Aula 08: O debate entre papelistas e metalistas

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Apresentação em tema: "Aula 08: O debate entre papelistas e metalistas"— Transcrição da apresentação:

1 Aula 08: O debate entre papelistas e metalistas
Rec 3402 Desenvolvimento e pensamento econômico Brasileiro 1º semestre 2018

2 Objetivos: Acompanhar as mudanças de posições dentro dos debates monetários do Império e da República Velha Debate central: papelistas vs metalistas – mas existem nuances importantes Variações em função de mudanças econômicas e sociais Fim da escravidão; Crises econômicas Alguns momentos marcantes do debate As dificuldades monetárias antes e no primeiro Império A década de 50: Souza Franco e a pluralidade emissora vs a critica de Itaboraí e T. Homem Mauá e a defesa da moeda inconversível Reformas na transição republicana – a visão de Rui Barbosa A crise do encilhamento e a reação de Murtinho Estabilidade e Banco Central: a década de 20

3 Referencias à debates estrangeiros
Não transposição simples de pensamento externo mas existem ligações evidentes com os debates, especialmente, na Inglaterra (XVII a XX), : Antes do nascimento da economia política XVII: desbastamento das moedas ou moedas recortadas Locke: recolher moeda má e refundi-la em boa – reestabelecer confiança Lowdes: atenção ao custo da proposta, pq não refundar padrão metálico e desvalorizar meio circulante Definições do valor da libra em relação ao ouro e prata (Newton) Bullionistas x antibullionistas Inicio do XIX: Bullion Repport: pq desvalorização da moeda metálica e dos bilhetes em relação aos lingotes (Bullion)? Bullionista (Ricardo, Senior, Fullarton): culpa do Banco da Inglaterra – emitiu bilhetes demais; Solução é o resgate das emissões Antibullionistas (Tooke, Attwood): problema é externo; saída de ouro da GB para fazer frente à guerra e importação de alimentos Currency School (Bullionistas) x Banking School (antibullionistas) Currency School: Ricardo, moeda tem valor intrínseco, seu representante tem que manter uma relação estável com este lastro Banking School: moeda é um signo que tem uma função (e não valor de produção) vai desembarcar em Keynes, lastro não precisa ser apenas um metal, mas tb outros elementos representativos das trocas e do mercado (títulos)

4 Clareza em relação aos debates ingleses.
debate dentro das hostes de uma economia agro-exportadora Problemas deste tipo de economia (acumulo de metais, funcionamento do Balanço de pagamentos etc. Uso da política monetária como forma de limitar problemas que se percebem inerentes a este tipo de economia “Colchões amortecedores” Segue de certo modos a idéia da separação entre ortodoxos e heterodoxos em termos de política monetária

5 Os primórdios da política monetária no Brasil que se torna independente
Fundação do Primeiro Banco do Brasil – emissões de moedas - Lastro “jóias da coroa” Principais Argumentos já expostos neste momento Desvalorização cambial – fruto de excesso de emissão e problema de desequilíbrio contas públicas: expulsa moeda metálica Contraposição: não existência de reservas metálicas e desequilíbrio BP Saída de D João leva jóias – papel moeda sem lastro Mesmo assim se emite notas para financiar o próprio governo e seu déficit Banco do Brasil acaba quebrando (ninguém quer suas notas – crise de confiança) Crescimento das exportações de café – amplia reservas brasileiras Tentativas de (re)fundar o mil reis Taxa de conversibilidade – 1833 e 1846 Dura pouco tempo – expansão do papel moeda – Brasil abre mão da conversibilidade

6 Papelistas vs Metalistas
Metalistas – estabilidade cambial Moeda – valor intrínseco dado por seu conteúdo metálico Defensores do Padrão Ouro Desvalorização cambial – excesso emissores normalmente associado a financiamento do setor público Causa incertezas, aumenta riscos e portanto diminui os investimentos e é prejudicial ao desenvolvimento Papelistas – necessidades de circulação Moeda –representa uma função: a de dar fluidez aos negócios Emissão deve se dar em função das “necessidades do mercado” Aumento na oferta de moeda não diminui seu valor se existir um aumento na demanda por ela Taxa de juros alta – falta de papel moeda O que entorpece o desenvolvimento é a falta de liquidez e a alta dos juros não a oscilação cambial

