Fateo/DF Evangelho de Lucas 3º semestre Noturno Prof

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Transcrição da apresentação:

Fateo/DF Evangelho de Lucas 3º semestre Noturno - 2015 Prof Fateo/DF Evangelho de Lucas 3º semestre Noturno - 2015 Prof.: Leila Maria Orlandi Ribeiro Aluna: Joselita Bicalho Félix Braga 15 abril 2015

ESCATOLOGIA EM LUCAS: 15-19 TEMA 10

Escatologia: a doutrina das “últimas” coisas Lucas é chamado de “teólogo da Salvação”

A “salvação” em Lucas “Salvação”, no seu sentido original, quer dizer livrar o ser humano de algum mal físico, moral ou político, ou de algum cataclismo cósmico; isso supõe resgate da integridade do ser. Cristo resgata a integridade do ser humano, restabelecendo sua relação inata com Deus, com os outros, com toda a criação e consigo mesmo. Existe uma inter-relação entre libertar e salvar. A “salvação” implica em libertação real, concreta e corporal. O melhor resumo que mostra o que é “salvação” é: “O Filho do Homem veio buscar o que estava perdido e salvá-lo” (Lc 19,10). Lucas é o único dos evangelistas sinóticos a chamar Jesus de “Salvador”.

A “salvação” em Lucas Diferente de Mateus e Marcos, Lucas tem outra ideia sobre a perspectiva escatológica. O Reino de Deus já se faz presente, mas ainda não de forma plena, consumada. O templo e a cidade de Jerusalém como lugares exclusivos de salvação ou revelação são superados. Lucas alerta que o lugar por excelência da revelação de Deus é a pessoa de Jesus. O tempo chegou no seu centro: Jesus. Ele é o centro do tempo. Doze vezes a palavra “hoje” aparece neste evangelho. Lucas valoriza o hoje, aqui e agora. “... Felizes vós, que agora tendes fome porque sereis saciados (6,21)”; “hoje se cumpre essa passagem da Escritura (4,21) ...

A “salvação” em Lucas Deve-se recordar que, para o povo judeu, toda a vez que se lia a Bíblia, Deus estava falando e manifestando-se (a Palavra para o mundo semita é viva e eficaz Is 55,10-11). O tempo de Deus é o hoje da história (4,21) Na época de Jesus e dos Evangelhos vigorava na sociedade a teologia da retribuição, que dizia que se uma pessoa estava sadia e rica era porque era boa, logo abençoada por Deus. Se outra pessoa estava doente e pobre, era pecadora e por isso havia sido amaldiçoada. A pobreza e a doença eram vistas como castigo de Deus. A teologia lucana propõe a libertação de pobres e doentes, que começa com a convicção de que Deus ama todos (e tudo) a partir das vítimas. Para Lucas a prática é decisiva: “Façam coisas para provar que vocês se converteram (3,81)”; “O que devemos fazer?..” (3,12.14); “O que devo fazer para receber a vida eterna?” (10,25); “Vá, e faça a mesma coisa” (10,37). Mais importante do que ter “uma opinião certa” é ter uma prática correta, libertadora.

O processo histórico -escatológico Jesus se coloca a caminho a partir da Galileia até Jerusalém. Este caminhar já é o início de sua exaltação. Em Jerusalém se consuma o caminho que, por meio da morte, leva-o à exaltação, assumido por Deus em sua glória e constituído Messias e Senhor. O caminho, pois, conclui-se “à direita do Pai”, meta autêntica que o realiza plenamente, começando e personificando o Reino de Deus, a vida filial e fraternal na glória que Deus quer para seus filhos. Os diversos aspectos da salvação realizam-se ao longo das etapas do caminho, num processo histórico-escatológico. Começa em nossa história concreta, na qual já irrompe através dos profetas (3,1-3), em Jesus e na Igreja, mas se consuma transcendendo a história humana, na parusia de Jesus (21,28), que manifestará a plena libertação.

