Pensamento crítico e argumentação informal na era da internet O MODELO: P. ANTÓNIO VIEIRA ESCRITOR.

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Transcrição da apresentação:

Pensamento crítico e argumentação informal na era da internet O MODELO: P. ANTÓNIO VIEIRA ESCRITOR

Vieira: identidade e dinâmica do texto PENSAMENTOPALAVRA ACÇÃO VIVÊNCIA

Teses PROPORÇÃOEMOÇÃO  Unidade de pensamento, palavra e acção apaixonados  Identidade e unidade pessoais (macrotexto) criada na textualização do pensamento, palavra e acção  Unidade e textualização inspirada nos Exercícios Espirituais de Inácio de Loiola CLAREZA

Teses (2) PROPORÇÃOEMOÇÃO  Unidade estilística e teleológica baseada em estruturas e processos linguístico-cognitivos comuns  O Sermão da Sexagésima condensa ensinamentos práticos sobre como conceber e textualizar o vivido e como fazer da vida um texto persuasivo. CLAREZA

Actualidade de Vieira  Preocupações actuais:  a aquisição e domínio da língua é essencial numa sociedade retórica, mediática e do conhecimento  com o papel que um ensino incapaz da língua reproduz e acrescenta desigualdades ao perpetuar, nomeadamente, a exclusão dos sistemas sociais simbólicos.  Sermão da Sexagésima  Ensinamentos sobre as condições de produção e de eficácia dos textos (manual de textualização)

Biografia PortugalBrasil "Os portugueses têm um pequeno país para berço e o mundo todo para morrerem." 1614| Chega a Salvador da Baía, Brasil Nasce em Lisboa, junto à Sé, mulato.| | Foge de casa e torna-se jesuíta 1634| Ordenado sacerdote 1640| Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as da Holanda Integra missão de adesão a D. João IV.|1641 Escreve petição pelo regresso dos judeus.|1643 Nova petição, contra a Inquisição.|1647 Para-Diplomata: França, Holanda, Itália.|1643 Ocupa-se com História do Futuro.|1649 Discussões com Menasse-ben-Israel.|1648 Vai restaurar missão do Maranhão.| | Missionário no Maranhão, combate contra a escravidão dos índios

Biografia PortugalBrasil 1654| Vai a Lisboa pedir protecção aos índios. Antes de partir, a 13 de Junho, prega Sermão de S. António aos peixes. Sermões da Sexagésima e do Bom Ladrão.|1655 Falece D. João IV.| | Volta com lei da liberdade dos índios. Falece D. André Fernandes, amigo maior.| | Colonos e religiosos prendem e expulsam os jesuítas para Portugal. Acusado de heresia pela Inquisição. |1662 Desterrado para Coimbra. |1663 Preso, escreve a História do Futuro. |1664 Sentença final da Inquisição: sem voz. |1667

Biografia PortugalRoma D. Pedro assume governo do Reino.|1667 Concedido o perdão de todas as penas| | Magoado e insatisfeito com o perdão, aproveita missão de beatificação de Inácio de Azevedo para obter apoios. 1673| Pregador oficial de Catarina da Suécia Publica o volume I dos Sermões. | | Breve pontifício absolve-o de todas as penas, censuras e restrições e isenta-o, por toda a vida, da autoridade, poder e jurisdição da Inquisição Portuguesa. …| Colabora nas Notícias Recônditas. Embarca para a Baía. |1681 Recusa convite para confessor de Cristina. |…

Biografia PortugalBrasil Volume II dos Sermões.| | Visitador-geral da Província do Brasil. 1690| Com direitos de autor financia missão. 1697| O P. António Vieira morre, à primeira hora do dia 18 de Julho de 1697,. Volume III dos Sermões.|1683 Volume IV dos Sermões.|1685 Volume V dos Sermões.|1689 Volume VI dos Sermões.|1690 Volume VII dos Sermões.|1692 Volume VIII dos Sermões.|1694 Volumes IX-X dos Sermões.|1694 Volume XI dos Sermões.|1696 Conclui o volumes XII dos Sermões.|1697

Rostos comuns de Vieira  Celebram, com efeito, a arte do prosador, estudam os passos do diplomata, louvam, nem sempre com grande rigor metodológico, o destemido defensor dos índios, ou a ousadia do crítico das estruturas político sociais da nação, lamentam a vítima da inquisição, valorizando ou aduzindo para isso os textos que melhor convêm como “prova” ou ilustração da perspectiva por cada uma considerada. (Castro, 1997: 218)

