da Galileia. Região paganizada que não aparece no A.T. As personagens do nosso mundo preparam as suas presenças com grandes anúncios e campanhas publicitárias. Convertem as suas chegadas e discursos em espectáculo de luzes e massas. Não é o estilo de Jesus. Jesus não aparece no centro oficial do judaísmo, mas numa aldeia afastada, dentro da normalidade mais absoluta, no silêncio, na intimidade. Confunde-me a normalidade de Jesus? Como vivo e entendo a minha fé n’Ele? Basílica da Anunciação

Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: – Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo; bendita és tu entre as mulheres. A Mensagem chega, chega-nos no meio das ocupações e vivências diárias. O convite à alegria também é para nós. O Senhor está connosco. De que alegria se trata? Sou portador, portadora, de boas notícias? Alegro as pessoas que saúdo? “A alegria é o distintivo do cristianismo” (Chesterton). Realmente nós, cristãos, nos distinguimos por sermos pessoas alegres e por contagiar Alegria?

Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: – Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás á luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim. Não há que temer. A presença e proximidade de Deus é sempre motivo de sossego e de paz. Deus, em Jesus, torna-Se próximo, solidário com os seres humanos. Assume a realidade humana de forma profunda e rotunda e compromete-Se com ela. Torna seu e dá sentido ao sofrimento, alegrias, saúde, doença, lutas, anseios, morte e vida, de todas as pessoas. É o sentido central do Natal: Jesus está sempre connosco, nunca nos deixa sós.

Maria disse ao Anjo: – Como será isto, se eu não conheço homem? O Anjo respondeu-lhe: – O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. A fé inaugura o diálogo. A confiança posta em Maria faz que ela confie plenamente e se converta em pessoa de fé. Deus falou; quem não profetizará? (Am 3,8) Lucas, na sua obra Evangelho e Actos, dá uma grande importância e protagonismo ao Espírito Santo. O Espírito que moveu toda a vida de Jesus e a de quem queira continuar o seu projecto.

E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível. Isabel, “Deus é plenitude”, era mais velha, mas sentiu-se jovem e fez coisas próprias de jovens. Era estéril e foi capaz de dar vida. Inútil e envergonhada, segundo a mentalidade do seu tempo, e foi fecunda e encheu-se de alegria. Deus faz tudo diferentemente, muda tudo. Tudo torna possível, contando com a nossa confiança e a nossa colaboração. Para realizar o seu projecto, Deus necessita da aceitação, da liberdade, das palavras, do modo de actuar, da disponibilidade, dos silêncios, da fortaleza, do saber esperar... de Maria e de cada um de nós.

Maria disse então: – Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra. Lucas assinala as atitudes de Maria ao ir conhecendo o projecto de Deus: a perturbação, a estranheza, as perguntas e, finalmente, a absoluta disponibilidade. Atitudes que coincidem com o processo que toda a pessoa crente percorre ao ir descobrindo o plano de Deus na sua vida. No caso de Maria e no nosso, a confiança e a disponibilidade são atitudes que permitem que a esperança se torne realidade, que Deus, em Jesus, se torne presente.

Eu te saúdo, Maria, porque o Senhor está contigo: em tua casa, na tua rua, no teu povo, no teu abraço, no teu seio. Eu te saúdo, Maria, porque te perturbaste – quem não o faria perante tal notícia? – mas em seguida recobraste paz e ânimo e acreditaste num enviado qualquer. e acreditaste num enviado qualquer. Eu te saúdo, Maria, porque perguntaste o que não entendias – mesmo sendo mensagem divina – e não deste um sim ingénuo nem um sim cego, mas tiveste diálogo e palavra própria. Eu te saúdo, Maria, porque concebeste e deste à luz um filho, Jesus, a vida; e nos mostraste quanta vida há que gerar e cuidar se queremos tornar Deus presente nesta terra. Eu te saúdo, Maria, porque te deixaste guiar pelo Espírito e permaneceste à sua sombra, tanto na tormenta como na bonança, deixando Deus ser Deus e não renunciando a seres tu mesma. Eu te saúdo, Maria. Irmã peregrina dos pobres de Jahvé, caminha connosco, Leva-nos junto aos outros e mantém viva a nossa fé! Ulibarri Fl.