HTLV Rodrigo Guimarães Cunha

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Transcrição da apresentação:

HTLV Rodrigo Guimarães Cunha Médico Infectologista Hospital Universitário Pedro Ernesto

Histórico

Década de 70 (1977), descrição no Japão de um tipo de leucemia que não se encaixava em nenhuma classificação. Denominada de linfoma/leucemia de células T do adulto (ATL) (Uchiyama T.,1977) Histórico do HTLV 1888, descrição na Jamaica por um médico inglês de uma síndrome de paraparesia espástica. 1985, estudo comprava a associação entre infecção pelo HTLV-1 e a paraparesia espástica tropical.(Gessain A. 1985) 1981, descoberto o segundo tipo de HTLV denominado de HTLV-2 (Gallo, 1981) 1966, criado o termo “dermatite infecciosa” para descrever síndrome clínica em crianças jamaicanas Sweet, 1966. 1979, descoberto o vírus HTLV-1 nos Estado Unidos por Robert Gallo e colaboradores 1981, pesquisadores japoneses descreveram o mesmo vírus primeiramente denominado de ATLV (Hinuma Y., 1981) Década de 80, feita a associação entre infecção pelo HTLV-1 e ATL 2005, descoberta na região da África Central em Camarões o HTLV-3 e HTLV-4

Estrutura viral

Estrutura Viral HTLV (Human T lymphotropic Virus ); Família: Retroviridae; Gênero: Deltavírus; RNA diploide de fita simples com polaridade positiva. Vírus envelopado, com aproximadamente 100nm de diâmetro; Reconhecidos até o momento 4 tipos: HTLV-1, HTLV-2, HTLV-3, HTLV-4

Van Dooren 2005

O Vírus Classificação: (ICTV 2009) Família: Retroviridae Subfamília: Orthoretrovirinae Gênero: Deltaretrovírus Espécie: Primate T-lymphotropic virus 1 ao 3 Pertence ao grupo dos vírus linfotrópicos de células T de Primatas (PTLV). PTLV-1, PTLV-2, PTLV-3 e PTLV-4 Dentro do grupo dos PTLV temos Vírus Linfotrópicos de células T Símios(STLV): STLV-1, 2 e 3. E o Vírus Linfotrópico de células T Humanas(HTLV) HTLV-1 ao 4. Através da similaridade genética podemos correlacionar entre si os vírus: HTLV-1/STLV-1, HTLV-2/STLV-2, HTLV-3/STLV-3. O único que não tem seu correspondente símio é o HTLV-4.

O Vírus Estrutura Genômica: Baseado na divergência da sequência de nucleotídeos das regiões env e LTR podemos dividir o HTLV-1 e 2 em subtipos e subgrupos:

Subtipos e subgrupos do HTLV-1

O Vírus O HTLV-2 : Subdividido em 4 subtipos: HTLV-2 a HTLV-2 b; HTLV-2 c e HTLV-2 d No continente americano é endêmico em populações de ameríndios. Na América do Norte em regiões urbanas é encontrado frequentemente em usuários de drogas endovenosas.

Distribuição dos subtipos de HTLV-2 no continente americano.

Origem e disseminação:

Origem: Teoria: Origem no continente africano a partir de ancestral comum. Somente no continente africano encontramos todos os PTLV (HTLV e STLV). Transmissão entre espécies do STLV-1 dando origem ao HTLV-1 e os seus subtipos (1 a, 1 b, 1 d, 1 e, 1 f e 1 g na África e 1 c na região da melanésia)

Origem: Disseminação para o continente americano: Era pós-colombiana através do tráfico de escravos. Migrações populacionais (ex. japonesa) após a Segunda Guerra Mundial. Era pré-colombiana: Migrações de populações do continente asiático durante a era glacial pelo estreito de Bering.

