Oswaldo D. Miranda Divisão de Astrofísica - INPE

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Transcrição da apresentação:

Oswaldo D. Miranda Divisão de Astrofísica - INPE Cosmologia: Da Antiguidade até o Presente – Como foi mudando a “nossa visão” sobre o Universo? Oswaldo D. Miranda Divisão de Astrofísica - INPE

Elementos de uma História da Cosmologia Nenhum ramo da ciência possui área de interesse tão grande quanto a Cosmologia Cosmologia  Estudo do Universo (por definição contém todas as coisas)  Tão antiga quanto a própria humanidade A milhares de anos (e mesmo hoje em algumas regiões do planeta) o Universo explicado pela ação de espíritos impulsionados por emoções similares às dos seres humanos  Universo “antropomórfico”

Cosmologia Pré-Científica – Mitologia Fundação das primeiras cidades estado (~ 10.000 a.C.): Espíritos afastam-se e passam a ser remotos deuses e deusas que personificam abstrações do pensamento e da linguagem Magia  Substituída pela religião  Sucessão de fenômenos naturais regulados pelos desejos, paixões, caprichos de deuses parecidos com o homem, mas muito superiores a ele em poder Mitologia  Cosmologia Pré-Científica  Entrelaçamento de mitos em visões de mundos que ilustram as primeiras tentativas de explicar o Universo pelo pensamento sistemático

Os Mitos da Criação Universo primitivo era antropocêntrico  No centro estavam os seres humanos  Geometricamente  Geocêntrico (Terra no centro) Índia  “No inicio todos os átomos dissolvem-se nas águas puras, primitivas, da eternidade, de onde tudo originalmente surgiu por ação de Brahma”

Os Mitos da Criação Egito  “No inicio existia apenas Nun, um espírito ainda sem forma que trazia consigo a soma de toda a existência  Rá (deus sol) criou todos os deuses e deusas e todos os lugares”

Os Mitos da Criação Babilônia  constelações do zoodíaco, catálogos de estrelas e planetas, aritmética, geometria, previam eclípses Marduk  cria o Universo após matar a deusa do mar Tiamat e cortá-la em dois pedaços como um “peixe seco” Tiamat  1a Parte - céu com o sol e os planetas, além das estrelas 2a Parte - Terra Antes de Marduk  Universo era um “caos aquoso” dominado por Tiamat (mar) e Apsu (água doce subterrânea)  Inércia e Repouso

Os Mitos da Criação Grécia  No começo existiam Nyx (noite) e Érebo  coexistiam no seio caos  desorganização  Obscuridade da noite (no alto) e dos infernos (embaixo) Érebo liberta Nyx  se encurva formando uma “esfera” cujas metades se separam  Abóboda Celeste e Terra Céu e Terra (Urano / Gaia) possuem realidade material ligados por Éros (amor)  natureza espiritual  coesão do Universo e inicio das gerações divinas

Inicio da Cosmologia Científica – Grécia Pitágoras (VI a.C.): Chama os céus de cosmos e a Terra de esfera. Os corpos celestes eram divinos e esferas perfeitas que se moviam em círculos perfeitos ao redor de um fogo central cósmico. Os corpos celestes emitiriam notas harmônicas que estariam além do alcance dos ouvidos humanos

O Universo segundo os Gregos Platão (IV a.C.): Terra esférica e fixa envolvida por outra esfera de estrelas  planetas movem-se entre as duas esferas Aristóteles (IV a.C.): Qualidades físicas e espirituais às esferas  Quatro elementos: Terra, Ar, Água, Fogo na esfera sublunar e um quinto elemento nas esferas superiores (Quintaessência). O Universo é finito  “Se o céu fosse infinito não completaria uma volta em torno da Terra num tempo finito  absurdo” Através de eclipse lunar Aristóteles verifica que a Terra é esférica

O Universo segundo os Gregos Ptolomeu (II d.C.): Mesmo papel na astronomia que Euclides (na geometria) Sofistica o modelo de Aristóteles Almagesto (O Grande Sistema) descreve o movimento dos planetas com combinações de epiciclos  Esse modelo geocêntrico dominou até a renascença

O Universo segundo os Gregos Concepção Atomista de um Universo ilimitado colidia com visão Aristotélica Demócrito  Via Láctea formada por estrelas Heráclito  Terra gira em torno de seu eixo em um dia Aristarco e Arquimedes  Terra gira em torno do seu eixo em um dia e em torno do sol em um ano

A Astronomia Medieval Hunos avançam para oeste (III d.C.)  pressão dos Chineses e Mongóis Roma é saqueada (455)  cai Império Romano  nasce o Império Bizantino  colapsa (1453) quando Constantinopla tomada pelos turcos 400 d.C. até 1453: Hostilidades entre pagãos e os cristãos. Biblioteca de Serapis é queimada  livros que continham conhecimentos e cultura grega são heréticos. Igreja define: Terra é um tabernáculo retangular rodeado por abismo de água

Transição – Era Medieval / Idade Média Até 1.000 d.C.  Europa em dormência Árabes traduzem “Almagesto” entre outros trabalhos gregos Ciência Árabe entra na Europa pela Espanha (X d.C.) Tomas de Aquino (XIII): cristianismo pode acomodar o Universo Aristotélico com pequenas modificações Dante Alighieri (“Divina Comédia”): Inferno no interior da Terra, o purgatório na esfera sublunar e as regiões etéreas superiores acima da esfera lunar Universo Medieval consolidado (XIV): Antropocêntrico, santificado pela religião, racionalizado pela concepção geocêntrica

