5. NARRADOR EM TERCEIRA PESSOA, ONISCIENTE. ANÁLISE DO ENREDO E DOS PERSONAGENS 6.1. TRAMA CENTRAL: JOÃO ROMÃO x MIRANDA O CORTIÇO x O SOBRADO Ponto de Partida A vizinhança João Romão e aquilo que viria a ser o cortiço x Miranda e seu novo sobrado. Definição dos elementos da trama central O narrador, nos três capítulos, apresenta os elementos básicos que irão constituir a trama central da narrativa; Assim:
– foco central: João Romão e Bertoleza Contraponto: Miranda e Estela CAPÍTULO – I – foco central: João Romão e Bertoleza Contraponto: Miranda e Estela TENSÃO PESSOAL DE MIRANDA posição social
Primeiro conflito Romão x Miranda Miranda quer comprar parte do terreno de Romão. Projeto de Romão: construir a estalagem. “Destinada a matar toda aquela miuçalha de cortiços que alastravam por Botafogo”. A Construção do muro Primeira tensão: vitória de Romão: Miranda constrói o muro. “Muro – símbolo da diferença, limite.”
CAPÍTULO – II Foco central: “Miranda e seu sobrado”. Contraponto: João Romão e a estalagem Personagens do sobrado: Miranda – Estela Zulmira Henrique Botelho
a mulata Isaura, a negrinha virgem Leonor. O narrador insinua agrados homossexuais de Botelho a Henrique, que se afasta do velho “com um gesto de repugnância e desprezo”. moleque Valentim a mulata Isaura, a negrinha virgem Leonor. DEFINIÇÃO DA TRAMA SOCIAL: OS CONFLITOS SOCIAIS DE MIRANDA: ANTE O SUCESSO ECONÔMICO DE ROMÃO. MIRANDA QUESTIONA O SEU PRÓPRIO MODO DE VIDA.
O título de Miranda faz Romão questionar seu modo de viver A SAÍDA PARA OS CONFLITOS: a idéia do baronato VIABILIDADE DA LUTA PELO TÍTULO vaidade de Estela AGRAVAMENTO DA TENSÃO DE ROMÃO O título de Miranda faz Romão questionar seu modo de viver Saídas: mudanças de hábitos, de roupas, transformação do cortiço, casamento com Zulmira, título de visconde. “Fui uma grandíssima besta” Cabeça de Gato. “O cortiço aristocratizava-se”. CLÍMAX E DESFECHO
Espaço - Urbano Conjunto 1 – Cortiço – coletivismo tribal ( cortiço= abelhas ) Conjunto simples, constituição primária Natureza, instinto, horizontal, violência. Sensualismo – sensíveis a impressões sensoriais Conjunto 2 – Casa de Miranda Conjunto complexo Vertical, trocas No conjunto complexo há um regime de trocas necessárias à sua própria sobrevivência: Estela / Miranda. Botelho, Hentique, Zulmira João Romão X Miranda Personifica a falta de escrúpulos e a exploração do homem pelo homem Representa a simulação, forçada pelas convenções sociais. O São Romão x o “Cabeça-de-Gato
TRAMAS SECUNDÁRIAS FUNÇÃO DA MULHER: a) Jerônimo – Piedade- Rita Baiana – Firmo. b) Leocádia – Bruno – Henrique. c) Léonie, Pombinha, Senhorinha. d) O JUDEU – o velho Libório. e) Marciana – Florinda. FUNÇÃO DA MULHER: Mulher-objeto – Bertoleza - Zulmire Mulher sujeito-objeto – Estela - Rita Mulher sujeito que regula os regimes de troca, capaz de Impor condições e manobrar o macho em beneficio próprio. Léonie – Pombinha Soberania – mulher Escravidão - homem
TEMPO “Situa-se alguns anos antes da publicação do romance (1890).” O tempo do realista-naturalista é mesmo o agora. O enredo é linear: segue os passos do vendeiro João Romão desde a juventude pobre até a maturidade abastada e inescrupulosa. O tempo do romance é cronológico.. LINGUAGEM Linguagem do narrador – cuidada - correta Linguagem dos personagens – adequada ao nível sócio-cultural.
Linguagem coloquial brasileira: “nenhum chifre” “aquele traste do senhor meu marido” “uma besta daquela ordem!” “as ventas” “das latrinas”
Observe os comentários que os moradores do cortiço fazem sobre Rita Baiana: – E não é que o demo da mulata está cada vez mais sacudida?... – Então, coisa-ruim! por onde andaste atirando esses quartos? – Desta vez a coisa foi de esticar, hein?! [...] (p. 75) E a fala de Rita: – Ora, nem me fales, coração! Sabe? Pagode de roça! Que hei de fazer? é a minha cachaça velha!... (p. 75) – Pula cá pra fora, perua choca, se és capaz. “Quem me comeu a carne tem de roer-me os ossos.”(p. 253)
Linguagem coloquial portuguesa. Diz Jerônimo: Ó filha! “Por que não experimentas tu fazer uns pitéus à moda de cá.”. ... Pede a Rita que to ensino. Os camarões souberam-me tão bem”. ( p. 115 )