ESTÁDIO DE REMO DA LAGOA RODRIGO DE FREITAS

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Transcrição da apresentação:

ESTÁDIO DE REMO DA LAGOA RODRIGO DE FREITAS A história é pródiga ao retratar os sucessos, mas parcimoniosa quanto aos reveses. O que se seguirá rememora o passado e convida a reflexão sobre o porvir. Quem conta a história procura relatar fatos e suas consequências, mas essas últimas são também fatos. Então a história é construída, toda ela, de fatos, devendo ser revelados da forma mais fidedigna possível

NA BUSCA DA VERDADE Encontrar os acontecimentos reveladores da verdade nem sempre é tarefa fácil e menos ainda quando se trata de esporte do remo, cuja memória é pouco preservada. A narrativa a seguir menciona fatos , sem qualquer formulação de um juízo de valor, muito embora isso possa parecer quanto aos resultados dos mesmos Por isso, reafirmamos, efeitos de fatos aqui relatados não são algo imaginário ou formulações teóricas do que poderia ou não ter acontecido, mas consequências palpáveis e provadas. É difícil traçar, desde suas fundações, os deslocamentos dos clubes em suas subsequentes sedes náuticas no mar. Pretendemos, então, apenas formular uma imagem aproximada de como foram perdendo espaço. Não há, pois, aqui a pretensão de recuperar rigorosamente dados históricos naquele sentido

OS CLUBES DE REMO Falar do Estádio de Remo é mencionar o passado dos clubes porque este foi construído , sobretudo, para atendê-los numa substituição aos espaços perdidos na orla marítima De 1851 a 1934 foram fundados no Estado do Rio de Janeiro 45 clubes de remo No entanto pouco subsistiram aos primeiros 20 anos Então vamos considerar para essa análise aqueles que estavam em atividade pouco antes das regatas ou campeonatos começarem a ser disputadas com mais frequência na Lagoa Rodrigo de Freitas, ou seja em 1934

UM CONVITE PARA REMEMORAR UMA HISTÓRIA DE - ANTECEDENTES - IDEALISMO E RESGATE - ABANDONO E DESCASO - OFENSA E DESRESPEITO - INCAPACIDADE E DESCOMPROMISSO - ESPERTEZA - OMISSÃO OU IMPOSSIBILIDADE - E IMAGINAR...um capítulo a ser escrito A vida é feita de transformações e para no esporte entender o presente é interessante voltar ao passado, porque nele ordinariamente encontram-se razões para se ter chegado ao vivido na atualidade

CAPÍTULO PRIMEIRO OS ANTECEDENTES

ANTECEDENTES O remo na cidade do Rio de Janeiro iniciou-se no mar, onde era praticado e se corriam as regatas E na orla marítima tiveram os clubes suas sedes de fundação. Essas sedes estavam em várias praias Como tratamos aqui do Estádio de Remo da Lagoa, é importante saber o então cenário , quando e porque a prática do remo foi levada para a Lagoa Rodrigo de Freitas, bem como o que se projetou nesse sentido

GRANDES INTERVENÇÕES URBANISTICAS A cidade do Rio de Janeiro sofreu no decorrer de mais de um século grandes intervenções urbanísticas em sua orla marítima e todas com aterro de áreas. No final do século XIX toda a orla do centro da cidade era cercada de muitas praias No início do século 20 para a construção da área do Porto foram utilizadas as terras do desmonte do Morro do Senado Para os aterros em toda a volta da Praça 15, indo até além da Rua Santa Luzia, ( ali estavam várias praias fantasmas a que iremos mencionar) utilizou-se material do desmonte do Morro do Castelo – ano de 1922 Para a construção do aterro do Flamengo e adjacências utilizou-se terra de desmonte parcial do Morro de Santo Antônio – obras finalizadas em 1955, para o Congresso Eucarístico Na orla de Botafogo, em 1905 construiu-se a Avenida Beira-mar, e em 1960 a praia artificial do mesmo nome, sendo que para essa última deu-se a dragagem na enseada de Botafogo e o uso de suas areias

REGATAS NO MAR DE 1899 a 1928 Nesse período entre outros corriam regatas no mar principalmente os seguintes clubes Botafogo F.R C.R. Boqueirão do Passeio C.R Flamengo C. R. Guanabara C .Internacional de Regatas C. R. Icaraí C. R. Gragoatá C.R. São Cristóvão C.R. Vasco da Gama Clube de Natação e Regatas Santa Luzia

LOCALIZAÇÃO DE ANTIGAS SEDES MARÍTIMAS DAQUELES CLUBES Botafogo e Guanabara- Em um recôncavo junto ao Túnel do Pasmado- Enseada de Botafogo Flamengo – na praia do mesmo nome - RJ Santa Luzia de Natação e Regatas- Praia de Santa Luzia-RJ Internacional de Regatas- Praia de Santa Luzia-RJ Boqueirão do Passeio- Lagoa do Boqueirão-RJ Vasco da Gama- Ilha das Moças-RJ São Cristóvão- Praia de São Cristóvão- RJ Icaraí- Praia de Icaraí- Cidade de Niterói Gragoatá- Enseada de São Francisco- Cidade de Niterói Obs- As praias de Santa Luzia, da Lagoa do Boqueirão e de São Cristóvão entre outras, são hoje classificadas como “ praias fantasmas”, não mais existindo. O mesmo se passa com a ilha das Moças

LOCAIS DAS REGATAS NO MAR Desde julho de 1899 quase todas as regatas no mar eram disputadas na Enseada de Botafogo, antes chamada de Enseada Gentil, onde existia o memorável Pavilhão de Regatas, construído em 1905 por determinação do prefeito Dr. Francisco Pereira Passos ( gestão de 1902 a 1906 ) Ocorriam regatas , ainda que em menor número, na Enseada de São Cristóvão, Enseada do Boqueirão, Enseada de São Francisco ( Niterói), Praia de Icaraí Haviam ainda as regatas tipo travessia, como entre a Ponta do Calabouço e a Praia da Saudade , entre a lha de Villegagnon e a Praia da Saudade, entre a Enseada da Urca e a Praia de Santa Luzia, entre a praia do Forte São João e a Enseada de Santa Luzia, entre a praia do Forte de São João e a Enseada de Botafogo, entre a Praia de Botafogo e a Enseada de Santa Luzia, entre a Ilha de Villegagnon e a Enseada de São Francisco, entre a Enseada de Botafogo e Praia de Icaraí e até mesmo entre a Enseada de Botafogo e a Ilha do Governador De toda forma a Enseada de Botafogo, com o seu famoso Pavilhão de Regatas era o grande palco do remo, onde corridas 90% das regatas no mar

FOTOS DA ÉPOCA As fotos a seguir apresentadas mostram como era a orla marítima, onde estavam os clubes de remo e as intervenções urbanas que os desalojaram Entre essas estão notadamente a do : Do Pavilhão de Regatas, onde haviam festas à noite ,e onde embarcações eram alugadas para passeios De eventos, regatas e praias onde praticado o remo Da Enseada de Botafogo onde desde 1899 eram corridas regatas do campeonato da União de Regatas Fluminense, entidade administrativa do remo de então. Veja as fotos E inúmeras fotos de período entre 1902 e 1944 não se sabendo e salvo engano quanto a algumas precisar o ano exato , mas todas relacionadas a locais de sedes de clubes de remo e aguas onde era praticado

O Pavilhão de Regatas Era uma grande estrutura metálica, importada da França montada na Enseada de Botafogo. Foi inaugurado pelo então Presidente da República Rodrigues Alves Deu-se a inauguração em 1905 e foi desmontado em 1928 Nele se acomodava o público nas regatas Nele havia restaurante, salão de chá, bar e se tocavam músicas, com eventos noturnos em dias sem regatas Junto a ele haviam embarcações, que eram alugadas ao público para passeios na enseada Realizavam-se nele festas durante as noites Na enseada de Botafogo, ao lado da atual Rua Voluntários da Pátria havia um prédio conhecido por Mourisco ( pelo estilo), que deu origem ao nome do Local VEJA AS FOTOS DE LOCAIS ONDE ESTAVAM AS SEDES DOS CLUBES E ONDE ERAM AS REGATAS.....

