Panorâmica dos teólogos Profa. Regina de Cássia F. Sanches

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Transcrição da apresentação:

Panorâmica dos teólogos Profa. Regina de Cássia F. Sanches Teologia Moderna I Panorâmica dos teólogos Profa. Regina de Cássia F. Sanches

Protestantismo Os reformadores não completaram sua obra. Podemos afirmar que eles iniciaram um movimento que precisaria de muito mais tempo para ser completado, do aquele que dispuseram. Não incorreremos em erro se dissermos que o movimento foi caracteristicamente fundante de uma nova maneira de pensar e viver a fé e mesmo de ser Igreja. Outro aspecto a ser mencionado é o eixo central da Reforma: uma nova maneira de conceber as escrituras da auto-revelação de Deus, bem como sua autoridade e papel na dinâmica da fé. Outros aspectos que se constituíram como fundamentais do movimento foram: a)A responsabilidade pessoal da fé, mas no conjunto da vida da comunidade da fé. b) A liberdade de pensamento. Esse gérmen renascentista, do qual a Reforma foi o braço religioso-cristão, melhor se desenvolveu nas épocas posteriores a ela.

Protestantismo Conforme Mackintosh essa é a novidade da Reforma: “...a verdade revelada em Cristo não pode ser provada externamente, pois vem a ser uma possessão interna da mente, a qual crê pelo poder convincente do Espírito Santo” – (Mackintosh, Teologia Moderna. São Paulo: Novo Século, p. 17)

Protestantismo O desenvolvimento posterior da Reforma, que podemos chamar de “protestantismo”, foi caracterizado por esforços de organização eclesiástica, divididos entre episcopais, presbiterianos, congregacionais, etc. bem como as definições de credos e confissões que demarcariam o território teológico e eclesial de cada segmento. Do séc. XVII e XVIII datam: a Confissões de Fé de Westminster (1643), I Confissão de Fé dos Batistas (1646), II Confissão de Fé Batista (1677), Declaração de Savoy – Congregacionalismo (1658). Podemos afirmar que a reflexão teológica nesse período serviu ao doutrinismo, ou seja, à elaboração das doutrinas protestantes, inclusive demarcando as diferenças e semelhanças entre as várias representações eclesiásticas dentro do protestantismo.

Protestantismo ORTODOXIA PROTESTANTE Orto-doxia é um termo de origem grega que significa “doutrina” “certa” ou doutrina correta. E tem a ver com o ensino correto da fé cristã (http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_III__1998__1/ortodoxia....pdf). Ortodoxismo é a característica do período entre a Reforma e o Iluminismo (ou Racionalismo), que também é chamado de Escolasticismo Protestante ou Confessionalismo. O escolasticismo protestante era caracterizado pelo rigor teológico, ou como descreve Mackintosh “...significa aqui uma disposição de ânimo intelectual que pode invadir qualquer tema em qualquer época” (Ibidem, p. 20). Ele ainda acrescenta que foi uma época de surgimento dos amplos sistemas dogmáticos e discussões em torno da inspiração verbal das Escrituras e da expiação (nesse caso estritamente penal e quantitativa).

Protestantismo Aspectos Positivos: O resultado desse esforço foi a chamada Ortodoxia protestante, que possuia as seguintes características: Concepção do valor absoluto às fórmulas dogmáticas; A fé ou a concordância com um credo significavam praticamente uma mesma coisa; Insensibilidade para com a natureza simbólica do cristianismo; Arrogância teológica, pois nenhuma pergunta parecia ficar sem resposta Polêmica doutrinal e forte atividade apologética Tendência à ossificação do pensamento teológico Presença do aristotelismo no que diz respeito à ênfase no homem natural (sujeição da mensagem do evangelho à razão natural). Um certo estancamento na produção exegética e teológica. Rigidez dogmática em lugar da criatividade teológica. Aspectos Positivos: Consolidação de muitas idéias teológicas da Reforma; Organização eclesiástica do movimento protestante. Construção de um “pano de fundo” teológico sobre o qual o protestantismo se desenvolveu posteriormente. Evidenciou a possibilidade da diversidade de pensamento no seio do protestantismo, conquistada pela Reforma.

Protestantismo O PIETISMO Este movimento de espiritualidade demonstra sua força no séc. XVIII. Surgiu em resposta à rigidez e à frieza da Ortodoxia Protestante, embora, sem abrir completamente das suas conquistas teológicas e doutrinárias. Visava: Despertar uma nova vida espiritual na Igreja da época que consideravam apática e distanciada da verdadeira espiritualidade. Destacar a necessidade de uma interpretação mais espontânea e um conhecimento devocional mais profundo das Escrituras; Desenvolver uma nova vida eclesial comunitária através de círculos (pequenos grupos) de estudos devocionais da Bíblia (muitas vezes mais valorizados por eles que a própria Igreja). Pregar a separação do mundo e de seus valores. Criar instituições missionárias e sociais duradouras.

Protestantismo Pietismo Como principais características do movimento podemos afirmar que: Enfatizavam a experiência de conversão, seguida de outras experiências de fé no decorrer da vida cristã. Em alguns casos, como condição para a aceitação divina. Enfatizavam o aspecto subjetivo da fé, mesmo em detrimento da ênfase na graça imerecida, característica do protestantismo. 3) Partiam do pressuposto que o valor das doutrinas cristãs somente pode ser medido em relação à sua importância para a vida cristã prática e de fé. 4) De certa forma, quebrou o poder (a hegemonia) do escolasticismo protestante e se mostrou como alternativa até mesmo teológica. 5) Representou a partir do seu surgimento uma forma de fé vital frente aos movimentos teológicos da época e posteriores a ele.

