1 TEORIA MACROECONÔMICA II ECO1217 Aula 10 Professores: Márcio Gomes Pinto Garcia Márcio Janot 10/04/2007.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
A Taxa de Câmbio no Longo Prazo
Advertisements

Contas Externas Brasileiras Carlos Thadeu de Freitas Gomes Seminário APIMEC 40 anos Rio de Janeiro, 17 de Maio de
SCN 01. (AFRF, 2003) Considere as seguintes informações para uma economia hipotética aberta e COM governo, em unidades monetárias: exportações de bens.
MEIOS DE PAGAMENTO.
POLÍTICA CAMBIAL.
Estrutura da Apresentação
Exportações e Importações
MACROECONOMIA INTRODUÇÃO.
Mercado Cambial Prof.Vivian Ester de Souza Nascimento
Sumário, aula 9 Elasticidade Elasticidade arco Elasticidade no ponto
Preços variáveis: o modelo AS-AD
Modelo do Multiplicador
Oferta Agregada e Procura Agregada
Visão Global da Macroeconomia UNIVERSIDADE DOS AÇORES
Política Macroeconómica com câmbios flexíveis
2a Conf. Int. de Crédito Imobiliário 19 de Março de 2010
Prepared by: Fernando Quijano and Yvonn Quijano 21 C A P Í T U L O © 2004 by Pearson EducationMacroeconomia, 3ª ediçãoOlivier Blanchard Regimes Cambiais.
Produto, Taxa de Juros e Taxa de Câmbio
O Mercado de Bens em uma Economia Aberta
Abertura dos mercados de bens e dos mercados financeiros
Abertura de Mercados de Bens e dos Mercados Financeiros
Fundamentos de Economia
Balanço de Pagamentos Prof. Ricardo Rabelo
Parte I: Panorama Descritivo da Economia Brasileira e Conceito Básicos
TEORIA MACROECONÔMICA II ECO1217 Aula 15 Professores: Márcio Gomes Pinto Garcia Márcio Janot 03/05/07.
POLÍTICAS EXTERNAS POLÍTICA CAMBIAL: depende do tipo de regime de câmbio adotado: taxas fixas de câmbio ou taxas flexíveis. POLÍTICA COMERCIAL: alterações.
Celso Furtado FEB Cap. XXVI – XXVIIII.
Os Temas da Microeconomia
Oferta e Demanda A Curva de Oferta
MERCADO DE CÂMBIO (Taxa de Câmbio)
Macroeconomia Aberta: Conceitos Básicos
A DÉCADA PERDIDA PROBLEMAS NO COMÉRCIO EXTERIOR
TEORIA MACROECONÔMICA II ECO1217 Aula 11 Professores: Márcio Gomes Pinto Garcia Márcio Janot 12/04/2006.
Parte II: Determinantes do Produto
Ministério da Fazenda Secretaria de Política Econômica 1 A CRISE MUNDIAL E SEUS EFEITOS NO BRASIL Nelson Barbosa Secretário de Política Econômica 2 de.
1 TEORIA MACROECONÔMICA II ECO1217 Aula 4 Professores: Márcio Gomes Pinto Garcia Dionísio Dias Carneiro 10/03/2005.
PIB Problemas de um Indicador Básico 1. Dificuldades de contabilização 2 Valorizar os serviços públicos (sem valor de mercado) Economia não contabilizada:
“ A BALANÇA COMERCIAL SOBRE O REGIME DE CÂMBIO FLUTUANTE” Barros & Giambiagi. Brasil globalizado: o Brasil em um mundo surpreendente. Ed. Campus, 2008.
TEORIA MACROECONÔMICA II ECO1217 Aula 12 Professores: Márcio Gomes Pinto Garcia Dionísio Dias Carneiro 15/04/2004.
1 TEORIA MACROECONÔMICA II ECO1217 Aula 11 Professores: Márcio Gomes Pinto Garcia Dionísio Dias Carneiro 12/04/2004.
1 TEORIA MACROECONÔMICA II ECO1217 Aula 15 Professores: Dionísio Dias Carneiro Márcio Gomes Pinto Garcia 28/04/05.
