Sexualidade Infantil e Abuso Sexual

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Transcrição da apresentação:

Sexualidade Infantil e Abuso Sexual Quebrando tabus, aprendendo como lidar. Palestrante: Thereza Bastos

A sexualidade antecede o nascimento A sexualidade antecede o nascimento. Ela se inicia, antes mesmo do exercício da maternidade, quando surge o desejo de ter um filho, quando o embrião foi fecundado numa relação sexual, em que supomos que o casal experimentou o prazer.

A partir do momento em que descobrem que estão esperando um bebê, inicia-se no imaginário materno e paterno a constituição deste sujeito.

As marcas culturais da construção social da sexualidade, na montagem da identidade de gênero, já começam a ser impressas desde aí, no lugar a ser destinado ao futuro bebê.

A sexualidade segue sendo construída nas primeiras experiências afetivas do bebê com a mãe e com o pai ou com quem cuida dele . Os primeiros contatos da mãe com o bebê na amamentação, no banho, na hora de ninar faz com que ambos obtenham prazer ou desprazer nessas experiências. Essas experiências serão a base para o desenvolvimento da resposta erótica da criança. Possibilitam a manifestação da curiosidade sexual, da capacidade para a construção dos vínculos afetivos e do desejo de aprender.

Agregam-se as relações com outros membros da família, amigos e demais pessoas pertencentes ao seu meio sócio-cultural. A curiosidade sexual se manifesta logo no início da vida. Ela é a principal responsável pelo despertar da aprendizagem e pelo desejo de saber.

Suas manifestações estão presentes no contato com o próprio corpo, com o corpo do outro, nas brincadeiras, nos jogos, nos relacionamentos, nas conversas através de perguntas, de reflexões sobre o que viu ou o que ouviu e se interessou.

Diante da curiosidade sexual da criança, é muito importante primeiro entender a pergunta e verificar o que ela quer saber. Ao compreendermos o alcance e o conteúdo da pergunta, é importante que possamos dar uma resposta cientificamente e culturalmente correta e objetiva e corrigir informações deturpadas. Devemos responder sempre, mesmo que seja para dizermos que não sabemos.

A forma da criança compreender o mundo se dá por meio das fantasias, uma forma não elaborada, não amadurecida de pensamento. Somente com o tempo e por meio de um confronto entre a fantasia e a realidade – que lhe é apresentada e decodificada pelo adulto que atua como o seu cuidador, é que a criança vai poder crescer e construir as suas referências de mundo .

Esse processo é gradual e está relacionado as experiências que a criança vivencia. Enquanto os adultos se utilizam basicamente da linguagem oral e escrita para se comunicar e construir os seus laços afetivos a criança o faz por meio da brincadeira e do jogo. Ao brincar, as crianças vivenciam conflitos, expressam sentimentos, vivem fantasias em que podem desempenhar diferentes papeis: ora ativos, ora passivos. O brincar e a curiosidade infantil são indicativos de um desenvolvimento infantil sadio e criativo

Abuso sexual infantil: Como saber se é brincadeira ou realidade

A violência sexual pode ser definida como o envolvimento de crianças e adolescentes, dependentes e imaturos quanto ao seu desenvolvimento, em atividades sexuais que eles não têm condições de compreender plenamente e para as quais são incapazes de dar consentimento, ou que violam as regras sociais e os papeis familiares. Tais atividades incluem a pedofilia, os abusos sexuais violentos e o incesto, sendo classificados como intrafamiliares ou extrafamiliares. Especialistas apontam que 80% são praticados por membros da família ou por pessoa conhecida e confiável, sendo que cinco tipos de relações incestuosas são conhecidas: pai-filha; irmão-irmã; mãe-filho; pai-filho e mãe- filha... (AZAMBUJA, FERREIRA e COLS: 2011. p. 19).

No caso do abuso sexual intrafamiliar praticada contra a criança, muitos fatores contribuem para a demora na revelação. Dentre eles o segredo e a negação dos fatos pela criança e pela família. Sua revelação implica rupturas e resistências dos sujeitos envolvidos na relação violenta, que pode ter sido episódica e isolada, ou ter sido perpetrada ao longo de dias e até anos.

