MODERNIDADE E A EMERGÊNCIA DA CONCEPÇÃO DE INDIVÍDUO.

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Transcrição da apresentação:

MODERNIDADE E A EMERGÊNCIA DA CONCEPÇÃO DE INDIVÍDUO

1) A QUE OS TERMOS INDIVÍDUO E INDIVIDUALISMO TE REMETEM? 2) A QUE O TERMO MODERNO, MODERNIDADE TE REMETE? 3) O QUE É A VERDADE PARA VOCÊ? 4) O QUE É A LIBERDADE PARA VOCÊ? 5) O QUE É FELICIDADE PARA VOCÊ?

-No mundo antigo a identidade-nós se sobrepunha a imagem da pessoa individual, na medida em que era inseparável da mesma. -A noção de indivíduo emerge a partir do século XVII em que o conceito de indivíduo, que até então referia-se à singularidade, passa a referir-se aos sujeitos humanos. -No mundo antigo não havia um termo correspondente ao de indivíduo, uma vez que a ideia de um sujeito sem grupo, alheio aos referenciais de família, tribo ou Estado era impensável, pois não se apresentava na práxis social.

-Durmo, e desperto e sozinho. Que tem sido a minha vida? Velas de inútil moinho Um movimento sem lida.... Durmo, desperto sozinho. Nada explica nem consola. Tudo está certo depois. Mas a dor que nos desola, A mágoa de um não ser dois – Nada explica nem consola (Texto extraído da poesia “O contra-símbolo”, Fernando Pessoa)

Não é mais possível recorrer à tradição clássica, ao saber adquirido, às instituições, uma vez que precisamente estes estão sendo questionados. É portanto, no próprio indivíduo, em sua natureza sensível e racional, que serão buscados os fundamentos para as novas teorias científicas. A fé inabalável na ciência, agora liberta das fronteiras estabelecidas pela fé. – iluminismo (iluminar o que está oculto) Os males da sociedade seriam fruto da ignorância e da falta do verdadeiro conhecimento sobre os homens e sobre a natureza e a transformação da sociedade se daria através da educação e da universalização do conhecimento científico.

A Renascença marca o início da modernidade e traz mudanças como: 1. Nova visão de mundo – Antropocentrismo x teocentrismo; O ser humano passa a ser critério de verdade, de bem e beleza; Ele é autônomo pela razão; A terra não é mais o centro do universo (Copérnico), e assim a igreja não está no centro do universo; O mundo deixa de ser “vale de lágrimas”, para tornar-se lar do ser humano; O mundo se humaniza;

2. Nova visão de homem – O homem é o centro do mundo; Os direitos do homem estão no centro; O homem é o autor da história, o poder é só humano; O ser humano reconhece que só depende de si, daí o trabalho passa a ser algo positivo e não coisa de escravos (Antiguidade) ou pagamento de uma pena do pecado cometido;

3. Nova visão de natureza – Esta já não é irmã do ser humano mas vista como realidade externa a este e que cabe ao homem dominar; Passa a ser vista como máquina, incapaz de auto- ordenamento; Cabe ao homem, pelo conhecimento, por a natureza a seu serviço; O conhecimento da natureza dar-se-á aos poucos: a partir da divisão em partes do objeto e do conhecimento das partes (dividir para dominar – método analítico) Se antes (Aristóteles), o todo era mais que a soma das partes, agora o todo é apenas a soma das partes (da grande máquina).

4. Nova visão do conhecimento e da verdade A verdade é construção humana, ou seja, seu fundamento é subjetivo; O homem é que pergunta e obriga a natureza a responder às perguntas feitas, por isso conhecer é dominar a natureza e pô-la a serviço do homem (ciência e tecnologia); A verdade deve ser “útil” ao homem, senão de nada serve (utilitarismo); Prática e experimentação são critérios de verdade; A VERDADE NÃO TEM MAIS QUE MUDAR O SUJEITO – CIÊNCIA X ESPIRITUALIDADE (momento cartesiano)

5. Nova visão da política e da ética Antes o homem era naturalmente político e ético, agora ele o é por iniciativa humana; A política como um mal necessário. O papel determinante da economia na organização social e sua desvinculação da ética. 6. Nova visão da religião Deus é substituído pelo homem.

A experiência da solidão: prazeres até então inéditos, a resguardo dos olhares intrusos e sob o império austero do decoro burguês. Nesses espaços impregnados de solidão, o sujeito moderno podia mergulhar em sua interioridade para se conhecer profundamente e narrar o relato do seu eu. Edward Hopper (1882 — 1967) : Hotel Room, 1931.

1952; Morning Sun.

Em síntese: Liberalismo Utilitarismo Romantismo

Funções dos pequenos grupos que passam a ser responsabilidade do Estado Complexificação dos papeis e funções – consequênte mudança no tempo de preparação par ao exercício destas funções. Passagem da antítese entre homem X natureza, para a ideia de indivíduo X sociedade.