TEORIA MACROECONÔMICA II ECO1217 Aula 14 Professores: Márcio Gomes Pinto Garcia Márcio Janot 26/04/07.
Aula de Economia Política
1 TEORIA MACROECONÔMICA II ECO1217 Aula 12 Professores: Márcio Gomes Pinto Garcia Márcio Janot 17/04/2007.
TEORIA MACROECONÔMICA II ECO1217 Aula 19 Professores: Márcio Gomes Pinto Garcia Dionísio Dias Carneiro 12/05/05.
1 TEORIA MACROECONÔMICA II ECO1217 Aula 14 Professores: Márcio Gomes Pinto Garcia Dionísio Dias Carneiro 26/04/2005.
Mercado cambial Uma importante diferença do comércio internacional em relação ao nacional, é que este último é realizado com uma mesma moeda nacional,
Macroeconomia Determinação da Renda e Produto Nacional
POLÍTICA CAMBIAL.
Economia Brasileira1 Política Econômica Externa e Industrialização:
Slide 1© 2011 Pearson Prentice Hall. Todos os direitos reservados. Abertura dos mercados de bens e dos mercados financeiros C A P Í T U L O 18 © 2011 Pearson.
Macroeconomia ..
Fundamentos de Macroeconomia. Parte 2 - O Curto Prazo O Mercado de Bens.
ECONOMIA ABERTA As transações internacionais permitem uma série de ganhos de eficiência, como: Especialização na produção/ vantagens comparativas Diversificação.
ECONOMIA E FINANÇAS Quinta Aula Professor Dr. Jamir Mendes Monteiro.
POLÍTICA CAMBIAL.
CAPÍTULO 3 © 2006 Pearson Education Macroeconomia, 4/e Olivier Blanchard O mercado de bens Olivier Blanchard Pearson Education.
Harcourt, Inc. items and derived items copyright © 2001 by Harcourt, Inc. Macroeconomia Aberta: Conceitos Básicos Capítulo 31.
Uma Teoria para a Macroeconomia Aberta
MOEDA E CÂMBIO. Cambiar é trocar por definição. O mercado utiliza este conceito agregado ao de moeda (como meio de troca). O câmbio é expresso em unidades.
MOEDA E CÂMBIO. Cambiar é trocar por definição. O mercado utiliza este conceito agregado ao de moeda (como meio de troca). O câmbio é expresso em unidades.
Manual de Economia e Negócios Internacionais
TAXA DE CÂMBIO Profª Salete P. Borilli.
Aula Teórica nº 12 Bibliografia: Obrigatória: Amaral et al. (2007), cap. 4 Complementar: Frank e Bernanke (2003), cap. 29 (secção “Taxas de Câmbio”) Sumário:
Taxas de Câmbio e o Mercado de Câmbio Economia e Mercado Prof. Wesley Borges.
Aula Teórica nº 20 Bibliografia: Obrigatória: Frank e Bernanke (2003), cap. 27 Sumário: 10. Procura e Oferta Agregadas Curva da procura agregada.
SETOR EXTERNO Prof.: Ricardo Clemente. Fundamentos do Comércio Internacional O que leva os países a comercializarem entre si ? LEI DAS VANTAGENS COMPARATIVAS.
Taxas de Câmbio e o Mercado de Câmbio Teoria Econômica Prof. Wesley V. Borges.
Taxas de Câmbio e o Mercado de Câmbio. 2 Introdução Taxas de câmbio são importantes porque nos permitem comparar os preços dos bens e serviços de diversos.
OS GRANDES TEMAS DA ECONOMIA INTERNACIONAL BAUMANN, R, CANUTO O., GONÇALVES, R (2004) – CAP. 1 CAVES, R.E.(2001), Introdução KRUGMAN, P.; OBSTFELD, M.
Transcrição da apresentação:

1 TEORIA MACROECONÔMICA II ECO1217 Aula 10 Professores: Márcio Gomes Pinto Garcia Márcio Janot 10/04/2007

2 Segunda Parte: Economia aberta  Objetivo: estudar os fenômenos macroeconômicos (descrever equilíbrios, estudar efeitos de políticas macroeconômicas em economias nas quais há trocas relevantes entre residentes e não-residentes. Transações de bens e serviços (conta-corrente) e ativos (conta de capitais) Referências: OB - Caps. 18 (11), 19 (12), 20 (13) e 21 (14) DFS - Cap. 12 Complementar: AB - Caps. 5 e 14

3 Macroeconomia Aberta  Estudaremos agora com mais atenção os fundamentos dos mercados de divisas e da determinação da taxa de câmbio.  Vamos também explorar os modelos macro no contexto de uma economia aberta.  ABERTURA cobre 3 noções distintas: 1) Abertura nos mercados de bens: escolha entre bens domésticos e importados tarifas cotas level playing field

4 2) Abertura dos mercados financeiros escolha entre ativos domésticos e estrangeiros controle de capitais integração dos mercados financeiros mundiais/ mobilidade de capitais. 3) Abertura nos mercados de fatores: liberdade para as firmas escolherem onde instalar suas fábricas e para os trabalhadores escolherem onde trabalhar. Macroeconomia Aberta

5 Os EUA, como o Brasil, não são economias muito abertas, com exportações e importações não ultrapassando muito os 10% do PIB. Olhando-se o gráfico da evolução temporal das razões X/Y e M/Y nos EUA, vê-se que ocorre um grande declínio de ambas as séries no período da grande depressão, Neste período, houve o tragicamente famoso Smoot-Hawley Act, que elevou enormemente as tarifas para tentar aumentar a demanda por bens domésticos. Os demais países retaliaram, levando a um grande declínio do comércio mundial. Macroeconomia Aberta

6 Os EUA registraram amplos superávits comerciais na segunda metade dos 40s (reconstrução européia) e amplos déficits desde o início dos 80s, devido à combinação de políticas fiscais e monetárias. Macroeconomia Aberta

7 Exportações de Bens e Serviços como Porcentagem do PIB Países OCDE***20.44% Estados Unidos*9.55% Japão11.84% Alemanha**37.99% Reino Unido**24.70% Suiça*44.12% Áustria**50.99% Bélgica**83.73% Luxemburgo**146.21% Brasil ***13.42% *Dados de 2003, **Dados de 2004, ***Dados de 2006 Fonte: World Development Indicators (Banco Mundial)

8  O grau de abertura de uma economia não é só medido pelo comércio que efetivamente ocorre.  É importante também levar em consideração os mercados que estão expostos à competição internacional, sem que necessariamente haja importações.  Uma medida melhor do grau de abertura deve ser a proporção do produto agregado composto de bens comerciáveis (tradables). Macroeconomia Aberta

9  Pode-se inferir da tabela acima que os EUA têm mais restrições ao comércio do que Bélgica ou Luxemburgo?  Não. GEOGRAFIA e TAMANHO são as causas da diferença. Japão – isolamento geográfico explica em boa parte o baixo grau de abertura. Bélgica (5% do PIB dos EUA) e Luxemburgo (0.3% do PIB dos EUA) são pequenos e não conseguem produzir a mesma variedade de bens que os países “continentais”. Macroeconomia Aberta

10  Pode um país exportar mais do que seu PIB?  Como a abertura dos mercados de bens afeta o equilíbrio no mercado de bens?  Em uma economia fechada, concentramo-nos na decisão de consumir ou poupar.  Agora, há adicionalmente a decisão de se comprar bens domésticos ou importados.  A variável chave para esta última decisão é o preço dos bens estrangeiros em termos dos bens domésticos, que é a taxa real de câmbio. Ao contrário da taxa nominal de câmbio, a taxa real não é diretamente observável. Macroeconomia Aberta

11 Macroeconomia Aberta Taxa de câmbio nominal  Convenciona-se aqui definir a taxa de câmbio nominal, E, como o número de unidades de moeda doméstica que se pode obter em troca de uma unidade de moeda estrangeira.  Apreciação da moeda doméstica (R$): E diminui  Depreciação da moeda doméstica (R$): E sobe  Além do câmbio nominal, é importante saber o poder de compra de cada moeda, para decidir sobre comprar doméstico ou importado. Isto diz respeito à taxa de câmbio real.

