Bolívia: o socialismo e o nacionalismo revolucionário I – Da guerra do Chaco à Revolução de 1952 II – O militarismo e a resistência democrática nos anos.

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Transcrição da apresentação:

Bolívia: o socialismo e o nacionalismo revolucionário I – Da guerra do Chaco à Revolução de 1952 II – O militarismo e a resistência democrática nos anos 60 e 70 III – Nacionalismo, indigenismo e conflitos sociais

Das origens à formação da nação boliviana Da civilização Tiwanaku à expansão inca A colonização espa hola e a resistência indígena (Tupac Katari) A indepependência boliviana e as perdas territoriais (Guerra do Pacífico e guerra do Acre) O desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo (exportação de minérios e agricultura pré-capitalista) A nação “abigarrada” de Zavaleta Mercado (juntos mas separados) A Bolívia e o imperialismo

A atual Bolívia

A guerra do Chaco e a nacionalização da Standard Oil  Paraguai e Bolívia lutam na região do Chaco  O “socialismo militar” (D. Toro e G. Busch)  Novembro de processo judicial contra a Standard Oil e nacionalização do petróleo (1937)  Período de crises dos estados oligárquicos na América Latina  Avanço das lutas sociais populares (camponeses e operários)

As novas organizações políticas e a Segunda Guerra - O nacionalismo boliviano e o surgimento do MNR (contribuições de Carlos Montenegro) - A esquerda e o surgimento do POR como seção da 4ª Internacional (os trotskistas) - Os camponeses e o indigenismo (1° congresso indígena em 1945) - O sindicalismo mineiro, a fundação da FSTMB e a Tese de Pulacayo na década de 1940

A tese de Pulacayo “ Para os trabalhadores mineiros luta de classes quer dizer, sobretudo, luta contra os grandes mineiros, ou melhor, contra um setor do imperialismo ianque que nos oprime. A liberação dos explorados está subordinada à luta contra o imperialismo, porque lutamos contra o capitalismo internacional representamos os interesses de toda a sociedade e temos objetivos comuns com os explorados de todo o mundo. A destruição do imperialismo é questão prévia para a tecnificação da agricultura e a criação da pequena e pesada indústria. Ocupamos a mesma posição do proletariado internacional porque estamos empenhados em destruir uma força internacional: o imperialismo. (…)” Pulacayo, 1943

A revolução de 1952  Entre 9 e 11 de abril milícias populares derrotam o exército boliviano após um fracasso golpe civil-militar do MNR (que ganhara as eleições de 1951 mas foi impedido por um golpe de assumir o governo)  O MNR – Movimiento Nacionalista Revolucionario – é levado ao poder por uma revolução operário-popular que não controlava  A ala esquerda da revolução – os trotskistas do Partido Obrero Revolucionario – busca fortalecer a perspectiva operário-socialista

A fundação da COB e a dualidade de poderes - Fundação da COB (maio de 1952) a partir de iniciativa do POR - Duas vertentes disputam a orientação da revolução (socialismo e nacionalismo) - a dualidade de poderes (governo do MNR e COB) - MNR propõe “cogoverno” tentando impedir radicalização da revolução - A ideologia do nacionalismo revolucionário ou a perspectiva da Revolução permanente?

A COB forma um cogoverno com o MNR  O dirigente dos mineiros Juan Lechín Oquendo, ligado ao MNR, assume um cargo de ministro  Seis dirigentes sindicais assumem postos ministeriais em 1952  O objetivo do MNR é cooptar os dirigentes sindicais e barrar um movimento operário independente

A nacionalização da grande mineração O crescente peso da mineração do estanho nas exportações do país acarretou: uma grande fragilidade na economia, dependência excessiva dos mercados externos e era a base da oligarquia dos 3 barões do estanho. Em outubro de 1952 é criada a Comibol e nacionaliza-se a mineração Os grandes mineradores recebem indenizações Os sindicatos obtém o “controle operário com direto de veto.

Os barões do estanho Ano de apuração dos dados % do volume de exportação de estanho Empresa mineradora Fonte: Guzman, Historia de Bolivia, pp Carlos Aramayo Mauricio Hochshild Simon I Patiño A concentração da produção

A reforma agrária de nas zonas andinas o minifundismo e no oriente apoio à agro-indústria (formação de uma nova burguesia agrária) - busca conter a “revolução agrária” que avançava na região de Cochabamba dirigida pelos trotskistas - criam-se “sindicatos campesinos” sob controle do MNR tentando integrar os movimentos indigenistas ao projeto nacional do MNR

As milícias operárias e o exército - A revolução de 1952 dissolveu o exército, que foi reconstruído pelo MNR depois - As milícias dos sindicatos chegaram a agrupar cerca de 60 mil homens armados - O “novo exército” visava destruir a ameaça dos trabalhadores armados à perspectiva não revolucionária do MNR

O “novo exército” nacionalista  Apoiado pelos EUA o MNR defendeu um discurso nacionalista: criaria um exército comprometido com seus ideais políticos  Uma parte dos oficiais aderiu ou retomou o nacionalismo militar da década de 1930 como fonte ideológica  Outros setores militares alinharam-se diretamente às novas orientações dos EUA sobre “segurança nacional” e “segurança continental”

O golpe de 1964 e o fim do ciclo revolucionário? - As fases da revolução boliviana: –Até 1953: dualidade de poderes COB e sindicatos x MNR –Até 1960: consolidação do MNR no poder com apoio da COB e camponeses (reformas econômicas) –Até 1964: COB afasta-se do MNR e exército faz pacto com camponeses - Uma revolução anti-imperialista que deu passos para trás, enfraquecendo a via operária-socialista - O MNR constituiu um regime bonapartista, buscando colocar-se acima das classes para permitir uma rearticulação da burguesia

II – O militarismo nacionalista e a resistência democrática  O golpe de novembro de 1964 representa um esgotamento do regime implantado pelo MNR  Um novo setor econômico ligado à agro-exportação apoia os militares e se opõe às políticas nacionalistas  Os setores sindicais são severamente reprimidos

Tendências do debate historiográfico Nacionalistas – Rene Zavaleta Mercado (El poder dual), Carlos Montenegro (Nacionalsimo y coloniaje), Luis Antezana Ergueta (Historia secreta del MNR). Defesa do nacionalismo e do patido policlassista Marxistas – Guillermo Lora. Defesa do lugar da luta de classes e do movimento operário como núcleo da história boliviana Indigenistas – Silvia Rivera Cusicanqui (Oprimidos pero no vencidos), Laura Gotkowitz (La revolución antes de la revolución), Roberto Choque, Jorge Dandler. Defesa do protagnismo indígena na história nacional boliviana. Revisionistas – Alvaro Garcia Linera (A potência plebeia), matriz nas ideias e tese de “nación abigarrada” de Zavaleta Mercado, no neo- desenvolvimentismo, crítica às formações partidárias classistas