Da natureza natural à formação socioespacial Regionalização do Espaço Brasileiro Profa. Dra. Rita de Cássia Ariza da Cruz

Domínios morfoclimáticos e fitogeográficos “...entendemos por domínio morfoclimático e fitogeográfico um conjunto espacial de certa ordem de grandeza territorial – de centenas de milhares a milhões de quilômetros quadrados de área – onde haja um esquema coerente de feições de relevo, tipos de solos, formas de vegetação e condições climático-hidrológicas.” (Ab’Saber, 2003: 11-12)

O domínio das Depressões interplanálticas semi-áridas do Nordeste Região semi-árida subequatorial e tropical (ritmo desigual e pouco freqüente das precipitações) Área de fraca de composição de rochas Drenagens intermitentes sazonais extensivas Brejos de cimeira, de encontas, de pé-de-serra ou piemonte, de vales úmidos e ribeirinhos (Ab’Saber, 2003)

Domínio dos Mares de Morros Florestados Distribuição geográfica azonal ao longo do Brasil Tropical Atlântico Presença de mais forte decomposição de rochas cristalinas Florestas tropicais recobrindo níveis de morros costeiros, escarpas do tipo Serra do Mar e outros setores serranos do Brasil de Sudeste Presença de paisagens de exceção (Ab’Saber, 2003)

Domínio do Planalto das Araucárias Climas subtropicais úmidos de planaltos com invernos relativamente brandos Planaltos com altitudes médias entre 800 e 1300m, cobertos por bosques de araucárias Precipitações relativamente bem distribuídas o ano inteiro (perenidade de toda a rede de drenagem regional) Comporta as paisagens menos tropicais do país (Ab’Saber, 2003)

Domínio dos Cerrados Planalto Central Vasta área de chapadões, revestido por cerrados e penetrados por florestas de galeria Clima tropical, marcado por estações muito chuvosas alternadas com estações secas Alguns cursos d’água são intermitentes (Ab’Saber, 2003)

Domínio das pradarias mistas do Rio Grande do Sul Área ecológica típica de zona temperada cálida, subúmida, sujeita a certa estiagem Região de drenagem perene, menos densa e volumosa do que aquela que ocorre no planalto basáltico sul-brasileiro Abrange terrenos sedimentares, basálticos e pequenos setores de áreas metamórficas (Ab’Saber, 2003)

Domínio Amazônico Gigantesco domínio de terras baixas florestadas, que se destaca pela extraordinária continuidade de suas florestas e pela ordem de grandeza de sua principal rede hidrográfica Clima úmido e cálido, com temperaturas altas, chuvas rápidas e concentradas e períodos desprovidos de precipitações (Ab’Saber, 2003)

Mudanças tecnológicas/períodos, segundo Bertrand Gross (1971) Fonte: Milton Santos (1996: 140)

Da diversificação da natureza à Divisão Territorial do Trabalho A divisão do trabalho constitui um motor da vida social e da diversificação espacial. (Santos, 1996: 108) Os cinco períodos técnicos de Fu-chen Lo (1991) apud Santos (1996) são: o da mecanização incipiente (1770-1840) o da máquina a vapor e da estrada de ferro (1830-1890) o da energia elétrica e da engenharia pesada (1880-1940) o da produção fordista de massa (1930-1990) o da informação e comunicação (iniciado em 1980)

Cinco períodos técnicos, segundo Fu-Chen Lo Fonte: Milton Santos (1996: 139)

Da diferenciação espacial à desigualdade sócio-espacial A formação sócio-espacial brasileira e a Divisão Territorial do Trabalho: * Divisão social do trabalho e produção do espaço

O lugar da natureza nesse debate Pressuposto: Ao transformar a natureza pelo trabalho, o homem transforma a si próprio (Marx)

Antecedentes Natureza e Divisão Territorial do Trabalho: Natureza e determinações ambientais A natureza influencia o processo social de reprodução da vida e de produção do espaço A natureza dá possibilidades. A sociedade decide o que fazer com elas.

Qual o lugar da natureza na produção de desigualdades sócio-espaciais?

A desigualdade sócio-espacial brasileira, natureza e história

Brasil: Índice de Desigualdade Social Pochmann & Amorim (Orgs), 2003

Brasil: Índice de Pobreza Pochmann & Amorim (Orgs), 2003

Brasil: Índice de Exclusão Social Pochmann & Amorim (Orgs), 2003

Os fundamentos da “exclusão” Formas mais brutais de exclusão x formas sofisticadas de exclusão “As lacunas deixadas pela falta de reformas agrária, tributária e sociais tornaram o capitalismo brasileiro uma máquina de produção e reprodução de desigualdades.” (Pochmann & Amorim, 2003)

Referências Bibliográficas Ab’Saber, Aziz. Os domínios de natureza no Brasil. SP: Ateliê Editorial, 2003. POCHMANN, Márcio & AMORIN, Ricardo. Atlas da exclusão social no Brasil.SP: Cortez, 2003. SANTOS, Milton. A natureza do espaço. SP: Hucitec, 1996.