O Cortiço (1890) Aluísio Azevedo (1857-1913)
Romance de Tese Determinismo (meio-raça-momento histórico) Observação social: Rio de Janeiro, final do séc. XIX Modelo literário: Emile Zola (1840-1902)
O Cortiço Microcosmo Personagem principal Narrador: 3ª pessoa * objetividade * frieza
Linguagem direta: “estética do feio” Todo ele, coitadinho, era uma só massa vermelha; as canelas, quebradas no joelho, dobravam moles para debaixo das coxas; a cabeça, desarticulada, abrira no casco e despejava o pirão dos miolos; numa das mãos faltavam-lhe todos os dedos e no quadril esquerdo via-se-lhe sair uma ponta de osso ralado pela pedra.
Retrato de Grupos Sociais Pobres Ricos Cortiço Coletividade Miséria Trabalho (pedreira, lavadeiras e casa de pasto) Sobrado Habitação unifamiliar Luxo, sofisticação ócio Diferença no plano social / Identidade no plano moral
Trajetórias I – Acúmulo de capital/Ascensão social * Vitória individualista sobre o meio * Ação dos burgueses lusitanos no Brasil
João Romão Roubo Ganância Avareza Explora a negra Bertoleza Conflitos com o vizinho Miranda
* Cobiça e relações de interesse * Relação patológica: ódio/sexo Miranda Casado com Estela Filha: Zulmira * Cobiça e relações de interesse * Relação patológica: ódio/sexo E ela também, ela também gozou, estimulada por aquela circunstância picante do ressentimento que os desunia; gozou a desonestidade daquele ato que a ambos acanalhava aos olhos um do outro; estorceu-se toda, rangendo os dentes, grunhindo, debaixo daquele seu inimigo odiado, achando-o também agora, como homem, melhor que nunca, sufocando-o nos seus braços nus, metendo-lhe pela boca a língua úmida e em brasa. Depois, um arranco de corpo inteiro, com um soluço gutural e estrangulado, arquejante e convulsa, estatelou-se num abandono de pernas e braços abertos, a cabeça para o lado, os olhos moribundos e chorosos, toda ela agonizante, como se a tivessem crucificado na cama.
Título de nobreza: Barão do Freixal Agregado parasita: Botelho Hóspede rico: Henrique
II – Trajetória de Decadência Moral * “Derrotados” pela ação do meio ambiente Jerônimo – Piedade – Marianita (Senhorinha) * Trabalho – Responsabilidade
representação dos trópicos Rita Baiana – Firmo Sensualidade representação dos trópicos Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite, em que se não toma pé e nunca se encontra fundo.
Jerônimo: “Processo de abrasileiramento” * influência do meio * torna-se vagabundo, sensual e cachaceiro * Mata o Firmo * degradação de Piedade
Carapicus X Cabeças-de-Gato Brigas entre cortiços Carapicus X Cabeças-de-Gato Incêndio * João Romão rouba Libório * Recebe indenização
Aristocratização de João Romão O cortiço também se aristocratiza: “Avenida São Romão” Aliança com Miranda Bertoleza torna-se um problema
Final João Romão denuncia Bertoleza como escrava fugida Suicídio de Bertoleza A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar. Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado. E depois emborcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue.
Consagração de João Romão Hipocrisia perante a sociedade “Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha, de casaca! trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito. Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas.”
Pombinha Virtuosa e querida Noiva de João da Costa Convivência com Léonie Influência do meio: torna-se prostituta