Origem e disseminação do HTLV Verdonck et al. 2007

Estrutura genômica

Genoma Viral – DNA pró-viral Genoma pró-viral é composto por aproximadamente 9000 nucleotídeos. O HTLV-1 e 2 têm homologia de aproximadamente 65% nas sequências do DNA pró-viral sendo maior nas regiões pol e tax. Maior variabilidade genômica na região LTR e env Apresenta alta estabilidade genética. Estima-se que a taxa de mutações seja na ordem de 1% a cada 1000 anos. Apresenta três regiões genômicas em comum com outros Retrovírus: gag(grupo antígeno específico), pol(protease, integrase e polimerase) e env(envelope). Regiões adicionais aos dos outros retrovírus: pX

Genes estruturais: (DNA pró-viral)

Genes do HTLV: env: Glicoproteína de superfície (gp46) Proteína transmembrana (gp21) gag: Capsídeo (p24) Nucleocapsídeo (p15) Matriz (p19) pol: Protease (p14) Transcriptase reversa (p95) Integrase

Genes reguladores do HTLV: O HTLV diferentemente dos demais retrovírus apresenta regiões adicionais denominadas de pX. Essa região apresenta genes que codificam proteínas regulatórias.

Região LTR LTR= long terminal repeat Flanqueado nas duas extremidades pela região LTR Possui ~630 pb Região mais variável do DNA pró-viral do HTLV Dividido em 3 regiões U5, R, U3 Funções: i) integração do DNA pró-viral, ii) regulação da expressão de genes virais iii) regulação da produção dos virions.

Replicação e disseminação

Tropismo celular do HTLV Tropismo in vivo do HTLV: Linfócitos T CD4+ (principal alvo) (única célula in vivo na qual o HTLV induz a transformação cel. CD4+ CD45RO+) Linfócitos T CD8+ Linfócitos B Monócitos Macrófagos Células dendríticas

HSPG (heparan sulfato proteoglycans) Neuropilin-1 2 3 Adesão/fusão viral: Interação das glicoproteínas virais g46 (SU) e gp21 (TM) com receptores celulares GLUT1 HSPG (heparan sulfato proteoglycans) Neuropilin-1 Santos & Lima, 2005

Formas infecção e propagação do HTLV Vírus livre infectando diretamente cel. T CD4+ “Sinapse viral” Expansão clonal Células dendríticas infectadas

Transmissão célula-célula do HTLV via “Sinapse viral”

Resposta Imune

Modelo de resposta imune contra HTLV

Resposta imune Resposta mediada principalmente por linfócitos T CD8+. Pessoas HTLV reagentes mantem cronicamente ativados linfócitos T CD8+ A proteína viral imunodominante é a proteína Tax. A proteína Tax induz a uma forte resposta imune mediada por células T CD8+.

Resposta imune Como alguns indivíduos desenvolvem complicações e outros não apesar de apresentarem uma resposta imune ? Alta carga pró-viral X baixa carga pró-viral. Presença do HLA-A*02 e HLA-Cw*08. Qualidade da resposta imune.

Peptídeos da proteína HBZ ligam-se mais fortemente com o HLA-A Peptídeos da proteína HBZ ligam-se mais fortemente com o HLA-A*02 e HLA-Cw08 (protetores) do que o HLA-B*5401. Uma forte ligação entre os peptídeos do HBZ, foi associado com estado assintomático dos pacientes mesmo quando o HLA-A*02 e HLA-Cw08 foram excluídos da análise. Quanto maior for o número de HLA de classe 1 que ligue fortemente aos peptídeos da proteína HBZ menor é a carga pró-viral.

Epidemiologia

Endêmico no Japão, Caribe, África central Melanésia e América do Sul Difícil estimar a prevalência real de HTLV no mundo em virtude de poucos estudos população aberta. Endêmico no Japão, Caribe, África central Melanésia e América do Sul Estima-se que 15 a 20 milhões de pessoas infectadas no mundo. O HTLV-2 tem maior prevalência em usuários de drogas ilícitas endovenosas e indígenas no continente Americano. Até o momento o HTLV-3 e 4 só foram encontrados na África. Gonçalves et al. 2010

Espanha 0,12% sendo todos HTLV-2 Moçambique 2,3%

Prevalência de HTLV em doadores de sangue no Brasil Catalan-Soares et al. 2005

Estudos de prevalência de HTLV-1/2 em gestantes e puérperas no Brasil

Estudo de transmissão intrafamiliar feito em 1986 no Japão encontrou positividade de anticorpos para HTLV em 27,9% de filhos de mães positivas.(Kajiyama et al. 1986) No mesmo estudo em pessoas HTLV positivas < de 20 anos encontraram prevalência de 97,1% de mães positivas.

