CAPÍTULO 1 – A EXPERIÊNCIA FILOSÓFICA

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Transcrição da apresentação:

CAPÍTULO 1 – A EXPERIÊNCIA FILOSÓFICA

O que você vê? Um homem caindo? O que é isso? O que vejo de fato? Essa imagem faz parte de uma sequência de imagens de dançarinos malabaristas de rua de Paris. Essas fotos constituem a série “Queda”, que lhe rendeu o prêmio da World Photo 2007. Qual a relação que podemos fazer entre nossa primeira reação diante da imagem e a experiência filosófica? A queda. Denis Darzacq, 2006.

Filosofia de vida As questões filosóficas fazem parte do nosso cotidiano. Qualquer decisão que tomamos se baseia sempre em reflexões que podem ser de natureza filosófica. Essas escolhas pressupõem valores que nos orientam, ainda quando não temos muita clareza a respeito deles. Nem sempre os pontos de vista coincidem sobre determinados assuntos. A disposição para o filosofar decorre do fato de sermos pessoas racionais e sensíveis, capazes de dar sentido às coisas.

Chamamos de filosofia de vida a esse filosofar espontâneo. Vejamos o que o italiano Antonio Gramsci diz a respeito: “[...] pode-se imaginar um entomólogo especialista, sem que todos os outros homens sejam entomólogos empíricos, um especialista em trigonometria, sem que a maior parte dos outros homens se ocupe de trigonometria etc. [...] Mas não se pode pensar em nenhum homem que não seja também filósofo, que não pense, precisamente porque o pensar é próprio do homem como tal.”

Filosofia do especialista Ocupa-se com o rigor do conceito, o que pressupõe intimidade com a história da filosofia. Esse tipo de pensar não é melhor nem superior a todos os outros, mas diferente, porque se propõe a problematizar nossos pensamentos e nossas ações. Dessa atitude resulta a experiência filosófica. Os filósofos estão sempre questionando o mundo e a si mesmos, pois não aceitam certezas absolutas e soluções rápidas.

“O que é um filósofo? É alguém que pratica a filosofia, em outras palavras, que se serve da razão para tentar pensar o mundo e sua própria vida, a fim de se aproximar da sabedoria ou da felicidade. E isso se aprende na escola? Tem de ser aprendido, já que ninguém nasce filósofo e já que a filosofia é, antes de mais nada, um trabalho. Tanto melhor, se ele começar na escola. O importante é começar, e não parar mais. Nunca é cedo demais nem tarde demais para filosofar, dizia Epicuro [...]. Digamos que só é tarde demais quando já não é possível pensar de modo algum. Pode acontecer. Mais um motivo para filosofar sem mais tardar.” COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário filosófico.

É possível definir filosofia? ETIMOLOGIA Filosofia - A palavra filosofia (philos-sophia) significa “amor à sabedoria” ou “amizade pelo saber”. Pitágoras (séc. VI a.C., filósofo e matemático grego, teria sido o primeiro a usar o termo filósofo, por não se considerar um “sábio” (sophos), mas apenas alguém que ama e procura a sabedoria. A filosofia pressupõe constante disponibilidade para a indagação. Platão e Aristóteles disseram que a primeira virtude de um filósofo é admirar-se, ser capaz de se surpreender com o óbvio e questionar as verdades dadas (problematizar).

Filosofia não se confunde com ciência Nos seus primórdios, o que chamamos de ciência grega fazia parte do corpo da filosofia. O sábio era aquele que refletia sobre todos os setores da indagação humana. Apenas no século XVII o método das ciências experimentais, iniciado por Galileu Galilei, possibilitou a ruptura entre a filosofia e a ciência. Lentamente constituíram-se as chamadas ciências particulares e, há menos tempo, as ciências humanas entre outras.

A filosofia continua tratando da mesma realidade apropriada pelas ciências. Enquanto as ciências se especializam e observam “recortes” da realidade, a filosofia jamais renuncia a analisar seu objeto do ponto de vista da totalidade. Visão de conjunto. Por exemplo, se a física e a química utilizam determinado método, questionar o que é ciência, o que é método e qual a sua validade, não é da alçada do próprio cientista. Essas indagações fazem parte da filosofia das ciências. A filosofia faz juízos de valor e não juízos de realidade. Filosofar é dar sentido à experiência.