7 Ainda metalistas x papelistas
Critica papelista – falta de metais no Brasil Oferta de moeda por metalistas é insuficiente – crises de numerário Resposta metalista: culpa é da instabilidade cambial provocada por papelistas Excesso de emissões afugenta moeda metalica Necessário fomentar produção ou obtenção de ouro, metais ou equivalentes Fomentar entrada de capitais no Brasil Critica metalista: possibilidade de descontrole na oferta de moeda, pois não existe um limite Este descontrole é notada quando existe uma desvalorização cambial, que é justamente a perda de valor da moeda do país frente as outras Resposta papelista: A desvalorização cambial não é uma questão cambial mas é um problema do Balanço de Pagamentos Elemento de controle é a taxa de juros

8 Meados do Século Souza Franco
Defesa da pluralidade emissora feita por bancos comerciais privados mas com conversibilidade Argumentos: Razões praticas no país; adequação às necessidades do mercado Problema com centralização no poder do governo central – aceita crítica dos metalistas que emissão governamental não tem freio e é usada para financiar défict que tende a ser crescente Reações contrárias: Itaboraí e Torres Homem Unificação das emissões, conversibilidade e lastro duro (fixo) Mauá e a inconversibilidade Abandono da idéia de conversibilidade – lastro títulos internos comerciais Afastamento da “Escola Bancária” Pluralidade emissora continua importante - descontrole emissor – regulado por concorrência – difusão de informações Receio de moeda inconversível emitida pelo governo Idéias recuperadas Amaro Cavalcanti Levanta a questão da dependência econômica atrelada à moeda metálica

9 A transição republicana
Ao longo do segundo império Existe uma padrão metálico no Brasil que acaba por não ser seguido Emissões cresceram: déficit publico, Guerra do Paraguai, problema com Bal de pagamentos (crise do Souto) Fim do Império – debates importantes Década de 80 marcado por política monetária metalista forte corrigir os excessos da Guerra do Paraguai – retomada da conversibilidade perdida (Coronel Belisário) Volta da conversibilidade é alcançada em 1888 (Brasil de volta ao Padrão ouro) Porém, mudanças da mão de obra aumentam da demanda por moeda e causam problemas frente a “inelasticidade” do padrão metálico e existem fortes crises de numerário Debates: Metalistas duros Busca pela conversibilidade perdida – doa a quem doer metalistas realistas, conversibilidade obtida mas ampliação da alavancagem ou alteração do padrão metálico Papelistas Transformação radical da política Na República – Lei Bancaria de 1890 (Rui Barbosa) – papelista – emissões incoversíves feitas por 6 bancos emissores privados com lastro em titulos (inclusive públicos)

10 Rui Barbosa Crítica Reformas do fim do Império
Reconhece avanços de um metalismo mais “realista”, - alavancagem do sistema montado nas reformas feitas nos últimos meses do Império Mas moeda conversível e lastro metálico ainda sim são um problema para o Brasil incapacidade de alavancagem e ampliação de possibilidade de “desenvolvimento” – adiantar valores em potencia que se realizarão no futuro Especialmente em uma situação em que existe um alto entesouramento e uma baixa velocidade de circulação Instabilidade causada por esta política – inversão das idéias metalistas Metalistas: moeda inconversível: instabilidade – fica-se ao sabor das oscilações das emissões (políticas) RB: cambio e lastro e que são instáveis – oferta de moeda passa a variar ao sabor destas oscilações – trazendo problemas para os negócios e o desenvolvimento econômico

