A perda da realidade na neurose e na psicose, Freud, Bion e Winnicott

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Apresentação em tema: "A perda da realidade na neurose e na psicose, Freud, Bion e Winnicott"— Transcrição da apresentação:

1 A perda da realidade na neurose e na psicose, Freud, Bion e Winnicott
Psicose e Neurose A perda da realidade na neurose e na psicose, Freud, Bion e Winnicott

2 Bibliografia FREUD , S. (1924). Neurose e psicose. In: ___. Edição Standard das Obras Completas de Sigmund Freud, Vol. XIX. Rio de Janeiro: Imago, 1996, pp FREUD , S. (1924). A perda da realida na neurose e na psicose. In: ___. Edição Standard das Obras Completas de Sigmund Freud, Vol. XIX. Rio de Janeiro: Imago, 1996, pp LAPLANCHE, J., PONTALIS, J-B. “Psicose”. In: Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins e Fontes, 2001, pp ROUDINESCO. E., PLON, M. “Psicose”. In: Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998, pp GIROLA, R. “O funcionamento psíquico em Freud” (cf. também “A doença como falta de integração entre mundo interno e externo”, p ). In: A Psicanálise cura? : Uma introdução á Teoria psicanalítica. São Paulo: Idéias & Letras 2004, pp KAHTUNI, H.C, SANCHES, G. “Psicose”. In: Dicionário do pensamento de S. Ferenczi. São Paulo: Campus, 2009, pp BION, W. R. “Diferenciação entre a personalidade psicótica e a não- psicótica” . In: Estudos psicanalíticos revisados. Rio de Janeiro: Imago, 1996, pp WINNICOTT, D. W. “Psicologia da loucura: Uma contribuição da psicanálise”. In: Explorações psicanalíticas. Artes Médicas: Porto Alegre, 1994, pp

3 Importância clínica da questão
Klein ao falar de “posição paranoide e depressiva” já teoriza um funcionamento pendular do psiquismo que Freud postula nos seus textos. A teoria “científica” vai se formando em diálogo com a experiência clínica, apesar da sua complexidade subjetiva (cf. a questão da origem do superego citada por F.). Bion constata que tanto nos pacientes neuróticos existem núcleos psicóticos, como nos psicóticos núcleos neuróticos e mostra a importância clínica da alucinose para á qual os núcleos psicóticos da personalidade convocam o analista. Winnicott alerta para o medo da loucura, como a origem de uma necessidade de alguns pacientes de buscar voltar no setting analítico para a loucura inicial que foi experimentada, mas que não pode ser lembrada (estado X). Para F. um comportamento [é] normal ou ‘sadio’ se ele repudia a realidade tão pouco quanto uma neurose, mas se depois se esforça, como faz uma psicose, por efetuar uma alteração dessa realidade.

4 Freud: conceito de neurose
A partir da tópica definida no O Ego e o Id, F. estabelece uma importante diferença entre a neurose e a psicose: a neurose é o resultado de um conflito entre o ego e o id, ao passo que a psicose é o desfecho de um distúrbio nas relações entre o ego e o mundo externo. Na neurose: o Ego, obedecendo à instância superegóica, sob influência do mundo externo (realidade), entra em conflito com o Id (impulso instintual) e mediante o mecanismo da repressão, dá origem ao sintoma.

5 Freud: conceito de Psicose
Na psicose: ocorre um distúrbio no relacionamento entre o ego e o mundo externo (percepção atual e memórias [mundo interno]), que não é percebido (perde catexia), ou sua percepção não produz efeito. Obedecendo aos impulso do Id, o Ego cria um novo mundo externo e interno. A dissociação do mundo externo é fruto de uma frustração muito séria de um desejo, por parte da realidade, frustração que é percebida como sendo intolerável. F. faz uma analogia entre a psicose e o sonho (clinicamente importante)

6 Etiologia da psicose e da neurose
Tanto na neurose como na psicose a etiologia é comum: uma frustração do desejo, vinda do mundo externo ou interno (superego) percebida como uma exigência da realidade. Diante do funcionamento pendular do Ego, existem duas polarizações possíveis: Neurose: mundo externo/Realidade > Id Psicose: Id > Realidade. F. não aprofunda o papel do superego nesse conflito, mas o menciona: “As neuroses de transferência correspondem a um conflito entre o ego e o id; as neuroses narcísicas, a um conflito entre o ego e o superego, e as psicoses, a um conflito entre o ego e o mundo externo”.

7 Consequências da psicose Freud e Winnicott
Freud aponta para: perda de participação no mundo externo tendência ao delírio (remendo no lugar em que originalmente uma fenda apareceu na relação do ego com o mundo externo). Winnicott sinaliza as ansiedade psicóticas: Desintegração; Sentimentos de irrealidade; Falta de relacionamento; Despersonalização / falta de coesão do psicossoma; Queda eterna; Funcionamento intelectual excindido.