Pavilhão de Regatas da Enseada de Botafogo- de frente para a chegada da raia de remo

PAVILHÃO DE REGATAS

Foto aérea do Pavilhão de Regatas na Enseada de Botafogo (1905 a 1928)

Pavilhão de Regatas- praia de Botafogo

Pintura do Pavilhão- barcos para alugar

Interior do Pavilhão de Regatas com acomodações para o público e restaurante, bar, salão de chá, etc

ENSEADA DE BOTAFOGO Pavilhão de regatas

Enseada de Botafogo- raia das regatas Local e direção da raia de remo Partida Chegada

Cais de Botafogo- 1905

ENSEADA DE BOTAFOGO- 1930

Enseada de Botafogo com o Mourisco- 1906 Pavilhão O MOURISCO

Enseada de Botafogo em dia de regata – 1907

Jornal de época com notícia de regata- reprodução das aguas e do Pavilhão

MOURISCO 1900

MOURISCO 1920

MOURISCO 1922

MOURISCO 1935 Sedes do Guanabara e Botafogo

Mourisco - 1933

Mourisco 1940

Santa Luzia de Natação e Regatas 1905 Nessa praia estavam as sedes do Santa Luzia e do Internacional

SANTA LUZIA DE NATAÇÃO E REGATAS SEDE – ATUAL PRAÇA PARIS

RUA SANTA LUZIA- 1910

TRAVESSA MAIA e Convento da Ajuda Local das sedes do Santa Luzia, Vasco e Internacional

PRAIA DE SÃO CRISTOVÃO 1917

BOQUEIRÃO – ORLA MARÍTIMA- 1910 O CLUBE

PONTA DO CALABOUÇO ORLA MARÍTIMA

Pontão do Calabouço 1921

C R Guanabara Enseada de Botafogo perto do atual túnel

Sede social do Botafogo F R

PRAIA DO FLAMENGO inicio século XX- Barcos do CR do Flamengo

Praia da Sede do C R Flamengo já com a murada da praia construída

PRAIA DO FLAMENGO- IDEM

Sede do Flamengo na praia do mesmo nome, ainda isolada no cenário

SEDE DO FLAMENGO JÁ CERCADA POR PRÉDIOS

PRAIA DO RUSSEL E GLÓRIA- 1902

PRAIA DO RUSSEL 1902

Praia da Saudade ( na Urca ) 1930

Praia da Saudade - 1922

Praia da Saudade e Morro da Urca

Praia da Urca -1907

Praia da Saudade 1905

Praia da Saudade

Praia de Santa Luzia- 1905 Sedes de Santa Luzia e Internacional

Praia do Boqueirão ( Lapa) 1902 Local de Sede do Boqueirão

LAPA 1920

Ilha das Moças 1902 Pintura- sede do Vasco da Gama

Local onde ficava a Ilha das Moças entre o canal do mangue e o cais do porto Local da Ilha das Moças

SEDE DO VASCO NA RUA SANTA LUZIA 1942

RIO DE JANEIRO - de 1928 para 1944 Possível distinguir praias aterradas

CAIS DO PORTO DE MARIA ANGÚ 1929 Hoje onde se situa o Iate Clube de Ramos

PRAIA DE S CRITÓVÃO NO PROLONGAMENTO AO MAR

PRAIAS EM 1904 - Praça 15

PARA MELHOR SE SITUAR Ilha Melões Gamboa Saúde Cais Mineiros Ilha das moças Cais Mineiros Prainha Valongo Saco Alferes Saco Gamboa Ilha das cobras Mangue Praia do Peixe Ponta do Calabouço Praia da Gloria Praia Santa Luzia Praia da Lapa Lagoa do Boqueirão Praia do Russel Praia da ajuda Ilha Willegaignon

ÁREA ATERRADA- DESDE A RUA SANTA LUZIA ATÉ A ILHA DE VILLEGAIGNON

MAPA ANTIGO DA REGIÃO

ONTEM E HOJE Onde estariam hoje as sedes dos clubes que ficavam nas chamadas praias fantasmas, cujas fotos já vimos ? A praia de Santa Luzia ficava em frente à Igreja de Santa Luzia A praia do Boqueirão ficava entre o Largo da Lapa e o Passeio Público, onde havia a Lagoa do Boqueirão A praia de São Cristóvão ficava na Enseada ou Saco de São Cristóvão, no atual Bairro de Santo Cristo, ou mais precisamente na Avenida Francisco Bicalho e Rodoviária Novo Rio A Ilha das Moças no atual Cais do Porto Entre outras praias fantasmas estão a da Saúde, Gamboa, do Russel, Dom Manuel, Praia do Peixe, Prainha, Praia da Ajuda, etc Todas essas regiões foram aterradas, além de várias lagoas. Nos slides 55 e 68 vê-se que as praias de Santa Luzia, Ajuda e Boqueirão foram aterradas e o aterro foi até o limite da Ilha de Villegagnon ( slide 64), onde existe hoje a a Escola Naval, ao lado do aeroporto S. Dumont

AINDA AS GRANDES INTERVENÇÕES URBANAS Essas intervenções não se limitaram ao saneamento ou à busca de espaço para certas edificações. Elas também objetivavam o desafogo do transito, com duplicação de pistas de rolamento, vias de acesso, com o que até a enseada de Botafogo sentiu seus efeitos E isso acabou por interferir no principal palco do remo, ou seja, na enseada de Botafogo e seu pavilhão de remo A partir de certa época os clubes passam ter mais e mais dificuldades para a prática do remo e para a realização de suas regatas. Várias praias onde estavam foram aterradas e os clubes foram desapropriados de suas sedes As fotos a seguir mostram o antes e o depois de algumas dessas intervenções urbanas na orla do mar Vejam as praias aterradas e como surgiram o passeio público, a avenida das nações, o palácio Monroe, etc

Morro do Castelo- Em toda a sua volta estavam praias que foram aterradas, notadamente aquelas de Santa Luzia ( onde estavam o Natação e Regatas e o Internacional) e do Boqueirão ( local do clube do mesmo nome) Ponta do Calabouço Praia de Santa Luzia Praia do Boqueirão

PONTA DO CALABOUÇO E SANTA LUZIA- DEMONTE DO MORRO DO CASTELO

DESMONTE DO MORRO CASTELO- 1905/1922 Uma das intervenções que mais afetaram ao remo

MORRO DO CASTELO ANTES DA INTERVENÇÃO - 1800

DESMONTE DO MORRO DO CASTELO Ainda se distinguem locais das praias sedes de clubes

AVENIDA DAS NAÇÕES E O ATERRO- 1922

AVENIDA DAS NAÇÕES- ATERRO

Torreões do Passeio Público - 1900 Sta Luzia (esquerda) – Vasco, Internacional e Boqueirão (direita)

PASSEIO PÚBLICO- 1890

PALÁCIO MONROE-NA CINELANDIA- Notem-se as praias já alteradas ao fundo

IDEM- 1906

PALÁCIO MONROE E PASSEIO PÚBLICO PRAIAS JÁ ALTERADAS

ENSEADA DE BOTAFOGO- 1894

ENSEADA DE BOTAFOGO- 1900

Mourisco 1933

Mourisco 1940

MOURISCO 1949

Mourisco 1952

Mourisco 1952

Mourisco 1960

AEROPORTO SANTOS DUMONT 1950

PRAIA DO FLAMENGO ANTES DO ATERRO

Praia do Flamengo anterior a 1950

Praia do Flamengo 1950

Aterro do Flamengo após 1955

Regata- idos de 1925 mar e pavilhão ao lado da av. beira-mar

Av Beira Mar – Botafogo- 1906

Botafogo hoje – praia artificial

ENSEADA DE BOTOFOGO Aterro para formar a praia – veja a draga e tubulações

Espelho de agua da antiga raia de remo em uso até 1962 ENSEADA DE BOTOFOGO Local da raia de remo tomada por barcos ancorados- veleiros , barcos a motor, etc Espelho de agua da antiga raia de remo em uso até 1962

