A Política das Escolas de Samba larguem a minha fantasia

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Transcrição da apresentação:

A Política das Escolas de Samba larguem a minha fantasia RATOS e URUBUS, larguem a minha fantasia Prof. Edinaldo Ribeiro

DEIXA FALAR

A Política das Escolas de Samba Origem e história das escolas de samba do Brasil  A Deixa Falar foi a primeira escola e samba do Brasil. Ela foi fundada em 18 de agosto de 1928, na cidade do Rio de Janeiro, por Nilton Basto, Ismael Silva, Silvio Fernandes, Oswaldo Vasques, Edgar, Julinho, Aurélio, entre outros. As cores oficiais desta escola de samba eram o vermelho e branco e sua estreia no carnaval carioca ocorreu no ano seguinte a sua fundação. O termo “escola de samba” foi usado, pois na rua Estácio, onde aconteciam os ensaios, havia uma Escola Normal. A escola de samba Deixa Falar funcionava ao lado desta Escola Normal.  A Deixa Falar fez muito sucesso entre os moradores da região. Ela acabou por estimular a criação, nos anos seguintes, de outras agremiações de samba. Surgiram assim, posteriormente, as seguintes escolas de samba: Cada Ano Sai Melhor, Estação Primeira (Mangueira), Vai como Pode (Portela), Vizinha Faladeira e Para o Ano sai Melhor. Nestas primeiras décadas, as escolas de samba não possuíam toda estrutura e organização como nos dias de hoje. Eram organizadas de forma simples, com poucos integrantes e pequenos carros alegóricos. A competição entre elas não era o mais importante, mas sim a alegria e a diversão.

Ala dos capoeiristas da Mangueira, em desfile do carnaval de 1965 Acervo UH/Folhapress Ala dos capoeiristas da Mangueira, em desfile do carnaval de 1965

Identidade Nacional As escolas de samba surgiram no final da década de 1920, inventadas e organizadas pelos grupos mais pobres da cidade do Rio de Janeiro, que saíram de seus subúrbios, bairros e favelas para conquistar a grande festa da capital do país e se tornar, ao final da Segunda Guerra Mundial, o símbolo mais original e conhecido da representação nacional brasileira. As interpretações mais tradicionais desqualificam essas grandes conquistas, acusam correntes nacionalistas, políticos populistas e a ditadura de Getúlio Vargas (1937-1945) de terem manipulado e controlado ideologicamente as escolas de samba, impondo o desenvolvimento de enredos em prol de um discurso oficial, nacionalista e patriótico que convinha à dominação. Porém, esse domínio foi bastante relativo, que o desenvolvimento dos temas nacionais no carnaval carioca é um assunto bem mais complexo e, finalmente, que a transformação do samba e da escola de samba em representação nacional foi uma estratégia para conquistar e se impor ao carnaval, à cidade e à sociedade.

"A História da Liberdade no Brasil” Driblando a censura, o período de 1964-1985 foi enfrentado também pelos sambistas. A bonita cadência do samba tornava-se mais uma voz da resistência às atrocidades cometidas pelo país. Salgueiro, Império Serrano e Unidos de Vila Isabel foram três escolas que não deixaram-se intimidar, cantando em protesto contra o regime - mesmo que implicitamente.

Direito a criatividade A rapidez com que o samba passou de manifestação perseguida pela polícia, durante as primeiras décadas do século XX, a símbolo da identidade nacional brasileira, na década de 1930, foi chamada por intelectuais brasileiros de “mistério do samba”. Em livro homônimo, Hermano Vianna, desvendou parte desse “mistério” e destacou o papel de intelectuais e políticos, como o sociólogo Gilberto Freyre e o médico e prefeito do Rio de Janeiro, Pedro Ernesto, cujas opiniões e ações “pavimentaram” o caminho que trouxe para o centro da cidade e da nação uma expressão cultural que vinha dos morros, dos subúrbios e das favelas cariocas. De fato, a veloz ascensão do samba como representação nacional deve muito à busca (e disputa) das elites políticas e culturais pelas “coisas nacionais”. Como mostrou Eric Hobsbawn, em toda parte as nações e o nacionalismo são projetos políticos das elites de um Estado e de uma sociedade; é o Estado que cria a nação, e não o contrário.

Por Laila Maia Galvão No governo Geisel, em plena ditadura militar, foi lançado o chamado Pacote de Abril. Uma nova emenda constitucional e seis decretos-leis passaram a permitir o voto indireto para eleições no Senado, aumento do mandato presidencial de cinco para seis anos, alteração do quórum para aprovação de emenda constitucional entre outras medidas. Como forma de protesto, jornalistas brasilienses criaram o bloco de carnaval Pacotão, com marchinhas que criticavam Geisel e o regime. O Bloco de Olinda Acho é Pouco, que desfila na terça-feira de carnaval na cidade, foi criado em 1977 e também criticava a ditadura. A marca da agremiação, de cor vermelha, é símbolo da posição de esquerda assumida pelo bloco desde aquela época.