Transmissão

Transmissão Vias: Vertical Sexual Parenteral

Transmissão Via sexual: Homem Mulher Mulher Homem Homem Homem Isolado o DNA pró-viral em células mononucleares do sêmen e em secreções cervicovaginais. Maior transmissão do homem para mulher. Fatores de risco: Grande número de parceiros sexuais Presença de outras DST Carga pró-viral elevada do paciente fonte Mulheres na menopausa Idade elevada do parceiro (Homens acima de 60 anos)

Transmissão Vertical: Varia de 15 a 25% Via transplacentária e periparto representa cerca de 5% dos casos. A principal forma é através do leite materno. Prevalência de 20% A infecção ocorre pela ingesta de linfócitos infectados contidos no leite. Fatores associados: Carga viral no leite/concordância entre HLA de classe I da mãe e do filho/tempo de aleitamento. A testagem de gestantes com bloqueio do aleitamento das positivas reduz a prevalência do HTLV.

Transmissão Parenteral: Uso de drogas endovenosas: Transmissão pelo compartilhamento de materiais usados que entrem em contato com sangue (seringas e agulhas). Forma mais associada a transmissão do HTLV-2 O HTLV-2 é mais prevalente em usuários de drogas EV Acidente com material biológico: Poucos casos documentados. Em situação atípica. Risco não quantificado porem estima-se que seja próximo de zero. Doação de órgãos: Feito triagem do doador para HTLV. Risco estimado de transmissão seria 1 :128.000

Transmissão Parenteral: Transfusão de Hemoderivados: Através de derivados de sangue compostos por células (sangue total inclusive concentrado de plaquetas, pela presença de leucócitos). Hemoderivados acelulares (plasma/crioprecipitado) não estão associados à transmissão do HTLV. Soroconversão pode chegar a 44 até 63% em áreas endêmicas. O armazenamento de sangue por período > que 14 dias pode reduzir a infectividade do hemoderivado para próximo de zero em relação a < 14 dias de estocagem que pode chegar a 47%. Obrigatório triagem do HTLV-1 e 2 em bancos de sangue.

Diagnóstico: Testes de triagem Testes confirmatórios: ELISA Imunofluorescência indireta (IFI) (não é mais usado) Western blot Reação em cadeia de polimerase (PCR)

Algoritmo de testagem para HTLV Teste de triagem ELISA Positivo Teste confirmatório Western Blot Positivo para HTLV-1 ou HTLV-2 Positivo para HTLV mas não tipável Fazer PCR Indeterminado Negativo Teste confirmatório PCR Positivo para novos tipos de HTLV Fim Algoritmo de testagem para HTLV

Diagnóstico: Teste de ELISA: Usado como teste de triagem Se positivo deve ter esse resultado confirmado por outros testes. Detecta tanto HTLV-1 quanto HTLV-2 Não diferencia entre HTLV-1 ou HTLV-2 Sensibilidade para HTLV-1 é alta/menor sensibilidade para HTLV-2

Diagnóstico: Teste de WB: Usado como teste confirmatório. Diferenciar entre HTLV-1, HTLV-2 ou co-infecção HTLV-1 e HTLV-2. Alguns casos é incapaz de fazer essa diferenciação (HTLV positivo não tipado) Critério de positividade: reatividade para uma proteína da região gag (p19 e/ou p24), proteína do envelope viral (gp46 e gp21). Pode apresentar resultados indeterminados. Alto custo.

Diagnóstico: Banda Gene Características gp21 env Proteína transmembrana gp46 Proteína de superfície rgp46-I Proteína recombinante da gp46 específica para HTLV-1 rgp46-II Proteína recombinante da gp46 específica para HTLV-2 p24 gag Proteína do capsídeo viral p19 Proteína da matriz viral gd21 pol Proteína recombinante que corresponde a uma parte da gp21 Teste de WB antígenos usados para diagnóstico.

Teste de Imunoblot fita de resultado

Diagnóstico: Reação em cadeia de polimerase (PCR): Detecção do material genético viral integrado ao DNA da célula hospedeira (DNA pró-viral). Não é possível detectar RNA viral livre no plasma. Utilidade: Teste confirmatório Diferenciar entre diferentes tipos (HTLV-1 ao 4) Elucidar casos com WB indeterminado Avaliar transmissão vertical em crianças menores de 12 meses Infecção precoce Menor custo em relação ao WB Podem ocorrer falsos positivos

Produtos para reação da PCR Extração do DNA pró-viral de Leucócitos de sangue total Sangue total Sequênciamento genético Termociclador Gel de agarose Purificação dos amplicons da PCR