ENSEADA DE BOTAFOGO LOCAL E DIREÇÃO DA RAIA DE REMO Chegada na praia Largada ao lado do guindaste do morro cara de cão

PONTA DO CALABOUÇO - 1933

Marcada em vermelho - local da antiga raia de remo da enseada de Botafogo( já com a praia)- partida perto do Morro Cara de Cão e chegada na mureta da praia Partida Chegada

Quadro de local das mais importantes Regatas oficiais e de Campeonato no Rio de Janeiro entre 07/1899 e 06/1974 De 04-07-1899 até 20-10-1929 72 regatas- ( todas) realizadas na Enseada de Botafogo De 15-11-1932 até 26-11-1961 33 regatas na Enseada de Botafogo 37 regatas na Lagoa Rodrigo de Freitas 23 regatas de travessias no mar em diversos trajetos De 10-06-1962 a 30-06-1974 79 regatas na Lagoa Rodrigo de Freitas 1 regata na Enseada de São Francisco ( 06-06-1965 ) 1 regata na Enseada de Botafogo ( 15-07-1962 )

Várias razões explicam essa mudança progressiva de local A partir de 11-07-1965 todas as regatas de campeonato foram corridas na Lagoa Rodrigo de Freitas Várias razões explicam essa mudança progressiva de local Devido às intervenções urbanas já referidas na orla marítima os clubes perderam suas sedes de fundação e/ou se moveram ainda que na orla marítima, para subsequentes sedes precárias A Lagoa Rodrigo de Freitas se mostrava um ótimo local para a prática de remo ( aguas mais tranquilas e protegida de ventos) , onde inclusive já se encontravam alguns clubes, como C R Jardinense ( fundado em 1905), o C R Piraque ( fundado em 1908) e o C R Laje, que constituíam a Liga Náutica da Lagoa Rodrigo de Freitas A cidade se desenvolvia para a zona sul A Enseada de Botafogo sofrera intervenções prejudicando a raia, e realização de regatas,inclusive com o local da raia sendo invadido para ancoragem e trafego de embarcações à vela e a motor Vários clubes importantes optaram por ter sedes náuticas na Lagoa

LAGOA RODRIGO DE FREITAS- 1910

LAGOA 1921

LAGOA RODRIGO DE FREITAS- 1889 Fabrica de Tecidos Corcovado- na atual R Jardim Botânico

UMA FASE DE TRANSIÇÃO - I Não é tarefa fácil estabelecer uma cronologia dos efeitos prejudiciais das transformações urbanas na orla marítima ao remo, e isso porque: Vários foram os períodos dessas intervenções Elas ocorreram em vários locais Diversos eram os clubes Os Clubes tinham suas sedes em locais diferentes Alguns tiveram maiores dificuldades que outros, em obter novas sedes até mesmo por recursos econômicos. E o poder público ou não indenizava os clubes pelas desapropriações de suas sedes ou o fazia com parcos valores incapazes de proporcionar novas adequadas sedes

UMA FASE DE TRANSIÇÃO II Vejamos, em linhas muito gerais, o que ocorreu com os clubes quando desalojados de suas sedes de remo O Botafogo F R e o C R Guanabara apesar de movidos conseguiram novas garagens às margens do mar. A do Guanabara se mantém até hoje e do Botafogo foi desativada mais tarde O remo do C R Flamengo deslocou-se para a extinta Praia do Pinto, na Lagoa Rodrigo de Freitas, basicamente ao lado onde hoje se encontra O São Cristóvão foi para a Ponte do Fundão, no Parque União- Ilha do Governador O Vasco da Gama foi da Ilha das Moças para a Travessa dos Maias, depois para a Rua Santa Luzia e anos mais tarde para um Galpão onde hoje existe o Trevo do Estudante, construído para servir aos participantes do Congresso Eucarístico de 1955, sendo depois deslocado para o atual Centro Náutico do Calabouço Mas o Vasco da Gama além disso veio a ocupar um terreno às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, perto de onde está hoje o pontão de largada das regatas e, para mais tarde, em 1948 inaugurar uma sede na Rua General Tasso Fragoso

UMA FASE DE TRANSIÇÃO III O Santa Luzia estava no Passeio Público, indo depois para a Rua Santa Luzia, depois, como o Vasco da Gama, para um galpão no atual Trevo do Estudante e finalmente para Centro Náutico do Calabouço O Internacional estava na Travessa dos Maias, indo depois para a Rua Santa Luzia e mais tarde e na mesma época seguindo os passos do Vasco da Gama quanto ao Trevo do Estudante e Centro Náutico do Calabouço O Boqueirão estava na Lagoa do Boqueirão, indo depois para a Praia da Lapa, mais tarde para a Travessa dos Maias, depois Rua Santa Luzia e mais tarde e na mesma época vai, como o Santa Luzia, Internacional e Vasco da Gama, para o Trevo do Estudante, e Centro Náutico do Calabouço Já o Botafogo F R conseguiu uma sede no Sacopã ( na Lagoa Rodrigo de Freitas), antes ocupada por uma restaurante, na chamada Curva do Calombo. Portanto vários foram os descolamentos de sedes dos clube de remo, para sedes precárias e constantemente ameaçados de novas desocupações pelos avanços das intervenções urbanas nas praias

SACOPÃ- CURVA DO CALOMBO

INSTALAÇÃO DESATIVADA DO ANTIGO RESTAURANTE DA CURVA DO CALOMBO- hoje com o Botafogo

Local da atual sede do BOTAFOGO no Sacopã- em instalações desativadas do antigo restaurante

UMA FASE DE TRANSIÇÃO IV Com as Regatas de Campeonatos sendo realizadas na Lagoa Rodrigo de Freitas, os clubes que não migraram suas sedes náuticas para esse local passaram a ter muitas dificuldades para competir naqueles Tinham que transportar seus frágeis barcos em caminhões para a Lagoa e depois com os mesmos retornar. Havia o custo do transporte e o risco de danos, e numa época que nem mesmo se cogitava de carretas próprias para isso. E um caminhão levava no máximo 2 a 3 barcos por vez, além do que necessitava-se de licença especial do DETRAN para cada transporte Com exceção do Vasco da Gama, do Flamengo e do Botafogo., todos os demais foram atingidos e, mais ainda o Icaraí e o Gragoatá , para os quais( devido à distância de Niterói, e ainda inexistente a Ponte ) tornou-se quase impossível prosseguirem competindo no campeonato da cidade do Rio de Janeiro Então nas regatas na Lagoa quase nunca se viam o São Cristóvão, o Boqueirão, o Santa Luzia, o Internacional, o Icaraí, o Guanabara e o Gragoatá Nas regatas na Lagoa compareciam o Botafogo, Flamengo e Vasco E muito mais tarde o Guanabara, a Escola Naval e o Piraquê ( porque obtiveram a partir dos anos 70 boxes na Lagoa)