O nível de desenvolvimento da criança pode ou não fornecer instrumentos que lhe facilitem a compreensão e a expressão do ocorrido de forma clara, verbal e lógica. A criança vítima de abuso, além do sofrimento traumático inicial, se encontra no seguinte dilema: como revelar a quem revelar como reagirá a família o que ocorrerá após a revelação.

A violência não é apenas ruptura de laços A violência não é apenas ruptura de laços. Contraditoriamente, é também dimensão das relações sócio-históricas que se expressam na vida cotidiana, não sendo, portanto atingível apenas na imediaticidade expressa pela descoberta de um ato de violência.  O sentimento de dever para com a família e a fantasia de que a destruição foi causada por ela mesma são sentimentos dolorosos que acompanham a criança em sua evolução.

A vergonha experimentada pela criança resulta na negação e na contrição do afeto. Esses mecanismos defensivos protegem-na contra o sentimento de culpa, tornando difícil a compreensão do abuso como um ato lesivo. A necessidade de esquecer envolve mudanças de comportamento na criança. Entre outros mecanismos, a criança pode desenvolver o que Freud chamou de identificação com o agressor, isto é, ao personificar o agressor e assumir seus atributos ou imitar a sua agressão, a criança transforma-se de uma pessoa ameaçada na pessoa que ameaça. Uma forma psicológica de sobreviver ao abuso sexual sem revelá-lo, mas perpetuando-o: repetir para não lembrar.

Como identificar a violência sexual: Segundo Silva (2007) Altos níveis de ansiedade; imagem corporal distorcida e baixa auto-estima; Distúrbios no aprendizado e de socialização; dificuldades de concentração e hiperatividade; Comportamento extremamente tenso, em “estado de alerta”; Regressão a um comportamento muito infantil; tristeza, abatimento profundo; choro sem causa aparente; Masturbação visível e constante, jogos sexuais agressivos; Desconfiança especialmente dos adultos que lhes são próximos;

Faltar freqüentemente à escola; relutância em voltar para casa; Expressão de afeto sensualizada ou mesmo certo grau de provocação erótica, inapropriado para uma criança; Brincadeiras sexuais persistentes com amigos, animais e brinquedos; Relato de avanços sexuais por parentes, responsáveis ou outros adultos; Desenhar órgãos genitais com detalhes e características além de sua capacidade etária.

Ao atuarmos contra o abuso sexual, o objetivo é interromper o mais rápido possível a violação, agir de forma interdisciplinar para cessar o ciclo de violência e minorar as consequências íntimas e sociais da violação. A tarefa é ampla e complexa, não há solução simples, e a responsabilidade é de todos, mas, sobretudo, do Estado. A busca de saídas exige o aprofundamento da reflexão sobre os princípios e os fundamentos da ação técnica e política para não se criar medidas com ênfase punitiva-respostas falsas e efêmeras a uma questão muito complexa (AZAMBUJA, 2011).

Referências AZAMBUJA, M. R. F.; FERREIRA, M.H.M (et al). Violência sexual contra criança e adolescente. Porto Alegre: Artmed, 2011 (slide 14, 17 e 21). CURY, M. Estatuto da Criança e do adolescente comentado: Comentários jurídicos e sociais. São Paulo: PC Editora Ltda, 2010. LOURO, G.L.; FELIPE, J.; GOELLNER, S.V. Corpo gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2003. SILVA, M.C.P. (et al); Sexualidade começa na infância- São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007 (slide: 3 a 6 e 20). VÍDEO. Faculdade de Formação de Professores (FFP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Música "João e Maria" de Chico Buarque. Colaboração de Daniel Júlio. Trabalho da Disciplina de Informática na Educação, orientada pelo professor Rogério. Disponível em: http://youtu.be/yd1R2LiD-as. Acesso em 29 jul 2011.