Epidemiologia: alguns conceitos

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Transcrição da apresentação:

Epidemiologia: alguns conceitos

Epidemiologia Eixo da saúde pública: proporciona bases para avaliação das medidas de profilaxia, fornece pistas para diagnóstico das doenças transmissíveis e não transmissíveis. Verificação de hipóteses de causalidade. Estuda a distribuição da morbidade (doenças incidentes na população geral) e da mortalidade (causas de morte na população geral) para traçar perfil de saúde-doença das coletividades.

Epidemiologia Realiza testes de eficácia das vacinas, desenvolve a vigilância epidemiológica, analisa fatores ambientais sócio-econômicos influentes. Problemas de saúde dos grupos. “É o estudo dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças na coletividade humana” (IEA – Associação Internacional de Epidemiologia, 1973)

Epidemiologia 3 objetivos principais: Descrever a distribuição e magnitude dos problemas de saúde nas populações humanas Proporcionar dados essenciais para o planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como para estabeler prioridades Identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades

Epidemiologia O universo de estudo: estados de ausência de saúde sob forma de doenças infecciosas (sarampo, malária etc.), não-infecciosas (diabetes, depressão etc.) e agravos à integridade física (acidentes, homicídios, suicídios) “O processo saúde-doença: modo específico pelo qual ocorre, nos grupos, o processo biológico de desgaste e reprodução, destacando a presença de um funcionamento biológico diferente, surgimento da doença” (Laurell, 1983).

Epidemiologia Processo saúde –doença: processo social no qual se avalia o modo de passar de um estado de saúde para um estado de doença Distribuição: variação da frequência das doenças de ocorrência em massa, em função de variáveis ambientais e populacionais, ligadas ao tempo e espaço. Fatores determinantes: aplicação do método epidemiológico ao estudo de possíveis associações entre um ou mais fatores suspeitos e uma doença

Epidemiologia Prevenção: empregar medidas de profilaxia a fim de impedir que os indivíduos sadios venham a adquirir a doença. O controle visa baixar a incidência (nº de casos novos) à níveis mínimos, a erradicação (incidência 0) após a implantação de medidas de controle (varíola 1977, polio 1990) Algumas associações estudadas pelo método epidemiológico: Raio X na gestação – maior incidência de leucemia na infância, Trombose venosa e contraceptivos orais, fumo e câncer de pulmão

Epidemiologia História natural da doença: “As inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico em qualquer lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte.” Sustenta a descrição das doenças

Epidemiologia 2 períodos sequenciados: A. Pré-patogênese:envolvem condicionantes ambientais e sociais e fatores próprios do suscetível indivíduo Agente etiológico Meio ambiente Condições intrínsecas Menor risco Maior risco doença

Epidemiologia Ex: população + rica = baixa probabilidade de cólera. Usuários de drogas injetáveis alto risco para HIV Cada alteração em um dos componentes = alteração de todo ciclo Fatores sociais: para ações preventivas  doença emerge de processos sociais. “conjunto de todos os fatores que não podem ser classificados como componentes genéticos ou agressores físicos, químicos e biológicos”

Epidemiologia Fatores sociais: Socioeconômicos: grupos sociais economicamente privilegiados  menor ação dos fatores ambientais. Grupos economicamente desprivilegiados  percebi dos como mais doentios e mais velhos, 2 a 3 Xs mais propensos à enfermidades, morrem mais jovens, procriam crianças de baixo peso em maior proporção, taxa de mortalidade infantil mais elevada.

Epidemiologia 2. Fatores sociopolíticos: instrumentação jurídico legal, decisão política, participação consentida e valorização da cidadania, participação comunitária efetivamente exercida, transparência das ações e acesso à informação 3. Fatores Socioculturais: preconceitos e hábitos culturais, crendices, comportamentos e valores contribuintes para a difusão e manutenção das doenças. (Ex: hábitos e passividade)

Epidemiologia 4. Fatores psicossociais: marginalidade, ausência de relações parentais estáveis, desconexão em relação à cultura de origem, condições de trabalho extenuantes ou estressantes, promiscuidade, transtornos econômicos, falta de cuidados maternos na infância, carência afetiva – efeitos no psiquismo com consequências somáticas e mentais