Um retrospecto –ainda que distante Vários desses clubes tinham um retrospecto de resultados, títulos ou campeonatos, ainda que em passado distante Segundo fontes oficiais, de 1898 até 2012 os campeões cariocas foram os seguintes com os respectivos títulos conquistados C R Flamengo......................47 ( omitimos os anos) C R Vasco da Gama.............46 ( omitimos os anos) Botafogo F R ......................04 ( 1999, 1960,1962,1964) Boqueirão do Passeio.........04 ( 1901,1903,1925,1926 ) Gragoatá.............................04 ( 1898,1900,1903,1908) Santa Luzia..........................04 ( 1902,1907,1910,1911) Guanabara..........................03 ( 1915,1922,1923) Internacional.......................01 ( 1909) São Cristóvão.......................01 ( 1918 ) Obs as regatas na Lagoa se tornaram frequentes a partir de 1928

Uma comparação que dá o que pensar Sabemos que a partir de 1928 as regatas começaram a se realizar também na Lagoa Rodrigo de Freitas, e que já em 1927 as condições para remar e competir no mar eram precárias, sendo mais para alguns e menos para outros O pavilhão de regatas foi desmontado em 1928 Quando fazemos um levantamento dos campeões de 1898 até 1927 ( 30 anos- fonte de consulta FRERJ) verificamos o seguinte por conquistas C R Vasco da Gama .......................................,.... 9 títulos Boqueirão.....................................................,.... 4 títulos Gragoatá............................................................ 4 títulos Santa Luzia........................................................ .4 títulos Guanabara..........................................................3 títulos Flamengo............................................................3 títulos Internacional...................................................... 1 título São Cristóvão...................................................... 1 título Botafogo............................................................. 1 título A partir da 1828 passa a ser grande o desequilíbrio entre esses clubes Isso estaria a demonstrar que a desigualdade desde então fosse por condições do local das competições, de prática( treinamento), ou de sede náutica ?

ESPAÇOS PARA NA LAGOA PARA SEDIAR CLUBES DE REMO Os espaços na Lagoa Rodrigo de Freitas que poderiam sediar clube de remo não eram poucos Mas os clubes como o Guanabara, Internacional, Santa Luzia, Boqueirão, Icaraí, Gragoatá e São Cristóvão, não dispunham de condições econômicas para adquirir terrenos na Lagoa Não se podia construir nas margens da Lagoa sem a autorização do Município, que não as dava Os clubes despejados em sua sedes no mar não tiveram pelo poder público, que os desalojou a reconhecimento para uma justa compensação

CAPITULO SEGUNDO IDEALISMO E RESGATE

IDEALISMO E RESGATE O Estádio de Remo nasceu do idealismo de três pessoas vinculadas ao remo e que o tinham praticado no mar. Foram eles Antônio Arlindo Laviola, ex-timoneiro do Santa Luzia de Natação e Regatas, campeão brasileiro em 4 com timoneiro em 1921 Benedicto de Barros, ex-remador do Botafogo F R, grande vencedor da prova clássica Comte. Midosi em 4 com timoneiro Carlos Osório de Almeida, ex-timoneiro do Clube de Regatas Guanabara, campeão brasileiro em 1945 e 1951 e Sul-americano em 1945 O Engenheiro Arlindo Laviola, Chefe do 4º Distrito de Obras do D.F. foi incumbido inicialmente, pelo Prefeito do D. F. João Carlos Vital, em 1951, de construir uma arquibancada de madeira na Fonte da Saudade, onde era a linha de chegada das regatas Por diversas razões e após cuidadosa análise do arquiteto Benedicto de Barros., aconselhando a inversão do sentido das regatas, ficaram clubes e federação convencidos em dar preferencia em construir um estádio de remo ao lado da nova linha de chegada. Iniciava-se a luta pelo Estádio de Remo Dai em diante a concretização do projeto do Estádio de Remo passou a depender bastante do prestígio e influência política de Carlos Osório de Almeida, então Consultor Jurídico da Câmara de Vereadores do Distrito Federal para a obtenção de verbas e de Arlindo Laviola, nomeado Diretor do Departamento de Estradas e Rodagem do Distrito Federal, para afastar o convencimento político de entidades contrárias ao projeto. E também de um extraordinário projeto do arquiteto Bendicto de Barros Segue.........

IDEALISMO E RESGATE II O PROJETO ERA PARA UMA ARQUIBANCADA QUE ACOMODASSE 40 000 PESSOAS E AINDA, SOB ELA, 14 GARAGENS ( BOXES) PARA OS CLUBES FILIADOS NA ÉPOCA Á FEDERAÇÃO. PREVIA-SE AINDA SALAS PARA MUSCULAÇÃO, DOMITÓRIOS PARA REMADORES E UM RESTAURANTE, ALÉM DE UM DEPARTAMENTO MÉDICO ENFIM UM ÓTIMO LOCAL DE PRÁTICA E TREINAMENTO E coube, como já se disse, ao arquiteto Benedicto Barros elaborar um funcional projeto o qual feito com linhas modernas ,ambientado com bela estética e os melhores aperfeiçoamentos da época, ou seja 1954 Poucas não foram as dificuldades enfrentadas, inclusive vindas do Jockey Club Brasileiro o qual se opôs às arquibancadas as quais alegava lhe tiraria a vista da Lagoa No entanto a tenacidade daqueles três homens, e a união de forças do remo fez a tudo superar A seguir apresentamos foto de linda maquete do que teria sido o Estádio de Remo em sua concepção original e plantas

Maquetes do Projeto do Estádio de Remo

Planta de localização Mostra a pequena península onde ficava o E R e o acesso aos boxes pela parte de trás da arquibancada AGUA ACESSO AOS BOXES R A I A DE REMO

IDEALISMO E RESGATE III Aqueles três homens, Arlindo Laviola, Benedicto Barros e Carlos Osório de Almeida, foram mais que idealistas, foram visionários e edificadores de uma obra que teria mudado o destino do remo brasileiro Enquanto o homem comum pensa o quotidiano, o dia a dia, o visionário pensa o futuro porque tem a capacidade de enxergar mais longe, de antever o porvir e assim fazendo é capaz de mudar o curso da história. O projeto do E R, magnifico e todos os sentidos, de arquitetura esteticamente admirável e até hoje atual ,previa uma funcionalidade avançada na época, e perfeitamente adequado à aquela que é uma das mais lindas raias de remo do mundo Vejamos o que ele trazia....

IDEALISMO E RESGATE IV Consolidava a Lagoa Rodrigo de Freitas como o palco das maiores e melhores regatas do Brasil, dando a essa uma dimensão esportiva de grande porte e de entretenimento. Em futuro( 2016) breve, raia olímpica Substituia aos clubes de remo os espaços perdidos com as intervenções na orla marítima e os concentrava em um só local e, melhor ainda, de forma definitiva, concretizando um espaço público para um bem maior Criava um verdadeiro centro para a prática de remo, o que na época nem mesmo era pensado e o fazia com notável obra arquitetônica Dava à Federação de Remo uma sede perene a ao lado dos clubes Criava as melhores condições ao desenvolvimento do remo do Rio de Janeiro, concentrado todas as suas forças em um mesmo local Criava um modelo , até então nunca pensado, e que poderia ser seguido em várias regiões do Brasil. E descortinava ao mundo uma das melhores raias de remo que se pode ter, só comparável a de Lucena Unia o local de espetáculos das regatas ao de treinamento dos clubes, podendo o público não só acompanhar os eventos, como conhecer os bastidores dos clubes de remo. Dinamizava uma área do zona sul dando-lhe nobre destinação Previa uma nova dimensão para o esporte, o que somente 30 anos mais tarde veio progressivamente veio acontecer

IDEALISMO E RESGATE V Poderíamos falar muito mais dos benefícios que teriam vindo pelo E R, no entanto o mais importante é que esses homens, que competiram no mar, viram e viveram as agruras vividas pelos clubes de remo como causa do desenvolvimento urbano e reconheceram na Lagoa Rodrigo de Freitas, um local primoroso para a prática e competições de remo, tiveram a capacidade de idealizar e construir um novo caminho para os clubes de remo, e com uma visão única o qual viesse a ser trilhado normalmente teria alterado de forma absoluta o destino desse esporte no Brasil Estavam, pois, plantados os alicerces de algo magnifico, único, cujo modelo acabaria por ser acompanhado por outros esportes. Era a antevisão do futuro vinda de homens do remo E era também um novo horizonte que se abria a um esporte maltratado pelas intervenções urbanas, resgatando valores e em absoluto respeito á ecologia e sustentabilidade , além de contribuir na formação de um patrimônio histórico e cultural

