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PublicouCláudio Azenha das Neves Alterado mais de 7 anos atrás
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PARA UMA CRÍTICA SOBRE OS DISCURSOS DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SUSTENTÁVEL Gustavo Lima gust3lima@uol.com.br
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1. Discursos/teorias de Desenvolvimento Econômico tendem ao economicismo; ▪ Priorizam a dimensão econômica em detrimento das demais; ▪ Os aspectos quantitativos se sobrepõe aos qualitativos (PIB, renda per capita, etc); ▪ A dimensão social relativa à distribuição dos benefícios nem sempre é contemplada; ▪ A dimensão ambiental, base biofísica da economia é desconsiderada no primeiro caso e subordinada no segundo; ▪ As dimensões cultural e política são esquecida em algumas abordagens, resultando em modelos “de cima para baixo” e em experiências de reprodução cultural e tecnológica; ▪ Incorrem em reducionismo ao usar modelo explicativo unidimensional não multidimensional.
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3. Discursos tendem à normatividade Estabelecem um modelo ideal e único generalizável a todas as sociedades; Propõe o ajuste das sociedades consideradas ao modelo; Procedendo assim desconsideram as particularidades locais; Impõe de cima abaixo uma opção sem que os interessados possam opinar. 4. Discursos seguem pensamento evolucionista Evolucionismo supõe progresso inevitável e unidirecional das sociedades esquecendo incertezas e contradições inerentes à realidade, já demonstradas em diversos estudos e evidências; Ex: crescimento bem-estar industrialização autonomia Evolucionismo condiciona a visão e cria expectativas que nem sempre se cumprem;
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5.Discursos privilegiam os meios (técnica) sobre os fins (ética) Ao fixar um ideal - único – como objetivo final a ser atingido, reduz o debate social aos meios, aos métodos de como atingir um fim pré-fixado por terceiros; O debate ético sobre os fins do desenvolvimento implicaria em perguntar: em que tipo de país/sociedade desejamos viver (projeto nacional)? O que desenvolver? A economia capitalista, a vida humana e não-humana? O desenvolvimento deve ser para todos ou só para alguns? (justiça social) Porque desenvolver? Para elevar a qualidade de vida da população, para sustentar a lucratividade de alguns grupos... Como desenvolver? Por via autoritária ou democrática? Com ênfase no mercado, no Estado ou na Sociedade civil?(democracia); Todos os meios são válidos?
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Considerações sobre o desenvolvimento sustentável Questões do debate ambiental: É possível um desenvolvimento ilimitado sobre uma base finita de recursos? Como compatibilizar o tempo econômico e o tempo biológico? A economia é um sistema auto-suficiente? Não há recursos naturais suficientes para que todos tenham um padrão de vida norte-americano; Se os resursos naturais são escassos, sua gestão e as escolhas de prioridades convertem-se em política; É desenvolvimento sustentável factível numa sociedade capitalista? Altvater fala em bens oligárquicos, para definir como sustentável a prática social que feita por um pode ser feita por todos; Diz que, nem um habitante pode usufruir da sociedade industrial sem que todos sejam colocados numa situação pior do que a que se encontrava antes. A industrialização, nesse sentido, é um bem oligárquico como o automóvel.
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CRÍTICAS FAVORÁVEIS E CONTRÁRIAS AO DISCURSO DS a) Favoráveis: 1. DS não é discurso ingênuo: ainda que retoricamente, traz inovações: a) ao incorporar visão de longo prazo – as gerações futuras; b) ao propor uma abordagem multidimensional: ecológica, econômica, política, social, ético-cultural, tecnológica, etc.; c) ao ir além de uma abordagem técnica do ambiental politizando o debate; c) ao reconhecer os conflitos norte-sul; d) ao introduzir a questão ambiental na agenda global; e) ao evocar um “futuro sustentável” como base ideológica de um “pretenso consenso”.
