O GATO MALHADO E A ANDORINHA SINHÁ

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
AGRUPAMENTO VERTICAL DE ESCOLAS DO BÚZIO EB2,3/S de Vale de Cambra
Advertisements

O lugar onde vivo Público alvo: 7ª série da Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Vicente Bertoni. Disciplina: Língua Portuguesa Professora: Patrícia.
RESENHA Como um gênero textual, uma resenha nada mais é do que um texto em forma de síntese que expressa a opinião do autor sobre um determinado fato cultural,
OS DISCURSOS NA NARRAÇÃO
O CONTO.
Parábolas de Jesus.
Escola da pontuação.
Os Sinais de Pontuação Olá amiguinhos!.
Categorias da Narrativa
Textos narrativos ficcionais e textos poéticos. Michele Picolo
Categorias da Narrativa
Nicholas Sparks Editorial Presença.
Categorias da narrativa
Língua Portuguesa Nome : ______________________________________
“Lições de bichos e coisas”
Nós nos convencemos, que a vida ficará melhor, quando nós formos casados, tivermos um filho e, depois, mais um. Então nos frustramos, porque nossos filhos.
Produção textual a partir de quadrinhos – Atividade 1
Características da Narrativa
Portfólio de matemática
Prof. Júnior Oliveira.
Uma linda idéia á ser imitada......
COLÉGIO MILITAR DE FORTALEZA 1º ANO DO ENSINO MÉDIO
Um espaço, uma “estória”
O narrador.
A A MENSAGEN DE UM MENINO.
A lenda da noiva e do forasteiro
PLANIFICAR E PRODUZIR UM TEXTO ESCRITO.
A Pipa e a Flor Os caminhos do amor.
Clique para passagem de slides
“TCHAU” Conto de Lygia Bojunga Análise de Alfredina Nery
TEXTOS NARRATIVOS Hoje, vamos falar um pouco sobre narrativa, um dos gêneros textuais que, normalmente, são estudados no Ensino Fundamental 1 e 2, mas.
Os elementos da narrativa: o enredo, o tempo e o espaço
Elementos da narrativa
Amor e Sexualidade.
BOM DIA! A mensagem de hoje, vem direto da China para você; é sobre uma lenda Chinesa que fala do ódio, um ódio que muitas vezes não percebemos e que toma.
Verbo Língua Portuguesa.
Introdução aos gêneros literários
A CONFISSÃO Flávio Carneiro.
Elementos da Narrativa
A Pipa e a Flor Os caminhos do amor.
AS CARACTERÍSTICAS DO TEXTO DRAMÁTICO.
Categorias da Narrativa
Linguagem literária. Linguagem literária A linguagem literária assumiu, através dos tempos, três formas bem distintas: poema drama relato.
Tipologia Textual: Texto Narrativo Definição Exemplo Características.
CATEGORIAS DA NARRATIVA
GÊNEROS LITERÁRIOS.
O CONTO e seus elementos
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO DENOTAÇÃO – Atribui às palavras significados claros, objetivos, que evocam um único sentido, aceito pelas pessoas como algo convencional.
O L i v r o.
“É sempre rápido o tempo da felicidade.”. Estação do Verão “ Ela ganhou altura, de longe ainda o olhou, era o último dia de Verão!”
1 – Férias do barulho De acordo com o vídeo que você acabou de assistir, dos perigos que estão ocultos nos programas de TV, quais são os dois que mais.
O objecto da Ciência da Literatura. O que quer dizer «Literatura» De acordo com o significado da palavra, abrange toda a linguagem fixada pela escrita.
A Vida Secreta dos Gatos
O CHORO DAS ESTRELAS Estava Deus, a caminhar, sossegadamente, pelo universo... Contemplava sua criação, e, aproveitando o passeio, verificava se tudo.
Categorias da Narrativa Sistematização
Era uma vez ………….
COLÉGIO MARIA IMACULADA – SP PROJETO – FEIRA DAS NAÇÕES 2012
NARRAÇÃO Disciplina: Redação.
UMA hiSTÓRIA.
AS CATEGORIAS DA NARRATIVA
Personagem As pessoas envolvidas na narrativa, os seres que realizam ou sofrem as ações narradas são chamados de personagens. Na historia de Chapeuzinho.
Narração Narrar é o desenrolar de fatos acerca de um acontecimento.
NARRATIVA FICCIONAL ELEMENTOS
Diálogo da Biologia com a Língua Portuguesa
Você vai escrever um conto em que o narrador será o personagem da história e também o protagonista dos acontecimentos.
Narração Ato de narrar, contar estórias, de relatar fatos ou acontecimentos passados , presentes ou futuros.
Redação gêneros do discurso e gêneros literários
Ensino Fundamental , 7º ano
REGRAS E MODELO PARA REALIZAÇÃO DE TRABALHOS ESCOLARES
Aulas Multimídias – Santa Cecília Prof. André Araújo.
Transcrição da apresentação:

O GATO MALHADO E A ANDORINHA SINHÁ Jorge Amado

Categorias da narrativa: A ACÇÃO A acção principal da história é o desenrolar da paixão entre o Gato e a Andorinha. As suas sequências narrativas são traduzidas numa linearidade em consonância com o tempo cronológico da história.   

Categorias da narrativa: A ACÇÃO A história começa com quem a conhece – o Vento – chegando ao ouvido do narrador. Este último conta-nos como se desenrola essa paixão através da intensidade das conversas e dos passeios entre as personagens principais.  

Categorias da narrativa: A ACÇÃO Tudo passa à volta da história de amor entre os dois: os comentários das outras personagens, o tempo, a maneira como são tratados e como eles tratam os apaixonados. O clímax está no fim da “Primavera”, onde estes se começam a afastar, dado que a Andorinha estava prometida ao Rouxinol. O narrador considera-se um revolucionário na estrutura da narrativa quando este conta o capítulo inicial da obra nos meandros da história:

O narrador considera-se um revolucionário ao nível da estrutura da narrativa quando conta o capítulo inicial da obra nos meandros da história: “[...] Em verdade a história, pelo menos no que se refere à Andorinha, começara antes.[...]Como não posso mais escrevê-lo onde devido, dentro das boas regras da narrativa clássica, resta-me apenas suspender mais uma vez a acção e voltar atrás. É sem dúvida um método anárquico de contar uma história, eu reconheço. Mas o esquecimento pode ir por conta do transtorno que a chegada da primavera causa aos Gatos e aos contadores de histórias.”

Categorias da narrativa: O Tempo O que o narrador faz é um encaixe de capítulos, cuja narração é interrompida, para ser mais tarde retomada, sem perder o foi à meada. A história tem um desfecho triste entre as personagens principais, mas termina com a Manhã a ganhar a rosa azul prometida no início da história pelo Tempo.

Categorias da narrativa: O Tempo A história principal é narrada de acordo com um tempo cronológico: as estações do ano. Simbolicamente, as estações estão de acordo com os sentimentos das personagens principais.

Categorias da narrativa: O Tempo Na Primavera, o Gato e a Andorinha conhecem-se. No Verão o Gato apercebe-se que está apaixonado pela Andorinha e fica com ciúmes por ela sair com o Rouxinol.

Categorias da narrativa: O Tempo No Outono, o Gato sofre com as outras personagens, devido à má fama que tivera no passado (mau, rabugento, perigoso, temido). Escrevia poemas, para a amada, de modo apaixonado, nostálgico. O Inverno é caracterizado pela separação dos amantes – a tristeza, de certo modo, acompanha-os.

Categorias da narrativa: O Tempo Entretanto, o narrador altera a ordem cronológica ao utilizar algumas analepses e prolepses, que servem como uma narração abreviada para explicar melhor algum assunto. É o caso do “Capítulo inicial, atrasado e fora do lugar”. O próprio narrador é inteligente ao dizer que foi “por um erro de estrutura ou por moderna sabedoria literária”.

Categorias da narrativa: O ESPAÇO Referimos apenas a algumas personagens para aguçar mais a vontade de ler esta obra. Falemos então dos três tipos de espaço: físico social psicológico

Categorias da narrativa: O ESPAÇO O espaço físico da história é um parque, onde as personagens se movem, visto com muita clareza pelas personagens: é o lugar onde eles vivem.

Categorias da narrativa: O ESPAÇO Em termos de espaço social, podemos dizer que o Gato é um vagabundo, que vive no parque, livre de impedimentos porque todos o temiam. A Andorinha já é uma “flor de estufa”, muito bem protegida pela sua classe social, a classe social alta. Podemos afirmar que este é um amor impossível também devido às diferenças de classes sociais. 

