Disfunção sexual feminina em doente com VIH

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Transcrição da apresentação:

Disfunção sexual feminina em doente com VIH Ana Alexandra Carvalheira, PhD William James Center for Research ISPA-Instituto Universitário A investigação tem sido orientada com o foco na saúde pública, em termos de comportamentos de risco e sua prevenção, e avaliar intervenções para alterar comportamentos de risco. Para além disto, muitos estudos em homens

DISFUNÇÕES SEXUAIS FEMININAS DSM-5 Disfunção do interesse/excitação sexual Disfunção do orgasmo Disfunção da dor génito-pélvica/penetração

Num estudo longitudinal 21% tinham critérios de desejo sexual hipoactivo no 1º momento de avaliação e 50% tinham critérios no 2º e 3º momento (6 e 18 meses) Elevados níveis de funcionamento sexual associado a poucos sintomas relacionados com o VIH, melhor saúde mental, e nunca ter usado drogas

43% das mulheres VIH positivo em Nova York reportaram diminuição do desejo sexual desde o diagnóstico, e 39% tinham critérios para diagnóstico de desejo sexual hipoactivo. Razões reportadas incluem medo de rejeição, perda de parceiro, cansaço, problemas relacionais, e medo de infectar o parceiro 34% das mulheres VIH positivo pararam actividade sexual após o diagnóstico

Alguma evidência da diminuição do interesse sexual associada à terapia anti-retroviral. Diminuição do interesse sexual associado aos sintomas da doença e idade avançada Um estudo Europeu revelou factores psicológicos (depressão, irritabilidade, ansiedade) e o diagnóstico de VIH como principais desencadeadores de dificuldades sexuais, mais do que o começo da terapia anti-retroviral

Um estudo Canadiano com 116 mulheres mostrou que mulheres VIH positivo têm scores mais baixos em 6 de 10 medidas de funcionamento sexual comparativamente com mulheres VIH negativo Outro estudo Canadiano revelou que 32% das mulheres VIH positivo cessaram actividade sexual após o diagnóstico. As mulheres referiram medo de ser tocadas, sentimentos de culpa, menos interesse sexual, preocupação em infectar o parceiro, e sentimento de perda de espontaneidade.

N = 82 VIH positivo; M idade = 37.9 [20-64] Sample N = 82 VIH positivo; M idade = 37.9 [20-64] M tempo diagnóstico = 69 meses [4-191] 59% em terapia anti-retroviral; M tempo em terapia = 33 meses [3-95] 9

59% têm parceiro sexual actual 0% refere parceiros ocasionais Results 59% têm parceiro sexual actual 0% refere parceiros ocasionais 52% sexualmente activas no último mês 28% sem parceiro sexual desde o diagnóstico dificuldade em encontrar “o parceiro certo”, medo de revelar, medo de infectar o parceiro, recusa dos parceiro em usar preservativo 79% revelou o seu diagnóstico 46% têm parceiros VIHpositivo 16% Ansiedade moderada; 44% Ansiedade moderada a grave 21% Depressão moderada; 17% Depressão moderada a grave 9

Avalia a qualidade das relações e funcionamento sexual. 7 sub-escalas Results / GRISS Avalia a qualidade das relações e funcionamento sexual. 7 sub-escalas Acima do cut-off indica um grau de dificuldade clinicamente significativo em cada uma das áreas.

Results / Impacto VIH no prazer sexual 9

A maioría (72%) tinha retomado actividade sexual depois do diagnóstico Discussão A maioría (72%) tinha retomado actividade sexual depois do diagnóstico Mais de metade das mulheres referiu que o VIH perturbou o seu prazer sexual Terapia anti-retroviral e tempo de tratamento não é um factor significativo no funcionamento sexual Intervenção psicossexual nas dificuldades sexuais e relacionais é necessária O desejo sexual não foi medido

Sample / Measures: N = 1,805 mulheres, representativa USA n = 526 VIH negativo n = 1,279 VIH positivo 66% HAART, 3% anti-retroviral, 31% sem anti-retroviral Função sexual medida com o FSFI (Índice de Funcionamento Sexual Feminino)

Results/FSFI scores Mulheres VIH positivo M = 13 Results/FSFI scores Mulheres VIH positivo M = 13.8 Mulheres VIH negativo M = 18.0 (p<.001) Em mulheres HIV+ e HIV- : Elevados scores no FSFI (menos problemas sexuais) em mulheres jovens e casadas (p < .001) Baixos scores no FSFI (maior níveis de problemas sexuais) associado à menopausa, diabetes, sintomas de depressão, medicação para saúde mental, hipertensão, doença cardíaca (p < .05)

Results/ Actividade sexual Nenhuma actividade sexual com parceiro 23% HIV− 35% HIV+ 1 parceiro sexual 61% HIV− 59% HIV+ 2 ou mais parceiros 15% HIV− 6% HIV+

Discussão A função sexual está associada à idade, menopausa, sintomas de depressão e situação relacional, contudo, a inclusão desses factores não atenuou a influência do VIH nos baixos scores da função sexual.

Sample N = 79 pré-HAART (1994/96) N = 79 pós-HAART (2000/03) VIH positivo, New York, idade 20-45, não usaram agulhas para consumir drogas nos anteriores 6 meses Ambas sub-amostras equivalentes em idade, tempo diagnóstico, estadio da doença, e grupo étnico Estudo qualitativo, entrevistas

Resultados/Alterações sexuais após o diagnóstico em ambos grupos Diminuição do prazer no sexo Ansiedade pelo medo de infectar parceiro e de reinfeção; Perda de espontaneidade e liberdade Distração cognitiva durante o sexo Diminuição da actividade sexual Medo da dor emocional (revelar diagnóstico, humilhação, rejeição…) Relações são um stress e aborrecimento (preferem fazer o investimento emocional a lidar com a doença) Perda de interesse sexual Diminuição do sentir-se atraente sexualmente Insegurança relativa ao appeal e atração; desvalorização como parceiras desejáveis

Dams

Discussão (1) 1/3 das mulheres descreveram mudanças negativas na sua vida sexual O sexo tornou-se demasiado atormentado com a ansiedade, o perigo, as preocupações e o stress, para ainda ser um prazer. A espontaneidade e o abandono deixaram de ser possíveis, o sexo é antes uma tarefa tediosa e perigosa. Sentem-se alienadas do seu corpo com a sua feminilidade aniquilada. Postura defensiva perante os riscos da rejeição. O advento da terapia HAART e consequente prolongamento da vida não teve implicações na vivência da sexualidade. Experiências semelhantes no grupo pré- e pós-HAART. As mulheres não atribuem a diminuição do interesse sexual à terapia anti-retroviral.

Discussão (2) Apenas nas mulheres de Puerto Rico se encontra uma mudança nas razões para a inactividade sexual: pré-HAART referem temer a rejeição e humilhação se revelarem a doença pos-HAART referem que as relações são demasiado stressantes (porque o parceiro recusa o preservativo, ou pela pressão em ter sexo quando não querem Inactividade sexual vivida com tristeza e sofrimento. Mulheres com VIH positivo beneficiam de intervenção psicológica. A saúde mental já empobrecida (Cook et al., 2004; Ickovics et al., 2001; Siegel et al., 2004) fica ainda mais comprometida com a ausência da relação íntima e sexual.

CONCLUSÃO FINAL Em mulheres com VIH: A perturbação da função sexual é multifactorial factores psicológicos, relacionais, socio-culturais, demográficos + factores psicológicos e sociais decorrentes do diagnóstico O impacto da terapia anti-retroviral está por esclarecer. Intervenção psicosexual é relevante.