INTRODUÇÃO À SAGRADA ESCRITURA III

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Transcrição da apresentação:

INTRODUÇÃO À SAGRADA ESCRITURA III

Atividade Literária entre o Cisma (932) e o Exílio (586) Fatores de crise religiosa: - O Templo – (1Rs 8,10-13)- considerado como habitação de Deus. Até então, era a concepção dinâmica de Deus que peregrinava com o povo. O rei era o “ungido”. Os santuários locais, com o tempo, voltaram a florescer, no Reino do Norte, junto com os “lugares altos” e os vários cultos cananeus.

O desnível religioso entre as populações urbanas e rurais (Amós, Oséias). O ritualismo e o formalismo do templo com a crescente injustiça dos poderosos. (Is 1,10-20). Obras deste período: Salmos e provérbios: A coleção dos 150 salmos só se perfez após o Exílio. Muitos salmos anteriores a Davi. São atribuídos a Davi 73 salmos. (súplica, louvor, peregrinação, reais e sapienciais).

Os provérbios marcam o início da literatura sapiencial bíblica que se desenvolveu especialmente no período pós-exílico. Os escritos proféticos datam da segunda metade do séc. VIII a.C., pouco antes, talvez contemporâneos da redação Jeovista. São sucessivamente reelaborados por discípulos anônimos e por fim atribuídos por inteiro ao profeta que os iniciara. Ex. Jeremias: entre a pregação e a redação final passaram-se 300 anos.

Redação Jeovista- período pré-exílico Redação Jeovista- período pré-exílico. Surge num momento em que apareciam os primeiros escritos proféticos. Os autores redigem numa só obra os escritos-fonte Javista e Eloísta. O livro do Deuteronômio- muito discutida a origem do livro. Terá sido um “Documento da Aliança”, anterior à monarquia, e depois redigido como o “Deuteronômio primitivo” (5-28), em meados do séc. VII e identificado como o “Livro da Lei” (achado sob Josias, em 622 a.C. É atribuído aos levitas rurais e às suas prédicas sobre a fidelidade à Aliança.

Atividade Literária durante o Exílio (586-538 a.C.) Destruição do Templo de Jerusalém pelos babilônios em 586 a.C. Surge uma revisão, uma reestruturação teológica: O Conceito de Deus- os exilados o reencontram no Exílio. Conceito dinâmico. O Sábado- no ambiente pagão, os judeus retomam a observância religiosa do Sábado. Assim começa a Sinagoga. A circuncisão- a partir do exílio torna-se o sinal nacional e religioso da Aliança (Gn 17,10-14).

Obras Notáveis do Período Exílico Obra Histórica Deuteronomística- (Revisão)Seus redatores partem do fato teológico de que Deus agiu de modo constante, advertindo o povo com ameaças de castigos e punindo com a destruição quase total. Tese deuteronomista Dt 23,11-26. Só a conversão e a renovação espiritual poderão levar a um novo Êxodo.

Escrito-fonte Sacerdotal- uma sucessão de alianças, desde a origem do mundo até Moisés. Aparecem o sábado, a circuncisão, o tabernáculo, a arca, o sacerdócio, os sacrifícios, a distinção e separação entre sagrado-profano, puro-impuro, pecado-expiação. (Lv 10,9-11). Projeta uma grande esperança de reconstrução. (todo o Lv e grande parte do livro dos Nm)

Período Pós-Exílico (538-50 a.C.) Templo reconstruído em 515- não foi fácil manter a unidade entre os conservadores apegados ao culto antigo e os progressistas, mais tolerantes e abertos. Tensão entre particularismo e universalismo. O Templo reconstruído como santuário central não foi aceito pelos samaritanos. O Culto e a Lei, foram se tornando cada vez mais característicos do “judeu fiel”, contra os casamentos mistos (Es 10,1ss), insistindo na lei do sábado e nas taxas para para o culto (Ne 13)

Escritura e Tradição- os escritores retomam as antigas tradições e os antigos escritos, reescrevendo-os à luz do culto e da lei. Elabora-se a redação final do Pentateuco, o Cronista redige sua obra histórica (1e2 Cron+ Esdras e Neemias) e se reúnem os escritos dos antigos profetas.

Escritos do período pós-Exílico Redação final do Pentateuco (séc. V a.C)- Encontramos textos justapostos, como é o caso da narrativa da criação, apresentada primeiro pelo Sacerdotal (Gn 1,1-2,4a) e depois pelo Javista (Gn 2,4b-3,24). Muitos trechos como “colcha de retalhos” Ex 13,17-14,31: há versículos que são subdivididos com até 4 fragmentos de fontes. Os 11 primeiros capítulos de Gn não oferecem uma história científica das origens da humanidade, mas uma reflexão teológica, com vários elementos semelhantes aos dos mitos babilônicos.

A obra do Cronista (séc. V-IV a. C A obra do Cronista (séc. V-IV a.C.)- Israel deve aprender e reconhecer a intervenção divina na história. O grande modelo é o rei Davi (novo Davi). A insistência no culto, nas funções sacerdotais levíticas, tendo como figura central o Sumo Sacerdote.

