Mobilidade Espacial da População

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Transcrição da apresentação:

Mobilidade Espacial da População Disciplina de Geografia Humana Prof. Dr. Dakir Larara Machado da Silva

Aspectos Teóricos da mobilidade espacial da População A migração pode ser definida como mobilidade espacial da população; Sendo um mecanismo de deslocamento populacional, reflete as mudanças nas relações entre as pessoas (relações de produção) e entre essas e o seu ambiente físico. A mobilidade e suas diferentes interpretações ao longo do tempo – enfoques neoclássico e neomarxista. Até os anos 70, o fenômeno migratório era considerado a partir de uma perspectiva neoclássica, dentro de uma visão predominantemente descritiva e dualista.

Aspectos Teóricos da mobilidade espacial da População Visão neoclássica – estudavam os movimentos migratórios a partir da mensuração dos fluxos demográficos e das características individuais dos migrantes; Do ponto de vista espacial, a análise estatística de fluxos e de aglomerações era favorecida em detrimento da visão histórico- geográfica de uma formação social. Tal concepção levava a um modelo redutivo da realidade onde a sociedade era considerada sob um enfoque individualizado – cada pessoa buscava maximizar suas necessidades; a decisão de migrar era percebida como decorrente apenas da “decisão pessoal” e não pressionada ou produzida por forças socioeconômicas;

Aspectos Teóricos da mobilidade espacial da População Visão neoclássica – alguns pressupostos – 1) hipóteses sobre o volume da migração; 2) hipóteses sobre fluxo e refluxo migratórios e 3) hipóteses sobre as características dos migrantes. Problema fundamental – 1) tais teorias desconsideravam o problema do desemprego urbano e do subemprego nos países pobres (subdesenvolvidos – nomenclatura da época), ignorando a proporção da força de trabalho que não era absorvida pela chamada “economia moderna”. 2) a migração era percebida como um mecanismo gerador de equilíbrio para as economias em mudança (rural para industrial, por exemplo), especialmente aquelas mais pobres;

Aspectos Teóricos da mobilidade espacial da População Na realidade, essa visão era muito influenciada pelo determinismo, ou seja, o fenômeno migratório estava reduzido à identificação e quantificação de algumas causas e efeitos. Ao considerar a migração de uma forma isolada e pontual, esse enfoque torna-se a-histórico e pretensamente apolítico, em oposição ao método histórico dialético.

Aspectos Teóricos da mobilidade espacial da População Visão neomarxista (enfoque histórico-estrutural das migrações) – A partir de meados dos anos 70, o fenômeno migratório foi reconsiderado sob enfoque neomarxista; a migração passou a a ser concebida como “mobilidade forçada pelas necessidades do capital” e não mais como um ato soberano de vontade pessoal, em resposta “a diferença de renda urbana esperada”. Assim, a migração foi conceituada por SINGER (1973), “como fenômeno social historicamente condicionado, tornando-se o resultado de processo global de mudanças, separado do qual não deveria ser considerado”.

Aspectos Teóricos da mobilidade espacial da População De acordo com Singer, haveria dois conjuntos de fatores relacionados às migrações nas áreas de origem: 1) “os fatores de mudança” – decorreria da introdução de novas relações de produção, com a retirada dos trabalhadores rurais da terra para outros locais – campo/cidade 2) “os fatores de estagnação” – relacionado à crescente pressão demográfica sobre terras utilizadas para culturas de subsistência, estando sua disponibilidade limitada a partir da monopolização pelos grandes proprietários; ou ainda pela mudança da estrutura agrária nos países em desenvolvimento.

Aspectos Teóricos da mobilidade espacial da População Em suma, para GAUDEMAR (1977), a mobilidade é introduzida como condição da força de trabalho se sujeitar ao capital e se tornar mercadoria cujo consumo criará valor e, assim, produzirá capital. Conforme essa visão, a mobilidade do trabalho reúne duas dimensões: 1) a espacial (horizontal) e 2) a social (vertical). Como mobilidade espacial ou migração, pode ser considerada a capacidade da força de trabalho de conquistar vastas extensões, o espaço geoeconômico, isto é, o espaço através do qual o trabalho se expande para formar o mercado de trabalho.

Aspectos Teóricos da mobilidade espacial da População Entretanto, ao mesmo tempo que a força de trabalho se estende sobre o espaço, ela precisa se concentrar em pontos específicos, aqueles que forem mais úteis à produção dos sistema econômico vigente. “A mobilidade da força de trabalho é, assim, uma característica do trabalhador submetido ao capital e, por essa razão, do modo de produção capitalista. A força de trabalho deve ser, portanto, móvel, isto é, capaz de manter os locais preparados pelo capital, quer tenham sido escolhidos ou impostos; móvel quer dizer apto para as deslocações e modificações do seu emprego” (GAUDEMAR, 1977, p. 190)

Dimensão espaço-temporal: Enfoque Neoclássico Enfoque Neomarxista Decisão de migrar: Ato de caráter individual, de livre escolha não determinado por fatores externos; Enfoque atomístico reduzido ao indivíduo; pretensamente neutro e apolítico - Migração como mobilidade forçada pela necessidade de valorização do capital e não como ato soberano de vontade pessoal Significado: - Elemento de equilíbrio em economias mais pobres; - Industrialização e modernização como força positiva e propulsora da migração. Resultado de um processo global de mudanças; Expressão da crescente sujeição do trabalho ao capital. Metodologia: Análise descritiva, dualista e setorial do fenômeno; Enfoque causal, isolado e pontual das migrações; Considera as características individuais dos migrantes Análise histórico-cultural das migrações. Visão de processo; Enfoque dialético; Considera a trajetória dos grupos sociais. Categoria de Análise: - O indivíduo. - Os grupos sociais. Dimensão espaço-temporal: Deslocamento do indivíduo entre dois pontos no espaço (fluxos, linhas, pontos). Visão fixa de mercado de trabalho homogêneo e pontual. Movimentos de um conjunto de indivíduos, num certo período de tempo, no espaço geográfico. Mercado de trabalho multidimensional e em transformação no tempo e no espaço.