Aspectos clínicos

Aspectos Clínicos: A maioria dos diagnósticos de HTLV é realizada durante doações de sangue ou seja sem uma indicação por suspeita da doença. Doença pouco conhecida na população e até mesmo entre profissionais da saúde. Grande parte dos infectados permanece assintomático por longos períodos ou por toda a vida. As manifestações clinicas estão relacionadas ao surgimento das doenças associadas ao HTLV. Risco de desenvolverem manifestações é estimado em 10% Risco de mielopatia é de 0,3 a 4% Risco de 1 a 5% para leucemia/linfoma de células T do adulto

Aspectos Clínicos: Doenças Neoplásicas: (ATL) Linfoma/Leucemia de células T do adulto. Risco de desenvolver varia de 1% a 5% Mais comum no sudoeste do Japão em relação as demais regiões endêmicas. Idade média de diagnóstico: 40 a 50 anos na América Central e do Sul e 60 anos no Japão Estudos mostram que a maior parte dos pacientes que desenvolvem se infectaram na infância e pelo aleitamento materno. Infecção nos timócitos imaturos em idades jovens aumentaria o risco de transformação maligna. Caracterizada pela proliferação clonal de Linfócitos T CD4 infectados pelo HTLV. Essas células apresentam características específicas: Núcleo lobulado, cromatina densa e citoplasma basofílico.

Sarna norueguesa: Forma de escabiose associada com pacientes imunodeprimidos. Agente: Sarcoptes scabiei Clinicamente manifesta-se por lesões crostas confluentes acometendo grandes áreas com intensa descamação sendo muito pruriginosas. Alta carga parasitária.

Aspectos clínicos: Estrongiloidíase: Agente: Strongyloides stercoralis Descrita forte associação entre infecção pelo HTLV e estrongiloidíase Maior risco de desenvolverem forma disseminada e falha terapêutica Pacientes HTLV têm 2x maior risco Pacientes HTLV + teriam uma fraca resposta TH2 com baixos níveis de IL-4, IL-5, IL-13, IgE e eosinófilos. Diminuindo assim a resposta imune ao parasita.

Dermatite infectiva: Dermatite exsudativa intensa acometendo a cabeça, a orelha externa, a região retroauricular, a região paranasal, as margens das sobrancelhas, o pescoço, as axilas e a região inguinal. Corrimento nasal, formação de crostas e, em alguns casos, são descritos blefaroconjuntivites. Isolamento do Staphylococcus aureus e do estreptococcus β-hemolíco em amostras de pele e de secreções nasais Faixa etária média de dois anos Mais frequente no sexo feminino Com passar da idade a tendência de melhora No histopatológico apresenta intenso infiltrado linfocitário

Mielopatia associada ao HTLV: Inicialmente denominada de paraparesia espástica tropical O risco de evolução para PET/MAH entre os infectados é de 1 a 4 %, ao longo da vida. Fatores de risco: Sexo feminino. Infecção adquirida na idade adulta. Infecção pela via sexual. Mulheres apresentam progressão mais rápida. Mulheres que iniciam a doença no período antes da menopausa têm evolução mais rápida. Alta carga pró-viral no sangue e no líquor.

Mielopatia pelo HTLV Síndrome medular Síndrome de neuropatia periférica Síndrome muscular Síndrome autonômica

Mielopatia pelo HTLV Manifestações clínicas: Paraparesia Espasticidade Hiperreflexia Sinal de Babinski Alteração de sensibilidade principalmente vibratória Hiperestesias/parestesias Disfunção esfincterianas (alterações urinárias e intestinais) Doença progressiva Clono

A. Idade e sexo: a maioria dos casos é em adultos, ocasionalmente em crianças, com predomínio em mulheres. B. Início: geralmente insidioso, mas pode ser agudo. C. Principais manifestações neurológicas: 1. Paraparesia espástica crônica de progressão lenta, que permanece estática após um progresso inicial. 2. Fraqueza dos membros inferiores de predomínio proximal. 3. Os distúrbios vesicais são características iniciais; constipação geralmente ocorre mais tardiamente; impotência e libido diminuída são comuns. 4. Sintomas sensitivos como parestesias, queimação e hiperestesias, são mais proeminentes que os sinais físicos objetivos. 5. Dor lombar baixa com irradiação para as pernas é comum. 6. A sensibilidade vibratória está frequentemente alterada; a propriocepção é menos frequentemente afetada. 7. Hiperreflexia dos membros inferiores, frequentemente com clônus e sinal de Babinski. 8. Hiperreflexia dos membros superiores; sinais de Hoffmann e Trömner positivos são frequentes; fraqueza pode estar ausente. 9. Reflexo mandibular exagerado em alguns pacientes.