Os profetas pós-Exílicos (séc. VI-II a. C Os profetas pós-Exílicos (séc. VI-II a.C.)- Eles não tem mais o porte dos grandes profetas de antes do exílio, seus escritos são breves, às vezes repetindo os predecessores. No período da reconstrução do Templo, o Trito-Isaías (Is 56-66), Ageu e Zacarias (Zc 1-8). Em meados do séc. V, Malaquias e Abdias. Possivelmente no séc. IV, os escritos do Dêutero-Zacarias (Zc 9-14) e Joel.

A literatura sapiencial (séc. VI-I a. C A literatura sapiencial (séc. VI-I a.C.)- redação final dos Provérbios, o livro de Jó, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Eclesiástico, Baruc e por último o livro de Sabedoria, já redigido originalmente em grego.

A literatura Midraxe- (procura, investigação) e designa 2 coisas diferentes: Como método exegético, a própria interpretação rabínica do AT. Como gênero literário, caracteriza-se pela amplificação dos textos e fatos anteriores, procurando dar respostas a muitas perguntas que precisavam. Esdras-Neemias levantam problemas que encontram respostas em Jonas e Rute (povo escolhido). Judite e Ester mostram como Deus serve-se dos acontecimentos para dirigir seu povo. Tobias fala da providência divina e da fidelidade na provação, na vida familiar, na bondade para com o próximo.

Literatura apocalíptica – Daniel (séc. II a. C Literatura apocalíptica – Daniel (séc. II a.C.)- desacredita da realidade presente e projeta-se para o futuro de Deus, que surgirá após a destruição deste mundo.

Os livros dos Macabeus (120-100 a. C Os livros dos Macabeus (120-100 a.C.)- o 2Mc é mais rico em conteúdo teológico e de menor valor histórico. A doutrina da ressurreição corporal e da retribuição escatológica, o sofrimento dos mártires tem valor de expiação, a comunhão dos santos, sua intercessão e o sufrágio pelos mortos. O 1Mc vê nas derrotas do povo o castigo por seus pecados e, nas vitórias dos Macabeus, a assistência divina. A observância da lei é o bem essencial, ao passo que a helenização deve ser rejeitada a todo custo.

Gênesis 6-9 (O DILÚVIO) Para entender o dilúvio é necessário situá-lo no conflito e confronto entre um Império e seus súditos escravizados e espoliados ao máximo. Um contra-conto – os textos babilônicos vem dos setores dominantes, falando a linguagem e pronunciando os interesses do Império. A história bíblica, ao contrário, vem do reverso deste mesmo Império. Representa a fala e os interesses de escravos que tinham que suavam para manter as glórias do Estado dominante.

Uma tradição destas não teve seu berço na Palestina Uma tradição destas não teve seu berço na Palestina. Aí a chuva não representa perigo, pois, não conhece enchentes regulares. No mundo palestino o medo é do fogo. Foram os assírios e os babilônios que foram tornando a história do dilúvio conhecida.

O firmamento é aquilo que viabiliza a vida aqui na terra O firmamento é aquilo que viabiliza a vida aqui na terra. Rompendo-se este, a criação volta ao caos (Gn 1,2). Existem as “comportas nos céus”. Caso estas se abram, a terra fica inundada. O Império se apresenta como aquele que garante o firmamento. A função do culto é a de manter este firmamento, acalmando as divindades com templos e sacrifícios. Enquanto o culto imperial funcionasse, o perigo de dilúvio estava afastado. Quem contestasse o Imperador, quem deixasse de participar do culto, quem esquecesse de pagar seus tributos, ameaçava a irrupção do caos.

O Império se mantinha através do medo O Império se mantinha através do medo. O exército e o culto sacrificial garantiam a superação do medo pelo medo. E Gn 6-9? Nega a via Imperial. Não adere à lógica mesopotâmica. Nunca mais haverá dilúvio (9,11). “É mau o desígnio íntimo da pessoa desde a mocidade” (8,21). Violência, corrupção, maldade continuarão a existir e o dilúvio não trará solução. Efetivamente o medo do dilúvio e Império estão por terra. E o que a história propõe como solução?

A casa do justo – A arca abriga uma família, o núcleo de um clã (7,1) A casa do justo – A arca abriga uma família, o núcleo de um clã (7,1). É a casa sobre os mares. Também o cuidado pelos animais aponta para a casa. A terra se refere ao mundo da agricultura. Os critérios da casa estão em 6,9: justiça, integridade e andar com Deus. Noé, justo, representa o resto santo que está na roça e não no templo e muito menos no palácio.

Na família também se encontram muitas dificuldades e o texto admite isso (9,5-6). Mas para todas elas há chance de solução, sem a intervenção do Império. A cura destas enfermidades sociais familiares está na própria casa. Limites da proposta: a proposta da casa aparece no dilúvio com marcas exageradamente patriarcais. O filho de Noé que vê a nudez do pai é vítima de acidente. Este traço patriarcal é o único presente em 9,1-7. A rigor, a mulher nem existe para estes versículos.