Alguns aspectos da Regra de Vida dos Dehonianos em relação à pastoral e à teologia Ir. Afonso Murad
A perspectiva de leitura Teologia da Vida Religiosa Contribuição de alguns teólogos latino-americanos.
Destaques da Regra de Vida Oblação: como entrega de si, em generosidade, à Jesus e ao seu Reino. Ecos bíblicos de “Eis-me aqui Senhor” e “Eis aqui a Serva do Senhor”. Reparação: superação de visão devocional (consolar a Jesus) para uma perspectiva histórico-salvífico. Relação com o projeto criador. Colaboração para que o Reino se efetive na história (libertação/evolução) Em vista da consumação (recapitulação, plenificação).
Destaques da Regra de Vida Processo de crescimento: e não um “estado de perfeição”. Os consagrados estão no caminho de Jesus, como seguidores e colaboradores na sua missão. Sensibilidade aos apelos atuais, como núcleo do próprio carisma. O amor exige lucidez e compreensão da realidade humana, em sua complexidade. O “mundo” é o lugar onde somos e atuamos.
Oblação (entrega de si) Engajamento na Igreja e no mundo Cooperar na Reparação Oblação (entrega de si) Engajamento na Igreja e no mundo Crescimento humano
Algumas chaves de leitura teológico-pastoral a partir do contexto latino-americano
1. Opção preferencial pelos pobres É ponto de partida metodológico (e não teologal): o apelo de Deus na realidade dos pobres e dos que mais sofrem -> (Conferência Continental dos Bispos em Medellín, Puebla e Aparecida). Supera a visão assistencialista ou colonialista. Os pobres não são meros destinatários, mas também interlocutores e potenciais protagonistas. Há uma relação de bidirecional. O evangelizador aprende e ensina. Da “educação bancária” para a “educação libertadora” (Paulo Freire) Discípulos e missionários (Doc. de Aparecida).
Sem idealização... A sabedoria de Deus se manifesta nos pequenos (Lc 11). O pecado e a fragilidade humana também estão entre os pobres e excluídos. Linha tênue entre pecaminosidade e surpresa da Graça nas situações-limite (drogados, população de rua). As diversas formas de pobreza e exclusão social são compreendidas em chave estrutural (além dos indivíduos isolados) -> uso das ciências humanas e sociais. Metodologia baseada no VER – JULGAR – AGIR.
Condicionamentos Dão as condições para a liberdade se realizar Limitam o exercício da liberdade
2. Empenho para reparar* o mundo O ser humano vive com condicionamentos (sociais, políticos, econômicos, culturais) positivos e negativos, que impactam em sua existência pessoal e coletiva, no exercício da liberdade e na acolhida à Graça. (M. França Miranda. A salvação de Jesus Cristo. A doutrina da Graça. Loyola). A conversão comporta simultaneamente dimensão pessoal, comunitária e estrutural (A. Garcia Rubio, Unidade na pluralidade. O ser humano à luz da fé e da reflexão cristãs . Loyola) *Libertar, redimir, salvar, reintegrar, unificar
3. A contribuição de Juan Luis Segundo A história perdida e reencontrada de Jesus de Nazaré – Paulus, 1ª parte.
Duas dimensões antropológicas básicas e interdependentes Fé: Estrutura significativa Sistemas de eficácia
Fé antropológica Estrutura da liberdade: impossível testar previamente as possibilidade da existência Opção de vida em vista da felicidade é aposta irreversível. Recorre-se a Dados Transcendentes e testemunhas referenciais -> confiança em pessoas. Lentamente se configuram valores, que norteiam escolhas Os valores tem diferentes graus de importância e se estruturam em torno de um “valor absoluto”.
Mecanismos de eficácia A fé antropológica necessita se realizar na história. O problema: usar métodos e mecanismos que tem autonomia própria e não se submetem à estrutura significativa. Trata-se de uma dimensão antropológica básica. Sistema de meios constituídos em vista de um fim. Os mecanismos de eficácia tem lógica própria, resistem ao valor e tendem a se erigir como absolutos.
Duas grandes questões Para que? Como atuar? Como funciona?
Fé sem eficácia: idealista, inoperante. Degenera em má ideologia. Tensão Fé sem eficácia: idealista, inoperante. Degenera em má ideologia. Sistema de eficácia sem valores: instrumentalidade se absolutiza -> unidimensional.
Fé antropológica e religiosa: Elementos comuns Arrisca, aposta Confia em Testemunhas referenciais, que criam uma tradição viva Fundamenta estrutura de valores em dados transcendentes Tem um escala de valores Necessita de mecanismos de eficácia. Organiza-se em torno de um Valor Absoluto (onde estiver o teu tesouro...) É processo de aprender a aprender
O salto de qualidade F.R. é a F.A transformada mediante a revelação, que estrutura o mundo dos valores. A F.R. confirma a F.A e convida à conversão. FR: Crer naquilo que Deus comunica, acolher suas testemunhas e a Tradiçao, entrar no processo educativo conduzido por Ele
Fé antropológica <-> fé religiosa Em culturas cristãs, a estrutura de valores é configurada a partir da fé religiosa. Mas a religiosidade pode esconder uma estrutura de valores questionável ou impedir as pessoas de alcançarem valores significativos. Colaboração e conflito: a fé religiosa configura a estrutura de significado. E a estrutura de significado questiona e purifica a fé religiosa. A resposta de Jesus na parábola do Samaritano que socorre o homem assaltado e ferido.
4. O martírio como radicalidade da oblação
5. Maria e a anthropologia cordis Maria, a primeira discípula (ouve, medita, frutifica a Palavra) “Guardar no coração”: Fazer memória Elaborar continuamente o sentido das experiências e aprender com elas. Dilatar a “paixão por Jesus” e a “paixão pelo mundo”. A pedagoga da fé, que aponta e nos leva a Jesus.