Vieira, protótipo do Barroco PROPORÇÃOEMOÇÃO  «E é por isso que ele personifica, com tão fiel exactidão, o protótipo do espírito barroco, que é a síntese mais acabada daquelas três componentes.» CLAREZA

Vieira: artista e grande coração  Porém, a predominante e prolongada admiração da obra vieirina numa perspectiva predominantemente estético- literária ou histórica, revelou um Vieira de que Besselaar (1981: 97-98) traçou um perfil curioso:  «Depois deste requisitório parece lícita a pergunta: Se Vieira não foi grande teólogo, filósofo ou exegeta, em que reside então, a sua grandeza? A resposta, cremos nós, deve ser esta: Vieira foi um grande artista e um grande coração.»

Rosto oculto de Vieira  «Mas raríssimas vezes atentam, e quase sempre de modo cortical, na impressionante unidade teleológica e estilística que envolve e uniformiza todo o seu macrotexto.» (Castro, 1997: 218) CLAREZA PROPORÇÃO EMOÇÃO

Vieira – síntese intercultural  «Vieira conciliou, como poucos espíritos em toda a história da cultura portuguesa – e por certo como nenhum outro no seu tempo! – a viva clareza intelectual dos clássicos, feita de harmonia e de sentido das proporções, com a apaixonada vibração emocional que, dois séculos mais tarde, haviam de marcar a fogo tantas facetas da alma romântica.»

Vieira – síntese inaciana  «O hábito negro de Santo Inácio de Loiola dominou- lhe as emoções (saberia Deus com que dificuldade muitas vezes!), educou-lhe a inteligência, disciplinou- lhe a vontade, mas quase nunca conseguiu frear-lhe os voos da imaginação, nem atenuar-lhe o fulgor da inteligência.»

A Vida é um Texto  «A vera efígie de Santo Inácio é aquele livro de seu Instituto que tem nas mãos. O melhor retrato de cada um é aquilo que escreve. O corpo retrata- se com o pincel, a alma com a pena.» Sermão de Santo Inácio

Tudo é um Texto  «A primeira imagem de Deus é o Verbo gerado; a segunda, o verbo escrito. O verbo gerado é retrato de Deus ad intra; o verbo escrito é retrato de Deus ad extra. E assim como Deus se retratou no livro das suas Escrituras, a si Inácio se retratou no livro das suas. Retratou-se Inácio por um livro em outro livro. O livro das vidas dos santos foi o original de que Santo Inácio é cópia; o livro do Instituto da Companhia é a cópia de que Santo Inácio é o original.» Sermão de Santo Inácio

Ser pessoa é aceder ao Outro-Texto  «Aprendia os idiomas das diversas tribos índias, tornando-se capaz de escrever um conciso catecismo em seis línguas diferentes.» (Besselaar, 1981: 38)

Textualizar é humanizar  «Do patriarca, pai de tantos patriarcas, S. Bento, estendendo o Monte Cassino por todo o mundo, tomou Santo Inácio as escolas e a criação dos moços. Para quê? Para que na prensa das letras se lhes imprimam os bons costumes, e estudando as humanas aprendam a ser homens.»

A via vieirina para uma pedagogia da escrita 5.

Resumindo e concluindo…  O engenho de Vieira escritor opera a dois níveis:  A nível profundo, exercita e aplica capacidades neurolinguísticas comuns aos falantes de uma língua;  Ao nível superficial, dos comportamentos observáveis, o seu rosto de escritor define-se nos seguintes traços:  i) Observa e anota as ideias, os sentimentos, as imagens e os exemplos que descobre em si e à sua volta a propósito de um determinado tema;  ii) Desenvolve essa matéria-prima meditando-a como um objecto em si ou em relação com outros, procurando sempre o exemplo eloquente;

Resumindo e concluindo…  iii) Selecciona e dispõe os materiais elaborados segundo um plano ou representação conceptual do texto adequado à finalidade pretendida, persuadir;  iv) Redige um borrão ou esboço inicial, arranjando os materiais de acordo com esse plano;  v) Memoriza o plano e o borrão e expõe oralmente as suas reflexões a outras pessoas;  vi) Redige borrões ou esboços sucessivos, avançando através e para além do erro até à elocução correcta e eficaz;  vii) Torna públicos os seus textos.

Como se faz um escritor na escola de Vieira? Exercitar-se Ler Imitar e criar Pensar ObservaçãoMeditação Textualizar DisposiçãoElocução Apresentar MemorizarComunicar Repensar Retextualizar