O processo do filosofar Immanuel Kant, filósofo alemão, assim se refere ao filosofar: “[...] não é possível aprender qualquer filosofia; [...] só é possível aprender a filosofar, ou seja, exercitar o talento da razão, fazendo-a seguir os seus princípios universais em certas tentativas filosóficas já existentes, mas sempre reservando à razão do direito de investigar aqueles princípios até mesmo em suas fontes, confirmando-os ou rejeitando-os.” Deve-se aprender a filosofar, exercer o direito de refletir por si próprio, de confirmar ou rejeitar as ideias e os conceitos com os quais se depara. A filosofia é uma atitude diante da vida.

Para que serve a filosofia? A filosofia é necessária. É por meio daquele “olhar diferente” que ela busca outra dimensão da realidade além das necessidades imediatas nas quais o indivíduo encontra- se mergulhado. Ao tornar-se capaz de superar a situação dada e repensar o pensamento e as ações que ele desencadeia, o indivíduo abre-se para a mudança. A filosofia pode ser “perigosa”, por exemplo, quando desestabiliza o status quo ao se confrontar com o poder.

Para refletir:

Sempre há os que ignoram os filósofos Sempre há os que ignoram os filósofos. Muitos deles, porém, foram perseguidos, exilados ou até mortos por causa de suas ideias, como Sócrates, Giordano Bruno e Galileu. Frequentemente, os ditadores fazem calar os filósofos pela censura, porque bem sabem quanto a filosofia pode ameaçar seu poder. Em que sentido os filósofos ameaçariam os poderosos ditadores?

A reflexão filosófica O filósofo brasileiro Dermeval Saviani conceitua a filosofia como uma reflexão radical, rigorosa e de conjunto: Radical – busca explicitar os conceitos fundamentais usados em todos os campos do pensar e do agir. Rigorosa – os filósofos desenvolvem um pensamento rigoroso, justificado por argumentos, coerente em suas diversas partes. Evita ambiguidades. Criam expressões novas ou alteram o sentido de palavras usuais.

É pelo rigor dos conceitos que se inovam os caminhos da reflexão. De conjunto - a filosofia é um tipo de reflexão totalizante. Examina os problemas relacionando os diversos aspectos entre si. O objeto do filosofar é tudo, porque nada escapa a seu interesse.

O exemplo de Sócrates Lembremos a figura de Sócrates. (vídeo) Quando falava, exercia estranho fascínio. Passava horas discutindo na praça pública. Interpelava os transeuntes, dizendo-se ignorante. Sócrates não fazia preleções, mas dialogava. Seu método se dividia em dois momentos: ironia e maiêutica.

A ironia consiste em perguntar, simulando não saber. O interlocutor expõe sua opinião, à qual Sócrates contrapõe argumentos que o fazem perceber a ilusão do conhecimento. A maiêutica centra-se na investigação dos conceitos. Sócrates faz novas perguntas para que seu interlocutor possa refletir. Não ensina, o interlocutor descobre o que já sabia. Sócrates dizia que, enquanto sua mãe fazia parto de corpos, ele ajudava a trazer à luz ideias.

Só sei que nada sei Surpreendido com a resposta do oráculo, Sócrates resolveu investigar por si próprio quem se dizia sábio. Sua fala é assim relatada por Platão: “Fui ter com um dos que passam por sábios, porquanto, se havia lugar, era ali que, para rebater o oráculo, mostraria ao deus. ‘Eis aqui um mais sábio que eu, quanto tu disseste que eu o era!’. Submeti a exame essa pessoa – é escusado dizer o seu nome: era um dos políticos. Eis, atenienses, a impressão que me ficou do exame e da conversa que tive com ele; achei que ele passava por sábio aos olhos de muita gente principalmente

aos seus próprios mas não o era aos seus próprios mas não o era. Meti-me, então, a explicar-lhe que supunha ser sábio, mas não o era. A consequência foi tornar- me odiado dele e de muitos dos circunstantes. Ao retirar-me, ia concluindo de mim para comigo: ‘Mais sábio do que esse homem eu sou; é bem provável que nenhum de nós saiba nada de bom, mas ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um nadinha mais sábio que ele exatamente em não supor que saiba o que não sei’. Daí fui ter com outro, um dos que passam por ainda mais sábio e tive a mesmíssima impressão; também ali me tornei odiado dele e de muitos outros.