A Revolução Copernicana Transição de um Universo geocêntrico para um Universo heliocêntrico Nicolau Copérnico (1473-1543): Cristaliza tendências do pensamento astronômico grego  Universo heliocêntrico e finito (limitado pelas estrelas fixas) 1543: “Sobre a Revolução dos Corpos Celestes” Contesta a idéia de Ptolomeu de que se a Terra girasse ela quebraria Sua obra foi classificada como “proibida” pela Inquisição da Igreja Católica

O Modelo de Universo de Tycho Brahe Tycho Brahe (1546-1601): Observações cuidadosas e refinadas dos planetas Rei Frederico II  Ilha com Observatório Rejeitou o sistema Copernicano Sistema geocêntrico em que o sol gira em torno da Terra e os demais planetas giram em torno do sol

As Leis de Kepler Johannes Kepler (1571-1630): Torna-se assistente de Tycho Brahe em 1600  Revendo os dados de Tycho Brahe obteve de forma empírica as suas três leis: I – Cada planeta se move em uma órbita elíptica tal que o sol ocupa um dos focos ( marte)  1609 II – A linha que liga o Sol a um planeta varre áreas iguais a intervalos de tempo iguais (marte)  1609 III – O período de um planeta é proporcional a potência 3/2 do comprimento do eixo maior da elipse descrita pelo respectivo planeta (satélites de júpiter)  1619

Do Século XVII ao XIX Galileu Galilei (1564-1642): Com os telescópios observou os quatro maiores satélites de júpiter e percebeu que eles favoreciam a teoria Copernicana; sugeriu que a Via-Láctea era formada por estrelas

Do Século XVII ao XIX Isaac Newton (1642-1727): Universo governado leis de natureza quantitativa Deduz as leis de Kepler Contração gravitacional: “Se a matéria estiver uniformemente distribuída através de um espaço infinito, uma parte da matéria pode, pela ação gravitacional, se reunir em uma massa maior, enquanto outra parte pode se reunir em outra massa maior, formando um número infinito de grandes massas espalhadas por grandes distâncias por todo o espaço infinito. E assim devem ter sido formados o sol e as estrelas fixas”

Do Século XVII ao XIX “O Grande Debate: Universos Ilhas  Via Láctea” Immanuel Kant (1724-1804): Baseado nas observações de Thomas Wright propõe que as estrelas da Via Láctea formam um disco que gira ao redor do seu centro Nebulosas: são sistemas semelhantes à Via Láctea  “As nebulosas agrupam-se em torno de um centro comum e formam um vasto sistema que, por sua vez se agrupa com outros sistemas semelhantes em uma estrutura maior e assim por diante. O nível mais alto, de ordem infinita, domina a estrutura do Universo” “O Grande Debate: Universos Ilhas  Via Láctea”

Do Século XVII ao XIX 1838: primeiras medidas da distância de estrelas próximas usando o método “Paralaxe Estelar” Unidade Astronômica  1 A.U. = 150 milhões de km. Parsec  1 pc = 3,086  1013 km = 3,26 anos luz. Ano luz  1a.l. = 300.000  365  24  60  60 = 9,46  1012 km.

Século XX Até 1910: Contagem de estrelas em várias direções do céu mostram que elas tinham distribuição esferoidal achatada

Henrietta Leavitt (1912): Relação para estrelas variáveis cefeidas  período × luminosidade F  fluxo luminoso recebido na Terra L  Luminosidade intrínseca (característica do objeto) D  Distância que esse objeto se encontra

Edwin Hubble (1924): Cefeidas em Andrômeda  Andrômeda é uma galáxia

● Einstein completa a Teoria Geral da Relatividade em 1916 Curvatura do espaço-tempo  responsável pela “força gravitacional” 1917: Einstein apresenta seu modelo cosmológico  Universo é homogêneo, isotrópico e estático  Constante Cosmológica Toda a evolução do Universo pode ser obtida a partir da solução dessas equações ●

Hubble (1929): Além de 2 Mpc (1 10 20 km) a velocidade de uma galáxia é proporcional à sua distância  Universo está em expansão  h0 (ou H0).

Fritz Zwicky (1933): Aglomerado de galáxias de Virgo possui massa 1000 vezes maior que a soma das massas das galáxias individuais  matéria escura O universo passa a ter matéria bariônica (como nós, os planetas, as estrelas)  B E matéria escura  tipo diferente de matéria que só interage com a bariônica via a força gravitacional  D

George Gamow (1946): Matéria no início do Universo era suficientemente quente e densa para sofrer reações termonucleares  Universo dominado pela radiação  Modelo do Big Bang BIG BANG

Radiação Cósmica de Fundo: Descoberta em 1965 Arno Penzias e Robert Wilson dos Laboratórios Bell

Entre 1989 – 1992 COBE – COsmic Background Explorer – mapeia o céu em microondas Desde 2003: WMAP – Wilkinson Microwave Anisotropy Probe COBE-DMR, 1992

Entre 1996 – 2000 – Projeto supernova – Identificação de Supernovas do tipo Ia a várias distâncias cosmológicas. Resultado  O Universo “ganha” mais uma componente – Energia Escura    “retorno da constante cosmológica de Einstein”

constante de Hubble: h = 0,71 ± 0,04 Satélite WMAP – 2003 idade do Universo 13,7 ± 0,2Gyr constante de Hubble: h = 0,71 ± 0,04 matéria bariônica: ΩBh2 = 0,0224 ± 0,0009 matéria total no Universo: Ωmh2 = 0,135 ± 0,009 densidade total de matéria e energia do Universo: ΩT = 1,02 ± 0,02 O FUTURO DO UNIVERSO DEPENDE DE ΩT B h2 = 0.018, 0.023, 0.028

Século XXI – Observações Futuras Satélite Planck Será lançado em fevereiro de 2007 Fará um mapeamento da radiação cósmica de fundo com maior precisão do que o WMAP

O que a Cosmologia tem Discutido Hoje?

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