Origens da Arte contemporânea

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Transcrição da apresentação:

Origens da Arte contemporânea

Marcel Duchamp e seus ready-mades Roda de bicicleta (1913) Fonte (1917) Para Archer (2001), com seus ready-mades, “Duchamp pedia que o observador pensasse sobre o que definia a singularidade da obra de arte em meio à multiplicidade de todos os outros objetos”. O que faz a arte ser arte? Trouxe um aspecto fenomenológico para a arte (coeficiente da arte: relação entre o desejo do artista e a observação do espectador, sem a intenção do artista).

Um Contemporâneo em meio ao Modernismo visão fenomenológica da arte (“coeficiente da arte”) singularidade da obra de arte em meio à multiplicidade de todos os outros objetos (o que faz uma obra ser uma obra?) Colocam em xeque o papel das instituições na definição da arte o interesse pelo corriqueiro, a disposição de abarcar o acaso (como herança do Dadaísmo e também como reconhecimento de que na vida as coisas simplesmente acontecem) e um novo sentido do visual. Tudo isso levou a arte a duas direções: o Pop e o Minimalismo.

Pontos de partida Pop Art Minimalismo

Jackson Pollock e sua action painting, 1947

Pop Art - EUA, começo da década de 60 - Artistas que se destacaram: Roy Lichtenstein, Andy Warhol, Claes Oldenburg, James Rosenquist - Proposta: utilização de temas extraídos da banalidade dos EUA urbanos; quebra com os estilos emocionalmente carregados dos expressionistas abstratos; dependência das técnicas da cultura visual de massa; trabalhos feitos em série.

“a imprensa popular, a tela grande de cinema, com seus closes em preto-e-branco e tecnicolor, os espetáculos extravagantes dos anúncios e, finalmente, a introdução, via televisão, deste apelo espalhafatoso ao nosso olhar dentro de casa, tudo isso tornou disponível à nossa sociedade, e também ao artista, um imaginário tão disseminado, persistente e compulsivo que tinha que ser notado” (afirmação do crítico Henry Geldzahler in ARCHER, 2001)

James Rosenquist, President Elect, 1961

James Rosenquist Hey! Let"s Go for a Ride Lithograph 1972

ROY LICHTENSTEIN (1923-1997) O beijo Emergimos lentamente

TOM WESSELMANN Fumador ROY LICHTENSTEIN Moça

Warhol queria imprimir a idéia de obra de arte como mercadoria, chamava seu estúdio de “A Fábrica e deixou declarações emblemáticas e famosas (que queria ser uma máquina, que no futuro todas as pessoas seriam famosas por quinze minutos e que todos bebem Coca-Cola e nenhuma soma de dinheiro daria ao presidente dos EUA uma garrafa melhor do que aquela que o vagabundo da esquina bebe).” (QUESTIONA OS EFEITOS DO CONSUMO) Lichtenstein: retrucava com a afirmação de que a transformação não era, de nenhum modo, a função da arte, “transformação é uma palavra estranha de usar, implica que a arte transforma. Ela não transforma, apenas forma”. O crítico Henry Geldzahler afirmou: “a imprensa popular, a tela grande de cinema, com seus closes em preto-e-branco e tecnicolor, os espetáculos extravagantes dos anúncios e, finalmente, a introdução, via televisão, deste apelo espalhafatoso ao nosso olhar dentro de casa, tudo isso tornou disponível à nossa sociedade, e também ao artista, um imaginário tão disseminado, persistente e compulsivo que tinha que ser notado” (ARCHER, 2001). Andy Warhol, 100 Cans, 1962

Andy Warhol

Andy Warhol

Andy Warhol As vinte e cinco Marilyns

Outras tendências, linguagens e desdobramentos

Arte conceitual “a idéia se torna uma máquina que faz a arte e a filosofia da obra está implícita na obra, não sendo ilustração de nenhum sistema filosófico”. Sol LeWitt Na contramão da “obra de arte” (“desmaterialização da obra de arte”, Lucy Lippard)

