Que cidade nós queremos? O governo do estado de São Paulo, em convênio com a prefeitura, acaba de iniciar a construção de 7 novas pistas na Marginal do.

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Transcrição da apresentação:

Que cidade nós queremos? O governo do estado de São Paulo, em convênio com a prefeitura, acaba de iniciar a construção de 7 novas pistas na Marginal do Rio Tietê. O projeto tem orçamento inicial de 800 milhões de reais – 80% do valor que a prefeitura de São Paulo investirá na expansão do Metrô e 36% dos 2,2 bilhões, que custará a linha 6 do metrô, a ser usada por 100 mil pessoas diariamente. Autopista de 19 faixas congestionada em Los Angeles, EUA.

Enquanto no mundo inteiro, as grandes cidades têm investido em transporte coletivo e ciclovias, a prefeitura e o governo de São Paulo investem bilhões do dinheiro público em projetos que ampliam o espaço para os carros e retiram esse espaço das pessoas. Veja um exemplo do que tem ocorrido em outras partes do mundo: Parque de Seul, construído em 2003, onde antes havia uma grande avenida expressa.

Esta autopista foi construída na cidade de Seul (Coréia do Sul) sobre um pequeno rio, antigamente usado pelas pessoas de várias formas.

A autopista em Seul recebia diariamente 1600 carros e simbolizava para grande parte da população o progresso e a riqueza da cidade. Mas em 1999 a prefeitura elaborou um projeto, que se concretizaria em 2003, de demolição da autopista e recuperação do canal de águas que passava embaixo dela, criando um parque urbano com 400 hectares.

A idéia da demolição da autopista surgiu quando a prefeitura teve de fechar um dos principais túneis de circulação de carros e da cidade e o resultado foi a diminuição dos engarrafamentos. Isso é chamado de paradoxo de Braess: a diminuição de espaço viário em grandes avenidas, e a ampliação dos espaços ao longo da cidade, diminui os trajetos de automóvel e os congestionamentos. Autopista e viaduto antes da demolição

Os resultados da demolição da autopista foram: a criação de um parque urbano utilizado por 30 mil pessoas nos finais de semana; a ampliação do transporte público e de seu uso pelas pessoas e a diminuição de 3,6 O C na temperatura perto do canal recém-aberto, já que os rios são climatizadores naturais das cidades. A avenida de antes O parque de hoje

O exemplo de Seul deixa uma coisa muito clara: ampliar o espaço para os automóveis é tirá-lo das pessoas, é tornar a cidade um lugar de passagem, em alta velocidade... A destruição da autopista em Seul aponta um caminho contra isso: devolver a cidade às pessoas. A contramão de um projeto como o da nova marginal.

Atualmente uma minoria de 30% dos paulistanos possuem carro, o que já representa uma frota de quase 6 milhões de automóveis, impactando a vida de todos os demais habitantes da cidade. Os automóveis são responsáveis por 40% da poluição do ar em São Paulo A poluição do ar está diretamente ligada aos problemas respiratórios: um aumento de apenas 10 microgramas de ozônio (um dos poluentes gerado pelos carros) por m 3 de ar, já gera um aumento de 3% no número de atendimentos médicos por problemas respiratórios.

As marginais do Rio Pinheiros e Tietê foram construídas nos anos 50 e 60, como parte de um amplo projeto de ampliação do espaço da cidade para os carros. A promessa da época já era justamente a melhora do trânsito e a maior rapidez no transporte individual motorizado. Hoje sabemos que isso não aconteceu: o transporte pelo automóvel só cresceu e as marginais batem recordes diários de congestionamento. Marginal Tietê, 1974

Atualmente a Marginal Tietê recebe 700 mil veículos ao dia, apesar de ter capacidade para 350 mil. A ampliação da Marginal não vai resolver o problema: a cidade recebe mensalmente em média 48 mil novos automóveis. Diante desse número é evidente que em alguns anos a Nova Marginal será também uma via congestionada de carros, como todas as demais.

A construção da Nova Marginal acarretará uma perda de 28,8 hectares de área verde permeável. Serão perdidos justamente os jardins recém-plantados pelo próprio governo. Os ajustes prometidos pelo governo gerarão um ganho de 9,9 hectares. Evidentemente o risco de enchentes é muito maior e a poluição do rio causado pelo fluxo de carros em suas margens também crescerá

Por essas razões o Instituto dos Arquitetos do Brasil já conseguiu 450 assinaturas de especialistas contrários a esta obra. Outras instituições, como a Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), o Sindicato dos Arquitetos do Estado de São Paulo (SASP), a Associação Brasileira de Arquitetos e Paisagistas (ABAP), entre outras, se manifestaram contrárias à ampliação da Marginal. Manifestação contra ampliação da Marginal Tietê, em 28 de junho de 2009.

Apesar do enorme impacto de uma obra como essa, o governo só realizou uma única audiência pública para discuti-la antes das obres e a previsão de conclusão é outubro de O aumento das áreas de asfalto amplia muito o risco de enchentes e a ampliação do espaço exclusivamente para os carros amplia o problema da poluição do ar e os problemas de saúde decorrentes dela. Além disso, o benefício para a “fluidez” do trânsito é bastante relativo e certamente é temporário: com o aumento da frota de carros (500 a cada dia), nenhuma nova avenida impedirá a formação de congestionamentos. Transbordamento do Tietê. Setembro de 2009.

Do outro lado da questão, afinal qual a realidade de nosso sistema de transporte público? Veja a tabela comparativa do metrô de São Paulo com o de algumas cidades do mundo: CidadePreço de uma passagem de metrô (nos casos em que a passagem varia de acordo com a distância, escolhemos o preço mais alto) Número de estações de metrô Extensão da rede de metrô São PauloUS$ 1,48 (= R$ 2,55) 5561,3 km MadriUS$ 2,98 ( = 2 € ) € 46,00 (preço mensal para viagens ilimitadas em toda linha de ônibus, metrô e trem) ,8 km Cidade do MéxicoUS$ 0,154 (= 2 pesos mexicanos) km SantiagoUS$ 0,843 (= 460 pesos chilenos) 92101,4 km TóquioUS$ 3,3 (300 ienes) ,2 km A tabela deixa bem claro que nosso sistema de metrô é um dos menores e mais caros dentre os das grandes cidades do mundo. A comparação com cidades como Nova York, Paris, etc. é ainda mais desanimadora...

Os slides que você leu foram escritos como uma forma de protesto. Atualmente, apesar da oposição de diferentes entidades e do próprio Ministério Público, as obras da Nova Marginal Tietê já estão em andamento. Até quando vamos preferir uma cidade que se constrói cada vez mais para dar lugar aos carros... Uma cidade cada vez mais inabitável... Talvez já seja tarde demais para fazermos algo para parar a construção das novas pistas da Marginal. Mas ficaremos calados simplesmente? Sempre?

Essas e outras informações você pode encontrar em: