FUNDBRAS I Tema do curso: O impacto do golpe de 64 sobre a configuração do campo artístico brasileiro. Tópicos do Curso: I – Análise do filme “Terra em.

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FUNDBRAS I Tema do curso: O impacto do golpe de 64 sobre a configuração do campo artístico brasileiro. Tópicos do Curso: I – Análise do filme “Terra em Transe” de Glauber Rocha. II – História Contemporânea e o Golpe. Balanços do golpe. Consequências do golpe na formação da sociedade brasileira contemporânea.

FUNDBRAS I II – História Contemporânea e o golpe: Bibliografia de Apoio: Toledo, Caio Navarro de (org.) Visões críticas do golpe: democracia e reformas no populismo. São Paulo: Editora da UNICAMP, 1997. Paul Singer. -“O Significado sobre o Conflito Distributivo no Golpe de 64”; Francisco de Oliveira – Dilemas e Perspectivas da Economia Brasileira no Pré-64.

II – História Contemporânea e o balanço sobre o golpe: Bibliografia de Apoio: Oliveira, Francisco de et. al. Hegemonia às avessas. São Paulo: Boitempo Editorial, 2010. Francisco de Oliveira. Hegemonia às avessas. Carlos Nelson Coutinho. A Hegemonia da Pequena Política.

Filme Terra em Transe (1967) Lançado três anos após o golpe de 1964, o filme “Terra em Transe” é um balanço feito por seu diretor, Glauber Rocha, sobre o golpe de 1964. Em que circunstâncias se deu? Por que não foi evitado? Que erros foram cometidos, para que o núcleo mais conservador da sociedade brasileira, contra o qual as reformas de base do presidente João Goulart, venceu sem qualquer resistência?

Filme Terra em Transe (1967) Lembrando que as reformas de base prometidas por Jango pareciam indicar um caminho próprio e soberano para o país, que erradicasse a miséria e o analfabetismo, favorecendo a participação popular, fortalecendo assim a democracia brasileira. A não realização dessas promessas levou Glauber à realização de um filme de grande radicalidade artística, mas sem nenhum ranço dogmático ou panfletário, muito à frente em ousadia de outras grandes realizações em cinema, teatro, música e literatura, a ponto de alçá-lo, sem nenhum favor, á condição de um dos mais importantes artistas brasileiros não só daqueles anos, mas da história da arte brasileira.

Filme Terra em Transe (1967) Enfim, o filme é um clássico, tanto como outros dois filmes de Glauber: “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964) e “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” (1968). Enfim, Glauber conseguiu a façanha de realizar, com menos de 30 anos, três clássicos de nossa filmografia, sem contar a novidade que foi “Barravento”, seu primeiro longa metragem em 1962.

Bloco 1 — ferido de morte, o poeta recorda. Roteiro extraído de: Ismail Xavier Alegorias do subdesenvolvimento, pp. 42-44: Bloco 1 — ferido de morte, o poeta recorda. Bloco 2 — a obsessão do poeta: Diaz triunfante. Este b)oco adia a relacão direta entre o bloco 1 e o 3 em termos da cronologia do flashback. Bloco 3 — o poeta rompe com Diaz e encontra a sua missão (e Sara). Inicio da cronologia do golpe. Bloco 4 — o poeta abandona a sua missão (e Sara).

Bloco 5 — o poeta volta para o “inferno“ de Eldorado Bloco 5 — o poeta volta para o “inferno“ de Eldorado. Retorno do poeta para a capital, o inferno de Eldorado. Momento de desencanto em que ele dissipa sua ressaca política nas festas comandadas por Julio Fuentes, o milionário da industria. Nelas, Paulo reencontra o velho amigo Álvaro e reata com Silvia, pólo oposto a Sara em sua vida: uma associada a razão e ao compromisso político; outra associada a embriaguez, a "alienação", a fossa indolente. Bloco 6 — Sara resgata o poeta do inferno de Eldorado. Bloco 7 — o poeta reassume a missão e rompe de vez com Diaz.

Bloco 8 — o poeta abraça a aventura ja sem retomo Bloco 8 — o poeta abraça a aventura ja sem retomo. "Um candidato popular" e o grito de Paulo que anuncia a festa no terraço do Palácio de Vieira em Alecrim. Bloco 9 — o poeta e traído. Novamente o jogo de repetições, agora no vai-e-vem entre a cena do conchavo (Diaz e Fuentes) e a conversa em que Álvaro chega à redação do jornal trazendo a Paulo a noticia da traição. Na passagem do bloco 8 para este, o jazz atropela o candomblé e mergulhamos no plano-sequência que traz o conchavo na casa do magnata. Diaz convence Fuentes, com o argumento da "matéria paga" em seus veículos, a abandonar Vieira e se alinhar as forcas golpistas que conspiram para depor o Presidente Fernandez, em final de mandato, antes das eleições. Bloco 10 — Diaz desfere o golpe e triunfa.

