Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada à Gestão Ambiental

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Transcrição da apresentação:

Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada à Gestão Ambiental Disciplinas: Ecologia de Populações e Ecologia de Comunidades Professores: Dr. Eduardo Mariano Neto Dr. Mauro Ramalho Discentes: Eratóstenes Lima Michelle Borba Priscila Oliveira Vítor Sales

PROBLEMA 2 Considerando as características específicas e os processos ecológicos que podem influenciar a estrutura espacial da população das abelhas Mandaguari, Uruçu e Jataí, propor ações de manejo na escala do mosaico de habitats.

Conservação Para o planejamento da conservação leva-se em conta que a persistência a longo prazo depende não só da abundância das espécies no início, como também da dinâmica natural da espécie. Alguns modelos incluem tanto a dinâmica populacional de espécies quanto a dinâmica do habitat. Cabeza et. al., 2004; Metapopulation Ecology

Características da Paisagem Pequenos fragmentos isolados; Área de 10ha a 100ha; 80% abaixo de 50ha; Distâncias de 100m a 2,5Km; De dois grandes remanescentes florestais (> 1000ha).

Mandaguari (Scaptotrigona sp.) Ambientes Florestados Longevidade colonial: 20 anos Enxameagem: 0.8/ano Densidade máx: 1,4 ninhos/ha Ambientes Antropizados Longevidade colonial: 2 anos Enxameagem: AUSENTE Densidade máx: 0,1 ninhos/ha Em fragmentos florestais isolados não foi encontrada a mandaguari. As mandaguaris se particularizaram por serem igualmente abundantes nas áreas nucleares e bordas dos grandes fragmentos (>1000ha).

Uruçu (Melipona scutellaris) Ambientes Florestados Longevidade colonial: 20 anos Enxameagem: 0.8/ano Densidade máx: 1,4 ninhos/ha Ambientes Antropizados Longevidade colonial: 2 anos Enxameagem: AUSENTE Densidade máx: 0,1 ninhos/ha Uruçu só ocorreu nos fragmentos médios (70-100ha). Ocupa com mais freqüência os fragmentos médios e agregados na paisagem, indicando possível dinâmica metapopulacional (resposta limiar à densidade de manchas de habitat no mosaico).

Jataí (Tetragonisca angustula) Ambientes Florestados Longevidade colonial: 3 anos Enxameagem: 1,5/ano Densidade máx: 1,1 ninhos/ha (p. frag.) 0,6 ninhos/ha (g. frag.) Ambientes Antropizados Longevidade colonial: 12 anos Enxameagem: 4/ano Densidade máx: 1,6 ninhos/ha Estão se expandindo no mosaico e, provavelmente, exercendo um efeito de massa sobre a comunidade de abelhas da floresta (aumento da pressão de propágulos-enxames vindos da matriz). Melhor adaptadas a matriz antropizada.

Metapopulações Populações espacialmente estruturadas; Persistem temporalmente como um conjunto de sub-populações locais; Equilíbrio entre extinção local e colonização (c/e>1). Saskya van Nouhuys, 2009

Dinâmica Fonte-Sumidouro Populações em manchas de alta qualidade de habitat são fontes constantes para as populações em manchas de baixa qualidade, que possuem altas taxas de mortalidade. Saskya van Nouhuys, 2009 Área Sumidouro ↓↓↓Abundância ↑Mortalidade + Isolamento do fragmento Sub-população tende a extinção Área Fonte ↑Abundância Área sumidouro ↓Abundância

Requisitos Específicos Roulston & Goodell, 2011

Oferta de Alimentos A disponibilidade de recursos florais é um dos principais motores da abundância e diversidade da comunidade de abelhas. Limitação por recurso floral foi inferido pelo desempenho reprodutivo de colônias sociais ou ninhos solitários. ↑ abundância/diversidade floral → ↑ abundância/diversidade de abelhas Roulston & Goodell, 2011

Sítios de Nidificação As abelhas usam ninhos para se proteger. A maioria das espécies escava sistemas de túneis simples no solo, mas outras requerem estruturas particulares ou recursos que são potencialmente em quantidade limitada (lama, folhas, resina, cerne, madeira morta, cavidades estreitas e grandes câmaras protegidas). São fatores limitantes, se tornando um desafio, porque se correlacionam com a estrutura da vegetação local. Roulston & Goodell, 2011

Segundo os estudos de Brosi et al, 2007. Nas bordas da floresta, as abelhas nativas sociais sem ferrão (Apidae: Meliponini) representaram 50% dos indivíduos amostrados, enquanto a Apis mellifera composta apenas de 5%; Longe das florestas, a representatividade de meliponíneos caiu para 20% de espécies amostradas, enquanto Apis aumentou para 45%; Meliponíneos também foram mais abundantes em áreas de borda do que distantes da floresta; A abundância diminuiu com a distância contínua para a mancha de floresta mais próxima; A riqueza de espécies foi correlacionada com a proporção de cobertura florestal circundando locais de amostragem em escalas de 200 a 1200 m.

Propostas de Solução Levantamento em SIG da área; Caracterizar o uso e ocupação do solo; Delimitar áreas de preservação permanente; Avaliar conectividade, isolamento, contraste, forma e outras métricas relevantes das manchas dispersas na paisagem.

