O Romantismo brasileiro

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Transcrição da apresentação:

O Romantismo brasileiro A subjetividade entra em cena

Contexto Histórico Em 1808, a família real se muda para o Brasil. A chegada da família real ocasiona diversas mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais nas terras brasileiras. Houve a criação da imprensa nacional, do Banco do Brasil, de escolas técnicas, de escolas de medicina, etc. No ano de 1816, o Brasil foi elevado a categoria de Reino Unido. Em 1822, o país torna-se independente de Portugal.

Contexto histórico Um país independente precisava de uma literatura independente. Assim, uma pergunta foi trazida à tona: como fazer uma literatura eminentemente nacional?

Em busca duma literatura nacional Ferdinand Denis, estudioso francês, propôs que para se fazer uma literatura autenticamente nacional, era necessário firmar-se na descrição da natureza específica dos trópicos e expor, nas obras de arte, os temas indígenas. Em 1836, na revista "Niterói", Gonçalves de Magalhães, juntamente com outros poetas, escreveu um manifesto, este foi responsável por traçar os caminhos da literatura romântica brasileira.

Em busca duma literatura nacional Abandonaram-se os modelos clássicos greco-romanos. O índio foi eleito o tema nacional, juntamente com a natureza Emoção religiosa como critério e o sentimentalismo como tonalidade. Predomínio de uma tônica localista, com o esforço de ser diferente, afirmar a peculiaridade, criar uma expressão nova e se possível única, para manifestar a singularidade do país e do eu.

A primeira geração romântica Ufanismo, isto é, um nacionalismo exacerbado. Exaltação à pátria. O índio e a natureza passam a ser os temas principais. Sentimentalismo. Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias foram os principais escritores. O primeiro escreveu uma epopeia romântica intitulada "Confederação dos Tamoios". Já Gonçalves Dias, criou uma obra indianista consistente, como o famoso poema "Juca Pirama".

Poemas da primeira geração romântica Canção do exílio Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar –sozinho, à noite– Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que disfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. De Primeiros cantos (1847)

Poemas da primeira geração romântica O canto do Piaga I Ó GUERREIROS da Taba sagrada, Ó Guerreiros da Tribu Tupi, Falam Deuses nos cantos do Piaga, Ó Guerreiros, meus cantos ouvi. Esta noite - era a lua já morta – Anhangá me vedava sonhar; Eis na horrível caverna, que habito, Rouca voz começou-me a chamar. Abro os olhos, inquieto, medroso, Manitôs! que prodígios que vil Arde o pau de resina fumosa, Não fui eu, não fui eu, que o acendi! Eis rebenta a meus pés um fantasma, Um fantasma d'imensa extensão; Liso crânio repousa a meu lado, Feia cobra se enrosca no chão. O meu sangue gelou-se nas veias, Todo inteiro - ossos, carnes – tremi, Frio horror me coou pelos membros, Frio vento no rosto senti. Era feio, medonho, tremendo, Ó Guerreiros, o espectro que eu vi. Falam Deuses nos cantos do Piaga, Ó Guerreiros, meus cantos ouvi!

Poemas da primeira geração romântica O canto do Piaga II Por que dormes, Ó Piaga divino? Começou-me a Visão a falar, Por que dormes? O sacro instrumento De per si já começa a vibrar. Tu não viste nos céus um negrume Toda a face do sol ofuscar; Não ouviste a coruja, de dia, Seus estrídulos torva soltar? Tu não viste dos bosques a coma Sem aragem - vergar-se e gemer, Nem a lua de fogo entre nuvens, Qual em vestes de sangue, nascer? E tu dormes, ó Piaga divino! E Anhangá te proíbe sonhar! E tu dormes, ó Piaga, e não sabes, E não podes augúrios cantar?! Ouve o anúncio do horrendo fantasma Ouve os sons do fiel Maracá; Manitôs já fugiram da Taba! Ó desgraça! Ó ruína! Ó Tupá!

Poemas da primeira geração romântica O canto do Piaga III Pelas ondas do mar sem limites Basta selva, sem folhas, i vem; Hartos troncos, robustos, gigantes; Vossas matas tais monstros contêm. Traz embira dos cimos pendente - Brenha espessa de vário cipó – Dessas brenhas contêm vossas matas, Tais e quais, mas com folhas; é so! Negro monstro os sustenta por baixo, Brancas asas abrindo ao tufão, Como um bando de cândidas garças, Que nos ares pairando - lá vão. Oh! quem foi das entranhas das águas, O marinho arcabouço arrancar? Nossas terras demanda, fareja... Esse monstro... - o que vem cá buscar? Não sabeis o que o monstro procura? Não sabeis a que vem, o que quer? Vem matar vossos bravos guerreiros, Vem roubar-vos a filha, a mulher! Vem trazer-vos crueza, impiedade – Dons cruéis do cruel Anhangá; Vem quebrar-vos a maça valente, Profanar Manitôs, Maracás.

Poemas da primeira geração romântica O canto do Piaga III Vem trazer-vos algemas pesadas, Com que a tribu Tupi vai gemer; Hão-de os velhos servirem de escravos Mesmo o Piaga inda escravo há de ser? Fugireis procurando um asilo, Triste asilo por ínvio sertão; Anhangá de prazer há de rir- se, Vendo os vossos quão poucos serão. Vossos Deuses, ó Piaga, conjura, Susta as iras do fero Anhangá. Manitôs já fugiram da Taba, Ó desgraça! ó ruína!! ó Tupá!

Poemas da primeira geração romântica Valente na guerra Quem há, como eu sou? Quem vibra o tacape Com mais valentia? Quem golpes daria Fatais, como eu dou? - Guerreiros, ouvi-me; - Quem há, como eu sou? O canto do guerreiro I III Quem guia nos ares A frecha imprumada, Ferindo uma presa, Com tanta certeza, Na altura arrojada Onde eu a mandar? - Guerreiros, ouvi-me, - Ouvi meu cantar. Aqui na floresta Dos ventos batida, Façanhas de bravos Não geram escravos, Que estimem a vida Sem guerra e lidar. - Ouvi-me, Guerreiros. - Ouvi meu cantar. II

Poemas da primeira geração romântica IV Quem tantos imigos Em guerras preou? Quem canta seus feitos Com mais energia? Quem golpes daria Fatais, como eu dou? Guerreiros, ouvi-me: Quem há, como eu sou? V Na caça ou na lide, Quem há que me afronte?! A onça raivosa Meus passos conhece, O imigo estremece, E a ave medrosa Se esconde no céu. - Quem há mais valente, - Mais destro do que eu? VI Se as matas estrujo Co os sons do Boré, Mil arcos se encurvam, Mil setas lá voam, Mil gritos reboam, Mil homens de pé Eis surgem, respondem Aos sons do Boré! - Quem é mais valente, - Mais forte quem é?

Poemas da primeira geração romântica VII Lá vão pelas matas; Não fazem ruído: O vento gemendo E as malas tremendo E o triste carpido Duma ave a cantar, São eles – guerreiros, Que faço avançar. VIII E o Piaga se ruge No seu Maracá, A morte lá paira Nos ares frechados, Os campos juncados De mortos são já: Mil homens viveram, Mil homens são lá. IX E então se de novo Eu toco o Boré; Qual fonte que salta De rocha empinada, Que vai marulhosa, Fremente e queixosa, Que a raiva apagada De todo não é, Tal eles se escoam Aos sons do Boré. - Guerreiros, dizei-me, - Tão forte quem é?