Prof. Dr. Jorge Carlos Corrêa Guerra (UTFPR/DAGEE)

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Transcrição da apresentação:

Prof. Dr. Jorge Carlos Corrêa Guerra (UTFPR/DAGEE) A OPÇÃO BRASILEIRA PELOS AVIÕES RAFALE FRANCESES, NA ÓTICA DAS RESTRICÕES DE ACESSO E DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA. Prof. Dr. Jorge Carlos Corrêa Guerra (UTFPR/DAGEE)

F-18 Super Hornet

Gripen NG (Saab)

Rafale (Dassault)

1- Introdução. Os concorrentes – F-18 Super Hornet (Boeing), Gripen NG (Saab), Rafale (Dassault) Parecer inicial da Aeronáutica favorável ao Gripen NG. Revisão do parecer inicial, agora favorável ao Rafale. USA tradicionalmente retém transferência e acesso à tecnologia e manufatura militar e de uso dual. A Estratégia Nacional de Defesa (END) - foco na transferência de tecnologia e fabricação no Brasil, limitando as chances dos americanos. O Gripen NG com significativa tecnologia americana . A questão do preço e custo operacional. O barato pode ser caro! Aliança estratégica Franco – Brasileira, oportunidades no setor militar e dual.

2 - Brasil emergente, nova ordem mundial e a Estratégia Nacional de Defesa (END) I Silva (2009), evidencia o Brasil como país com novo peso ou que deseja ter um novo peso, no cenário mundial. A consolidação e expansão de multinacionais brasileiras como a PETROBRAS e VALE, principalmente na América do Sul e África. Bom momento do Brasil, baseado nas reservas cambiais e aquecimento da Economia, lastreada no mercado interno e incorporação de classes excluídas ao consumo. Isto soma-se dois mega eventos como a COPA 2014 e Olimpíada 2016. Fora a necessidade premente de obras de infra-estrutura. Ferreira (2005), cita Joshep Nye Jr - soft power e hard power Os USA restringem tecnologias militares e duais para seus aliados explícitos. Bremmer (2010) e Pei (2010) - relações dos países emergentes como os USA e a “ nova guerra fria”, agora também via suas corporações. O Brasil não tem um hard power, que dê sustentação ao papel que deseja desempenhar a nível mundial. Dos BRICs é o único com poder militar “pobre”.

2- Brasil emergente, nova ordem mundial e a Estratégia Nacional de Defesa (END) II Longo (2007) – Vantagens competitivas dos detentores de tecnologia militar. Retenção desta tecnologia de forma lícita ou ilícita. Longo (2007), cita a resolução nº 1540 da ONU ( restrição a atores não-estatais: armas nucleares, químicas e biológicas e seus meios de lançamento). Longo (2007) evidencia a Technology Alert List (TAL), como norteador do cerceamento pelos USA. Technology Alert List (TAL): munição convencional, tecnologia nuclear, sistemas de mísseis, veículos aéreos não tripulados, aviônicos, navegação e controle de vôo, química, biotecnologia, engenharia biomédica, sensoriamento remoto, reconhecimento de imagens, computação avançada, tecnologia microeletrônica, tecnologia de materiais, segurança de informações, laser, tecnologia de sistemas de energia direcionada, tecnologia de sensores, tecnologia marinha, robótica e planejamento urbano.

“A França para os franceses” e crise atual da dívida pública da União Européia I Charles De Gaulle - o poder da França de dizer “não” a americanos e soviéticos. França cuida de sua própria defesa e para isto desenvolve tecnologia e parque industrial militar próprio. Exemplo recente da política francesa de desenvolvimento da política própria de Defesa: o Eurofighter ( Reino Unido, Alemanha, Espanha e Itália). A França tem lidado com êxito com as políticas restritivas à tecnologia militar. França possuí indústria bélica e dual respeitada mundialmente. Como exemplo a Rússia, convidou estaleiros franceses para participarem da concorrência para fornecimento de LPD ( Landing Platform Dock) e LPH (Landing Platform Helicopter) à sua marinha. A França lançou seu primeiro satélite militar ASTERIX em 1965. O Galileo A Crise Financeira e Econômica Mundial, fez os governos aumentarem suas dívidas públicas. A recessão torna esta estratégia uma armadilha.