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b) Desfavoráveis 1. Contradição semântica: o termo desenvolvimento sugere crescimento, acumulação e expansão da produção enquanto o termo sustentabilidade supõe continuidade, estabilidade ou tendência ao equilíbrio; 2. Persiste ênfase economicista; 3. Discurso é ambigüo e contraditório: Pode significar mudanças profundas ou superficiais (campo de disputas); Há contradições entre os tipos de mudança propostos (economia x ecologia) e em como realizar essas mudanças no contexto do capitalismo; Ambiguidade coloca necessidade de diferenciar propostas, identificando os objetivos e interesses de cada uma delas;
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4. Tom conciliatório camufla conflitos e despolitiza o debate: Uso de categorias genéricas – “o homem”, “a humanidade” - responsabiliza todos indistintamente; Problemas ambientais são manifestações de conflitos que tem a natureza como suporte (Acselrad). São resultantes de conflitos sociais e políticos não acidentes impessoais; Há tendência à reduzir problemas ambientais à esfera privada e sugerir mudanças individuais e comportamentais; 5. DS se apóia em otimismo tecnológico: Crê que tecnologia tem recursos inesgotáveis; Desconsidera o potencial de riscos tecnológicos; Ênfase técnica (meios) elimina debate ético (fins);
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6. DS é discurso universalizante e impositivo: Desconsidera particularidades de cada contexto; Por isso há autores que sugerem noção de Sociedade sustentáveis; DS sacrifica a democracia – supõe participação tutelada que apenas executa o já decidido por outros 7. DS revela muitas lacunas entre retórica e ação. Como passar de uma à outra no contexto do capitalismo? Requer respostas a questões éticas e políticas: O que sustentar? A economia capitalista, o meio ambiente, a democracia? Porque sustentar? Para quem sustentar? Para alguns ou para todos? Como sustentar? Por via autoritária ou democrática? Através do mercado, do Estado ou da Sociedade civil?
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Diante do exposto como proceder? DS é discurso hegemônico, não podemos negá-lo, ignorá-lo; Podemos descontruí-lo pela crítica, diferenciá-lo e apontar seus limites e contradições; A partir da crítica é possível reconstruir uma outra sustentabilidade complexa – multidimensional, participativa (democrática) e ética
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Outras questões: Sustentabilidade pode ser vista como produto acabado ou como processo: Ver como produto ideal leva à imobilismo, pessimismo; Ver como processo aponta para o possível, traz constatação de que ainda estamos longe, mas em construção, movimento; Sustentabilidade mostra maior viabilidade no nível micro: Ex: unidades de conservação, escolas, comunidades, prefeituras, unidades familiares. Encontra maior resistência no nível macro estrutural Ex; nível estadual, nacional, internacional
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Maiores avanços surgem por iniciativa ou pressão da sociedade civil Estado e mercado tendem a defesa de interesses particularistas; Por este motivo, Acselrad afirma que as lutas ambientais têm por objetivo atribuir caráter público ao meio ambiente comum, justamente por entender que a crise ambiental é resultado da invasão da esfera pública pela esfera privada.
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Bibliografia ACSELRAD, H.. Cidadania e meio ambiente. In: ACSELRAD, H. (org.).Meio Ambiente e Democracia. Rio de Janeiro: IBASE, 1992. ALTVATER, Elmar. O preço da riqueza: pilhagem ambiental e a Nova (dês) ordem mundial. São Paulo: Editora UNESP, 1995. BUARQUE, Cristovam. A desordem do progresso: o fim da era dos economistas e a construção do futuro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. DIEGUES, Antonio Carlos. Desenvolvimento sustentável ou sociedades sustentáveis: da crítica dos modelos aos novos paradigmas. São Paulo em Perspectiva. 6 (1-2): 22-29, jan/jun, São Paulo, 1992. GUIMARÃES, Roberto P.. O desafio político do desenvolvimento sustentado. Lua Nova, nº 35: 113-136, São Paulo, CEDEC, 1995. HERCULANO, Selene Carvalho. Do desenvolvimento (in) suportável à sociedade feliz. In: GOLDEMBERG, M. Ecologia, ciência e política: participação social, interesses em jogo e luta de idéias no movimento ecológico. Rio de Janeiro: Revan, 1992. LEFF, Enrique. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. LIMA, Gustavo F. da Costa. “O discurso da sustentabilidade e suas implicações para a educação”. Ambiente & Sociedade, NEPAM/UNICAMP, Campinas, vol. 6, nº 2, jul-dez, 2003. MORIN, Edgar & KERN, Brigitte. Terra-Pátria. Porto Alegra: Sulina, 1995.. PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. O desafio ambiental. Rio de Janeiro: Record, 2004. RIST, G.; RAHNEMA, M. ET alii. Desfazer o desenvolvimento para refazer o mundo. SP: Ed. Cidade Nova, 2009. SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2002. SCOTTO, G. & CARVALHO, I. C. M. Desenvolvimento sustentável. Petrópilis, RJ:Vozes, 2007 VIOLA, Eduardo & LEIS, Héctor. “A evolução das políticas ambientais no Brasil, 1971-1991: do bissetorialismo preservacionista para o multissetorialismo orientado para o desenvolvimento sustentável”. In: HOGAN, D. J. & VIEIRA, P. F.. Dilemas socioambientais e desenvolvimento sustentável. Campinas, SP: UNICAMP,. p. 73-102, 1995.
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FIM, OBRIGADO.
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