“desmaterialização da obra de arte” A Arte Conceitual opera na contramão dos princípios que norteiam o que seja uma obra de arte. Em vez da permanência, a transitoriedade; a unicidade se esvai frente a reprodutibilidade; contra a autonomia, a contextualização; a autoria se esfacela frente às poéticas da apropriação e a função intelectual é determinante na recepção (FREIRE, 2006). “desmaterialização da obra de arte” crítica norte-americana Lucy Lippard A transgressão proposta pela Arte Conceitual dirige-se para além de formas, materiais ou técnicas, é, sobretudo, uma crítica desafiadora ao objeto de arte tradicional. A Arte Conceitual é a arte do conceito, uma arte composta de idéias. Nela, segundo Sol LeWitt, a ideia ou o conceito é o aspecto mais importante da obra, onde todo o planejamento e as decisões são feitas de antemão e a execução é uma questão de procedimento rotineiro. A efemeridade é umamarca da proximidade entre arte e vida.

“Uma e três cadeiras”, 1965 (Joseph Kosuth, EUA) A Arte Conceitual propunha que as imagens podem ser reconhecidas como análogas à linguagem, uma obra de arte poderia ser lida (cadeira de Kosuth e cachimbo de Magritte) “Uma e três cadeiras”, 1965 (Joseph Kosuth, EUA)

Renè Magritte, “A traição das imagens”, 1929 Embora a Arte Conceitual seja circunscrita ao período de uma década, as questões que lançou são bastante atuais (interrogam as posições das figuras do sistema da arte e seus atores, do estatuto da obra de arte (indiferenciação entre obra e documentação) e meios e instituições que a legitimam. Renè Magritte, “A traição das imagens”, 1929

Brasil e outros países da América Latina (ditadura autoritária e repressora) caráter político e libertário conotação política e social do objeto escolhido artistas: Arthur Barrio, Hélio Oiticica, Guilherme Vaz, Cildo Meireles, Nelson Leirner, entre outros

Cildo Meireles INSERÇÕES EM CIRCUITOS IDEOLÓGICOS: 1. PROJETO "COCA-COLA" (1970) Gravar nas garrafas de refrigerantes (embalagens de retorno) informações e opiniões críticas, e devolvê-las à circulação. Utiliza-se o processo de decalque (silk-screen) com tinta branca vitrificada, que não aparece quando a garrafa está vazia e sim quando cheia, pois então fica visível a inscrição contra o fundo escuro do liquido Coca-Cola. Um passo além do uso do objeto, aí já superado. O “objeto da arte” é o circuito, a troca de informações, o trânsito de idéias, os conceitos.

o importante no projeto foi a introdução do conceito de 'circuito' Era um trabalho que, na verdade, não tinha mais aquele culto do objeto, puramente; as coisas existiam em função do que poderiam provocar no corpo social. Na verdade, as "Inserções em circuitos ideológicos" nasceram da necessidade de se criar um sistema de circulação, de troca de informações, que não dependesse de nenhum tipo de controle centralizado. o importante no projeto foi a introdução do conceito de 'circuito' A questão do anonimato envolve por extensão a questão da propriedade. Não se trabalharia mais com o objeto, pois o objeto seria uma prática, uma coisa sobre a qual você não poderia ter nenhum tipo de controle ou propriedade Enquanto o museu, a galeria, a tela, forem um espaço sagrado da representação, tornam-se um triângulo das Bermudas: qualquer coisa, qualquer idéia que você colo­car lá vai ser automaticamente neutralizada. Não mais trabalhar com a metáfora da pólvora - trabalhar com a pólvora mesmo Cildo Meireles

Nelson Leirner Porco Empalhado, 1966 porco empalhado em engradado de madeira

Questionando o próprio sistema e seus valores “O artista Nelson Leirner mandou esse porco empalhado e enjaulado para o Salão Nacional de Brasília e foi aceito. Agora vai mandar aos membros do júri a seguinte pergunta: ‘Qual o critério dos críticos para aceitarem esse trabalho no Salão de Brasília’?” Jornal da Tarde, 1967

Hélio Oiticica Lygia Clark No Brasil, Hélio Oiticica e Lygia Clark são dois ícones desbravadores da pesquisa da arte onde o corpo assume posição central. Dialogando com a performance, a instalação, a arte conceitual, os dois artistas, cada um à sua maneira, criam processos experimentais próprios, deixando um legado para a arte contemporânea, onde a participação do público, o dinamismo das obras, sua efemeridade e integração com o espaço social, político, sociológico, psicológico e sensorial passam a ser as bases da proposta artística. A arte desloca seu eixo do produto final para o processo de sua feitura e encontro com o público.

