Viagens na Minha Terra Almeida Garrett ( )
Contexto Introdução do Liberalismo em Portugal 1820 – Revolução Liberal do Porto 1822 – Constituição Liberal
1826: Morte de D. João VI - D. Pedro abdica da Coroa de Portugal em nome de sua filha D. Maria da Glória - Carta Constitucional: constituição mais conservadora
Restauração Absolutista 1828 – D. Miguel é proclamado Rei
1831: D. Pedro abdica da Coroa do Brasil. Vai a Portugal lutar contra o irmão
Guerra Civil Liberais Burgueses Defendem a Monarquia Liberal ou Constitucional Absolutistas (miguelistas) Nobreza/clero Defendem a volta da Monarquia Absoluta Vitória dos Liberais. D. Miguel é expulso de Portugal
Honoré Daumier
1836 – Setembrismo liberais radicais restauram Constituição de 1822
1841 – D. Maria II restaura Carta Constitucional e coloca Costa Cabral como ministro Costa Cabral, ministro corrupto e autoritário
Romance Heterogêneo relato de viagens, jornalismo crítico, dissertações filosóficas, discussão literária e uma história sentimental Publicação 1843 – Folhetim 1846 – Livro Tempo da Ação Início da viagem: “17 de julho de 1843”
Narrador 1ª Pessoa: projeção literária do autor - Garrett Estilo Coloquialismo Diálogo com o leitor Ironia
Vocabulário liberal referências a Parlamento inglês liberdade de imprensa - Críticas à desigualdade social - Jargão jurídico
Estilo Digressivo: desvios da narrativa
Modelos Literários Laurence Sterne ( ) A vida e as opiniões do cavaleiro Tristam Shandy Xavier de Maistre ( ) Viagem à roda do meu quarto Memórias Póstumas de Brás Cubas: “Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne, ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado.”
Sumários resumo dos pontos principais de cada capítulo CAPÍTULO 1 De como o autor deste erudito livro se resolveu a viajar na sua terra, depois de ter viajado no seu quarto; e como resolveu imortalizar-se escrevendo estas suas viagens. Parte para Santarém. Chega ao terreiro do Paço, embarca no vapor de Vila Nova; e o que aí lhe sucede. A Dedução Cronológica e a Baixa de Lisboa. Lorde Byron e um bom charuto. Travam-se de razões os Ílhavos e os Bordas-d’Água: os da calça larga levam a melhor.
Viagem de Lisboa a Santarém
Santarém / Camões Símbolos da grandeza lusitana do passado
1ª Parte da Viagem De Vapor até Vila Nova da Rainha
Viagem = “símbolo do nosso progresso social” D. Quixote Espírito Ingenuidade Sonho Sancho Pança Matéria Malícia Realidade Andam juntos e progredindo sempre 2 princípios:
Condução narrativa dupla Divagações/sonho (“princípio D. Quixote”) Relato do que acontece na viagem (“princípio Sancho Pança”)
Sou sujeito a estas distrações, a este sonhar acordado. Que lhe hei de eu fazer? Andando, escrevendo: sonho e ando, sonho e falo, sonho e escrevo. Francamente me confesso de sonâmbulo, de soníloquo, de... Não, fica melhor com seu ar de grego (hoje tenho a bossa helênica num estado de tumescência pasmosa!); digamos sonílogo, sonígrafo... A minha opinião sincera e conscienciosa é que o leitor deve saltar estas folhas, e passar o capítulo seguinte, que é outra casta de capítulo.