Propostas de Solução Análise métrica da paisagem e SIG Método generalista, porém fornece bons resultados em tempo relativamente curto e custo menor. Planejar corredores Que conectem os diversos fragmentos, proporcionando a restauração da conectividade funcional da paisagem. Restabelecer as interações Entre o padrão da paisagem e as características biológicas, como capacidade de movimentação da espécie-alvo em áreas de não hábitat. Restauração na escala da paisagem; Abandono do manejo do sub-bosque em amplas áreas da principal matriz; Promover o plantio de mudas de árvores nativas, para restauração de conectividade (APPs, p.ex.); Aumento da área e melhoria da qualidade de pequenos fragmentos florestais (enriquecimento, p.ex.), etc. Banks-Leite et al, 2011

Propostas de solução Promover o plantio de mudas de árvores nativas, para restauração de conectividade (APPs, p.ex.); aumento da área e melhora da qualidade de pequenos fragmentos florestais (enriquecimento, p.ex.), etc. Contribui com a heterogeneidade de habitats, oferta de sítios de nidificação e aumento da variabilidade genética. Nicholls & Altieri, 2013

Propostas de Solução Abandono do manejo do sub-bosque em amplas áreas da principal matriz. Fornecem sucessão floral por todo o ano no entorno dos plantios provendo pólen, néctar, abrigo e sítios de nidificação para diversos polinizadores. Nicholls & Altieri, 2013

Justificativas “É possível perceber que a qualidade do ambiente influencia diretamente na presença de espécies do grupo Meliponini na Mata Atlântica e a fragmentação, além de diminuir as populações de espécies de plantas e animais mais vulneráveis, também poderá isolar aquelas que permanecem nas ilhas remanescentes.” Gouvêa et al, 2007

Justificativas EFEITO DE RESGATE - Em espécies cujas manchas estejam menos isoladas, migrações frequentes resultam em uma diminuição nas flutuações das abundâncias locais, levando a uma persistência a longo prazo dessas populações . - Taxas de extinção tendem a ser baixas onde uma grande fração de manchas de hábitat é ocupada, basicamente devido aos pontos de extinção serem imediatamente recolonizados. Husband & Barret, 1998 Van Nouhouys, 2009

Justificativas EFEITO ALLEE - Indivíduos podem ser beneficiados na sobrevivência e reprodução por aumentos da densidade populacional, como, por exemplo, na busca por parceiros reprodutivos, na caça, com aumento no sucesso na obtenção de alimentos – cooperação intraespecífica. El-Hani, 2006

↑ Taxa Colonização das Manchas Planejamento e Avaliação Espacial Conectividade, isolamento, área, forma das manchas ↑ Diversidade da Vegetação ↑ Conectividade Funcional ↑ Qualidade de Habitat ↑ Distância de Dispersão ↑ Sítios de Nidificação ↑ Oferta de Alimentos ↑ Probabilidade de cruzamento com indivíduos de colônias distintas e afastadas ↑ Taxa Colonização das Manchas ↑ Fortalecimento das Populações Nativas ↓ Pressão de propágulos-enxames (vindos da matriz, o efeito de massa promovido pelas jataís) ↑ Variabilidade Genética

Referências Bibliográficas Husband, B.C.; Barrett, S.C.H. 1998. Spatial and temporal variation in population size of Eichhornia paniculata in ephemeral habitats: implications for metapopulation dynamics. Journal of Ecology, 86, 1021-1031. Batista, M. A.; Ramalho, M.; Soares, A.E. E. 2003. Nesting sites and abundance of Meliponini (Hymenoptera: Apidae) in heterogeneous habitats of the Atlantic Rain Forest, Bahia, Brazil. Lundiana, 4(1):19-23. Gouvêa, P.C.L.; Silva, M.D.; Florence, C. T.; Rosa, J.F. ; Ramalho M.; Oliveira J. P. L.; Monteiro, M. 2007. Efeito da fragmentação sobre a diversidade de meliponina (APIDAE) na escala da paisagem em mosaico no corredor central da mata atlântica (BA). Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, Caxambu – MG. Brosi, B. J.; Daily, G.C.; Ehrlich, P.R. 2007. Bee community shifts with landscape context in a tropical countryside. Ecological Applications, 17(2), pp. 418–430. Roulston, T.H.; Goodell, K. 2011. The role of resources and risks in regulating wild bee populations. Annu. Rev. Entomol. 56:293-312. Banks-Leite, C.; Ewers, R.M.; Kapos, V.; Martensen, A.C.; Metzger, J.P. 2011. Comparing species and measures of landscape structure as indicators of conservation importance. Journal of Applied Ecology, 48, 706-714. El-Hani, C.N. 2006. Generalizações ecológicas. Oecologia Brasiliensis, Nº. 1, Vol. 10, 1981-9366. Nicholls, C. I., Altieri, M. A. 2013. Plant biodiversity enhances bees and other insect pollinators in agroecosystems. A review. Agron. Sustain. Dev., 33:257-274. Van Nouhuys, S. 2009. Metapopulation Ecology. University of Helsinki, Helsinki, Finland.