Variantes do narrador em 3ª e em 1ª pessoa

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Transcrição da apresentação:

Variantes do narrador em 3ª e em 1ª pessoa

Variantes do narrador em 3ª pessoa Narrador onisciente: É aquele que conhece tudo sobre os personagens e sobre o enredo, sabe o que passa no íntimo das personagens, conhece suas emoções e pensamentos. “Acompanha os personagens a todos os lugares, entra-lhes na mais recôndita intimidade, com um agudíssimo olho secreto devassa-lhes o mundo psicológico [...].” (Massaud Moisés, A criação literária) “É dele o controle sobre a apresentação das personagens, sobre a revelação ou não do íntimo delas, sobre a explicitação maior ou menor da razão para o comportamento das personagens. E cabe a você observar tudo isso.” (Maria Luiza & Marcela Nogueira, O Texto Narrativo)

Exemplo: “Aurélia concentra-se de todo dentro de si; ninguém ao ver essa gentil menina, na aparência tão calma e tranqüila, acreditaria que nesse momento ela agita e resolve o problema de sua existência; e prepara-se para sacrificar irremediavelmente todo o seu futuro.” (Senhora - O Preço, cap. III -, José de Alencar) Reparem como o narrador onisciente “lê” os sentimentos, os desejos mais íntimos da personagem. Ele “vê” o que ninguém tem condições de ver: o mundo interior da personagem e sabe qual será a repercussão desse ato no futuro. O narrador detém o controle absoluto do texto porque nele se esconde o escritor. Por desvendar o que acontece com os outros, é chamado de onisciente, qualidade atribuída a quem tudo sabe e tudo vê.

Narrador intruso: É aquele que fala com o leitor ou que julga o comportamento dos personagens. Enquanto relata a história, pode comentar sobre os mais diversos temas, como o próprio enredo, a sua vida e a vida dos personagens ou sobre o cenário da narrativa. Não toma parte dos acontecimentos, mas comenta esses acontecimentos, expressando sentimentos e opiniões. O narrador intruso tem função relevante na estrutura da narrativa porquanto se articula faticamente com o leitor. Essa relação criada pelo texto narrativo entre narrador e leitor visa, pelo menos, a dois objetivos: a) fazer o leitor entender que o texto não passa de uma história imaginada; b) estabelecer com o leitor um canal aberto à discussão ou participação na matéria narrada.

Exemplo: “Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; […] Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente; e este livro e o meu estilo são como ébrios, guinam à direita e à esquerda”. Machado de Assis, escritor do século XIX, foi o primeiro autor nacional a explorar sistematicamente a técnica do narrador intruso. Em sua obra Memórias póstumas de Brás Cubas, por exemplo, o narrador comenta o próprio livro e brinca com a ansiedade do leitor em conhecer logo o desenlace da história, como vimos no trecho acima.

Variantes do narrador em 1ª pessoa Narrador-testemunha: É aquele que conta a história de dentro dela, falando ao leitor em primeira pessoa. Vive os acontecimentos da narrativa como personagem secundária que pode observar, desde dentro, os acontecimentos, e, portanto, dá-los ao leitor de modo mais direto, mais verossímil. Testemunha, não é à toa esse nome: apela-se para o testemunho de alguém, quando se está em busca da verdade ou querendo fazer algo parecer como tal. Como personagem secundária, ele narra da periferia dos acontecimentos, não consegue saber o que se passa na cabeça dos outros, apenas pode inferir, lançar hipóteses, servindo-se também de informações, de coisas que viu ou ouviu, e, até mesmo, de cartas ou outros documentos secretos que tenham ido cair em suas mãos.

Exemplo: “Conceda-me o Senhor a graça de ser testemunha transparente dos acontecimentos que tiveram lugar na abadia da qual é bem e piedoso se cale também afinal o nome, ao findar do ano do Senhor de 1327 em que o imperador Ludovico entrou na Itália para reconstituir a dignidade do sagrado império romano, segundo os desígnios do Altíssimo e a confusão do infame usurpador simoníaco e heresiarca que em Avignon lançou vergonha ao santo nome do apóstolo (falo da alma pecadora de Jacques de Cahors, que os ímpios honraram como João XXII). Quem sabe, para compreender melhor os acontecimentos em que me achei envolvido, é bom que eu recorde o que andava acontecendo naquele pedaço de século, do modo como o compreendi então, vivendo-o, e do modo como o rememoro agora, enriquecido de outras narrativas que ouvi depois - se é que a minha memória estará em condições de reatar os fios de tantos e tão confusos eventos”. (Trecho de O nome da Rosa, Umberto Eco)

Narrador-protagonista: O narrador, personagem central, não tem acesso ao estado mental das demais personagens. Narra de um ponto fixo, limitado quase que exclusivamente às suas percepções, pensamentos e sentimentos. O narrador-protagonista tem uma visão própria, individual dos fatos, o que implica em uma visão muito reduzida das coisas, porque ele se vê impossibilitado de dispensar às demais personagens a mesma atenção que dispensa a si próprio. A principal característica desse foco narrativo é, então, a visão subjetiva e limitada que o narrador tem dos fatos.

Exemplo: “Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela trinta. Era noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa do galo, preferi não dormir [...]”. Nesse parágrafo de abertura do conto Missa do Galo, de Machado de Assis, já é possível identificar o foco narrativo, que fica evidente pela flexão dos verbos: pude, tive, contava. Além disso, o parágrafo nos permite, também, concluir que o narrador é o protagonista do conto. Temos, portanto, um narrador que nos conta sua história.

Modo dramático É aquele em que a figura do narrador quase desaparece. Nesse caso, a narrativa se estrutura por meio dos diálogos das personagens e de marcadores que situam as personagens no espaço. Para nós, leitores, é como se estivéssemos assistindo a uma peça de teatro.

Exemplo: “Sempre me intriga a notícia de que alguém foi preso em ‘atitude suspeita’. É uma frase cheia de significados. Existiriam atitudes inocentes e atitudes duvidosas diante da vida e das coisas e qualquer um de nós estaria sujeito a, distraidamente, assumir uma atitude que dá cadeia!  - Delegado, prendemos esse cidadão em atitude suspeita - Ah, um daqueles, é? Como era a sua atitude? - Suspeita.     - Compreendo. Bom trabalho, rapazes. E o que é que ele alega? - Diz que não estava fazendo nada e protestou contra a prisão. - Hmm. Suspeitíssimo. Se fosse inocente não teria medo de vir dar explicações. - Mas eu não tenho o que explicar! Sou inocente!” (Trecho do conto Atitude suspeita, Luís Fernando Veríssimo)