Desenvolvimentos da Composição no campo artístico O número de ouro Uma estrutura planificada produz a sensação de estabilidade e unidade na composição, deixando então o artista livre, para exprimir a sua criatividade. O número de ouro (Ø ) está ligado à beleza e à arte. Crê-se que desde a Antiguidade, que a proporção que o traduz é a mais bela para a arquitectura. O rectângulo de ouro é um rectângulo cuja razão entre o comprimento e a largura é igual ao número de ouro. Piero della Francesca foi o artista que mais confiou no rectângulo de ouro. “A flagelação de Cristo” 1415-1492. Parthénon de Atenas (a fachada é um rectângulo de ouro). Leonardo considerava que as proporções perfeitas do homem deviam também basear-se no número de ouro Ø. O umbigo marca a secção áurea.

Desenvolvimentos da Composição no campo artístico Composição geométrica Toda a pintura antiga estava sujeita a uma prévia composição geométrica. A estrutura geométrica pretendia estabelecer no observador a sensação de estabilidade. As linhas da estrutura “oculta” estão definidas pelos gestos das figuras, a sua inclinação e posição, forma dos edifícios, árvores e outros elementos da composição. Cada um destes elementos define uma linha geométrica oculta. Desta ordenação geométrica surge um ritmo de leitura fácil e intuitivo para o observador. Durante a organização de uma composição geométrica é necessário ter cuidado que a vista do observador não se desloque para o exterior do espaço da composição. Ex: “A Virgem das Rochas”de Leonardo da Vinci onde a composição é a mais elementar (triângulo equilátero). Provoca esta composição uma sensação de calma e dignidade com equilíbrio e unidade. Leonardo da Vinci “A virgem das Rochas” 1452

Desenvolvimentos da Composição no campo artístico Composição geométrica No caso de Piero Della Francesca, as formas mais simples e primárias (quadrados, rectângulos e círculos) aparecem complicadamente subdivididos, sobrepondo-se uma rica rede de linhas. Para Piero Della Francesca, a estrutura geométrica era parte essencial na sua arte e da sua vida. A arte ganha com o emprego da geometria, permitindo o equilíbrio dos diferentes elementos, quer matematicamente, quer intuitivamente, ou combinando ambos os métodos. Ex: “O Baptismo de Cristo”. As linhas ortogonais verticais estabelecidas pelas figuras humanas e árvores estão equilibradas pelo círculo que tem no seu centro a pomba e que descreve uma curva no lado superior do mural, passando pelo braço esquerdo de S. João Baptista e pela borda da roupa de Jesus Cristo. A sinuosidade da base (Plano geometral) onde estão as figuras, faz com que a vista penetre na profundidade da paisagem. É um prazer contemplar este trabalho pela sua atmosfera mental e física. Piero della Francesca “O Baptismo de Cristo” 1448-1450 (Têmpera 167x116 cm)

Desenvolvimentos da Composição no campo artístico O Ritmo na Composição Outro método de organizar a composição é através de ritmos, ou seja, o artista, através de ondulações, faz com que o observador realize uma leitura da pintura através de pontos cuja ligação é feita por curvas e ondulações. Esta forma de composição produz uma sensação de movimento e drama. Trata-se de composição oposta ao observado nos renascentistas. Estamos em pleno período Romântico. Estas linhas onduladas provocam excitação no observador, sendo o princípio compositivo do período Barroco. Eugène Delacroix “A morte de Sardanápalo” 1798-1863

Desenvolvimentos da Composição no campo artístico O Ritmo na Composição Paul klee “Ad Parnassum” 1932 Paul Klee (1879-1940) pintava e desenhava usando composições muito rítmicas. No entanto os movimentos eram muito lentos e lânguidos Peter Paul Rubens “Bacchus” 1638-40 Oil on canvas, 191 x 161.3 cm - Hermitage, St. Petersburg Outro artista que utilizou o ritmo foi Peter Paul Rubens (1577-1640). As linhas são ondulantes mas de forma não exagerada. Pareceria a composição ser um ninho de serpentes ou uma velha árvore retorcida. Há necessidade de variar o tipo de linhas entre curvas lentas e algumas rectas. É interessante analisar as margens do suporte. Na realidade estas composições necessitam de espaço para respirar. Matisse “La Musique “ 1939; Oil on canvas, 115.2 x 115.2 cm; Albright-Knox Art Gallery, Buffalo, NY