11 Rui Barbosa (2) Necessário ampliar e desvincular emissões
Aproximar das necessidades do mercado (que se ampliaram mais que lastro) Defesa das (pluri)emissões privadas Até onde emitir ? Problema crônico do controle dos papelistas Balizador são as taxas de juros Papel do governo: fiscalizador Não emissor – emissões políticas (não necessidades do mercado) Cuidado: discurso vs prática pois lastro proposto por Barbosa inclui títulos publicos Revisão da pluralidade emissora e do papel do governo Mono-emissão – Instituição se fortalece mais resistente as crises (liquidez e de cambio) Aumenta possibilidade de ação contra ciclica Regulação importante – evitar excessos de exposição a risco (discurso 93)

12 Reações ao Encilhamento
Crise do encilhamento – reações fortes Artificialismo da moeda fiduciária Problemas do cambio condena papelismo e volta a defesa do cambio fixo

13 Posições papelistas na década de 90
Francisco Glycerio, Serzedello Correa Mesmo depois da crise do encilhamento continuam válidas as idéias de que: as emissões bancárias inconversíveis são melhores adaptadas às necessidades inerentes ao desenvolvimento nacional e a operação diária do mercado monetário não deve ser contagiada por interesses políticos. Reconhecia-se porém: a necessidade de unificação das emissões centralizando o poder emissor em um único grande banco, vantagem de estabelecer maior controle sobre o mercado e resistir as crises a necessidade de imposição de controles e limites sobre a operação dos bancos, abandona-se as idéias de liberdade completa de ação quando da existência de um único banco emissor de notas inconversíveis e de auto-regulação típica de alguns papelistas

14 A crítica: Leopoldo Bulhões, Rangel Pestana, Rodrigues Alves
Problemas cambiais e inflacionários decorrentes da crise do encilhamento são exacerbados Modificações no sistema bancário – não resolve o problema que é de raiz: Bancos não conterão meio circulante que esta sendo emitido em exagero Desvalorização cambial – não aceita da explicação de problema com BP e especulação no mercado de capitais Separa-se cambio real x cambio nominal reafirma-se que cambio nominal é determinado por emissão e o problema é justamente o nominal Notas emitidas são inconfiáveis (pois não tem lastro metálico) – são fictícias Solução trazer emissão de volta para o governo, reduzi-la e buscar novo lastro para reestabelecer conversibilidade e lastro Vertente vencedora

15 Murtinho (1897) A priori, Murtinho tem uma visão positiva dos títulos de crédito e mesmo da emissão de papel-moeda como agentes do progresso econômico. Ambos representam valores em potência, que podem se transformar em valores reais ou não. porém como o papel-moeda é um título permanente, ele se mantém em circulação, a não realização do seu valor potencial implica na desvalorização de todo o papel-moeda Murtinho, no entanto, faz a diferença entre o papel-moeda representativo da moeda metálica e o papel-moeda inconversível, de curso forçado Para a moeda conversível a sua realização é automaticamente garantida, na verdade o papel- moeda conversível já representa uma riqueza enquanto o papel-moeda inconversível esta é só uma possibilidade, bastante remota já que depende apenas do comportamento prudente do banco, Banco: busca de lucro e não existem freios automáticos à emissão como na moeda metálica. “o agente emissor procura inventar negócios, multiplica-os, sem se preocupar com outra coisa que não seja o lucro do momento. (...) Os negócios inventados por ela são em geral improdutivos, e, quando os valores potenciais dos bilhetes emitidos têm desaparecido, nenhum valor novo criado os vem substituir. Por esta forma a circulação ficará aumentada em extensão, mas o seu valor voltará ao que era antes da emissão” Foi isto o que ocorreu no início da república - a prova disto é a desvalorização cambial