Epidemiologia 5. Fatores ambientais: ambiente físico e sociedade envolvente. Componentes: situação geográfica, solo, clima, recursos hídricos, topografia e recursos físicos. Agressores ambientais: agentes que de forma imediata podem entrar em contato direto com o suscetível 6. Fatores genéticos: determinam maior ou menor suscetibilidade das pessoas quanto a aquisição de doenças

Epidemiologia patogênicos: levam estímulo nocivo do ambiente ao meio interno do homem Período de patogênese: interação estímulo-suscetível (prediposição, ação cumulativa de fatores); alterações bioquímicas, fisiológicas e histológicas (algumas não passam desta etapa); sinais e sintomas; defeitos permanentes e cronicidade (incapacidade por tempo variável, pode Multifatorialidade vários fatores contribuintes Agentes evoluir para invalidez permanente e morte)

Medida da saúde coletiva Análise das situação de saúde da população: contribuição para definição de políticas públicas e avaliação do impacto de intervenções Metodologia específica para o conhecimento das principais doenças e agravos à saúde que atingem determinada comunidade, os grupos mais suscetíveis, faixas etárias mais atingidas, riscos mais relevantes e mecanismos efetivos de controle

Medida da saúde coletiva Difícil medir saúde: dados de morte e doença – estatísticas ambulatoriais, hospitalares e inquéritos (ferramentas) Valor relativo: não a incidência bruta mas comparada a população total exposta. Coeficientes – relação entre o número de eventos e os que poderiam acontecer (população total exposta ao risco)

Medida da saúde coletiva Coeficiente de mortalidade: quocientes entre as frequencias absolutas de óbitos (sexo, idade, estado civil) e o número dos expostos ao risco de morrer (total de pessos em determinado território). Coeficiente de mortalidade geral: número de óbitos por todas as causas em determinado ano/população daquele ano x 1000 (base de referência) .

Medida da saúde coletiva Mortalidade infantil: número de óbitos em crianças < de 1 ano/ nascidos vivos do mesmo ano X 1000 (risco de morte em cças < de 1 ano) Mortalidade por causa: número de óbitos ocorridos por determinada causa/população exposta X 100.000

Medida da saúde coletiva Letalidade: maior ou menor poder que tem uma doença em provocar morte das pessoas que adoeceram pela mesma. Número de morte pela causa/população doente X 100 ( percentual) Coeficiente de prevalência: relação entre o número de casos conhecidos de uma dada doença e a população x base populacional (1000/10.000/100.000). Casos conhecidos = número de casos que ainda existem + número de casos novos (exemplo). É proporcional ao tempo de duração da doença.

Medida da saúde coletiva Morbidade: dividida em coeficiente de prevalência e de incidência. É o comportamento das doenças e dos agravos à saúde em uma população exposta. Sempre referente à uma população pré-definida. Vigilância epidemiológica: conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual e coletiva, com finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças e agravos (Brasil, 2002) – não somente o controle de doenças infecciosas mas também vigilância à saúde

Medida da saúde coletiva Um Grande Impacto sobre a Saúde Advindo de um Meio Ambiente em Processo de Degradação De acordo com estimativas da OMS, cerca de um quarto da responsabilidade total global pelas doenças pode ser atribuído ao meio ambiente em modificação, embora na América Latina e no Caribe a fração seja aproximadamente um quinto, WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Unpublished data. Geneva, 2005. No início do século XXI, os números relacionados a fornecimento de água potável e cobertura sanitária na América Latina e no Caribe eram 89% e 75%, respectivamente (WHO/UNICEF, 2005). Quando números absolutos são considerados, a situação torna-se mais surpreendente.

Aproximadamente 60 milhões de pessoas não têm acesso a um fornecimento seguro de água potável e 137 milhões não têm instalações para saneamento e eliminação de esgoto e outros resíduos. A Região é claramente marcada por sérias desigualdades no que se refere ao acesso à água – geralmente relacionadas ao nível de renda e local de residência, sendo que a situação mais crítica pode ser encontrada em áreas rurais e periurbanas. Essas desigualdades não se limitam ao acesso a serviços de saneamento básico. Estima-se que o ar respirado por cerca de 100 milhões de pessoas, especialmente em áreas urbanas, não atinja os padrões mínimos de qualidade e segurança (PAHO/WHO, 2004).