Desenvolvimentos da Composição no campo artístico O Padrão na Composição O padrão é outro processo explorado na composição pelos artistas. Trata-se de um processo de repetição de uma forma ou cor. Pode ser conseguido através do estampado de uma camisa ou as espigas num campo de trigo. Permitem acentuar cortes, animar zonas até então monótonas e introduzir contrastes lineares. Paolo Uccello. Battle of San Romano. Left panel. c. 1454-57. Tempera on wood. National Gallery, London, UK. Hieronymus Bosch Christ Carrying the Cross, Hieronymus Bosch (c.1450-1516) Pieter Brueghel, Winter Landscape with a Bird Trap 1565Oil, 38 x 56 cm; Wiltshire, Wilton House

Desenvolvimentos da Composição no campo artístico Tonalidade e Cor na Composição Um dos problemas fundamentais que se coloca ao artista são os problemas ligados à tonalidade. Desafio que tem a ver na pintura realista, com a modelação das formas. Georges Seurat, A Sunday on La Grande Jatte–1884 Oil on canvas, 1884-86; 207.6 x 308 cm. Helen Birch Bartlett Memorial Collection

Desenvolvimentos da Composição no campo artístico Assimetria e Precipitação num espaço vazio A composição baseada na simetria de formas consegue com facilidade um equilíbrio eficaz. As composições mais simples utilizam o princípio do equilíbrio de pesos (cor e forma) semelhante à balança. Contudo se o artista pretende deliberadamente utilizar a assimetria, pode ter um desequilíbrio intencional. Se é que se pode considerar Degas como Impressionista., foi o único com uma boa formação académica. No entanto a sua importância dentro da história da composição, deve-se ao facto de ter estabelecido a ruptura com os cânones. Talvez o culpado foi o advento da fotografia que permitia pela primeira vez instantâneos muito interessantes. O “instantâneo” levou Degas a romper com a simetria permitindo entre outros: Separar as personagens e colocando-as em espaços vazios; Dramatização da composição através de cortes das figuras. Edgar Degas (1834-19117) Retrato de Diego Martelli.

Desenvolvimentos da Composição no campo artístico Focagem Antes do Advento da fotografia o problema da focagem como forma de pronunciar uma composição, de determinar profundidade, já era uma realidade entre os melhores artistas. Diego Velasquez é um exemplo ao focar perfeitamente as figuras centrais dando-lhes assim um protagonismo maior. Diego Velasquez “The Surrender of Breda” Before 1635; Oil on canvas, 307 x 367 cm (10' 7/8"; Museo del Prado, Madrid Rembrandt, popularizou este método no retrato. O rosto perfeitamente focado a contrastar com um fundo de grandes dimensões desfocado, escuro e enigmático. Rembrandt van Rijn. Self-Portrait 1661 (110 Kb); Oil on canvas, 114 x 94 cm; English Heritage, Kenwood House, London

Desenvolvimentos da Composição no campo artístico Focagem No caso dos impressionistos, como Claude Monet, a desfocagem era intencional para permitir o aspecto suave e calmo nos seus trabalhos. O exemplo do trabalho “A estação de S. Lázaro”, a vista dirige-se para o centro do trabalho onde o fundo está desfocado. No entanto o primeiro plano está difuso. Claude Monet, La estación de S. Lázaro, 1877, óleo sobre lienzo, National Gallery, Londres. Claude Monet, Las amapolas, 1873, óleo sobre lienzo, Musée d´Orsay, París.

Desenvolvimentos da Composição no campo artístico Figura humana como tema de composição O tema central da representação artística foi sempre a figura humana. Algumas composições apostam na representação da figura a corpo inteiro. Helena Canotilho, Retrato do Abade de Baçal, 2001, óleo sobre tela. 150cm Algumas composições apostam na representação da figura no primeiríssimo plano ou três quartos da figura, como Paul Gauguin. Paul Gauguin. Madame Alexandre Kohler. 1887/88. Oil on canvas. The National Gallery of Art, Washington, DC, USA. Paul Gauguin “Joven con abanico”, 1902 Museo Folkwang Caracteristicas: Oleo sobre lienzo 92 x 73 cm.