D. Achados neurológicos menos frequentes: Sinais cerebelares, atrofia óptica, surdez, nistagmo, deficiências em outros nervos cranianos, tremor dos dedos e mãos, hipo ou arreflexia do Aquileu. Convulsões, distúrbio cognitivo, demência ou distúrbios da consciência são raros. E. Outras manifestações neurológicas que podem estar associadas à PET/MAH: Atrofia muscular, fasciculações (raras), polimiosite, neuropatia periférica, polirradiculopatia, neuropatia de nervos cranianos, meningite, encefalopatia. F. Manifestações sistêmicas associadas à PET/MAH: Alveolite linfocitária pulmonar, uveíte, síndrome de Sjögren, artropatia, vasculite, ictiose, crioglobulinemia, gamopatia monoclonal, leucemia/linfoma de célula T do adulto. II. Diagnóstico laboratorial A. Presença de anticorpos HTLV no sangue e no líquido cefalorraquidiano. B. O LCR pode mostrar discreta pleocitose linfocítica. C. Linfócitos lobulados podem estar presentes no sangue e/ou LCR. D. Pode haver discreta a moderada hiperproteinorraquia. E. Quando possível isolamento viral no sangue e/ou LCR.

Aspectos clínicos: Tipo Doença Inflamatórias Mielopatia/Paraparesia espástica tropical Alveolite Uveíte Artrite Infecciosas Estrongiloidíase Sarna norueguesa Dermatite infectiva Tuberculose Neoplásica Leucemia/linfoma de células T do adulto Doenças associadas ao HTLV

A transmissão do Vírus Linfotrópico Humano de Células T (HTLV) em conglomerados familiares: uma análise clínica, epidemiológica e caracterização molecular Professor Márcio Neves Boia Rodrigo Guimarães Cunha Dissertação de Mestrado Fevereiro de 2011

Relevância do estudo

A principal forma de controle da doença é a sua prevenção. Relevância do estudo A infecção pelo HTLV leva a infecção crônica com possibilidade de complicações graves. Com grande morbidade. Até o momento não existem vacinas, tratamentos curativos e os de controle são ainda limitados. A principal forma de controle da doença é a sua prevenção. Para preveni-la é fundamental o conhecimento da dinâmica de transmissão do vírus.

Objetivos

Objetivos específicos: Objetivo geral: Avaliar a dinâmica de transmissão e as características epidemiológicas e clínicas da infecção pelo HTLV-1/2 em conglomerados familiares que tenham um caso índice de infecção pelo vírus. Objetivos específicos: Avaliar as possíveis vias de infecção na população portadora do HTLV Verificar possíveis fatores de risco nos indivíduos infectados. Estimar a importância de transmissão por via sexual, vertical e por outras vias em pessoas pertencentes aos conglomerados familiares. Avaliar a taxa de infecção por via sexual entre parceiros. Estimar a taxa de infecção vertical. Verificar possíveis fatores de risco nos indivíduos infectados pertencentes aos conglomerados familiares. Identificar possíveis doenças infecciosas e não infecciosas associadas à infecção pelo HTLV Identificar manifestações clínicas associadas à infecção pelo HTLV.

Materiais e métodos

Dados epidemiológicos: Materiais e métodos Local e população: Ambulatório de doenças infecciosas e parasitárias do Hospital Universitário Pedro Ernesto. População: pacientes HTLV positivos atendidos no ambulatório e que possuíam contactantes familiares. Atendidos no período de Janeiro de 2010 até Maio de 2010 Contactantes familiares foram convidados a partir do caso índice Foram incluídos no estudo após concordarem com o termo de consentimento livre e esclarecido. Dados epidemiológicos: Dados epidemiológicos foram colhidos através de questionário e revisão de prontuário. Análise dos dados epidemiológicos foi realizada utilizando o programa Epi Info 2000 versão 3.5.2 .