Categorias da narrativa: O ESPAÇO A nível psicológico, o Gato Malhado sofre uma experiência que lhe abre as portas para as recordações, a memória de uma paixão idealizada, romântica e sofrida. Este sofrimento fá-lo crescer no seu interior.

Categorias da narrativa: O NARRADOR O narrador não participa na história. É heterodiegético, ou seja, é totalmente alheio aos acontecimentos que narra. Por isso, a sua narração é feita na 3ª pessoa:

Categorias da narrativa: O NARRADOR “A história que a Manhã contou ao Tempo para ganhar a rosa azul foi a do Gato Malhado e a Andorinha Sinhá; [...] Eu a transcrevo aqui por tê-la ouvido do ilustre Sapo Cururu [que contou o caso] para provar a irresponsabilidade do amigo [...].”

Categorias da narrativa: O NARRADOR O seu ponto de vista, como podemos observar na passagem acima, é de uma focalização externa, onde o narrador é um mero observador, exterior aos acontecimentos. Narra aquilo que pode apreender através dos sentidos: ele não penetra no interior das personagens.

Categorias da narrativa: AS PERSONAGENS Aqui far- se-á uma breve descrição das personagens do livro. Jorge Amado não escreveu a obra de forma inocente. Cada animal tem uma carga simbólica bem definida, mas isso fica a critério de quem lê a obra. Relevo das personagens na obra. A caracterizações das personagens é feita ou pelas outras personagens ou pelo narrador.

Categorias da narrativa: AS PERSONAGENS Manhã e Tempo A Manhã é vista como uma figurante. É uma funcionária relapsa, preguiçosa, fanática por uma boa história, distraída, sonhadora. Ela apaga as estrelas e acende o Sol.  O Tempo, também figurante, é o Mestre de tudo e de todos.

Categorias da narrativa: AS PERSONAGENS: O Gato Malhado Retrato Psicológico Criatura egoísta e solitária De mau humor Sujeito caladão Orgulhoso Sinistro personagem Bicho feio Cruel / assassino Retrato Físico Olhos pardos – feios Corpanzil forte e ágil De riscas amarelas e negras Aspecto de meia idade Nariz róseo Riso mau Flexível de corpo De grandes bigodes Gatarraz

Categorias da narrativa: AS PERSONAGENS: A Andorinha Retrato Psicológico Louquinha Independente Sociável /Amável Bem comportada Bondosa Arisca Retrato físico Bela Jovem Adolescente Riso argentino

Categorias da narrativa: AS PERSONAGENS Rouxinol Personagem secundária. É belo, gentil, de raça volátil. É o professor de canto da Andorinha e também seu pretendente. É com ele que a Andorinha vai casar. Desperta ciúmes no Gato, porque é uma ave.

Categorias da narrativa: AS PERSONAGENS Reverendo Papagaio Personagem secundária. Tinha passado algum tempo num seminário e dava aulas de religião. Por debaixo da capa religiosa, é um hipócrita, covarde e devasso, que fazia propostas indecentes ao público feminino. É o único que falava "a língua dos homens".

Categorias da narrativa: AS PERSONAGENS Galo Don Juan de Rhode Island Personagem secundária. O Galo, polígamo, “maometano”, devasso, orgulhoso (nota-se até no nome!). Foi o juiz do casamento da Andorinha e do Rouxinol.

Categorias da narrativa: AS PERSONAGENS Sapo Cururu Personagem secundária. Companheiro do Vento, o Sapo é quem conta a história da obra ao narrador. Ele é visto como um ilustre, um intelectual, um académico, que vai denunciar ao leitor que o Gato plagiou sonetos. 

Categorias da narrativa: As personagens Pombo-Correio Personagem secundária. Fazia longas viagens, levando a correspondência do parque. Tinha boa índole, mas era visto como um tolo porque a Pomba-Correio o traia com o Papagaio.

OUTRAS PERSONAGENS Vaca Mocha Personagem secundária. É vista como uma figura com muito prestígio, respeitada por todos, pois era descendente de um touro argentino. É tranquila, circunspecta, um pouco solene e irónica. No entanto, possuía um temperamento vingativo e um humor variável. A sua língua é uma mistura de português com espanhol para dar um certo prestígio.