IDEALISMO E RESGATE VI PESSOAS HÁ PARA AS QUAIS A FORÇA DO DESTINO É INEXORÁVEL. PARA OUTRAS NINGUEM, SENÃO NOS MESMOS, SOMOS RESPOSÁVEIS PELO PORVIR. NA ANTIGUIDADE O DESTINO, ENTÃO CONHECIDO COMO FORTUNA ERA O CONDUTOR A VITÓRIAS OU FRACASSOS DE UMA FORMA OU DE OUTRA, NÃO RARAMENTE O QUE SE ATRIBUI AO DESTINO VEM SOB A FORMA DE SINISTRO, QUE PODE SE EXAURIR NELE MESMO OU SER O PONTO DE PARTIDA DE UMA SUCESSÃO ACONTECIMENTOS E O SINISTRO NÃO MARCA LOCAL, DIA OU HORA DE CHEGADA, COMO TAMBÉM NÃO MANDA AVISOS E ELE VEIO QUANDO DE UM EVENTO NA CONSTRUÇÃO DO ESTÁDIO DE REMO, COMO PONTO DE PARTIDA DE ACONTECIMENTOS RUINS O ESTÁDIO DE REMO ERA COMPOSTO DE DOIS MODULOS O PRIMEIRO COM UMA ARQUIBANCADA EM FORMA DE LEQUE E SOB A QUAL FICAVA A ADMINISTRAÇÃO E PARTE SOCIAL O SEGUNDO, COM UMA ARQUIBANCADA RETANGULAR SOB A QUAL FICAVAM AS GARAGENS OU BOXES

IDEALISMO E RESGATE VII O PRIMEIRO MODULO JÁ HAVIA SIDO CONCLUÍDO E O SEGUNDO ESTAVA EM FASE ADIANTADA DE CONSTRUÇÃO, FALTANDO A DIVISÃO DOS BOXES MAS IDEALIZOU-SE UMA MARQUISE ( COBERTURA DA ARQUIBANCADA) ,PARA O SEGUNDO BLOCO, QUE VEIO A RUIR EM CONSTRUÇÃO E COM PERDA DE VIDAS A OBRA FOI EMBARGADA , ASSIM FICANDO POR BOM TEMPO. POR ESSE FATO E OUTRAS RAZÕES O ENTÃO PREFEITO DO D.F. ,FRANCISCO NEGRÃO DE LIMA, ( MANDATO DE 1956 A 1958) NÃO SE SENTIU ESTIMULADO A LIBERAR VERBAS PARA A CONCLUSÃO DO ESTÁDIO DE REMO A OBRA FICOU PARADA DURANTE DEZENAS DE ANOS, NÃO SENDO RETOMADA DESDE O SEU INÍCIO ATÉ A MUDANÇA DO DISTRITO FEDERAL PARA BRASÍLIA A ADMINISTRÃO DO ESTÁDIO DE REMO ERA DA PREFEITURA DO DISTRITO FEDERAL DO RIO DE JANEIRO O ESTÁDIO DE REMO PASSOU A SER USADO APENAS PARA O PÚBLICO EM REGATAS, SENDO ÚTIL PELAS SUAS ARQUIBANCADAS E NADA MAIS MAS NÃO SE VÁ ATRIBUIR Á QUEDA DE UMA MARQUIZE TUDO O DE RUIM QUE VEIO DEPOIS. NÃO SE PODE SER TÃO SIMPLISTA OU INGENUO. FOI APENAS O PONTO DE PARTIDA NA VERDADE,E COMO SE VERÁ, FALTOU AO PODER PÚBLICO A VONTADE E DETERMINAÇÃO POLÍTICA PARA A SUA CONCLUSÃO, E HOUVE A OMISSÃO DE DIRIGENTES DO REMO

LAGOA – DIA DE REGATA -1956

LAGOA – DIA DE REGATA - 1956

DIA DE REGATA – ANOS 60- mais de 30 000 pessoas O PÚBLICO NÃO CABIA NAS ARQUIBANCADAS, SENDO USADOS TODOS OS ESPAÇOS EXISTENTES

Dia de Regata – idos de 1976

PARTE FINAL DA RAIA DE REMO Ao final se vê a verdadeira favela da Praia do Pinto

IDEM

CAPITULO TERCEIRO ABANDONO E DESCASO

ABANDONO E DESCASO I Em 21/04/1960 a capital da república é transferida para Brasília e a cidade do Rio de Janeiro deixa de ser o Distrito Federal Ainda em abril ( 14/04/1960 ) do mesmo ano foi criado o Estado da Guanabara Já em 15/03/1975 dá-se a fusão do Estado da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro O Estádio de Remo passa então por sucessivas administrações conforme a titularidade dos bens dos entes acima referidos

ABANDONO E DESCASO II Desde a sua construção ( 1954) até março de 1960 o E R foi administrado pelo Distrito Federal De abril de 1960 até março de 1975 como imóvel do Estado da Guanabara é por esse administrado, registrando-se que a cidade do Rio de Janeiro era uma Cidade Estado Em 15/03/1975 passa a ser de titularidade do Estado do Rio de Janeiro, pelo seu governo gerenciado ( esse novo Estado teve a si incorporados todos os bens do Estado da Guanabara) Em 1994 é feita a cessão do Estádio de Remo ao Município do Rio de Janeiro, vedado o repasse a terceiros. Mas em 22/09/1997 o Estado do Rio de Janeiro assina com uma empresa particular um Termo de Permissão de Uso, tendo Município do Rio de Janeiro , original cessionário, como interveniente A Cessão do Estádio de Remo ao Município teria sido cancelada em 07/12/2004 pelo Estado do Rio de Janeiro

ABANDONO E DESCASO III Esse Termo de Permissão, precário, improrogável e por 10 anos a particular para exploração comercial previa como objetivo desenvolvimento do remo e remete necessariamente a um Convenio, a ser celebrado entre a FRERJ ou CBR, as obrigações dos convenentes, quanto aos implementos para desenvolvimento do remo. Esse convenio é parte das obrigações contratuais Mas esse convenio não foi celebrado de forma adequada carecendo de legitimidade quem nele representou o remo ( a CBR, mas e deveria ter sido a FRERJ) e convencionando-se um mínimo que quase nada contribui para seu desenvolvimento A empresa cessionária faz várias reformas no Estádio de Remo, mas todas elas unicamente para exploração comercial, com cinemas, restaurantes, etc, e nada fisicamente identificável aproveitando especificamente ao remo A administração do E R desde 22/09/1997 passou a ser, privatizada, de responsabilidade de uma empresa denominada Lagoon Centro Múltiplo de Esporte e Lazer do Estádio de Remo da Lagoa, mas não se constata no local multiplicidade de esportes ABANDONO E DESCASO RESULTAM DE OMISSÃO DE QUEM TEM O DEVER DE AGIR E SE MANTEM INERTE- HÁ CULPA