Direito a criatividade O marco de análise e da periodização assumida é o modo como as escolas de samba se relacionaram com os chamados “temas nacionais”, ignorando-os, afirmando-os ou negando-os em seus enredos e desfiles. Acredito que tais atitudes fazia parte de uma estratégia dos sambistas para a reprodução e ascensão de suas escolas no espaço festivo, político e cultural de uma metrópole moderna como Rio de Janeiro. Segundo esse princípio, entre 1932, quando o primeiro campeonato de samba foi organizado na Praça Onze, e 1935, quando ocorreu o primeiro desfile oficialmente reconhecido pela prefeitura municipal, os cortejos sambistas foram muito pouco nacionalistas. O samba, a comunidade e a cidade foram os temas mais exaltados, assim como escassas foram as referências ao país e às suas grandezas históricas ou naturais. Esse período tem como título “Do direito de sambar ao reconhecimento oficial (1928-1935)”.

Joãozinho Trinta Em 1989, no desfile da escola de samba Beija-Flor, Joãozinho Trinta organizou um desfile inusitado. Ao invés de fantasias luxuosas, havia muito lixo. O enredo era “ratos e urubus, larguem minha fantasia”. Havia uma imensa faixa que dizia: “mendigos, desocupados, pivetes, meretrizes, esfomeados, loucos, povo de rua, tirem dos lixos deste imenso país restos de luxo… façam suas fantasias e venham participar deste balmasque”.

Direito a criatividade Embora o Brasil seja especialmente reconhecido como o país do samba e do futebol, esses elementos só passaram a ocupar tal posição dentro da representação nacional brasileira após a década de 40. Antes da escola de samba, que surgiu pela primeira vez em 1928, o samba era perseguido sistematicamente pela polícia. Quanto ao futebol, só depois do bicampeonato mundial de 1962, com Pelé, Garrincha e tantos outros heróis dos gramados, é que os brasileiros se tornaram os reis do esporte bretão. Como duramente sabemos, a derrota para o Uruguai em 1950, assistida por incrédulas 200 mil pessoas, em pleno Maracanã, adiou por uma década a tão almejada posição. A fundação da União das Escolas de Samba, a obrigatoriedade dos temas nacionais e a oficialização dos seus desfiles em 1935 foi o resultado de negociações que envolveram seus líderes e o prefeito Pedro Ernesto, que então gozava de amplo prestígio entre as camadas populares da cidade. Tudo isso fez com que a UES e o jornal A Nação estabelecessem que, no desfile de 1935, as 25 escolas inscritas desenvolvessem um único enredo: “A vitória do samba”.

Crítica e Irreverencia. Lixo e Luxo na Beija-Flor de Nilópolis.

Ratos e Urubus, Larguem a minha fantasia Samba Enredo 1989 - Ratos e Urubus, Larguem a Minha Fantasia G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis (RJ) Reluziu... É ouro ou lata Formou a grande confusão Qual areia na farofa É o luxo e a pobreza No meu mundo de ilusão Xepa de lá pra cá xepei Sou na vida um mendigo da folia eu sou rei Sai do lixo a pobreza Euforia que consome Se ficar o rato pega Se cair urubu come Vibra meu povo Embala o corpo A loucura é geral Larguem minha fantasia Que agonia... Deixem-me Mostrar meu carnaval Firme... Belo perfil! Alegria e manifestação Eis a Beija-flor tão linda Derramando na avenida Frutos de uma imaginação Leba - laro - ô ô ô ô Ebó lebará - laiá - laiá - ô Reluziu...

BIBLIOGRAFIA AUGRAS, Monique. O Brasil do samba-enredo. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998. CABRAL, Sérgio. As escolas de samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 1996. CANDEIA e Isnard. Escola de Samba – Árvore que esqueceu a raiz. Rio de Janeiro: Editora Lidador/Secretaria Estadual de Cultura, 1978. EFEGÊ, J. Ameno Resedá. O rancho que foi escola. Rio de Janeiro: Editora Letras e Artes, 1965. HOBSBAWN, Eric. Nações e nacionalismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. OLIVEIRA, Márcio Piñon de. A trajetória de um subúrbio industrial chamado Bangu. In OLIVEIRA, Marcio Piñon de; FERNANDES, Nelson da Nóbrega (orgs.). 150 anos de subúrbio carioca. Rio de Janeiro: Lamparina; Faperj; EdUFF, 2010. SILVA, Marilia T. B da; OLIVEIRA FILHO, Arthur: Silas de Oliveira. Do jongo ao samba-enredo. Rio de Janeiro. FUNARTE, 1981. TUPY, Dulce. Carnavais de guerra. O nacionalismo no samba. Rio de Janeiro: ASB, 1985. VIANNA, Hermano. O mistério do samba. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1995.