A Formação Histórica das Esferas Pública e Privada

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Transcrição da apresentação:

A Formação Histórica das Esferas Pública e Privada “Segundo o pensamento grego, a capacidade humana de organização política não apenas difere mas é diretamente oposta a essa associação natural cujo centro é constituído pela casa (oikia) e pela família. O surgimento da cidade-estado significava que o homem recebera, além de sua vida privada, uma espécie de segunda vida, o seu bios politikos. Agora cada cidadão pertence a duas ordens de existência; e há uma grande diferença em sua vida entre aquilo que lhe é próprio (idion) e o que é comum (koinon).” A Condição Humana

Esfera Privada: geração, manutenção e perpetuação da vida (labor; necessidades) Esfera Pública: (pólis, política): liberados da luta pela vida (das necessidades da sobrevivência), os homens podem criar uma esfera comum (criação e manutenção de corpos políticos, modos de vida e linguagens públicas que não visam fundamentalmente – ainda que possam influenciar – a luta pela sobrevivência).

“o que distinguia a esfera familiar era que nela os homens viviam juntos por serem a isso compelidos por suas necessidades e carências. A força compulsiva era a própria vida [...] e a vida, para sua manutenção individual e sobrevivência da espécie, requer a companhia de outros. O fato de que a manutenção individual fosse a tarefa do homem e a sobrevivência da espécie fosse a da mulher era tido como óbvio; e ambas estas funções naturais, o labor do homem no suprimento de alimentos e o labor da mulher no parto, eram sujeitas à mesma premência da vida. Portanto, a comunidade natural do lar decorria da necessidade: era a necessidade que reinava sobre todas as atividades exercidas no lar” A Condição Humana

“ A esfera da Pólis, ao contrário, era a esfera da liberdade, e se havia uma relação entre essas duas esferas era que a vitória sobre as necessidades da vida constituía a condição natural para a liberdade na Pólis. A Política não podia, em circunstância alguma, ser um meio de proteger a sociedade; uma sociedade de fiéis, como na Idade Média ou uma sociedade de proprietários, como em Locke ... “A Pólis se diferenciava da família por somente conhecer ‘iguais´, ao passo que a família era o centro da mais severa desigualdade. Ser livre significava ao mesmo tempo não estar sujeito às necessidades da vida nem ao comando de outro. Não significava domínio, como também não significava submissão” A Condição Humana

“O termo Público denota dois fenômenos intimamente correlatos, mas não perfeitamente idênticos Significa, em primeiro lugar que tudo o que vem a público pode ser visto e ouvido por todos e tem a maior divulgação possível. [por oposição ao ocultamento a que se submete a esfera privada] Significa o próprio mundo, na medida em que é comum a todos nós e diferente do lugar que nos cabe dentro dele. Este mundo, contudo, não é idêntico à Terra ou à Natureza [...] Antes, tem a ver como artefato humano, com o produto de mãos humanas, com os negócios realizados entre os que, juntos, habitam o mundo feito pelo homem. Conviver no mundo significa ter um mundo de coisas interposto entre os que nele habitam em comum, como uma mesa se interpõe entre os que se assentam ao seu redor” A Condição Humana

A diluição moderna das fronteiras entre as esfera pública e privada Efêmero Ocultamento Próprio Hierarquia Durabilidade Visibilidade Comum Igualdade

A Esfera Social “A ascensão da administração caseira de suas atividades, seus problemas e recursos organizacionais – do sombrio interior do lar para a luz da esfera pública não apenas diluiu a antiga divisão entre o privado e o político, mas também alterou o significado dos dois termos e a sua importância para a vida do indivíduo e do cidadão, ao ponto de torná-los quase irreconhecíveis.” A Condição Humana

“A mais clara indicação de que a sociedade constitui a organização pública do próprio processo vital talvez seja encontrada no fato de que, em tempo relativamente curto, a nova esfera social transformou todas as comunidades modernas em sociedades de operários e de assalariados; em outra palavras, essas comunidades concentram-se imediatamente em torno da única atividade necessária para manter a vida – o labor (naturalmente, para que se tenha uma sociedade de operários não é necessário que cada um dos seus membros seja um operário ou trabalhador ... Basta que todos os seus membros considerem o que fazem primordialmente como modo de garantir a própria subsistência e a vida de suas família). A sociedade é a forma na qual o fato da dependência mútua em prol da subsistência, e de nada mais, adquire importância pública ...” A Condição Humana