8 A perda da realidade: neurose e Psicose: paralelos 1
F. estabelece um paralelo entre neurose e psicose: ambas acontecem em 2 etapas; o que as diferencia é a primeira fase, repressão na neurose, negação da realidade na psicose. Na neurose há também uma perda de contato com a realidade, pois a neurose em si é um fracasso da repressão (segunda fase). A volta do recalcado comporta uma perda da realidade que afeta o fragmento de realidade, cujas exigências resultaram na repressão instintual ocorrida. Na psicose o processo é análogo. A segunda fase da psicose visa reparar a perda da realidade pela criação de uma nova realidade que não apresenta mais as mesmas resistências ao Id.

9 A perda da realidade: neurose e Psicose: paralelos 2
Em ambos os casos, a tarefa empreendida na segunda etapa é parcialmente malsucedida: na neurose, o instinto reprimido é incapaz de conseguir um substituto completo e, na psicose, a representação da realidade não pode ser satisfatoriamente remodelada. A ênfase porém muda: na psicose incide inteiramente sobre a primeira etapa, que é patológica em si. Na neurose, recai sobre a segunda etapa (o fracasso da repressão e a volta do recalcado), ao passo que a primeira etapa pode alcançar êxito, embora pagando um preço e deixando atrás de si traços do dispêndio psíquico que exigiu. Na neurose a fuga da realidade pode acontecer através do recurso ao mundo da fantasia, caminho para as novas construções do desejo. Na psicose o mundo da fantasia não desempenha o mesmo papel (não leva a novas construções do desejo).

10 A defesa alucinatória da psicose
Falando das defesas F. faz uma alusão a uma defesa muito poderosa e bem-sucedida. Nela, o eu rejeita a representação (enquanto na neurose histérica e obsessiva ela fica na consciência enfraquecida ou isolada) e o afeto. Confusão alucinatória: o eu rechaça a representação incompatível através da fuga para a psicose. O eu rompe com a representação incompatível inseparavelmente ligada a um fragmento da realidade, de modo que o eu também se desliga, total ou parcialmente, da realidade. (cf. a noção ferencziana de cisão vertical e horizontal da personalidade).

11 Visão bioniana da psicose 1
Para B. a diferenciação entre a personalidade psicótica e neurótica depende da fragmentação interna, da percepção da realidade interna e externa (ataques sádicos) e de sua expulsão nos objetos (identificação projetiva). B. faz remontar a psicose ao meio e a 4 traços básicos da personalidade Preponderância dos núcleos destrutivos; Ódio à realidade externa e interna; Pavor de uma iminente aniquilação; Formação prematura e precipitada de relações de objeto (adesividade, tenuidade).

12 Visão bioniana da psicose 2
Retomando o texto de F. Neurose e psicose, B. sugere duas retificações à teoria freudiana: O ego do psicótico não está inteiramente afastado da realidade, mas o contato com a realidade é mascarado pelo predomínio de uma fantasia onipotente que ataca ou a realidade ou a consciência que se tem dela. Isto leva B. a supor a “existência de uma personalidade não-psicótica paralela à personalidade psicótica”, ou seja, há resquícios de mecanismos neuróticos junto à parte psicótica da personalidade (p. 59). O afastamento da realidade é uma ilusão que decorre do emprego da identificação projetiva: para o psicótico a fantasia se torna um fato (objetos bizarros).

13 Visão bioniana da psicose 3
Por causa do seu ódio á realidade o psicótico a ataca, estilhaçando os objetos, sendo incapaz de restaurá-los dentro de si. O psicótico não consegue “pensar” (passar das impressões sensoriais, à memória, ao discernimento para chagar ao pensamento)., ele se sente rodeado de objetos bizarros “não pensáveis” (objeto beta)., estilhaçados. Os objetos assim percebidos “revidam” engolindo partículas da personalidade do psicóticos que se tornam coisas (reificação do pensamento). O psicótico não perde a percepção da realidade mas a capacidade de estabelecer um vínculo, de relacionar situações: “consegue comprimir, mas unir não; pode com-fundir, mas articular não” (p. 65).

14 Visão bioniana da psicose 4
A personalidade psicótica utiliza “a cisão e a identificação projetiva como um substituto da repressão” (p. 65), dando a impressão que “o inconsciente foi substituído pelo mundo dos conteúdos oníricos” (p. 65). A análise do psicótico é peculiar, pois supõe poder abordar tais conteúdos oníricos. Para isso o analista precisa alucinar com o paciente. O paciente age no registro da identificação projetiva. A transferência só leva ao objeto desencadeador (O) que não é perceptível, se o analista alucina (sabendo que está alucinando) com o paciente.


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