ABANDONO E DESCASO III Todas aquelas administrações dos órgãos acima mencionados e que tinham o poder-dever de gerenciar o Estádio de Remo, e fazer cumprir a sua finalidade, prevista em lei, foram omissos em vários sentidos e com isso muito prejudicaram o remo. Assim agiu o Distrito Federal, os Governos do Estado da Guanabara, do Estado do Rio de Janeiro e da cidade do Rio de Janeiro , e numa sucessão que veio de 1954 até os dias de hoje Por 62 anos seguidos ( mais de meio século) ignoraram, fecharam os olhos e tamparam os ouvidos, se esconderam e para um tema que transcendia ao remo porque dizia respeito a toda a comunidade da Lagoa Rodrigo de Freitas, à ecologia, a sustentabilidade, ao patrimônio histórico e cultural, etc Desde 1954 até 1995 o Estádio de Remo se constituía em um próprio público fundamentalmente abandonado, sem adequada conservação de suas estruturas, se prestando basicamente, e mal, a abrigar público em regatas Uma única iniciativa foi feita para seu parcial aproveitamento Entre 1978 e 1990 a SUDERJ implantou ali um projeto de escolinhas ( de iniciação desportiva) abrangendo várias modalidades e que foi muito bem sucedido, mas mesmo assim as instalações eram precárias e improvisadas. Em outras palavras, ocorria a utilização do próprio para alguns fins desportivos, mas nada se fazia para o término da obra. Todavia ainda assim esse projeto beneficiou o público

ABANDONO E DESCASO IV Em verdade os sucessivos órgãos de administração de estádios ( Maracanã ou Mário Filho, Gilberto Cardoso, Célio de Barros, Estádio de Remo, entre outros e aí se incluía o Teatro Municipal ) no Rio de janeiro nunca viram o Estádio de Remo com bons olhos, senão um inconveniente, um incomodo, que não gerava renda, ao contrário do Maracanã, mas despesas E verbas não eram liberadas senão para sua precaríssima manutenção, e serventia como arquibancada em dias de regata De toda forma o tempo foi passando e a relegação do Estádio de Remo à sua própria sorte nunca encontrou uma explicação convincente, senão política, e ainda mais quando o remo foi até os idos de 70 o único esporte que rivalizava com o futebol em ocupação de espaço na mídia e adeptos entre torcedores dos clubes Dúvida houvesse sobre isso e pode-se recapitular a final do campeonato carioca de 1969, quando acorreram ao Estádio de Remo não menos de 25 000 pessoas E essa referencia não é saudosismo mas realidade

CAPITULO QUATRO OFENSA E DESRESPEITO Voltando no tempo

OFENSA E DESRESPEITO MMMMWWWDDWMWDMWMDMWDMWDEF F FE MMWJJJJFEE ENQUANTO A OMISSÃO PODE VIR SOB A FORMA DE ABANDONO E DESCASO, A OFENSA E O DESRESPEITO DERIVAM DE ATOS COMISSIVOS, QUANDO O RESPONSÁVEL QUER PRATICAR O ATO, E AGE COM A VONTADE DE CAUSAR UM DANO. ENTÃO HÁ DOLO MMMMWWWDDWMWDMWMDMWDMWDEF F FE MMWJJJJFEE VOLTANDO NO TEMPO DURANTE O GOVERNO DE CARLOS LACERDA ( 1960 a 1965 ), EM PLENA DITADURA, E POR MERO CAPRICHO E VINGANÇA PESSOAL, E AINDA SEM QUE TAL INICIATIVA RESULTASSE EM QUALQUER BENEFÍCIO PARA A LAGOA OU PARA A CIDADE, DEU-SE O ATERRO DE PARTE DA LAGOA E JUSTAMENTE POR ONDE OS BARCOS TERIAM ACESSO `AS GARAGENS OU BOXES, COM O QUE O PROJETO DO ESTÁDIO DE REMO FICOU MUTILADO CONSIDERAVELMETE . NO LOCAL DO ATERRO CONSTRUIU-SE, EM 1965, UM EMPREENDIMENTO PRIVADO NOMINADO ‘ DRIVE-IN’ ( UM CINEMA AO AR LIVRE COM ESTACIONAMENTO PARA AUTOS - ), UMA CASA NOTURNA ( SUCATA – aberto em 1970) E UM HELIPORTO ( COM PEQUENO ESPAÇO) . ESSA ÁREA ( DO DRIVE-IN E CASA NOTURNA) É A ONDE SE ENCONTRAVA A EXTINTA ESTAÇÃO DO CORPO. E NEM SE ARGUMENTE QUE O HELIPORTO NECESSITACA DESSE ESPAÇO PORQUE EXISTIAM OUTROS MUITO MELHORES LOCAIS PARA SUA INSTALAÇÃO.

LAGOA ANTES DO ATERRO DO ACESSO AOS BOXES Estádio de Remo Área de acesso aos boxes

LAGOA APÓS ATERRO AO ACESSO AOS BOXES Área aterrada

CONSEQUENCIAS DO ATERRO O referido aterro prejudicou o projeto original Deu argumento aos que não queriam consolidar o Estádio de Remo alegando a superveniente imprestabilidade do projeto Despertou a cobiça de outras empresas que queriam se aproveitar de espaços na Lagoa, tal como ocorreu com o Drive-in, e o que efetivamente acabou se dando Gerou a necessidade de alteração do projeto original do Estádio de Remo, adequando-o à nova realidade, e com custos adicionais E por tudo isso causou prejuízo ao remo e á Lagoa

COBIÇA E TENTATIVA FRUSTRADA I Quatro anos após a instalação do Drive-in, em 1965, e Sucata em 1970, iniciam-se nos bastidores da política, tentativas de empresas privadas da utilização do Estádio de Remo para exploração comercial Contra isso o Correio da Manhã, jornal de oposição do regime ditatorial que comandava o país , promoveu uma campanha, em defesa do Estádio de Remo e a conclusão de suas obras Com ela logrou-se politicamente a defesa , evitando que fosse invadido, mas não a conclusão das obras Essa campanha consistiu em publicar todos os domingos, durante mais de 6 meses, e em página inteira, entrevistas com as mais significativas pessoas do desporto no Brasil, todas em defesa do Estádio de Remo O Jornal era Presidido por Nyomar Bittencourt Coordenava a campanha o jornalista Helio Rocha. Foram entrevistados entre outros o Brigadeiro Jerônimo Bastos ( Presidente do Conselho Nacional dos Desportos), João Havelange SEGUE.....

COBIÇA E TENTATIVA FRUSTRADA II Presidente da Confederação Brasileira de Desportos) prof Maria Lenk ( Vice-Diretora da Escola Nacional de Educação Física e Desportos da UFRJ) , o Comandante de Marinha Lamartine Pereira da Costa ( da Escola de Formação de Oficiais das Forças Armadas ), Waldemar Areno ( Diretor Escola Nacional de Educação Física e desportos da UFRJ ) Carlos Osório de Almeida ( Conselheiro do CND ). André Richer ( Conselheiro do CND e do CR Flamengo) e de igual importância, todos os presidentes dos clubes de remo na época e da Federação Metropolitana de Remo Pelas características do poder público na época, somente o prestígio e o respeito às pessoas acima relacionadas, impediram que sérias ameaças , tanto ao jornal, como às pessoas que coordenavam a campanha, fossem cumpridas Logrou-se um dos objetivos- manter fora do Estádio de Remo empresas privadas. O Segundo, objetivo da campanha, o término da construção, que dependia mais da vontade política que de verbas públicas- não se conseguiu

Local dos boxes abaixo da arquibancada Grupo das pessoas mencionadas em defesa do Estádio de Remo- vê-se ao centro a saudosa prof. Maria Lenk