IR AO ENCONTRO DAQUELE QUE ESTIVER SEPARADO - RESGATE Três parábolas 15,1-10 Jesus é objeto de crítica pelo legalismo personificado nos fariseus, pois acolhe cobradores de impostos e pecadores para ensiná-los. Em resposta a estes “bons” e “justos” fariseus, Jesus conta três parábolas que os escandalizam, pois revelam a absoluta misericórdia de Deus. Jesus ensina que, como deve ser aqui será no céu: “Eu vos digo que do mesmo modo haverá mais alegria no céu, por um só pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento” (15,7). Na parábola da ovelha perdida, o escândalo é a preocupação de Deus pelo pecador e a maneira alegre como o acolhe. Os fariseus e a classe reinante o excluía e o marginalizava. IR AO ENCONTRO DAQUELE QUE ESTIVER SEPARADO - RESGATE

DAR O PERDÃO AOS QUE QUEREM SER PERDOADOS Três parábolas 15,1-10 Os escândalos dos fariseus: Na parábola seguinte, a moeda de pouco valor representa toda essa gente que os “bons” do judaísmo oficial vinham deixando se perder e que nem mesmo os preocupava. “Eu vos digo que, do mesmo modo, há alegria diante dos anjos de Deus por um só pecador que se arrepende”. Na dinâmica do reino, essa moeda de pouco valor é na realidade o “tesouro” de Deus; encontrá-lo e colocar-se a serviço desse “resto” é levar à realização a proposta de Deus encarnada no reino proposto por Jesus. DAR O PERDÃO AOS QUE QUEREM SER PERDOADOS

O filho perdido e o filho fiel: 15,11-32 Com esta terceira parábola Jesus continua desmascarando os efeitos negativos do legalismo, cuja expressão mais imediata é a distorção da verdadeira imagem de Deus. Jesus revela sua experiência de Deus como Pai, um pai que ama com igual medida tanto seu filho mais velho quanto o filho mais novo; a diferença desse amor quem a impõe são os dois filhos. O mais velho acredita que fez o suficiente para ganhar para si todo o amor do pai, porque não contrariou nenhuma de suas ordens e, portanto, tem de ser recompensado, ao passo que a conduta do mais novo deve ser castigada. O escandaloso da parábola é que Jesus mostra o filho mais novo como o que atrai para si o amor do Pai, apesar de tudo que fez. Viver na presença de Deus É O GRANDE PRÊMIO

O filho perdido e o filho fiel: 15,11-32 O legalismo do filho mais velho não lhe permite ver a gratuidade do amor divino, amor que não exige como “pagamento” uma boa conduta, mas que se recebe por graça, de maneira gratuita, e se celebra permanentemente de acordo com a própria consciência desse amor gratuito. E, em segundo lugar, nessa relação amorosa com Deus, sempre estamos diante do risco de rompê-la com nossas atitudes contrárias ao amor para com os outros; mas essa mesma graça divina nos chama ao arrependimento e à procura do perdão do Pai que acolhe de maneira imediata e se coloca a celebrar conosco a festa do perdão.

O desagrado do irmão 15,25-32 A parábola do filho pródigo, que podia terminar simplesmente no v.24, tem uma continuação: Jesus, querendo dar aos murmúrios dos fariseus (v.2) resposta conveniente, continua seu discurso parabólico e apresenta Deus dando explicações a verdadeiros ou pretensos justos sobre o acolhimento festivo que reserva a “todo pecador que se converte” (cf v. 7.10).

O administrador infiel 16,1-8 Esta parábola dá início a uma série de ensinamentos quanto ao justo valor dos bens terrenos. Fala aos discípulos (v.1), principais administradores dos bens de Deus, aos quais compete o dever de servir aos irmãos em nome de Deus e aos quais se exige fidelidade extrema. Jesus instrui seus discípulos a se colocar em ação de sua criatividade, serem astutos para prever o rumo que a dinâmica do reino deve tomar no meio da sociedade; ainda que o reino seja dos humildes e simples, isso não quer dizer que se possa construí-lo de maneira ingênua.

Os filhos deste século e os filhos da luz Os filhos deste século: (o presente) representado pelos interesses materiais e pelas injustiças que muitas vezes comporta; Os filhos da luz: ou do século futuro (em contraposição com os deste século), iluminados pela luz da revelação, visam os bens imperecíveis do mundo que há de vir: Expectativa escatológica. O administrador infiel foi prudente ao colocar o valor real que os devedores deviam para o patrão não ver a sua “usura”.