Protestantismo O RACIONALISMO/ILUMINISMO O racionalismo teológico surgiu também no séc. XVIII no contexto cultural do Iluminismo. Por outro lado, não há como desvinculá-lo do período anterior do Escolasticismo Protestante que, com sua ênfase na razão doutrinária, preparou terreno para um racionalismo teológico. Nesse período, no ambiente das academias teológicas protestantes, surgiu um modo de tratar a fé que fosse correspondente aos esforços da época de tratar toda a realidade a partir da própria razão. Na Inglaterra destacou-se nesse período o chamado Deísmo. DEÍSMO – crença de cientistas e teólogos na religião natural (afirmação da existência de Deus e das leis morais racionalmente demonstráveis e conhecidas por todas as pessoas), em contrapartida à “religião revelada”. Eles defendiam que a principal finalidade da religião era possibilitar sanção divina para a moralidade.(Grenz e Olsen. Teologia do Séc. XX, p. 22).

Protestantismo Conforme Mackintosh pode-se, no entanto, relacionar três típicos comportamentos da época: A necessidade e crença da possibilidade de se defender o credo ortodoxo utilizando-se da razão. Visava, com isso, comprovar que a verdade cristã tem seus fundamentos nas leis universais do pensamento ou se harmonizavam com o restante do conhecimento ordinário. Distinção entre a fé ortodoxa (que pode ser professada em público) e as opiniões privadas (para aqueles que viam além da fé), ou seja, uma versão naturalista para o estudo na academia e outra sobrenaturalista para o púlpito. A postura própria racionalista que colocava a razão como aquela que, no trono do juízo, julgava a tudo e todos. Somente o que passa pelo crivo da razão deve ser aceito. A este racionalismo responderam os novos filósofos (Kant, Fichte, Schelling e Hegel). A essa forma racionalista de fazer teologia responderam alguns teólogos modernos, entre eles Schleiermarcher e Kierkegaard.

Protestantismo A Teologia Liberal Clássica Os liberais pretendiam reconstruir a fé cristã à luz do conhecimento moderno. Compreendiam que era necessário adaptar a teologia cristã à configuração cultural da época e, assim, ajustar-se à mentalidade científica e filosófica do momento. Baseiam-se também na liberdade (característica do protestantismo) de repensar as crenças à partir de seu momento histórico. Conforme Grenz e Olsen “Os liberais não desprezavam a Bíblia e nem a consideravam completamente sem valor. Na verdade, procuravam dentro dela “o evangelho” – o cerne e referencial eterno da verdade que não podia ser corroído pelos ácidos do conhecimento científico e filosófico moderno” – (Grenz e Olsen, p. 58). Para os teólogos liberais: Jesus Cristo era visto como o ser humano exemplar e não como o salvador interventivo. A mensagem bíblica estava envolta em toda uma série de expressões e idéias culturais das quais precisava ser retirada. Não negavam a transcedência de Deus, mas esta somente poderia ser compreendida a partir da experiência humana no mundo, pela via da moral, razão ou mesmo a intuição.

Protestantismo Karl Barth (1886-1968) A neo-ortodoxia Nasceu na Suiça e foi neto e filho de pastores e teólogos. Tornou-se pastor e teólogo da Igreja Reformada da Suiça. Nunca realizou um doutorado devido às ocupações com o pastorado. Ao trabalhar em comunidades carentes envolveu-se com movimentos sociais e busca de melhoria de suas condições de vida. Desgostou-se, no entanto, da teologia liberal na qual foi formado quando 93 acadêmicos alemães assinaram um documento apoiando o governo alemão e sua política durante a 1a. Guerra mundial. Sua primeira obra de peso “Carta aos Romanos” foi resultado das suas pregações e ensino. Com o passar do tempo ele associou-se à chamada Igreja Confessante que se opunha ao governa nazista e, devido a isso, foi expulso da Alemanha. Barth se ocupou também em responder ao liberalismo teológico do séc. XX com a sua Teologia da palavra de Deus ou Teologia Dialética. .

Protestantismo Barth – resposta ao liberalismo A teologia protestante do séc. XX se centrou na capacidade humana de se chegar ao conhecimento de Deus somente através da razão humana. De acordo com os teólogos da época, a imanência de Deus no mundo e continuidade entre Deus e o homem faziam possível criar uma teologia sem necessidade da revelação bíblica. Isto criara uma expectativa otimista sobre a natureza humana e o seu potencial histórico para estabelecer o reino de Deus na terra por meio de esforços humanos. A teologia liberal reduziu Deus ao nível do ser humano ao abandonar sua transcedência. Deus, para Barth, era o “completamente outro”. Há uma infinita diferença qualitativa entre Deus e o ser humano. - Somente por causa da auto-revelação se pode conhecê-lo. - Somente por meio da graça se entrar em comunhão com Ele. - Somente por iniciativa divina se pode chegar a Deus.

Protestantismo O pecado causou limitações no conhecimento humano. Ele nos impede de conhecer a Deus através da razão, da filosofia ou mesmo da teologia centradas nos ser humano. - Devido a isso, sem a graça de Deus não podemos alcançar a salvação. - o esforço humano é insuficiente para isso. - Há uma relação dialética entre os conceitos humanos e os divinos. Somente a revelação divina possibilita superar o abismo existente entre ambos e essa possui seu ápice na encarnação de Jesus Cristo. Barth rejeita a filosofia ou a metafísica como ponto de partida na reflexão teológica. Para ele esta é uma propriedade exclusiva da Palavra de Deus (tríplice) e dentro do ambiente de fé, que é a Igreja: - a Palavra proclamada - a Palavra escrita (Bíblia) - a Palavra encarnada (Jesus Cristo).