12 Macroeconomia Aberta Taxa de câmbio real  Suponha que os EUA só produzam hot-dogs e o Brasil só produza café. Para construir a taxa de câmbio real – o preço dos bens nos EUA em termos dos bens no Brasil –é simples:  1 hot-dog custa US$1*R$2.30/US$=R$2.30  1Kg de café custa R$9.20  O preço do hot-dog em termos de café é R$2.30/R$9.20=0.25  Para achar a verdadeira taxa de câmbio real, substitua hot-dog pela cesta de bens e serviços produzidos nos EUA e café pela cesta brasileira.  Seja P o deflator do PIB do Brasil e P* o deflator do PIB dos EUA  Então a taxa de câmbio real é dada por:  =EP*/P,P*sendo preço dos bens americanos em dólares, e P dos brasileiros em reais

13 Taxa de Câmbio do Bigmac  Dois casos extremos que são úteis para entender a taxa de câmbio: especialização total (caso hot-dog e café) nenhuma especialização – caso Big Mac  Índice Big Mac – utilizado para testar se as moedas nacionais estão sobrevalorizadas ou valendo menos com base na teoria da Paridade do Poder de Compra (PPP), que diz que no longo prazo a taxa de câmbio nominal deve se mover de modo a igualar os preços de uma cesta idêntica de bens e serviços em dois países: EP*=P, o poder de compra da moeda é o mesmo nos dois países.

14 Taxa de Câmbio do Big Mac  Dois casos extremos que são úteis para entender a taxa de câmbio: especialização total (caso hot-dog e café) e caso nenhuma especialização – caso Big Mac

15 Resultados do índice Big Mac (janeiro de 2007)  A China tinha o Big Mac mais barato (US$1,41). Como o Big Mac nos EUA custava US$ 3,22, observava-se que a moeda chinesa (yuan) estava depreciada 56% em relação a PPP: Preço do Big Mac na China/Preço nos US$ = Taxa de Câmbio da PPP = 3,42 No entanto, a taxa de câmbio nominal na China era de 7,77 yuan/dólar.  No Brasil, a taxa de câmbio estava depreciada em 6% =>(1.99 – 2.13)/2.13

16 Problemas do índice Big Mac  Big Macs não são comercializados internacionalmente como a teoria da PPP requer (“condição de não arbitragem”);  Os preços podem estar distorcidos por tarifas, impostos, margem de lucro, custo de componentes non-tradables como salários e aluguéis;  Diferenças de produtividade entre países ricos e pobres resulta em desvios persistentes da PPP no longo prazo, onde os países menos produtivos no setor de bens comerciáveis tendem a ter uma moeda mais depreciada (“efeito Balassa- Samuelson”).

17 Macroeconomia Aberta Taxa de câmbio real  A taxa de câmbio real é um número índice. Em geral, fixa-se arbitrariamente =1 para um dado ano. Já os movimentos não são arbitrários.  Um aumento no preço relativo dos bem domésticos em termos dos bens importados é uma apreciação real;  Uma diminuição no preço relativo dos bens domésticos em termos dos bens importados é uma depreciação real; ou seja:

18 Resumindo:  Apreciação real:Os bens estrangeiros tornam-se relativamente mais baratos;  cai.  Depreciação real: Os bens estrangeiros tornam-se relativamente mais caros;  sobe. Macroeconomia Aberta Taxa de câmbio real

19 Taxa de Câmbio Real – Brasil: Índices (IPCA e PPI)

20 Macroeconomia Aberta – Taxa de Câmbio Multilateral Se medirmos o preço médio dos bens nacionais em termos dos diversos parceiros comerciais que o Brasil possui, teremos a taxa de câmbio real multilateral. No lugar de assumir P* como o índice de preços de apenas um país, podemos calcular um índice de preços ponderado para diversos países. P* corresponderia ao índice de preço dos parceiros comerciais ponderado pela participação relativa deste país no comércio nacional (média das exportações e importações relativas).

21 Regimes Cambiais:breve caracterização  Regimes puros – câmbio fixo versus flutuação pura (Banco Central intervém sempre ou não intervém nunca no mercado de câmbio).  Regimes práticos (graus variáveis de intervenção do Banco Central no mercado de câmbio) – paridades ajustáveis, flutuação dentro de bandas pré-anunciadas, bandas informais, intervenções esporádicas.

22 PARA AS PRÓXIMAS AULAS  Papel dos preços relativos e da política macroeconômica no equilíbrio entre demanda global por bens e serviços e oferta interna ( preços internos fixos, versus preços internos flexíveis)  Dilemas da política macro na economia aberta: equilíbrio interno versus equilíbrio externo.  Abertura financeira – Conta de Capital (Transações entre residentes e não residentes no mercado de ativos financeiros)