O uso do dinheiro 16,9-15 As coisas da terra são passageiras, por isso não se deve apegar o coração a elas. Para Lucas, acumular riquezas é já um pecado, especialmente quando se convive com os pobres. Aquele que se agarra ao dinheiro acaba excluindo Deus, porque não se pode servir a esses dois senhores. “Quem é fiel nas coisas mínimas, é fiel também no muito, e quem é iníquo no mínimo, é iníquo também no muito. Portanto, se não fostes fiéis quanto ao Dinheiro iníquo, quem vos confiará o verdadeiro bem? Se não fostes fiéis em relação ao bem alheio, quem vos dará o vosso?” Lucas nos mostra a leitura do avesso: “o que é elevado para os homens, é abominável diante de Deus” (16,15b)

A Lei e os Profetas chegaram até João A fase preparatória do plano da salvação, representada pelo AT, encerrou-se com o Batista. Após ele teve início o tempo da consumação, o do Evangelho: o Reino de Deus é dado como a boa e nova notícia. Desde então se anuncia o reino de Deus e cada um se esforça para entrar nele. Jesus avaliza a Lei, mas salienta uma importante correção da mesma efetuada pela “nova lei”, com a abolição do divórcio. Jesus mostra a divina vontade original, expressa na criação, antes que fosse de qualquer forma condicionada pela “dureza do coração” humano.

O rico e Lázaro 16,19-31 (As migalhas eram pedaços de pão que, naquele tempo, eram usados como guardanapos para limpar e enxugar a boca e as mãos, e depois atirados no chão). O rico cava um abismo que o separa da vida e nem mesmo um ressuscitado pode transpor. A distância que o rico impõe para o pobre é tão grande que o pobre não tem como chegar até o rico. Além disso, o rico pode ler o A.T. (Moisés e os Profetas) O pobre morre e é levado pelos anjos. O rico morre e é enterrado. A morte é um começo para o pobre e o fim para o rico. Quem não aceita a mensagem do AT aceitará a mensagem do NT? O Ressuscitado é Jesus. Ele está aí falando... O que vai acontecer? Depende de cada um: ganhar a vida ou ser enterrado para sempre. O rico ainda vê em Lázaro seu mensageiro: para molhar sua língua, para levar recado (advertir) seus irmãos.

Instruções aos discípulos 17,1-10 O serviço ao reino (busca e a instauração de uma sociedade justa), só é possível a partir da fé, e ninguém está isento de se desviar do caminho e assumir atitudes contrárias aos valores do reino. Sempre se deve empregar o recurso da correção fraterna, ao arrependimento e ao perdão. Evitar escândalos (levar o outro a pecar), viver o espírito do perdão fraterno e confiar totalmente em Deus. Deixar de lado qualquer pretensão de honra ao mérito para aprender a reconhecer o dom da graça de Deus. “Se com o pouco de fé que vos queixais, podes obter o impensável, com muito mais razão podeis realizar vossa tarefa de simples servidores, encontrando nela toda a vossa satisfação, sem exigir garantias especiais do Mestre.” (cf nota rodapé Bíblia Jerusalém) Servir com humildade: “Somos simples servos, fizemos apenas o que devíamos fazer” (17,10b)

Escândalo: engodo, cilada, armadilha, pedra de tropeço colocada propositadamente para alguém tropeçar. Pequeninos: os pobres da comunidade que ficam escandalizados com os poderosos e ricos que os fazem afastar da comunidade (abala a fé dos pobres) Correção fraterna: chance. Se há arrependimento, há perdão. Sem limite. A comunidade é feita de pessoas imperfeitas, que erram e se ofendem continuamente. Sem perdão a comunidade não poderia continuar e simplesmente se destruiria, e ficaria destruída a própria possibilidade de Deus nos perdoar (no Pai Nosso pedimos que Deus nos perdoe da mesma forma que perdoamos).

Aprender a reconhecer o dom de Deus 17,11-19 A cura dos dez leprosos Lucas nos mostra nesta parábola, como deve ser a atitude do crente em relação ao modo antigo de entender a lei e ao modo de acolher a novidade que Jesus está anunciando e instaurando. Os dez leprosos imploraram por misericórdia, mas Jesus não os cura logo, testa-lhes a fé mandando que se apresentem aos sacerdotes (conforme a lei). Todos foram curados, o único que volta glorificando a Deus (v.15) para agradecer a Jesus (v.16) caindo-lhe aos pés, é o samaritano, aquele de quem menos se esperava . Ele reconheceu em Jesus o dom de Deus (glorificou e agradeceu). Estes nove representam a maioria do povo da eleição, o povo judeu e particularmente aos fariseus e doutores que não são capazes de perceber nesse sinal a proximidade de Deus, por isso não existe um gesto de louvor e gratidão; para eles Deus continua sendo alguém que só se limita ao cumprimento da Lei. Então só um foi salvo (pela fé no Filho de Deus). Parece que na miséria e na doença é mais fácil ser solidário, e os nove judeus não se incomodaram em incluir um samaritano em seu grupo