Bloco 11 — o poeta resiste. Segunda representação do momento da derrota. A câmara aérea retoma em sua chegada a costa de Eldorado e mergulhamos no Palácio de Vieira para ver as mesmas ações agora narradas de forma mais condensada, com alguns deslocamentos, mas mantendo o estilo, Chegamos ao momento do delírio do poeta ao receber os tiros, E vamos adiante, ate a separação final de Sara, O poeta esta só. Bloco 12 — o poeta agoniza. Avançamos, pela primeira vez, em relação ao instante que deu inicio ao flashback, resta a agonia muda do poeta. O longo plano, uniforme em sua tonalidade cinza.

Paul Singer. -“O Significado sobre o Conflito Distributivo no Golpe de 64”; Francisco de Oliveira – Dilemas e Perspectivas da Economia Brasileira no Pré-64. Paul Singer e de Chico de Oliveira fazem um balanço da ditadura 30 anos após o golpe de 1964, no momento em que FHC chega ao poder e aprofunda a implementação do projeto neoliberal, caracterizado por intensa privatização das empresas públicas, precarização do trabalho e aumento do desemprego. As medidas são justificadas pela necessidade de se fazer um ajuste na economia: controle da inflação, redução dos juros, contenção dos gastos públicos, transferência de riqueza do setor público para o setor privado, entre outras medidas impopulares.

Francisco de Oliveira. Hegemonia às avessas. Francisco de Oliveira e Carlos Nelson Coutinho partem, em suas análises, do conceito de hegemonia do pensador italiano Antonio Gramsci. Gramsci empregava o termo hegemonia para explicar a dominação de uma classe (burguesia) sobre outra classe (trabalhadores). Dizia também que a dominação nem sempre se faz através da força física, como nas ditaduras; de um modo geral, a hegemonia se dá através de alianças políticas com o propósito de se obter um consenso passivo das classes subalternas (ideologia do convencimento).

Carlos Nelson Coutinho. A Hegemonia da Pequena Política Carlos Nelson Coutinho. A Hegemonia da Pequena Política. In: OLIVEIRA, Francisco de et. al. Hegemonia às avessas. São Paulo: Boitempo Editorial, 2010. Carlos Nelson Coutinho emprega também a distinção proposta por Gramsci entre grande política e pequena política para entender a situação atual do Brasil. Segundo Coutinho, isso ocorre com a “americanização da política” , que não é outra coisa senão “uma manifestação da hegemonia neoliberal”. Com este esvaziamento sai de cena a “grande política”.

Carlos Nelson Coutinho Segundo Carlos Nelson Coutinho, Gramsci “distinguia entre grande e pequena política: a grande política é a que cuida de estruturas, ou da transformação e da conservação da sociedade como um todo, enquanto a pequena política atua nos quadros da ordem existente, é a política do corredor, do parlamento, etc. Uma das provas da vitória da hegemonia neoliberal é o predomínio da pequena política. Não se coloca mais em discussão, até mesmo pelos partidos ditos de esquerda, a transformação radical da sociedade. O capitalismo passou a ser considerado um fenômeno natural”. Ver: http://www.dotecome.com/politica/Textos/teoriadebate.htm

Francisco de Oliveira. Hegemonia às avessas Francisco de Oliveira. Hegemonia às avessas. In: OLIVEIRA, Francisco de et. al. Hegemonia às avessas. São Paulo: Boitempo Editorial, 2010. A dominação agora (na era de hegemonia neoliberal) não é mais exercida pelas elites econômicas (burguesia, grandes empresários). Estas elites delegam aos setores da classe trabalhadora a condução do processo econômico e político, desde que o sistema capitalista não seja posto em xeque, como no governo do presidente João Goulart , cujas “reformas de base” traziam para o centro do debate ideológico a ideia de revolução. “Terra em Transe” discute as ilusões que o governo reformista de Jango gerou nos trabalhadores e artistas.

TRABALHO FINAL Como avaliar, de uma perspectiva contemporânea, o filme “Terra em Transe” de Glauber Rocha? O filme discute de modo crítico as ilusões geradas, provocadas, pelas políticas de reformas prometidas pelo presidente João Goulart. O personagem principal, o poeta e jornalista Paulo Martins, movido pelas promessas de Vieira, vive (e encarna) intensamente as esperanças de uma revolução capaz de superar a miséria e o atraso de Eldorado (país fictício).

Trabalho Final Partes do Trabalho: I – Descreva o filme; II – Comente as oscilações de Paulo Martins III – Com base na distinção proposta por Carlos Nelson Coutinho entre “grande política” e “pequena política”, explique como o filme de Glauber Rocha explora esses temas. IV - À luz dos conflitos recentes (manifestações a favor do passe livre), avalie também o significado contemporâneo (a atualidade) de “Terra em Transe”.   Prazo para entrega: 01 de julho de 2013 Local da entrega do trabalho – sala H 108, das 10 às 11:30. Observação: o trabalho pode ser feito em grupo de até 4 alunos.