Caracterização das cepas virais: Materiais e métodos Caracterização das cepas virais: Análise das sequências nucleotídicas da região LTR DNA pró-viral Escolhida região LTR por ser a que mais apresenta variabilidade nas sequência nucleotídicas.

Coleta de sangue em tubos com EDTA e sem anticoagulante. Materiais e métodos Coleta de sangue em tubos com EDTA e sem anticoagulante. Sorologia ELISA e Western blot nas amostras dos contactantes. Extração do DNA pró-viral a partir do sangue total. Amplificação da região LTR usando-se iniciadores específicos pela técnica da nested-PCR. Purificação dos amplicons da segunda reação da PCR. Sequênciamento dos amplicons. Analise das sequências.

Resultados e Discussões

22 famílias num total de 62 pacientes 22 casos índices. 19 HTLV-1 e três HTLV-2 Não foi realizado testes sorológicos adicionais Testes de biologia molecular 40 contactantes realizado teste de triagem ELISA Amostras positivas (n=16) Western Blot (n=15) Amostras anti-HTLV-1 positivas (n=14) Amostras anti-HTLV-2 positivas( n=1) Um indivíduo não compareceu para colher 2ª amostra Amostras negativas (n=24) Encerrada investigação Resultados e Discussões

Resultados e Discussões A presença de contactantes positivos foi detectada em 59% (13/22) das famílias. No total de 40 contactantes investigados 16 foram positivos, o que determinou uma prevalência de 40%. Foi possível realizar a análise nucleotídica da região LTR em 11 famílias das 13 com contactantes positivas. Em todos os núcleos familiares ocorreu homologia das sequências da região LTR do DNA pró-viral entre o caso índice e seu contactante.

Resultados e Discussões Baseado na homologia de nucleotídeos da região LTR do DNA pró-viral e dos dados epidemiológicos concluímos: Transmissão sexual : Nas famílias 1, 6, 7, 8 e 15 Transmissão vertical: Nas famílias 1, 3, 7, 8, 12, 19, 20 e 21 O significou as seguintes prevalências: Transmissão sexual: 54% (6/11)* Transmissão vertical: 37,5% (9/24) * Em uma família não foi possível a análise molecular mas o caso índice e seu parceiro eram infectados pelo HTLV-2.

Dados epidemiológicos Resultados e Discussões Dados epidemiológicos

Resultados e Discussões Sexo masculino 38,7% (24/62) pacientes e sexo feminino 61,3% (38/62) pacientes. Predomínio do sexo feminino nos HTLV positivos 71,1% (27/38) (OR 2,9 e p < 0,04 – 95% IC= 1 a 9,7). Média de idade: 33 ± 17,7 anos Grupo caso índice: 43,5 ± 11,3 anos Contactantes positivos: 44,3 ± 11,7 anos* Contactantes negativos: 40 ± 12 anos* * Retirando-se os menores de 18 anos Cor: 43,5% (27/62) de pardos Naturalidade: 79% (49/62) Rio de Janeiro Escolaridade: ensino fundamental incompleto 51,2% (22/43)

Resultados e Discussões Indicação para testagem do HTLV nos casos índices: doação de sangue com 86,4% (19/22) doença neurológica com 9,1% (2/22) doença hematológica com 4,5% (1/22)

Fatores de risco: Exposição sexual em maiores de 18 anos: Resultados e Discussões Exposição sexual em maiores de 18 anos: Uso de preservativo Multiparceria (mais de 3 parceiros em um ano ou mais de 5 ao longo da vida) Contato sexual com pessoa HTLV positiva Presença de outras DST

Caso índice n=22 n(%) Contactante + n=16 Contactante – n=12 Total N=62 Resultados e Discussões Quadro - Comportamento sexual por grupo Exposição sexual Caso índice n=22 n(%) Contactante + n=16 Contactante – n=12 Total N=62   Multiparceria 14(63,6) 3 (33,3) 6 (50) 23 Uso irregular de preservativo 18(81,8) 8 (88,9) 7 (58,3) 33 Parceiro positivo 5(22,7) 6 (66,7) 5 (41,7) 16

presença DST nas pessoas HTLV reagentes: hepatite B (26,6%) Resultados e Discussões Presença de outra DST: presença DST nas pessoas HTLV reagentes: hepatite B (26,6%) hepatite C (7,9%) sífilis (5,6%) Condiloma acuminado em uma paciente Presença DST nas pessoas HTLV negativas: Nenhum caso de DSTs A presença de DST reforça a possibilidade de transmissão sexual do HTLV.