Categorias da narrativa: As personagens Pata Pepita e o Pato Pernóstico São figurantes. Ajudam a compor o ambiente no que diz respeito à vida social do parque. Uma das frases importantes para ilustrar a condenação do amor do Gato e da Andorinha é dita pela Pata: “pata com pato, [...] andorinha com ave, gata com gato”.

Categorias da narrativa: AS PERSONAGENS A Velha Coruja É Figurante. Sabia a vida de todos no parque e é com ela que o Gato falava mais. Os Cães Figurantes. Servem para ajudar a compor o ambiente do parque.

Categorias da narrativa: OUTRAS PERSONAGENS O Vento Foi quem originou a história do Gato Malhado e da Andorinha Sinhá. É um figurante na história. Um velho atrevido, ousado, aventureiro, alegre, dançarino de fama. Ele soube desta história de amor através das suas aventuras e resolve contá-la à Manhã para a cortejar.

INTRODUÇÃO: RESUMO Esta é a história de um gato que se apaixona por uma andorinha causando estranheza a todos os outros animais que habitavam um parque. A Andorinha está prometida ao Rouxinol mas, ao mesmo tempo, incentiva o amor do Gato. Acontecem juras, o Gato escreve poemas, eles passeiam juntos enquanto as outras personagens condenam o amor impossível.

O ROMANCE Quando Jorge Amado escreveu este romance, estava a pensar nele como prenda de anos para o seu filho mais velho, João, quando este completava um ano de idade. Estava exilado em Paris, em 1948, devido às circunstâncias da sua vida.

O ROMANCE Mas este romance está impregnado dum outro género narrativo, como afirma Jorge Amado na sua Dedicatória: “Ao concordar, em Agosto de 1976, com a publicação desta velha fábula[...].”

O ROMANCE Chamo-lhe romance devido ao tema que se trata: “uma história de amor” e algumas características apresentadas. Este subtítulo da obra faz-nos imaginar um romance entre as personagens principais, com um carácter dinâmico. É uma narrativa onde há uma mescla entre o diálogo, a narração e a descrição das personagens. O que vamos encontrar é um amor impossível entre um gato e uma ave, inimigos por natureza.

O ROMANCE Descrita como uma instância narrativa constituída por situações paradigmáticas, que utiliza principalmente animais para destacar conclusões moralizantes, a fábula é, antes de mais, uma metaforização de diferentes tipos humanos sociais, que compõem um espectro dramático e dinâmico da sociedade. A linearidade característica é-lhe atribuída por este aspecto narrativo. Como componentes da narrativa consideram-se a própria narração, a lírica e a dramática.

O ROMANCE Nesta obra existem muitas características da fábula: o cenário é um mundo dos animais, o parque, um lugar delimitado e circundante, onde o tempo está dividido em estações do ano. Cada personagem emite a sua voz na narrativa e representa uma voz social. A fábula impõe uma escolha que a Andorinha terá de fazer no fim: ‘o amor de Rouxinol ou o amor do gato?’ (Contudo, esta escolha já estava predefinida pelas outras personagens. ) O número de personagens é reduzido; Os espaços também…. há uma pequena complexidade da acção.

O ROMANCE É importante notar a funcionalidade dos textos em versos que são (im)postos na obra. Jorge Amado conhece bem a sua terra natal - Bahia, onde a literatura oral é até hoje, muita das vezes, mais importante que a escrita. A sabedoria popular entra nesta obra através de versos, os quais assentam como uma luva na realidade de Jorge Amado, nos seus romances de carácter social e de costumes. Destacamos um dos mais importantes:

O ROMANCE “O mundo só vai prestar Para nele se viver No dia em que a gente ver Um maltês casar  Com uma alegre andorinha Saindo os dois a voar O noivo e sua noivinha Dom Gato e Dona Andorinha” Jorge Amado buscou, num poeta popular da sua terra, a fábula do romance contado em verso.

O ROMANCE - conclusão Podemos dizer que há uma mistura de géneros, mas que não deixa de ser uma história de amor. Esse amor é impossível, devido aos preconceitos. Comparando a história com a realidade social que tanto preocupava Jorge Amado, encontramos os preconceitos sociais, económicos e culturais e concluimos que o livro tem um cariz moralizante muito forte.