2ª Parte da Viagem “Traquitana de Cortinas” de Vila Nova até o Pinhal de Azambuja
Estalagem da Azambuja Descrição romântica Idealização Mocinha/herói Descrição verdadeira Sujeira Velha nojenta “Verdade e mais verdade” Crítica aos lugares-comuns românticos/folhetinescos
3ª Parte da Viagem: de mula até Santarém Visita ao “Reino das Sombras” Conversa com Marquês de Pombal
Digressão Principal: história de Joaninha, A menina dos rouxinóis Tempo: Guerra Civil ( ) Narrador: 3ª pessoa (história contada por um companheiro de viagem) Espaço: Vale de Santarém/Ilha Terceira (Açores)/Inglaterra Estilo: sentimentalismo valorização do discurso direto
D. Francisca: avó velha, sentimental e cega
Joaninha dos rouxinóis: 16 anos, olhos verdes, inocência, pureza
Frei Dinis: franciscano de moral rígida, justo, conservador e absolutista Marcas do Passado: Dinis de Ataíde, ex-corregedor Convento de São Francisco, em Santarém, fundado em 1242
Carlos, o primo Liberal, contraditório e impulsivo Em 1830: declamou contra D. Miguel, mostrou-se entusiasta da causa liberal, e protestou que, naquele ano, de tal modo se tinha pronunciado em Coimbra e ainda em Lisboa que só uma pronta fuga o podia salvar. Oposição ideológica: Carlos X Frei Dinis
: Guerra civil no Vale de Santarém Encontro de Carlos com Joaninha Carlos: Coração dividido Joaninha/Georgina
Volta eixo narrativo principal Chegada a Santarém Patrimônio Arquitetônico destruído
Visitas a monumentos históricos e narrativas de lendas locais Santa Iria (Santa Irene) Igreja do Santo Milagre (estória com furto de hóstia) Mosteiro de São Domingos (roubo dos ossos de frei Gil)
Vista atual da casa da Alcáçova, onde Garrett ficou hospedado em Santarém
Vista da Alcáçova para o Tejo
Vista atual da Igreja da Graça, construída no século XIV
O túmulo profanado de D. Fernando
Metalinguagem Neste despropositado e inclassificável livro das minhas Viagens, não é que se quebre, mas enreda-se o fio das histórias e das observações por tal modo, que, bem o vejo e o sinto, só com muita paciência se pode deslindar e seguir em tão embaraçada meada. Vamos pois com paciência, caro leitor; farei por ser breve e ir direito quanto eu puder.
Volta Digressão Principal Carlos ferido na Guerra: é tratado por Georgina e Frei Dinis no convento de São Francisco — Padre, padre! e quem assassinou meu pai, quem cegou minha avó, e quem cobriu de infâmia a minha... a toda a minha família? — Tens razão, Carlos, fui eu; eu fiz tudo isso: mata-me. Mas oh! mata-me, mata-me por tuas mãos, e não me maldigas. Mata-me, mata-me. É decreto da divina justiça que seja assim. Oh! assim meu Deus! às mãos dele, Senhor! Seja, e a vossa vontade se faça...
Anagnórise (reconhecimento) Verdade revelada: Carlos é filho de Frei Dinis. Carlos foge para Évora-monte
Garrett parte de Santarém No vale de Santarém, Garrett encontra Frei Dinis e D. Francisca Carta de Carlos: Na Inglaterra, amou Laura, Júlia e Georgina Na Ilha Terceira, relações com jovem freira Soledad Carlos conclui que não era digno de Joaninha
Desfecho da Novela Sentimental Joaninha ficou louca e morreu Georgina virou abadessa num convento inglês Carlos virou “Barão” Barão = rico que afirma modernizar o país enquanto dilapida as riquezas nacionais em benefício próprio
Caráter Alegórico da Novela Sentimental Carlos: liberalismo revolucionário que se degradou ideologicamente Frei Dinis: Absolutismo conservador Joaninha: pureza que não pode existir mais D. Francisca: Portugal cego que apenas sofre pelos filhos
Reflexões amarguradas É muito mais poético o frade que o barão. O frade era, até certo ponto, o Dom Quixote da sociedade velha. O barão é, em quase todos os pontos, o Sancho Pança da sociedade nova. Menos na graça... Por isso brigamos muito tempo, afinal vencemos nós, e mandamos os barões a expulsá-los da terra. No que fizemos uma sandice como nunca se fez outra. O barão mordeu no frade, devorou-o... e escouceou-nos a nós depois. Como havemos agora de matar o barão?
Crítica ao Romantismo idealizador Mas aqui é que me aparece uma incoerência inexplicável. A sociedade é materialista; e a literatura, que é a expressão da sociedade, é toda excessivamente e absurdamente e despropositadamente espiritualista! Sancho rei de fato, Quixote rei de direito.