16 Agricultura “As grandes emissões, que excitaram a febre de negócios, desenvolvendo os canais da circulação monetária, invadiram os campos, destruindo a calma, a prudência e a sabedoria no espírito dos agricultores, infiltrando-lhes a ambição de grandes fortunas realizadas com grande rapidez.” aumento desenfreado da produção cafeeira. Este crescimento, porém, não condizia com o mercado consumidor que permanecia constante A queda dos preços no mercado cafeeiro era o sintoma deste artificialismo e a forma como o mercado acabava por exprimir a não realização do valor potencial do papel-moeda criado

17 Indústria Do lado das indústrias, as empresas criadas eram consideradas por Murtinho como empresas artificiais. As indústrias criadas precisavam, para sobreviver, de proteção governamental. Tal proteção garantia os ganhos destas empresas, porém estes ganhos significavam perdas do restante da sociedade, não havendo portanto um aumento efetivo de riqueza do país.

18 Em que condições existe aumento da riqueza real ?
Joaquim Murtinho estabelece um parâmetro bastante preciso para avaliar a criação de valores reais: o valor das exportações cotadas em moeda estrangeira. É o crescimento das exportações que será usado para se definir o crescimento da riqueza de um país ou não e portanto a valorização real da moeda ou não. a expansão do papel-moeda nacional não trouxe nenhum benefício real para a economia brasileira, não se respaldou o valor potencial criado, e como este crédito não se “apaga” a conseqüência é a desvalorização do papel-moeda, expresso pela taxa de câmbio.

19 Os problemas da desvalorização
A desvalorização cambial,é vista como uma fonte de problema para Murtinho. o maior dos problemas são os efeitos negativos sobre as Finanças Públicas (queda de receita e aumento de gastos); o aumento de preços e; as dificuldades operacionais das estradas de ferro. A partir deste problemas justifica-se a necessidade de se restabelecer a moeda nacional, resgatando-a e promovendo não apenas a estabilização cambial, mas também sua (re)valorização. A base de comparação da taxa de câmbio era a taxa que vigorava antes do excesso de emissão - no fundo a velha paridade estabelecida em dinheiros por mil-réis - pois no final do império o par fora alcançado

20 i) a determinação da taxa de câmbio e
A principal crítica contemporânea à Joaquim Murtinho foi feita por Vieira Souto, professor de Economia Política junto à Escola Politécnica do Rio de Janeiro. escreveu alguns artigos no jornal “O Correio da Manhã”, entre novembro e dezembro de 1901, que depois foram reunidos sobre o título: O Último Relatório da Fazenda. Nestes artigos Vieira Souto estabeleceu suas principais críticas à análise e às conseqüências das medidas adotadas por Murtinho, especialmente no que tange a dois pontos: i) a determinação da taxa de câmbio e ii) os efeitos depressivos da retirada do meio circulante.

21 Vieira Souto A valorização da moeda nacional que ocorria naquele momento se devia às alterações no fluxo de capital (não pagamento dos compromissos da dívida externa e ingresso de capital estrangeiro) e não à retirada de papel-moeda, Assim como desvalorização anterior foi fruto de uma crise do Balanço de pagamentos Período anterior as emissões efetivamente causaram acréscimo na riqueza nacional, portanto fazia necessária a continuidade da circulação do papel- moeda, sua descontinuidade provocaria o inverso Mesmo que se aceite que a emissão não gera nos negócios a não emissão, reduz os negócios e freia o desenvolvimento O efeito recessivo que se vivia no momento significava um decréscimo da riqueza nacional é a mostra disto

22 Ao longo da República Velha
Debates continuam mas contam cada vez com a idéia de flexibilização do sistema financeiro – ampliação da chamada moeda bancária em substituição a emissão de papel moeda Papelistas: defesa de uma moeda não conversível, abandono da multiplicidade emissora Fortalecimento de um forte centro emissor capaz de enfrentar ataques especulativos e que passe a ser um protetor do resto do sistema (permitindo assim a ampliação do multiplicador) Metalistas Defesa de uma moeda conversível e lastreada Com tempo afrouxam o lastro e acabam por aceitar um padrão metálico diferente do mitologico padrão de 1846.


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