A vinda do Reino de Deus 17,20-37 Para participar do Reino de Deus é necessário que cada um experimente e ajude os outros a experimentarem a ação deste Reino que já está atuando na pessoa de Jesus Cristo. A instrução adverte a não deixar-se enganar de um lado por falsas afirmações de que o reino ou os dias do Filho do Homem chegaram visivelmente. De outro, por uma vida despreocupada, como se jamais fosse haver um julgamento. O reino de Deus não pode ser observado e encontra no meio de nós. * Os fariseus ainda não aceitam que em Jesus já se esteja inaugurando o tempo do reinado de Deus (eles mantêm a expectativa de um messias glorioso, investido com todo o poder); Jesus não só declara que o reino já está agindo, mas também que o Filho do Homem já inaugurou essa chegada do reino. Ao contrário do “apocalipse sinótico” que insiste nos sinais premonitórios (Mc 13,5-8) e nos cataclismos cósmicos que irão acompanhá-lo (Mc 13,24-25)

A vinda do Reino de Deus 17,20-37 Jesus explicou aos discípulos que a parusia ou o dia do Filho do Homem não ocorrerá antes que o Filho do Homem padeça a perseguição e a recusa do projeto de Deus, pelas mãos dos inimigos (Paixão e morte de Jesus). Alerta ainda que essa chegada virá a qualquer momento, sem aviso, e que devem ter cuidado com o falso messianismo. Tomar consciência de que o Reinado de Deus já está no meio e, a não ser que se dê agora plena atenção a seu reinado presente, não se estará preparado para a volta de Filho do Homem quando ela ocorrer. E ninguém pode saber quando isso acontecerá.

Dias virão... Tempo virá: fórmula empregada na literatura profética para introduzir um anúncio infausto (dia do Filho do Homem) Está ali: quanto ao aparecimento, ao longo dos séculos e nos tempos finais, de falsos messias ou de falsos anúncios de salvação. Como o raio: repentino e simultaneamente em todas as partes do mundo (não precisa ir para cá e para lá a sua procura). Mas antes.. As dores do Messias serão necessárias antes de entrar na sua glória. Nos dias de Noé... A exemplo dos castigos severos O dia em que o Filho do Homem será revelado... Na parusia, no fim dos tempos.

Dias virão... Neste dia ... Renuncie a tudo (posses), nada mais importa. Mulher de Ló (o apego às coisas fê-la olhar para trás, o que lhe causou perdição). Levado... deixado... A sorte diferente de cada pessoa aparentemente iguais, é motivada por suas diferentes disposições internas. Onde... Senhor? A parusia se manifestará em todo o mundo, onde houver homens, e o juízo divino os atingirá infalivelmente O julgamento é imprevisivelmente discriminatório, escolhendo uma pessoa e deixando outra.

O juiz e a viúva 18,1-8 A parábola do juiz desonesto (ou a eficácia da oração insistente) mostra que Deus atenderá, e logo, o grito de seu povo. Peçam justiça e confiem. Se um juiz injusto atende, muito mais Deus que é justo e ama seus escolhidos A viúva está no seu direito, mas ninguém lhe fez justiça. A viúva recorre ao juiz, mas este é corrupto e a única arma dela é a insistência, a arma dos pobres. Os pobres devem perseverar na oração e na ação, buscando a justiça. Deus não negará isso porque seu reino é o Reino da Justiça. Disse consigo mesmo (solilóquio)

Deus assegura justiça para seus filhos, Cristo virá para trazer justiça aos seus eleitos, a todos aqueles que foram injustiçados e perseguidos na terra por amor ao seu nome em todas as épocas da história da humanidade. ... Achará Ele fé na terra? Tudo indica que o remanescente será pequeno. Em Lc 12,32 “ó pequenino rebanho”. * No último dia Cristo estará procurando fé na terra (só aqui pode ter fé: após o julgamento final, quem estiver no inferno terão visto e comprovado o amor de Deus, mas será tarde demais) Não se pode desistir de buscar e de lutar com ação e oração, a fim de que a justiça triunfe sobre a injustiça, trazendo liberdade e vida para todos os oprimidos e explorados deste mundo

O fariseu e o publicano 18,9-14 Mostrando a falsa e a verdadeira religiosidade, esta parábola é dirigida a “alguns que, convencidos de serem justos, desprezavam os outros” (v.9). Apesar de incentivar a oração, como a parábola anterior, a doutrina desta parábola tem outro intuito. Mostra o contraste dos dois mundos religiosos: um que se sente credor de Deus, o outro um devedor insolvente: O fariseu que se julga justo e perfeito; e o publicano que era considerado marginal pelo seu próprio ofício de arrecadador de impostos para o Império Romano. Eu te dou graças: assim começava normalmente a oração de louvor, mas ao invés de louvar a Deus, o fariseu está interessado em louvar-se a si mesmo .