UMA ORQUESTRAÇÃO I O Estádio de Remo, tem por destinação legal ( e de origem) a prática e desenvolvimento do remo, não podendo essa finalidade, sob qualquer pretexto, ser desrespeitada Mas o poder público, de maneira orquestrada, exerceu uma forma de contornar parcialmente essa previsão Concedeu permissão ( em 09/1997 ) a uma empresa para a exploração comercial (o que já deve ocorrer em perto de 6 anos, no mínimo) do imóvel e com a explicação de que estaria sendo dada essa autorização para se auferir recursos e com parte dos mesmos promover o desenvolvimento do remo Com isso a um só tempo deixa da gastar dinheiro com a manutenção do imóvel, como ainda tem ganho porque empresa permissionária paga ao Estado percentual ( de 10%) da receita da exploração Estima-se hoje ao que se informa e salvo engano uma paga de R$ 90 000,00 ao mês E o que ocorre é que no local dos boxes foram construídos cinemas, restaurante, etc, e o próprio passa a ser objeto de pura exploração comercial, em todos os sentidos, até mesmo para estacionamento de autos, ainda que possa acolher público em regatas, Não há previsão de específicos benefícios a serem destinados ao remo, salvo a afirmativa genérica de que deve haver resultados para desenvolvimento do mesmo Então pergunta-se o que foi feito de concreto até hoje em benefício desse esporte? Que fatos físicos podem ser assim considerados? É possível listá-los ? E não se diga , porque seria uma idiotice total, que são realizadas regatas e que o público tem acomodações para assisti-las porque isso sempre ocorreu, e desde 1954 e sem que se necessitasse da presença de entes particulares no imóvel. A raia de remo é da Lagoa e as arquibancadas sempre existiram Ao mesmo tempo qual a fiscalização que exerce o Governo do Estado sobre o cumprimento de uma das obrigações da cessionária, que seria o de apresentar algo de palpável por ela repassado para o desenvolvimento do remo? Nenhuma? E o convenio celebrado é ilegítimo

UMA ORQUESTRAÇÃO II Toda essa questão do contrato celebrado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro com a empresa LAGOON foi objeto de ações judiciais , questionando-se a legalidade do contrato, com o que a ela vamos nos referir apenas listando os processos pendentes de solução final No entanto seria de todo interesse que a empresa que ora explora o Estádio de Remo viesse a público e dissesse no que tem beneficiado ao remo, ainda que fosse o pagamento de conta de agua ou de luz, dando-se transparência ao que está acontecendo E isso poderia faze-lo em seu próprio benefício e sítio da internet onde noticia tão bem eventos de todos os tipos menos o esporte, apesar de ter como razão social a multiplicidade esportiva. Afinal como um bem público foi afetado condicionalmente é importante se saber da execução das condições De toda sorte trata-se de mais um, dentre os inúmeros casos em que o Estado ( genericamente falando), numa confissão implícita da sua inapetência ou incapacidade de gestão, acaba por transferir a particulares bens e serviços públicos, desonerando-se , duvidosamente de suas obrigações e ainda auferindo rendas. Trata-se da tão conhecida privatização daquilo que é público. E no caso do Estádio de Remo mesmo afastando a suposta ilegitimidade do contrato, o mínimo a se exigir é a transparência na sua execução, listando-se os eventuais benefícios ao desenvolvimento do remo E isso não é feito. Enfim, se o contrato está em vigor então que se cumpram com todas as obrigações nele previstas. Incluídas as de benefício ao remo. E que se dê demonstração disso

AS AÇÕES JUDICIAIS RELATIVAS AO ESTÁDIO DE REMO 1. Processo 2003.001.054921-8, Justiça Estadual (ACP) – 8ª Vara de Fazenda Pública da Capital. Partes: Ministério Público (Cidadania) do Estado do Rio de Janeiro (Federação como assistente) x Estado do Rio de Janeiro, Município do Rio de Janeiro e Glen Entertainment. Objeto declaração de nulidade da permissão de uso concedida pelo Estado a Glen 2. Processo 2006.001.144777-1, Justiça Estadual (Interdito) – 2ª Vara de Fazenda Pública da Capital. Partes: Federação de Remo x Estado do Rio de Janeiro. Objeto: Ação em que a Federação discutia a entrada do Estado em suas dependências para realização de mudanças com vistas a atender aos Jogos Pan-americanos. Realizado acordo, com homologação judicial, o qual foi executado, tendo a Federação reavido a Torre de Arbitragem e os boxes. 3. Processo 2008.001.150299-4, Justiça Estadual (ACP) – 2ª Vara de Fazenda Pública. Partes: Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Meio Ambiente) X Glen Entertainment. Objeto: O Ministério Público entrou com esta ação com base em fundamentos jurídicos para caracterizar que a Glen tem uma atitude prejudicial ao bem público (Estádio de Remo).

AÇÕES JUDICIAIS RELATIVAS AO ESTÁDIO DE REMO 4. Processo 2008.51.01.005387-3, Justiça Federal (ACP) – 21ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Partes: Ministério Público Federal X IPHAN, Glen e outros. Objeto: Ação que pretende provar que o interesse público está sendo lesado. Solicitando o retorno do bem à Federação de Remo, evitando maiores danos ao meio ambiente vizinho e defendendo o interesse popular. 5. Processo2008.51.01.006982-0, Justiça Federal (Ação Popular) 1ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Partes: Luiz José da Silva Barros x IPHAN, Glen e Estado do Rio de Janeiro . Objeto: Visando à proteção do patrimônio público contra a sua desfiguração . 6. Processo 2009.001.061409-2, 8ª Vara Cível da Capital (RJ). Partes: Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro X Glen Entertainment. Objeto: A Federação de Remo postula ser reconhecida como genuína usuária do Estádio de Remo da Lagoa e que cabendo-lhe explorar a área com o fim desportivo e não comercial. . Com exceção da ação em que houve acordo( de interdito) nenhuma das demais teve decisão final, estando todas em transito

CAPITULO QUINTO INCAPACIDADE E DESCOMPROMISSO - ainda rememorando-

O REMENDO O aterro da parte da Lagoa que dava acesso aos boxes causou considerável prejuízo ao projeto original do Estádio de Remo No entanto existe uma diferença entre prejudicar e inviabilizar E o tratamento que a autoridade pública deu a essa questão foi a de que o projeto tivesse sido inviabilizado, buscando, uma solução que demonstrou a um só tempo alheamento à essência e alcance do mesmo, como também incapacidade na solução ( ou terá sido vontade?) Vejamos o que houve

DO QUE PODERIA TER SIDO FEITO PARA O QUE FOI REALIZADO A questão do Estádio de Remo clamava por uma solução e os clubes de remo e a Federação demandavam ao poder público, responsável pelo a aterro Então esse último, numa solução que a ele ( Governo do Estado ), e somente a ele, parecia a adequada, mas com recursos financeiros vindos do Conselho Nacional dos Desportos ( entenda-se Brigadeiro Jerônimo Bastos , um eterno defensor e admirador do remo) resolve construir, em área contigua á arquibancada retangular , 8 boxes, até porque não havia terreno para mais. E mesmo que o CND tivesse dado recursos não poderia ditar intervenções a seu molde em próprio do Estado. A obra foi inaugurada em 1975 Isso ocorreu durante o Governo do Sr Chagas Freitas, de 1971 a 1975 o qual foi convencido dessa solução por seus assessores e pelo órgão de administração dos estádios Mas essa obra foi apenas um parco remendo. Nem mesmo atendeu aos 14 clubes anteriormente previstos

RELEMBRANDO A LESÃO Parte de frente dos boxes Área aterrada – parte traseira dos boxes Acesso dos barcos pela agua

UMA SOLUÇÃO POSSÍVEL O segundo modulo estava assim construído: uma arquibancada debaixo da qual as estruturas dos boxes já prontas, faltando apenas as divisórias que seriam feitas com paredes de tijolos Os pisos dos boxes eram rebaixados em relação ao solo em sua frente ( parte do pátio frontal aos mesmos) , e de forma tal que havia uma abertura de cerca de 1.50 m, a qual inadequada ( baixa) para o acesso dos barcos às garagens pela frente Rebaixando uma pequena parte do pátio à frente dos boxes, em cerca de 1,0 m, por toda a extensão dos mesmos e numa largura 4 a 5 metros, com aclive, passaria a haver altura suficiente para o acesso dos barcos pelo transporte pelos remadores, e o acesso à agua se daria pela frente do Estádio de Remo Isso significava uma obra de intervenção pela qual se cavaria uma área de 45 m de comprimento X 1,0 m profundidade X 5 a 6 metros largura , o que e resgataria adequadamente o projeto, ou pelo menos para ótimo uso. Melhor e menos onerosa