Direção da transmissão sexual: Resultados e Discussões Direção da transmissão sexual: Quando o caso índice era do sexo masculino 100% (4/4) das suas parceiras (contactantes) foram positivas já quando o caso índice era do sexo feminino encontramos apenas 28,6% (2/7) (p=0,029). Maior transmissão do homem para mulher.

frequência de transfusão de sangue 11,3% (7/62). Resultados e Discussões Transfusão de sangue: frequência de transfusão de sangue 11,3% (7/62). Todos os 7 pacientes hemotransfundidos eram HTLV reagentes. Todos as transfusões foram antes de 1993. Pode ter sido via comum de transmissão do HTLV/HCV Uso de drogas ilícitas: Nenhum paciente relatou uso de drogas Reforça que a via sexual foi fonte importante de infecção nos coinfectados.

Manifestações clínicas: Resultados e Discussões Encontramos manifestações clínicas em 26,3% (10/38) dos pacientes com infecção pelo HTLV. Sexo masculino 18,2% (2/11) de sintomáticos. disfunção erétil isolada. mielopatia pelo HTLV (paraparesia espástica, retenção urinária e disfunção erétil) Sexo feminino 29,6% (8/27) de sintomáticas. mielopatia pelo HTLV (paraparesia de membros inferiores e retenção urinária) retenção urinária isolada paraparesia espástica com incontinência urinária paraparesia espástica com anemia polineuropatia motora A idade média dos pacientes sintomáticos foi de 44 ± 8,8 anos e 80% (8/10) do sexo

Conclusões

Conclusões Elevada a transmissão do HTLV-1/2 em conglomerados familiares que alcançou 59% O risco da infecção foi de 40% pelo HTLV em contactantes familiares de infectados pelo HTLV, representando cerca de 80 vezes o risco em doadores de sangue do Rio de Janeiro. A similaridade da sequência da região LTR do DNA pró-viral nos infectados de cada grupo familiar evidencia a transmissão intrafamiliar. Houve fortes evidências de transmissão sexual 54% (6/11) e vertical 37,5% (9/24) Os pacientes infectados com HTLV apresentaram alta associação com Hepatite B e C Um pequeno percentual das infecções pelo HTLV pode estar associada à transfusão de sangue realizada antes de 1993. Maior prevalência da infecção no sexo feminino e que também apresentou maior frequência de manifestações clínicas e em faixas etárias mais elevadas. Forte evidência de maior transmissão por via sexual dos homens para as mulheres.

FIM

Tempo de Amamentação HTLV positivos n= 32(%) HTLV negativos n=16(%) Total N= 48(%) Até 6 meses 6 (18,7) 5 (31,2) 11 (22,9) 7 meses até 11 meses 22 (68,7) 9 (56,2) 31 (64,5) 12 meses ou mais 4 (12,5) 2 (12,5) 6 (12,5) Distribuição do tempo de aleitamento nos grupos HTLV positivos e HTLV negativos Tipo de parto HTLV positivos n (%) HTLV negativos Total N (%) Parto normal 30 (78,9) 17 (70,8) 47 (75,8) Parto Cesário 8 (21,1) 7 (29,2) 15 (24,2) 38 (100) 24 (100) 62 (100) Distribuição dos tipos de partos nos grupos HTLV positivos e HTLV negativos.

GTTAAGCCAGTGATGAGCGGC Iniciadores Sentido Localização Sequência 5'- 3' 1o round HFL1 Sense 24-39 GACAATGACCATGAGC HFL6 Antisense 881-901 GTTAAGCCAGTGATGAGCGGC 2o round HFL9 124-144 AAGGCTCTGACGTCTCCCCCC HFL10 779-796 TCCCGGACGAGCCCCCAA Iniciadores específicos para região LTR do HTLV-1

Iniciadores Sentido Localização Sequência 5'- 3' 1o round Bsqf2 Sense 8253-8273 ACCGTCTCACACAAACAATCC LTRr2 Antisense 807-831 GGGAAAGCCCGTGGATTTGCCCCAT 2o round Bsqf6 8224-8247 CAGGGCGAGTCATCGACCCAAAAG LTRr1 194-218 CCTTACCCACTTCCCCTAGCGCTGA Iniciadores específicos para região LTR do HTLV-2