Curso Direito à Memória e à Verdade

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
QUEM SÃO OS EDUCADORES HOJE?
Advertisements

Música Popular Brasileira
CULTURA   Conceito: Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, lingüísticas e comportamentais de um povo ou civilização. Exemplos: música,
DESAFIOS PARA O RÁDIO PÚBLICO Um olhar a partir da audiência Carlos Eduardo Esch Observatório da Radiodifusão Pública - UnB.
Golpe Militar de 1964 A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência.
QUEM CONTESTOU O ANTIGO REGIME NO SÉCULO XVIII?
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE EDUCAÇÃO Educação popular: um projeto coletivo dos movimentos sociais populares Marlene Ribeiro.
ARTE – CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA ARTE NO BRASIL Secretaria Municipal de Educação de Toledo. Disciplina: Arte Organização: Professora Maria Salete Queiroz.
ACULTURAÇÃO O conceito de aculturação nega o caráter dinâmico dos costumes e hábitos das sociedades. POR QUE?
O Plano de Ação Curricular na Escola
Elementos do Teatro O que é Teatro?.
Humanismo Século XV.
TEATRO OFICINA: Alteração das representações do teatro paulista das décadas de 60 e 70 do século XX Aluno: João Eduardo de S. Oliveira Orientador Prof.ª
- Universidade e sociedade - A extensão universitária - Graduação e extensão
O QUE SABER.
O I L U M N S Professora: Marta.
O I L U M N S Professora: Marta. O I L U M N S Professora: Marta.
Qualidade na aprendizagem com promoção profissional
EIXO II – EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE: JUSTIÇA SOCIAL, INCLUSÃO E DIREITOS HUMANOS Ementa Justiça social, Direitos humanos, diversidade e educação. Direitos.
IMIGRAÇÃO PARA O BRASIL NO SÉCULO XIX
HISTÓRIA DO BRASIL Prof. Lisiane – 8ª série.
Dom Helder Câmara . “É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca.” Dom Helder.
Curso Direito à Memória e à Verdade
JORNAL DUQUE DE CAXIAS ano º semestre nº1 MOSTRA CULTURAL DO COLÉGIO REÚNE TEMAS INTERESSANTES E ATUAIS Apresentações de teatro, dança e temas de.
Prof. Everton da Silva Correa
AS VANGUARDAS EUROPEIAS
Curso Direito à Memória e à Verdade
PERGUNTA-SE As escolas dão a devida atenção aos CONSELHOS DE CLASSE?
Professsora: Aíla Rodrigues
EDUCAÇÃO E CULTURA Aula de 09/05/2012.
Destacar o novo papel dos sindicatos nas reividicações salariais e sua luta por espaços mais democráticos. Objetivo da aula 1/12.
Perfil de consumo de cultura do brasileiro entrevistas nacionais domiciliares; Foram selecionadas 70 cidades, o que inclui 9 regiões metropolitanas;
Curso Direito à Memória e à Verdade
Curso Direito à Memória e à Verdade
Curso Direito à Memória e à Verdade
 Apresentar o Brasil em perspectiva comparada, com os regimes ditatoriais na América Latina. Objetivo da aula 1/12.
T.G.A – Estética Planejamento Estratégico de Negócios
Transformar é possível....
Texto : Promoção do direito à memória e à verdade na Rede Municipal de Ensino de São Paulo. Ações em memória ao Cinquentenário do Golpe de Estado de 1964.
Direitos e Deveres Cidadania.
Perfil de consumo de cultura do brasileiro.  1000 entrevistas nacionais domiciliares;  Foram selecionadas 70 cidades, o que inclui 9 regiões metropolitanas;
Movimentos Sociais – Décadas de 60 e 70
AFRODESCENDENTES.
Revisão para a prova – 9º ano Grupo 8 – A sociedade de consumo Grupo 9 – Maiorias e minorias Grupo 10 – Pobreza Grupo 11 – Violência ATENÇÃO: Essa revisão.
Teatro brasileiro Língua Portuguesa Professora Karen
Tema da aula Grupo – Capítulo
OFICINA DE ARTES VISUAIS
Sociedade Civil, Democracia e Desenvolvimento Hermílio Santos.
Finalizando o ciclo de governo das oligarquias cafeeiras, Getúlio Vargas* chega ao poder à frente da Revolução de 30 * Estadista brasileiro, líder revolucionário,
TEXTO 1: A história da formação do pensamento sociológico brasileiro
ESCRITORES DA LIBERDADE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE MEC/SECAD/UFS/UFPB PROJETO CAPACITAÇÃO DE EDUCADORES DA REDE BÁSICA EM EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – REDH BRASIL PROJETO:
Televisão e Cinema Estiloja.com.
Patrimônio Cultural Material e Imaterial
ECA 21 ANOS DE EXISTÊNCIA.
Revisão P3 História pontos importantes!
O ESTADO NOVO.
Curso Direito à Memória e à Verdade
Bossa Nova Tropicália Jovem Guarda
REGIME MILITAR NO BRASIL
O universo do cinema mudo no teatro
Grafite: Uma arte de protesto em espaços públicos
A Resistência ao regime militar
Cidadania: Exercício de direitos e deveres de cidadão.
Entre a Democracia e a Ditadura História do Brasil 5ºAno.
Aulas Multimídias – Santa Cecília Profº. Pecê. Surgimento de autores e grupos politicamente engajados e irreverentes (anos 50/60): Augusto Boal (teatro.
 " A produção artística cultural engajada ficou a cargo do Ministro da Educação, Gustavo Capanema, responsável pela orientação cultural do.
TENDÊNCIA PROGRESSISTA CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS
Pedagogia Progressista Libertadora
Transcrição da apresentação:

Curso Direito à Memória e à Verdade Módulo II Unidade II Aula 13 - O Teatro e a Censura Objetivo da aula Apresentar o impacto da censura nas diversas expressões culturais, como foi o caso do Teatro.

Curso Direito à Memória e à Verdade Módulo II Unidade II Aula 13 - O Teatro e a Censura Nesta aula vamos conhecer como a censura agiu no teatro. Mais uma representação da violação do nosso direito a cultura. O teatro no Brasil entre as décadas de 50 e 60, deixou de ser uma mera diversão pública para se tornar uma expressão social e de identidade nacional. Foi estimulado pelos movimentos: Teatro Municipal do Rio de Janeiro contracultura norte-americana - que debatia questões políticas e sociais como a luta contra as desigualdades sociais e raciais; passeatas dos movimentos estudantis europeus - que reivindicavam liberdade e justiça.

Curso Direito à Memória e à Verdade Módulo II Unidade II Aula 13 - O Teatro e a Censura Com o golpe de 64 a repressão não somente foi intensa no campo da política senão também procurou atingir a produção cultural e artística. O Brasil vivia o apogeu de uma explosão de arte e cultura. Uma verdadeira paranóia anticomunista cruzou as universidades e os sindicatos, seguindo para as escolas de arte, os grupos artísticos, os festivais, os seminários, as salas de aula, as editoras e os meios de comunicação.

Curso Direito à Memória e à Verdade Módulo II Unidade II Aula 13 - O Teatro e a Censura Os palcos se tornaram um espaço de debate onde se discutiam de forma apaixonada o momento histórico brasileiro. No Rio de Janeiro estreou a obra de teatro Show de Opinião. Com o “teatro de resistência” um público formado por estudantes e de uma classe média liberal que começavam a se decepcionar com o Exército, assistia a espetáculos em que se ouviam gritos de guerra. A peça Ponto de Partida é um dos marcos do teatro de resistência

Curso Direito à Memória e à Verdade Módulo II Unidade II Aula 13 - O Teatro e a Censura Em São Paulo, em 1965, estreava a peça Arena conta Zumbi, de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, a qual, através de metáforas, apresentava as diferentes formas de opressão que marcavam nossa história. No ano seguinte, estréia Roda Viva, que inovava e se tornou exemplo de uma “guerrilha teatral”. Peça Roda Viva de Chico Buarque

Curso Direito à Memória e à Verdade Módulo II Unidade II Aula 13 - O Teatro e a Censura Além da censura prévia ao teatro, a intolerância e violência tomaram proporções constantes. Em fevereiro de 1968 foi retirada de cena a peça "Um Bonde Chamado Desejo", de Tennesse Williams, o que provocou a greve dos teatros do Rio de Janeiro e de São Paulo. Foto: Claudio Reis Um Bonde Chamado Desejo Apesar da oferta do governo de amenizar a censura, em julho daquele ano, o Comando de Caça aos Comunistas – CCC invadiu o camarim do teatro onde se apresentava Roda Viva.

Curso Direito à Memória e à Verdade Módulo II Unidade II Aula 13 - O Teatro e a Censura Marilia Pêra, Rodrigo Santiago e Norma Bengell chegaram a ser seqüestrados em São Paulo e Elizabeth Gasper e o compositor Zelão, em Porto Alegre. O teatro de Ruth Escobar foi invadido e outras salas como as de Gil Vicente (RS) e Opinião (RJ), sofreram atentados a bomba. Alguns atores sofreram agressão física, muitos foram demitidos de seus empregos na televisão, e outros se viram forçados a morar no exílio.

Curso Direito à Memória e à Verdade Módulo II Unidade II Aula 13 - O Teatro e a Censura Nada parecia intimidar os artistas e o público Em 1967, mais de 40 filmes foram realizados no Brasil, artistas e público não temiam a repressão. Peças que permaneceram proibidas por muito tempo transformavam-se em grandes sucessos quando liberadas. A situação tornava-se mais crítica, no entanto, os militares se preparavam para uma ação mais radical contra a liberdade de expressão.

Curso Direito à Memória e à Verdade Módulo II Unidade II Aula 13 - O Teatro e a Censura Em 1968, foi criado o Conselho Superior de Censura - CSC composto por dezesseis membros, sete dos quais ligados ao governo e os demais, a organizações não-governamentais. Tinha como objetivo encobrir a censura cada vez mais policialesca e assumidamente política. Os militares defendiam a ideia de que o controle da produção artística era atividade do estado e responsabilidade de órgãos que, muitas vezes, agiam de forma secreta.

Curso Direito à Memória e à Verdade Módulo II Unidade II Aula 13 - O Teatro e a Censura Por toda a década de 70, a censura exerceu seu papel contra a movimentação da cultura no Brasil, ou vinda de fora, contra a proliferação dos meios e abertura política. O teatro sofreu uma constante censura, principalmente pelo sentido crítico e reflexivo com o qual expunha o drama social. Foto: www.pliniomarcos.com Em 1980, as peças Barrela e Abajour lilás, ambas de Plínio Marcos, foram liberadas depois de mais de vinte anos de proibição. Artista da peça Barrela

Curso Direito à Memória e à Verdade Módulo II Unidade II Aula 13 - O Teatro e a Censura Além do teatro e da música, também o cinema foi censurado, sendo substituído por um cinema erótico, conhecido como as pornochanchadas. Por que a indústria da pornochanchada não foi censurada?

Curso Direito à Memória e à Verdade Módulo II Unidade II Aula 13 - O Teatro e a Censura A pornochanchada atendia aos interesses do governo, pois enchia os cinemas de maneira inédita. Mudava muitas vezes o foco de atenção do povo, que sofria com medidas arbitrárias e abruptas. O Estado queria passar a ideia de que zelava e zelaria sempre pela moral e pelos bons costumes, propiciando ao povo brasileiro uma verdadeira educação militar e direcionada à ordem e o progresso da nação, o que não condizia com o que se passava nos filmes de pornochanchadas. Professor Francisco Alexandrino

Curso Direito à Memória e à Verdade Módulo II Unidade II Aula 13 - O Teatro e a Censura Para refletir Com a censura na mídia, música e teatro muitas informações deixaram de ser registradas, outras foram destruídas e muitas permanecem em segredo até hoje. Trata-se da violação do nosso direito humano a cultura. Nosso direito à memória e à verdade queimado assim como muitos documentos.

Curso Direito à Memória e à Verdade Módulo II Unidade II Aula 13 - O Teatro e a Censura Chegamos ao final desta aula. Guarde na memória! O teatro brasileiro, como toda forma de arte desenvolvida durante o regime militar, possuía função de engajamento. A partir das representações, expressava-se o desejo ao retorno das liberdades. Mas como ocorreu com tudo que contrariava os ideais do governo, o teatro e seus atores também sofreram com a repressão, sendo muitas peças censuradas, escritores presos, atores sequestrados. O medo do governo de ter um povo consciente de sua situação no contexto autoritário era tamanho que os censores preferiam que se assistisse a apresentações promíscuas àquelas que têm caráter social pragmático.