Lygia Clark, Bienal de São Paulo/1998

Outras formas, recursos e movimentos VIDEOARTE Nam June Paik (coreano) PERFORMANCE Fluxus (Lituânia) BODY ART A ênfase da arte começa a se deslocar do produto final para o processo de sua feitura (ARCHER) Na Body Art e na Performance a fotografia e o vídeo adquirem novo valor, pois a arte só se realiza para muitos através destes meios. FLUXUS: O Grupo Fluxus foi um movimento que marcou as artes das décadas de 1960 e 1970, opondo-se aos valores burgueses, às galerias e ao individualismo. O nome Fluxus, (do latim flux, significa modificação, escoamento, catarse). Valorizando a criação coletiva, esses artistas integravam diferentes linguagens como música, cinema e dança, se manifestando principalmente através de performances, happenings, instalações. O Fluxus foi criado em 1961, em Wiesbaden, na Alemanha, sob a liderança de George Maciunas. Era integrado por artistas de várias partes do mundo, como os alemães Joseph Beuys (Iosef Boys) e Wolf Vostell, o coreano Nam June Paik, o francês Bem Vautier, e japonesa Yoko Ono, além de outros representantes destes países ou dos países nórdicos.

Com a cabeça besuntada de mel e ouro em pó, o artista conversava com a lebre morta em seu colo, pois as lebres, segundo ele, entendem melhor que os humanos, enquanto o público ficava fora da sala , vendo por uma janela de vidro. Em 1967 o artista criou um partido político em favor dos animais, afirmando que a “energia elementar” deles podia muito bem conseguir mais, em termos de inovação política, que qualquer humano. "Neste momento, eu mesmo sou a obra de arte. Apenas insinuo uma direção no desdobramento, ou seja, indico que, nesta realização de tornar o mundo uma obra de arte, qualquer pessoa pode fazer parte, em potencial. Daí toda esta história de chapéu, que encaro como a tragicomédia da arte do nosso tempo". Joseph Beuys, Fluxus. A arte do Fluxus e de Beuys “visava reconectar a arte com a vida num sentido plenamente político” (ARCHER). Joseph Beuys, “Como explicar imagens a uma lebre morta”, 1965 (performance)

aos modos de apresentação da arte A Arte Contemporânea apresenta quebras de parâmetros em diferentes aspectos que dizem respeito: ao espectador ao conceito de arte aos modos de apresentação da arte aos processos de construção das obras à relação com o tempo à relação com o espaço

Todo esse conjunto de transformações propõe: a criação de um novo olhar para o mundo à nossa volta e, consequentemente, para a arte produzida por este mundo. Exemplos de mudanças diretamente ligadas ao mundo da arte: Afastamo-nos do processo artesanal, a industrialização e sua multiplicação à milionésima potência dos objetos produzidos nada mais é do que uma demanda da multiplicação da própria população no planeta. O ser humano transforma e mutila o seu corpo.

A arte é expressão de uma sociedade, não podemos, portanto, admitir que uma sociedade se transforme e sua arte permaneça a mesma. Lembramos novamente a afirmação de Cocchiarale, “se a arte contemporânea dá medo é por ser abrangente demais e muito próxima da vida” (COCCHIARALE, 2006). Paul Klee: “a arte não reproduz o visível, torna visível”. A arte contemporânea torna a nossa sociedade visível, explicitando relações, tensões, complexidades, conflitos, interrogações, contradições e fissuras com as quais nos deparamos diariamente, mesmo sem nos dar conta.