MODERNIDADE LÍQUIDA Interrupção, incoerência, surpresa são condições comuns de nossa vida. Elas se tornaram mesmo necessidades reais para muitas pessoas, cujas mentes deixaram de ser alimentadas... por outra coisa que não mudanças repentinas e estímulos constantemente renovados.... Não podemos mais tolerar o que dura. Não sabemos mais fazer com que o tédio dê frutos. Assim, toda a questão se reduz a isto: pode a mente humana dominar o que a mente humana criou? Paul Valéry

Estava determinado que a realidade deveria ser emancipada da “mão morta”de sua própria história. O repúdio e destronamento da tradição. A frase “derretermos os sólidos”, quando cunhada há mais de um século e meio pelos autores do Manifesto comunista, referia-se ao tratamento que o autoconfiante e exuberante espírito moderno dava à sociedade. A realidade deveria ser emancipada da “mão morta” de sua própria história. Tudo isso seria feito para limpar a área para novos e aperfeiçoados sólidos, preferivelmente perfeitos e por isso não mais alteráveis.

O derretimento dos sólidos levou à progressiva libertação da economia de seus tradicionais embaraços políticos, éticos e culturais. Essa nova ordem deveria ser mais “sólida” que as ordens que substituía, porque, diferentemente delas, era imune a desafios por qualquer ação que não fosse econômica. A maioria das alavancas políticas ou morais capazes de mudar ou reformar a nova ordem foram quebradas ou feitas curtas ou fracas demais, ou de alguma outra forma inadequadas para a tarefa. O que quer que pudesse ter acontecido nessa vida tornou-se irrelevante e ineficaz no que diz respeito à implacável e contínua reprodução dessa ordem. O total descontrole dos mercados financeiros, imobiliário e de trabalho.

Técnicas que permitem que o sistema e os agentes livres se mantenham radicalmente desengajados e que se desencontrem em vez de encontrar-se. Por mais livres e voláteis que sejam os “subsistemas” dessa ordem, isoladamente ou em conjunto, o modo como são entretecidos é “rígido, fatal e desprovido de qualquer liberdade de escolha”. A ordem das coisas como um todo não está aberta a opções; está longe de ser claro quais poderiam ser essas opções, e ainda menos claro como elas poderiam ser reais.

Os sólidos que estão para ser derretidos são os que entrelaçam as escolhas individuais em projetos e ações coletivas. Na verdade, nenhum molde foi quebrado sem que fosse substituído por outros; as pessoas foram libertadas de suas velhas gaiolas apenas para ser admoestadas e censuradas caso não conseguissem se realocar, através de seus próprios esforços dedicados, contínuos e verdadeiramente infindáveis, nos nichos pré-fabricados da nova ordem. Hoje, os padrões e configurações não são mais “dados”, e menos ainda “auto-evidentes”; eles são muitos, chocando-se entre si e contradizendo-se em seus comandos conflitantes, de tal forma que todos e cada um foram desprovidos de boa parte de seus poderes de coercitivamente compelir e restringir. A nossa é uma versão individualizada e privatizada da modernidade, e o peso da trama dos padrões e a responsabilidade pelo fracasso caem principalmente sobre os ombros do indivíduos. RESPONSABILIZAÇÃO PELOS DESEMPREGO, PELOS SUCESSO E FRACASSO

A questão espaço-tempo (trabalho, comunidade, emancipação e individualidade) A modernidade começa quando o espaço e o tempo são separados da prática da vida e entre si, e assim podem ser teorizados como categorias distintas e mutuamente independentes da estratégia e da ação.

Provas na literatura: Entre os séculos XV e XVIII, houveram inúmeras publicações que prescreviam de forma rígida condutas que levavam os sujeitos humanos a ficarem cada vez mais isolados dos demais, estimulando comportamentos que preservavam e valorizavam o universo da intimidade. Os livros de etiqueta que ensinam sobre o comportamento à mesa; atitudes quanto às funções corporais; comportamento no quarto. São publicados diversos escritos auto-biográficos, em que não só o eu e sua história constituem o tema do relato, como a ênfase depois de um determinado período recai sobre o íntimo e o secreto.

A exibição do privado, em que desenvolve-se uma necessidade intensa de comunicar aos outros algo sobre sua singularidade, sobre as qualidades específicas de sua pessoa em relação às demais. Desenvolve-se então uma maior capacidade de observação dos atos, afetos, intenções, emoções, desenvolvendo o que hoje chamaríamos de uma visão psicológica do homem.

Vigilância e controle Com o processo de industrialização é necessário garantir estratégias de formação, manutenção e reprodução da força de trabalho. Exercício de poder no corpo social e não sobre o corpo social. É mais rentável e eficaz vigiar que punir. A produção de pessoas e principalmente corpos acostumados à disciplina, à ordem e à hierarquia será fundamental para a produção e disseminação de subjetividades apropriadas ao modelo capitalista recém-inaugurado.