História da Cultura e das Artes Pintura e escultura em Portugal nos finais do século XIX
O final do século XIX foi marcado por uma grande instabilidade política em Portugal: Crise económica de 1889-1892 (impulsionada por uma crise económica internacional, pela crise política no Brasil e pela diminuição das exportações dos vinhos) obrigou à declaração da bancarrota por parte do Estado Português, que viu as suas despesas serem claramente superiores em relação às suas receitas (em 1892).
O final do século XIX foi marcado por uma grande instabilidade política em Portugal: Perante a instabilidade governativa, João Franco, ministro do Reino do partido Regenerador Liberal, ordena o encerramento do parlamento a 10 de maio de 1907. O clima de desconfiança e de agitação social culmina no regicídio do rei D. Carlos e do seu filho mais velho, D. Luís Filipe, no Terreiro do Paço, em Lisboa. O último rei, D. Manuel II, foi incapaz de controlar o movimento republicano, e não conseguiu controlar a instauração da República a 5 de Outubro de 1910.
D. Carlos (1863-1908) João Franco (1855-1929)
A instabilidade política e económica explica: O atraso na chegada das novas correntes artísticas, como o Realismo, o Naturalismo e o Impressionismo.
Na pintura, o Naturalismo foi bastante difundido nas artes plásticas portuguesas. Influências: Como bolseiros da Academia Portuense, que estiveram em França, contactaram com os pintores da “escola” de Barbizon; Contactaram com pintores realistas e impressionistas. Principais pintores: António Carvalho da Silva Porto (1850-1894); João Marques da Silva Oliveira (1853-1927)
Quais foram os artistas portugueses dos finais do século XIX?
Henrique Pousão (1859-1884)
Características estéticas e formais Telas de pequena dimensão; Cada composição é personalizada com um tratamento moderno de tons neutros com tons de forte colorido; A sua obra dispõe de composições inseridas no Naturalismo e outras, também, no Impressionismo. Pousão, Cecília, 1882
Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929) Autorretrato, c. 1929
Pintava em interiores de residências ou no seu próprio atelier; Columbano Bordalo Pinheiro foi um retratista da pequena burguesia lisboeta; Pintava em interiores de residências ou no seu próprio atelier; Procurava atribuir uma expressão psicológica através da representação das feições do retratado. Columbano, Retrato de Antero de Quental, 1889
Características estéticas e formais Columbano realçou a expressividade do retratado envolvendo o fundo numa penumbra (tenebrismo); A representação da carnação sugere a forma de um crânio para simbolizar a morte (este poeta suicidou-se em 1891); Existe a aplicação da técnica do sfumato em que os contornos da forma se desvanecem.
Nascido em Caldas da Rainha em 1855; Destacou-se como pintor de cenas de género, da vida camponesa ou na cidade; Influenciado pelo Naturalismo e Impressionismo. José Malhoa (1855-1933)
Ao longe, Daniel, apaixonado, observa o gesto de Clara; Malhoa pretendeu orientar a visão do espetador para Clara, uma minhota que está identificada como uma das Pupilas do Senhor Reitor de Júlio Dinis; Ao longe, Daniel, apaixonado, observa o gesto de Clara; Nesta composição destaca-se a captação da Natureza com um cromatismo vivo; É explorado o efeito da luz sobre a paisagem e as figuras representadas; José Malhoa, Clara, 1903
Malhoa, Festejando o S. Martinho, 1907
Características estéticas e formais Tela realizada com pormenor descritivo que retrata em diferentes posições as várias fases da bebedeira; As pessoas retratadas em conhecidas do artista que ilustram a forma de viver da pequena burguesia; Existe um tratamento expressivo dos rostos, dos trajes e dos tons claros e escuros.
Columbano, Retrato de Carlos Reis, 1897
Nota biográfica Carlos Reis nasce em Torres Novas em 1863 e morre em Coimbra em 1940; Teve como grande mecenas o rei D. Carlos, que lhe financiou os estudos em Paris; Pintor inserido no Naturalismo português com telas de grandes dimensões; Foi também um retratista de figuras ilustres; Defensor da pintura ao ar-livre condenando a pintura de atelier; Foi o primeiro diretor do Museu Nacional de Arte Contemporânea; Estabelece o seu atelier na Quinta da Lagartixa, na serra da Lousã.
Carlos Reis, A feira, 1910, óleo sobre tela
Captação de cenas da vida campestre inserida no Naturalismo; Numa pintura ao ar-livre, fora dos ateliers, Carlos Reis procura captar através de um cromatismo intenso e colorido todos os efeitos da luz sobre a Natureza e todos os pormenores representados nesta tela.
E na escultura?
António Soares dos Reis Vila Nova de Gaia (1847-1889)
Soares dos Reis, O Desterrado, 1872, gesso patinado
Características estéticas e formais Esta obra está construída em gesso, mas pretendia ter um aspeto de ser feita em mármore; Construção iniciada em Paris, demonstra os sentimentos e as feições do ser humano; Com influência clássica, este escultor procura modelar as formas através dos jogos de luz e sombra com um tratamento realista das roupagens; As mãos entrelaçadas, o olhar cabisbaixo e o pé apoiado contra a perna demonstram a inquietude representada na figura.
“Sou cristão, porém nestas condições a vida para mim é insustentável “Sou cristão, porém nestas condições a vida para mim é insustentável. Peço perdão a quem ofendi injustamente, mas não perdoo a quem me fez mal”.
Teixeira Lopes (1866-1942)
Teixeira Lopes, A viúva, 1893, mármore A obra pretende transmitir o desespero de uma jovem mulher viúva que estaria fechada num humilde quarto; A cena representada pretende idealizar o esforço da mãe que sacia a fome da criança no seu berço de roupa; Carregada de sentimentalismo, esta peça escultórica demonstra dinamismo através das linhas sinuosas apresentadas na figura da mulher. Teixeira Lopes, A viúva, 1893, mármore