O fariseu e o publicano 18,9-14 O fariseu não conta nada sobre seus pecados. Ele só leva em conta a sua poupança de méritos. Ele não tem mesmo como ser perdoado, porque ainda nem tomou consciência e confessou seus pecados! Como o resto dos homens: dividindo a humanidade em duas classes, a dos justos e a dos maus, o fariseu identifica-se com a primeira e só encontra em seu comportamento motivos de mérito. A humildade do publicano. Jesus declara justificado o homem que diante de Deus se sente absolutamente indigente, necessitado do amor e da compaixão divinos. O fariseu não consegue essa justificação, não porque Deus lha negue, mas porque acredita que não precisa dela e, portanto, não a pede.

Para entrar no Reino... Sejam como as crianças (18,15-17). “A mesma palavra para dizer criança em grego é também usada para dizer servo. O significado da criança, portanto, é social: ela não tem e não pode ter pretensões nem ambições, exatamente como os escravos. Mas, apesar de tudo, tanto a criança como o escravo ficam à espera da liberdade e da vida, à espera do Reino da justiça, que lhes trará o que tanto anseiam. E é a eles, e a todos os que são como eles, que Deus concede o Reino, para a alegria deles, porque o Reino será sua grande libertação.” (Storniolo, pag 162). * Renúncia pelo reino de Deus (18,18-30). O homem que interroga Jesus ainda que saiba qual é o meio para ser um homem bom, falta-lhe o mais importante, colocar em primeiro plano de suas preocupações ou de seu projeto pessoal a justiça que Deus quer (começando pelo desprendimento da riqueza o que o fará sensível às carências dos outros).** Superabundância dos bens espirituais (aqui e no mundo futuro) àqueles que, como os discípulos, tudo deixarem e se puserem a seguir Cristo. (alegria que chega com a prática da justiça)*** * Modelo da dependência em relação a Deus é a condição para entrar no Reino. ** Lista do que deverá ser deixado para trás para entrar no Reino. *** e receberão muito mais nesta vida

Terceiro anúncio da Paixão e ressurreição 18,31-34 Se aproxima a meta de viagem “salvífica”. Se cumprirá (31) tudo o que foi escrito pelos Profetas: Lucas destaca a continuidade do plano divino preparado no AT e que agora vai se realizar com a paixão e ressurreição de Jesus. Mas eles não entenderam nada (34). ... talvez uma justificativa porque os discípulos fugiram e se dispersaram no jardim das Oliveiras e também a surpresa diante do sepulcro vazio; ou ainda porque não conseguiam ver (entender) como o cego de Jericó?

O cego de Jericó 18,35-43 Apesar de lhe faltar um sentido (a visão) e apesar dos obstáculos exteriores (os que impedem que ele se aproxime de Jesus), o cego é capaz de captar quem é Jesus. Está mendigando no caminho, pedindo aos que vão a Jerusalém para a festa da Páscoa, a festa da libertação. Se dirige a Jesus como “Filho de Davi” (descendente e herdeiro da dinastia davídica e, por conseguinte, Messias) e grita por socorro. Jesus o faz ver, dando-lhe não só a visão física, mas visão da fé que o faz enxergar Jesus e seu caminho. E o cego curado segue-o. Até um cego pode ver (compreender), mas os discípulos não entendiam.

