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PublicouAmanda Quintal Alterado mais de 9 anos atrás
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Comunicação em português. Retrato falado e escrito
Marilene Garcia
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A língua é o reflexo perfeito do que somos.
Ao falar, estamos nos expondo o tempo todo; Ao escrever, deixamos nossas marcas e nossa identidade pessoal.
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Há um texto de Luiz Fernando Veríssimo intitulado: “O gigolô de palavras”.
O autor, entre outras referências e recomendações sobre o uso da gramática na escrita, afirma o seguinte.....
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Gigolô das palavras – Luiz Fernando Veríssimo
“...qualquer linguagem é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer “escrever claro”, mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, comover…Mas aí entramos na área de talento, que também não tem nada a ver com Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua”.
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Será que somos todos gigolôs das palavras?
Em parte somos, mas não temos toda esta liberdade para desprezar a gramática. Vamos além das palavras soltas, escrevemos textos, elaboramos mensagens com idéias articuladas, não somos cronistas famosos e temos de dar objetividade às comunicações escritas e faladas. Neste caso, a gramática ajuda muito. A linguagem falada é mais informal, mais versátil, mais relaxada, adaptamos o tom e o vocabulário ao interlocutor. A linguagem escrita, embora também deva ser adequada ao receptor, pressupõe maior formalidade, aproximação da norma culta. Os erros ficam mais evidentes. Afinal, é enchergar ou enxergar? É exceção ou excessão? A linguagem escrita nos coloca em uma vitrine. Ficamos expostos!
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Língua falada X língua escrita
Língua falada: criativa, espontânea; emprega gírias e onomatopéias; mais liberdade na colocação pronominal, supressão de alguns pronomes relativos, sobretudo “cujo”; frases feitas, clichês, chavões, provérbios; frases entrecortadas e inacabadas; vocabulário mais reduzido. Língua escrita: presa a regras gramaticais, ao padrão culto; mais elaborada; vocabulário amplo e variado; emprego de termos técnicos; rigor na colocação pronominal, emprego regular de pronomes relativos; sintaxe elaborada, frases com rigor gramatical, clareza, sem omissões e sem ambigüidades.
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Os referentes que são lidos
Os referentes que são ouvidos Formam o repertório em língua
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Ortografia tigela excesso tijolo exceção viajar viagem
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Formação de plural 1 irmão – 2 irmãos 1 coração – 2 corações
1 pão – 2 pães
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Pão molhado Ironia deboche Nível vulgar de linguagem
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Escreve como ouve? Nível popular da linguagem
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Ser moça é fácil Difícil é ser virgem
Referências – fontes escritas: nível culto e nível coloquial Muitas incidências escritas: nível popular (vulgar)
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Conceito de gramática A arte de ler e de escrever bem em uma língua.
Estudo que expõe as regras da língua padrão.
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Gramática Acentuação Crase Pontuação Concordância Regência
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Vamos analisar alguns exemplos:
No uso normal da linguagem falada ou escrita, você usa estas expressões? - subir para cima - descer para baixo - elo de ligação - acabamento final - certeza absoluta - quantia exata - nos dias 8, 9 e 10, inclusive - juntamente com - expressamente proibido - em duas metades iguais - sintomas indicativos - há anos atrás - vereador da cidade
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Mais exemplos - outra alternativa - detalhes minuciosos - razão é porque - anexo junto à carta - de sua livre escolha - superávit positivo - todos foram unânimes - conviver junto - fato real - encarar de frente - multidão de pessoas - amanhecer o dia - criação nova - retornar de novo - empréstimo temporário
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Mais outros..... - surpresa inesperada - escolha opcional - planejar antecipadamente - abertura inaugural - continua a permanecer - a última versão definitiva - possivelmente poderá ocorrer - comparecer em pessoa - gritar bem alto - propriedade característica - demasiadamente excessivo - a seu critério pessoal - exceder em muito
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Mas o que há de errado? Deve-se evitar o uso das repetições desnecessárias. Nos exemplos citados, todas seriam dispensáveis. O texto deve evoluir na mensagem que transmite. A linguagem escrita deve ser clara, objetiva e também econômica. Tudo que eu falo acrescenta algo, senão, é supérfluo. Atenção às expressões que utiliza no seu dia-a-dia. Verifique se não está caindo nesta armadilha! E o que mais?
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Exemplos de textos confusos, por falta de pontuação:
Maria toma banho e sua mãe diz ela traga-me uma toalha. Um lavrador tinha um bezerro e a mãe do lavrador era também o pai do bezerro.
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Com a pontuação correta...
Maria toma banho e sua. Mãe, diz ela, traga-me uma toalha! Um lavrador tinha um bezerro e a mãe. Do lavrador era, também, o pai do bezerro.
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É mais fácil falar de forma simples...
- Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndido da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à qüinquagésima potência que o vulgo denomina nada. E o ladrão, confuso, diz: - Doutor, eu levo ou deixo os patos?
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Confundindo o coloquial com o culto
O cara deve procurar sacar se a lei está com ele ou não. Fiquei gamado naquela mina porque ela é bacana pra chuchu. O deputado pisou na bola e deu a maior bandeira no seu depoimento.
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Evite escrever utilizando gírias
O cara deve procurar sacar se a lei está com ele ou não. O cidadão deve procurar certificar-se de que está agindo dentro da lei. Fiquei gamado naquela mina porque ela é bacana pra chuchu. Fiquei apaixonado por aquela garota, porque ela é muito simpática e atraente. O deputado pisou na bola e deu a maior bandeira no seu depoimento. O deputado cometeu um erro e acabou se comprometendo no seu depoimento.
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Releia o que escreveu para não cair nesta armadilha...
“… a boca dela“, “… meu coração por ti gela“, “…uma mão”, “…vou-me já…”, “…por cada“, etc.
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Cacofonia É o som desagradável resultante da combinação de duas ou mais sílabas de diferentes palavras. Mais uma vez, é melhor evitar em texto acadêmicos.
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Ecooooo... É a repetição desnecessária de um som, resultando num texto desagradável, com um ritmo batido e monótono. A melhor forma de corrigir esse defeito é ler o texto já acabado com muita atenção; na língua portuguesa é preciso tomar muito cuidado, por exemplo, com as terminações -ão, -ade e -mente. Uma frase do tipo: “Contra sua vontade, apenas por bondade, ele foi à cidade; na verdade…” Isso fere os ouvidos.
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Textos confusos e difíceis de ser decifrados
Falta de cuidado na pontuação Ambigüidade Falta de coerência Prolixidade – falta de clareza Cacofonia
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Língua Portuguesa: Olavo Bilac
Última flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela... Amo-te assim, desconhecida e obscura, Tuba de alto clangor, lira singela, Que tens o trom e o silvo da procela E o arrolo da saudade e da ternura! Amo o teu viço agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, ó rude e doloroso idioma...
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