PRODUÇÃO DE SENTIDOS SENTIDOS METAFÓRICO E METONÍMICO.

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Transcrição da apresentação:

PRODUÇÃO DE SENTIDOS SENTIDOS METAFÓRICO E METONÍMICO

Quando as palavras, os elementos lingüísticos, conduzem o leitor para o entendimento da mensagem, o trabalho que ele terá, será fundamentalmente com essas palavras, ou seja, esses elementos lingüísticos conduzem o entendimento. Quando as palavras estão estrategicamente colocadas e não trazem a maior parte do conteúdo da mensagem, o leitor tem mais trabalho, pois o texto não explica, mas necessita que o leitor busque o entendimento. Assim, ele precisa acionar seu “conhecimento de mundo” para fazer as conexões adequadas com as palavras e chegar ao entendimento do texto. Determinadas interpretações são possíveis porque acionamos vários mecanismos mentais para dar conta do entendimento. Tudo isso para mostrar que nem sempre as mensagens estão evidentes e por conta, somente, dos elementos lexicais. Vamos começar a explorar essas possibilidades falando de dois processos essenciais na linguagem.

Conceito de Metáfora e Metonímia, figuras responsáveis por uma grande quantidade de efeitos de entendimento na língua. Para tanto, vamos nos valer de conceitos elaborados pelo professor José Carlos Azeredo, 2008, em sua Gramática. Assim nos diz Azeredo na página 484: “Metáfora é um princípio onipresente da linguagem, pois é um meio de nomear um conceito de um dado domínio de conhecimento pelo emprego de uma palavra usual em outro domínio. Essa versatilidade faz da metáfora um recurso de economia lexical, mas com um potencial expressivo muitas vezes surpreendente. (...)”

Exemplos do autor: “A noite é uma enorme Esfinge de granito negro/ Lá fora.” (A noite. In: Quintana, 2005:205). “Lua de São Jorge/ lua soberana/ nobre porcelana / sobre a seda azul.” (Veloso, 1981: 84)

Os exemplos do autor ilustram a transferência de significados que se faz na língua. No primeiro exemplo, o autor deseja nomear a noite a partir de sua característica escura – mas não utiliza essa denominação, estabelece comparações entre essa característica da noite e a esfinge de granito negro. A utilização das metáforas tem diversas motivações para os usuários da língua. Mário Quintana, por exemplo, autor do primeiro exemplo, ao utilizar a metáfora desejou criar imagens bonitas que normalmente os poetas usam em suas criações. O mesmo podemos dizer dos versos de Caetano Veloso. Porém, as metáforas nos acompanham na linguagem do cotidiano, quando falamos, por exemplo: Desliguei do assunto....

Querendo dar a entender que não prestou atenção, mas, nesse enunciado, o falante faz uso de palavra utilizada para máquinas, tomadas em geral. Então, o que um processo como esse, de nomeação a partir de outros elementos, representa na língua? Representa um processo de economia linguística, porque o usuário da língua não cria elementos novos, mas reaproveita o que já há na língua. É um processo altamente produtivo, não acha ? Vamos analisar o texto a seguir:

M ETÁFORAS PARA REFLEXÃO "Assim como a cera, naturalmente dura e rígida, torna-se, com um pouco de calor tão moldável que se pode levá-la a tomar a forma que se desejar, também se pode, com um pouco de cortesia e amabilidade, conquistar os obstinados e hostis." (Arthur Schopenhauer). É importante que seja mais lúcido diante da beleza da vida e de sua existência, sua face é uma página em branco que somente você pode ilustrar, estampe-a com um sorriso. ‐ pnl/metafora ‐ motivacional ‐ em ‐ pps ‐ o ‐ ane l

M ETONÍMIA “Metonímia consiste na transferência de um termo para o âmbito de um significado que não é o seu, processado por uma relação cuja lógica se dá, não na semelhança, mas na con güidade das idéias. (...”)

E XEMPLOS DO AUTOR : “Uma velha que trazia a fome nos ombros e nos [olhos E trazia a seca no ventre e no seio.” (Fábulas de João da Tarde. In: Cardozo, 1971: 72 ‐ 74).”

Numa linguagem que inclui transferência de significados, assim como a metáfora, a aproximação das idéias, no processo de construção da metonímia, se dá, no texto acima, pelo fato de o autor talvez ter a intenção de comunicar que a velha estava mais que com fome ou encontrava ‐ se num estado faminto, mas carregava no seu próprio corpo a fome. Não estava simplesmente com sede, mas carregava dentro de si a seca. Novamente aqui se percebe um processo bastante produtivo na língua, pois nossa linguagem do dia a dia está, também, impregnada de metonímias, como: Quando a farmácia chegar, pode me avisar ?

Claro que quem fala algo do tipo do enunciado acima não está querendo dizer que a farmácia propriamente dita irá chegar, mas aproximou as idéias, porque deseja comunicar que alguém que trabalha na farmácia chegará com um pedido seu. Novamente essa aproximação de idéias representa um processo de economia lingüística, há reaproveitamento. Já notou que a língua é uma instituição social tão compartilhada pelos membros de uma sociedade, que esses usuários não podem sair criando expressões novas por aí toda vez que desejarem? Esses processos metafórico e metonímico ilustram essa “liberdade vigiada” compartilhada pelos usuários de uma língua. O processo de reutilização de termos e de significados é extremamente produtivo na língua. A todo momento estamos construindo idéias novas a partir das já existentes.

ANALISE O TEXTO A SEGUIR À LUZ DOS SENTIDOS ESTUDADOS: Essa mão que tocou a minha mão, que hipnotiza meus olhos intimidados, mão tão branca, porcelana dúctil, com seus dedos longos de pianista, não tocou apenas a minha mão. Tem poderes inusitados essa mão uma vez que rompe carnes, nervos e músculos. Percorre vasos, veias e artérias banhando-se no meu sangue. Repuxa e torce as minhas vísceras e, sem demonstrar o menor cansaço,

comprime fortemente os meus pulmões extinguindo meu fôlego de atleta. Como se não bastasse, essa mão, (professoral e asséptica, unhas rigorosamente aparadas), sem a menor cerimônia, com uma displicência enervante, como se tudo a ela pertencesse, Achega-se, acaricia, envolve, aperta, dilacera meu coração. Esta mão!