LPD ( Landing Platform Dock)

“A França para os franceses” e crise atual da dívida pública da União Européia II Citgroup fez estudo histórico da dívida mundial, da Revolução Industrial até o início de 2010 – NUNCA, excetuando-se as duas grandes guerras mundiais, a dívida pública dos países cresceu tanto e de forma tão descontrolada. BRICs X PIIGS Países com economias melhores como Alemanha e França são chamadas para pagar a conta. Dívida estimada da Grécia € 200 bilhões e da Itália € 1,8 trilhões. Fundo da UE para socorrer membros em dificuldades com a dívida pública € 1 trilhão. Os países da UE terão que cortar fundo seus orçamentos, inclusive a da seguridade social ( reunião do G-20 em junho/2010 reforça isto). Como então continuar a gastar em defesa? E pior , como manter um programa próprio? Como a França vai continuar seu programa de um avião caça de quinta geração? Sócio, parceiro , aliado para dividir investimentos e comprar/vender - BRASIL

Alianças e “alianças”: as relações entre países devem ser mais que um negócio I Para Lewis (1992), “as empresas cooperam em nome de suas necessidades mútuas e compartilham dos riscos para alcançar um objetivo comum. Sem uma necessidade mútua as empresas podem ter o mesmo objetivo, mas cada uma pode atingi-lo sozinha. Se elas não compartilharem de riscos significantes, não poderão esperar compromissos mútuos”. Isto é plenamente estendido entre países, principalmente no desenvolvimento de tecnologia e produtos de uso militar ou dual. Em termos empresariais, as alianças estratégicas provêm acesso a mais recursos, bem como na capacidade dos parceiros criarem produtos, reduzir custos, incorporar ou desenvolver novas tecnologias, antecipar-se a concorrentes, atingir a escala necessária à sobrevivência e sucesso nos mercados mundiais, bem como gerar mais recursos para investimentos. Lewis (1992), cita o caso na década de 70, da General Eletric e da SNECMA, para motores de aviões comerciais civis de grande porte.

Alianças e “alianças”: as relações entre países deveria ser mais que um negócio II Lewis (1992) coloca que para uma efetiva aliança estratégica, são necessários entre outros, de alguns pré-supostos: Partilhar de objetivos comuns, que impactam nos cenários atuais e futuros, de forma diferente dos parceiros sozinhos; A identificação de necessidades mútuas, que criam compromissos; A divisão de riscos, que completa as condições para a criação de vínculos entre os parceiros; O estabelecimento de relações mais próximas e abertas; A noção que a confiabilidade mútua, significa vulnerabilidade mútua. Na aliança informal, “as empresas trabalham em conjunto sem vínculo contratual. Os compromissos mútuos são modestos; os controles estão quase todo nas mãos de cada empresa, atuando separadamente”.

Alianças e “alianças”: as relações entre países deveria ser mais que um negócio III Nas alianças formais “os parceiros querem assumir compromissos explícitos, como pode haver importantes riscos divididos, as alianças contratuais oferecem alguma oportunidade para a divisão das tarefas e controles”. Um tipo de aliança muito praticado entre empresas é a aliança de capital como: investimentos minoritários, joint ventures e consórcios. Caso de alianças entre países, principalmente em torno de questões militares é mais que um mero negócio, é um assunto de Estado. Porém não há como ignorar que o sucesso da aliança militar Brasil-França, passa pelo sucesso e afirmação do parque industrial militar de ambos, frente aos cenários mundiais de restrição ao acesso e desenvolvimento de tecnologia pelo Brasil e restrições econômicas – financeiras para a França, impostas pela dívida pública própria e da Comunidade Comum Européia.

Considerações finais. A construção da Aliança Industrial Militar Brasil- França deve passar obrigatoriamente pela explicitação baseada nos pré-supostos de Lewis (1992), de cada parceria, bem como da sincronização entre elas e objetivos de cada país. Isto seria a base do planejamento e gerenciamento, para que ambos atinjam suas metas e que as dificuldades internas e externas, possam ser eliminadas ou mitigadas. Ao ministério da Defesa caberia esta tarefa, bem como gerenciar a aliança, através de um grupo multiministérial e multi-forças (Marinha, Exército, Aeronáutica, ABIM). Considerando o contexto apresentado, não havia alternativa mais atraente ao Brasil, que a compra dos aviões caças Rafale, compondo um pacote de atratividade. Mas isto só será válido se as expectativas que o Brasil e a França colocaram no projeto forem correspondidas.

Grato pela atenção! jccguerra@yahoo.com.br