Geografia Política e Geopolítica Prof Raul Aula 1

Discurso geopolítico Centrado nas relações entre território e poder Território - objeto e meio do poder de Estado.

Discurso geopolítico A Geopolítica é um subproduto e um reducionismo técnico e pragmático da Geografia Política, uma vez que se apropria de postulados gerais para a análise de situações concretas segundo interesses estatais projetado no espaço. Wanderley Messias da Costa 3

Geografia Política X Geopolítica Geografia Política – conjunto de estudos sistemáticos sobre as relações entre a política e o território, com destaque para as questões relacionadas às projeções do Estado no espaço e da influência das características espaciais na delimitação das fronteiras nacionais. Geopolítica – teorias e projetos de ação voltados às relações de poder entre os Estados e às estratégias de caráter geral para os territórios nacionais e estrangeiros. 4

ESTAS DEFINIÇÕES ESTANQUES MAIS ENCOBREM DO QUE EXPLICAM ATENÇÃO ESTAS DEFINIÇÕES ESTANQUES MAIS ENCOBREM DO QUE EXPLICAM Armadilha A aceitação fácil das “leis gerais” ou de um “pensamento universal” em Geografia Política encobre a dificuldade de sermos prisioneiros de nossas próprias fronteiras. É difícil produzir uma geografia politica sem o viés do contexto político e territorial no qual o pensamento foi produzido. 5

ALTERNATIVA PARA O DILEMA Caso se pretenda estabelecer distinção entre os dois termos: tentar utilizar o critério do nível de engajamento do estudo aos objetivos estratégicos nacionais-estatais. Os estudos explícita e assumidamente geopolíticos, que produzem formulações mais diretamente envolvidas com as estratégias do poder estatal, têm sido geralmente realizados fora do sistema acadêmico e podem ser identificados com as atividades dos Estados-Maiores das Forças Armadas e centros de estudo ligados a eles. Wanderley Messias da Costa 6

Estas definições satisfazem apenas os menos exigentes. CUIDADO Estas definições satisfazem apenas os menos exigentes. Um único exemplo é suficiente: a obra que funda a geografia política, escrita por Ratzel em 1897, chama-se Geografia Política. Os geopolíticos mais destacados também a consideram como a obra que funda a geopolítica. Por sua vez, análises e estudos ditos geopolíticos podem frequentemente tratar-se de estudos geográfico-políticos, a pesar do uso da primeira expressão por comodismo ou modismo. Wanderley Messias da Costa 7

O pensamento geopolítico no contexto O surgimento da Geografia Política é um produto do contexto europeu na virada do século XIX para o XX, com Ratzel e Vallaux, por exemplo. Para Ratzel, os Estados são organismos que devem ser concebidos em sua íntema conexão com o espaço. Assim, esta idéia emprestada da biogeografia, reforçava uma visão de que os Estados Nacionais nascem, avançam, recuam, declinam etc. Não se trata de um determinismo estreito e meramente causal. O que está em jogo é que o solo e seus condicionantes físicos são apenas uma base concreta, um potencial. O desenvolvimento estatal de uma nação depende da capacidade de se transformar este potencial em algo efetivo. Wanderley Messias da Costa 8

O pensamento geopolítico no contexto Camille Vaullax é um geógrafo francês que procurou polemizar com Ratzel, desde a publicação de sua obra Geografia social – o solo e o Estado, em 1910. Para ele, Ratzel tinha uma visão racionalista e romântica do Estado. Seria impossível estabelecer uma lei geral para a compreensão das relações entre a política e o território porque toda sociedade política e o Estado é, antes de tudo, uma particularidade. Tanto Ratzel como Vaullax são geógrafos marcados pelo pensamento de sua época. Em ambos, as escalas de análise ficaram circunscritas ao nacional e ao global, no contexto de disputa pela hegemonia mundial pelas potências européias (imperialismo). Wanderley Messias da Costa 9

Renovação do debate Os rumos da duas guerras mundiais, os desdobramentos do nazismo e facismo e do Holocausto conduziram o debate da geografia política ao ostracismo, isolando o discurso geopolítico às esferas das Forças Armadas (uma questão de segurança nacional). Na segunda metade do século XX fatos importantes renovaram a agenda da disciplina: fim da Guerra fria, desagregação da URSS, globalização, disputas de minorias por território, fortalecimento da democracia participativa, etc.. A emergência de novos atores no tabuleiro geopolítico mundial (ONGs, organismos internacionais, empresas, mídia etc) exigem novos recursos analíticos para compreender o jogo de forças em diversas escalas geográficas. Iná de Castro 10