Interpretação “Não há sentido sem interpretação. Ela é sempre passível de equívoco. Os sentidos não se fecham, não são evidentes, embora pareçam ser.

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Transcrição da apresentação:

Interpretação “Não há sentido sem interpretação. Ela é sempre passível de equívoco. Os sentidos não se fecham, não são evidentes, embora pareçam ser. Além disso , eles jogam com a ausência, com os sentidos do não sentido. A vida é função da significação e de gestos de interpretação cotidianos, ainda que não sentidos como tal.”

Consideremos o fato de que o dizer é aberto Consideremos o fato de que o dizer é aberto. É só por ilusão que se pensa poder dar a palavra final. O sentido está sempre em curso. Não há sentido sem silêncio. A linguagem e mundo tem suas mediações. Daí a necessidade da noção de discurso para pensar essas relações mediadas.

Não há linguagem em si. Não há um sistema de signos só, mas muitos Não há linguagem em si. Não há um sistema de signos só, mas muitos. Porque há muitos modos de significar e a matéria significante tem plasticidade, é plural. Não há linguagem em si. Não há um sistema de signos só, mas muitos. Porque há muitos modos de significar e a matéria significante tem plasticidade, é plural.

IMPORTANTE. Não é porque é aberto que o processo de significação não é regido, não é administrado. Ex. Nota de roda pé. São justamente os pontos em que há a possibilidade de fuga dos sentidos: onde a alteridade ameaça a estabilidade dos sentidos, onde a história trabalha seus equívocos, onde o discurso deriva para outros discursos possíveis.

O texto é um bólido de sentidos O texto é um bólido de sentidos. Ele parte em inúmeras direções, em múltiplos planos significantes. Diferentes versões de um texto, diferentes formulações constituem novos produtos significativos. Nossa questão é então: o que muda nas diferentes versões ?

o texto original é uma ficção, ou melhor, é uma função da historicidade. São sempre vários, desde sua origem, os textos possíveis num mesmo texto.

Ideologia A ideologia é uma característica importante da interpretação. Ela sempre se dá de algum lugar da história e da sociedade e tem uma direção , que é o que chamamos de política. Nesse sentido, a ideologia é a interpretação de sentido em certa direção, direção determinada pela relação da linguagem com a história em seus mecanismos imaginários.

A linguagem é necessariamente opaca e imcompleta, porque não há sentido em si. O papel de interpretar é dizer o dito. É um gesto clínico que desloca sentidos, que vai através da materialidade discursiva, descontruindo os efeitos do já dito, em direção a uma outra significação, ainda inédita ao olhar do clínico.

O espaço da interpretação é o espaço do possível, da falha, do efeito metafórico, do equívoco, em suma: do trabalho da história e do significante, em outras palavras, do trabalho do sujeito.

ANÁLISE DO DISCURSO A análise de discurso questiona é o que é deixado para fora, no campo da lingüística: o sujeito e a situação. O mundo existe, mas no discurso ele é apreendido, trabalhado pela linguagem. Destaca-se aqui a construção discursiva do referente: trata-se então do mundo para ( e não do mundo em si ).

Todo discurso remete a um outro discurso, presente nele por sua ausência necessária, de tal modo que os sentidos são sempre referidos a outros sentidos e é daí que eles tiram sua identidade.

A importância da História Se se tira a história, a palavra vira imagem pura. Evidentemente que quando afirmamos que há uma determinação histórica dos sentidos, não estamos pensando a história como evolução e cronologia: o que interessa não são as datas, mas os modos como os sentidos são produzidos e circulam.

Compreensão A compreensão é a apreensão das várias possibilidades de um texto. Para compreender, o leitor deve se relacionar com os diferentes processos de significação que acontecem no texto.

DISTINÇÃO IMPORTANTE IMPORTANTE: distinção entre intérpretes e escreventes. O sujeito só se faz autor se o que ele produz for interpretável. O sentido que não se historiciza é inintelegível, ininterpretável, incompreensível.

PLÁGIO Estancamento do movimento da interpretação, lugar em que há silenciamento da autoria. O plagiado silencia o trajeto do autor, calando a voz do outro que ele retoma. Não é um silenciamento necessário, mas imposto, uma forma de censura. Nega o percurso já feito pelo autor, estanca o fluir histórico do sentido.

Porque entre o dito e o não dito é irremediável que haja um espaço de interpretação que não se fecha. Lugar de equívocos, de deslocamentos, de debates, de possíveis. Ao censurar o plagiador se fecha narcisicamente na vontade que o dizer comece e acabe nele mesmo e não se deixa atravessar nem atravessa outros discursos.

Todo texto tem a ver com outros textos.