Jesus em casa de Zaqueu 19,1-10 O sentido salvífico da viagem de Jesus a Jerusalém é procurar aquilo que estava perdido para salvá-lo (10). Jericó ficava num ponto estratégico para “cobrança de pedágio”. Dar a metade de seus bens aos pobres (muito acima do que prescrevia a lei sobre restituição de furtos manifestos). Filho de Abraão (9): Jesus lembra que, pela conversão, Zaqueu é duplamente “filho de Abraão”: pelo vínculo de sangue e, mais ainda, pelo vínculo da fé que o salvou. * Rico também pode salvar-se, porque ele dá a metade de seus bens aos pobres e restitui o que roubou (com a outra metade). (O que o pobre rico recusou em 18,22-23) Os fariseus excluíam da “estirpe de Abraão” os pecadores e os publicanos

Parábola das minas 19,11-27 Cem moedas de prata (dez minas) Lembra a parábola dos talentos de Mateus (Mt 25,14-30), com uma dupla lição: Os servos (ministros e fiéis), deverão ser remunerados quando Cristo vier em sua glória? Os judeus que combateram contra sua realeza serão duramente castigados. Uma comissão: quando Herodes Arquelau se dirigiu a Roma, para receber o título de rei da Judéia, uma delegação de nobres judeus o seguiu e se apresentou a Augusto para lhe declarar: “Não queremos que este reine sobre nós”. Na ocasião a legação obteve êxito parcial: Arquelau teve de voltar à Palestina, não com o título de rei, mas com o mais simples de etnarca. Dez anos depois, porém, uma segunda delegação obteve sua deposição bem como sua condenação ao exílio (José Flávio, Guerra Judaica 2,6). Também com respeito a Jesus, seus inimigos, diante de Pilatos, irão gritar: “Nós não temos outro rei senão César!” (Jo 19,15)

Parábola das minas 19,11-27 “A quem tem, será dado; mas àquele que não tem, será tirado até mesmo o que não tem” (26): O dom de Deus recusado não se perde, mas é concedido a um outro. ( o último servo é castigado: a intenção é desafiar os discípulos a fazer uso produtivo de tudo o que Jesus lhes revelou sobre o reino). “Trazei-os aqui e trucidai-os” (27b): após a prestação de contas dos servos, o patrão se dirige contra os adversários, mostrando-se sem piedade nem misericórdia, justamente como faria um soberano oriental (Arquelau de fato comportou-se justamente assim quando voltou de Roma). A cega oposição a Cristo e a seu evangelho encontrará, no fim dos tempos, condenação bem severa. Jesus será rejeitado em Jerusalém. Crucificado como Rei dos judeus, sua volta na ressurreição e a destruição definitiva de Jerusalém.

Entrada messiânica em Jerusalém 19,28-48 A montaria pedida por Jesus indica por si mesma a índole de um triunfo de humildade. “Fizeram Jesus montar”: expressão inspirada em 1Rs 1,33: “tomai convosco os servos de vosso senhor e fazei Salomão, meu filho, montar em minha mula”. Também o ato de estender os mantos sobre o caminho faz parte do cerimonial da entronização real (cf 2Rs 9,13). O que vem: é a personagem esperada para o tempo escatológico e deve ser identificada com o próprio Messias. O Rei é o soberano messiânico, restaurador da dinastia davídica. Narrado por todos os evangelistas, neste episódio Jesus entra na cidade santa como rei-Messias mas, uma vez que ela fecha os olhos diante da visita divina, Jesus lhe anuncia, entre lágrimas, o castigo de Deus (41-44).

Lamentação por Jerusalém O pranto de Jesus sobre a cidade santa (19,41-44) é mencionado apenas por Lucas. “Evoca a ruína de Jerusalém em 587 a.C., tanto e mais ainda que a de 70 d.C., da qual não descreve nenhum traço característico”. (Nota de rodapé Bíblia de Jerusalém)

Purificação do templo 19,45-48 O sentido da meta atingida da viagem messiânica começa com a purificação do templo, a “casa do Pai” de Jesus. Os príncipes dos sacerdotes e os escribas, assim como os chefes do povo procuravam prendê-lo mas não conseguiam porque o povo todo se elevava ao ouvi-lo. É o novo Israel este povo, ao contrário do povo que irá pedir a Pilatos a morte de Jesus, impede que os chefes realizem por enquanto o seu criminoso projeto.

Referência Bibliográfica BERGANT, Diane. KARRIS, Robert J. (org). Evangelho de Lucas. Volume III. Loyola. SP. 1999. BÍBLIA de Jerusalém. SP. Paulus. 2002. BÍBLIA Ave Maria. Edição de estudos. 4ª ed. SP. Ave Maria. 2014 BROWN, Raymond E. Introdução ao Novo Testamento. Paulinas. 2004. LANCELLOTTI, Bocali. Comentário ao Evangelho de Lucas. MOREIRA, Gilvander Luis. Lucas e Atos: uma teologia da história. 2.ed. SP. Paulinas. 2012 STORNIOLO, Ivo. Como ler o Evangelho de Lucas. SP. Paulus. 1992.