O REMENDO No entanto ou por falta de capacidade ou de compromisso com a originalidade do projeto optou-se por construir 8 boxes, e nada mais, num terreno ao lado da arquibancada E essa foi a forma encontrada pelo poder público para acomodar apenas alguns clubes no Estádio de Remo, o que estava longe de alcançar o objetivo da concepção do projeto, o qual previa salas de musculação, etc Conseguintemente, tanto o aterro, como a construção dos boxes desfiguraram o que tão inteligentemente tinha sido concebido

OS BOXES- O REMENDO

CAPITULO SEXTO ESPERTEZA

UMA NOVA ARQUIBANCADA Para a realização dos JOGOS PANAMERICANOS em 2007 a antiga arquibancada retangular foi implodida e construída uma nova e já então com uma frente alta, com o que estaria sanado o problema de acesso às garagens. Mas aí já estava o Estádio de Remo entregue à Lagoon , que construiu cinemas, lanchonetes e restaurante onde seriam as garagens. E o legado dos Jogos Pan-americanos ao remo se resumiu a um pontão de largada e duas rampas de embarque/desembarque Fato vergonhoso e covarde

UMA IMAGINAÇÃO ESPERTA A promiscuidade do que deve ser unicamente público com o privado, ou a utilização dos bens públicos para fins privados tem se tornado quase um costume, uma esperteza O poder público tem admitido e em alguns casos até incentivado essa prática Salvo os casos em que a atividade privada vem legitimamente em socorro do Estado para prestar um serviço ou bem atender à construção, conservação ou manutenção de próprios, e aí compreende-se que disso usufrua renda, o que se constata é verdadeira apropriação sem benefícios para os cidadãos O caso do Estádio de Remo pede uma reflexão nesse sentido, principalmente porque até hoje não se sabe qual a contrapartida havida para o cidadão, para o remo, para a comunidade. E nem se argumente que existe uma paga ao governo de percentual da receita auferida pela empresa porque o que se questiona é a contrapartida para o cidadão e não para o Estado. Afinal o bem afetado é público, é dos cidadãos E nunca será demais afirmar que trata-se de um bem com destinação legal para uma modalidade desportiva e para a comunidade

CAPITULO SÉTIMO OMISSÃO OU IMPOSSIBILIDADE

OMISSÃO OU IMPOSSIBILIDADE ATÉ QUANDO DEVEMOS LUTAR E DE QUANTOS E QUAIS MEIOS USAR PARA QUE NÃO PASSEMOS PARA A HISTÓRIA COMO OMISSOS ? QUE INSTITUIÇÕES TÊM O DEVER DE LUTAR ? O QUE DE CONSCIENCIA TRANQUILA PODEMOS DIZER COMO REAL IMPOSSIBILIDADE ( OBSTÁCULO INTRANSPONÍVEL) E NÃO COMO ACOMODAÇÃO OU CONFORMISMO ? QUE LEGADO PODEREMOS DEIXAR A NOSSOS FILHOS E NETOS, SEM NOS RECRIMINARMOS QUANTO ÁS NOSSAS AÇÕES OU OMISSÕES ? TODAS ESSAS PERGUNTAS DIZEM RESPEITO Á LUTA PELO ESTÁDIO DE REMO, A QUAL SEMPRE OCORREU SEM PARIDADE DE ARMAS. E SÃO DIFÍCEIS DE RESPONDER AO CERTO SABEMOS APENAS QUE É PRECISO TER FÉ, TER PERSEVERANÇA. NUNCA DESISTIR

OMISSÃO OU IMPOSSIBILIDADE O Estádio de Remo, desde 1954 até 1995 ( 41 anos) esteve unicamente em mãos do poder público e nada se fez para sua conclusão Quantas forças, pessoas, instituições se ergueram para que fosse concluído ? Quanto se recolheram fugindo ao embate ? Quantas lavaram as mãos ? Que forças e de que forma resistiram àquela conclusão ? Desde 1997 deu-se um Termo de Permissão a uma empresa privada, com quebra parcial de sua finalidade, e para exploração econômica A batalha que ora se trava ( inclusive judicial ) passou não só a ser para a reintegração do bem ao Estado do Rio de Janeiro, como para a conclusão do Estádio de Remo, e portanto, mais complexa e aí devem-se renovar as perguntas sobre que forças, pessoas e instituições vão se erguer, e sobre quais entes e de que forma estarão resistindo

UM GRANDE SEGREDO A questão do Estádio de Remo é um segredo político, recheado de interesses financeiros e econômicos, acondicionado em uma caixa de mistérios e blindada em um cofre de enigmas Desde muito deixou de ser esportiva e vai se eternizando em postergada solução judicial Tratam-se de vontades, fundadas em interesses múltiplos, mas com suportes políticos e para o qual concorrem inúmeras forças, algumas explícitas e outras escondidas

CAPITULO OITAVO .......UM CAPÍTULO A SER ESCRITO

LEGADO OU PROVISORIEDADE Uma sede de Jogos Olímpicos deve prover de instalações e equipamentos adequados a todas as modalidades esportivas em disputa Essas instalações são muitas e de custo muito elevado E esse custo pode-se estender além dos Jogos no caso dos legados e para valores bem altos diante de suas manutenções Assim é que quando determinado esporte não apresenta no país e cidade-sede uma densidade razoável, uma projeção e expectativa de desenvolvimento palpável, a opção dos organizadores é nada gastar com a manutenção dessas respectivas instalações, optando por edificá-las para uso temporário, provisório, sendo desmontadas após os Jogos Isso se dá quando, por exemplo, uma modalidade não é usualmente praticada na cidade -sede ou respectivo país Dessa forma temos para esse conceito, esportes de primeira e segunda categorias, recebendo os primeiros bons legados e os segundos nenhum Em qual dessas categorias estarão remo e canoagem ?

........ UM CAPÍTULO A SER ESCRITO O destino do Estádio de Remo poderá ou não estar ligado aos Jogos Olímpicos de 2016 E nesse caso estaremos falando em legado E qual será legado para o remo e canoagem? Foram as entidades representativas do remo ( A FRERJ e outras) e da canoagem ouvidas ? E as comunitárias no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas ?: Na cidade do Rio de Janeiro há pelo menos 8 clubes e em atividade e não menos de 1500 remadores/as. São realizadas inúmeras regatas ao ano e com expressivo número de remadores E existe uma ótima demanda pública pelo remo e canoagem como esportes. Isso foi levado em conta? O uso comunitário do Estádio de Remo foi considerado ? A canoagem luta por espaço para usar a Lagoa. Ela foi ouvida? Vejamos o que nos aguarda....

PROJETO PARA A REGATA OLIMPICA

PROJETO ATUAL PARA AS REGATAS OLIMPICAS DE REMO E CANOAGEM A foto mostrada, aos menos avisados, dá como primeira impressão a ideia de que o remo e canoagem Brasil são esportes de demanda, dotados de centros de prática, de expressiva representatividade ou que, no mínimo terão como legado algo de enorme valor desportivo para maior desenvolvimento desses esportes como uma força transformadora Mas estará enganado porque das obras previstas apenas 11% serão definitivas e 89% serão transitórias, em outras palavras as transitórias serão removidas após as regatas e virarão sucata O orçamento para as obras definitivas é de 4,52 milhões de reais e o das transitórias de 36,66 milhões, desafiando o custo benefício, o bom senso, a razoabilidade, a proporcionalidade, a ética, o respeito ao bem público e até mesmo a eficácia Muito embora uma obra desse porte possa impressionar, inclusive pelo desafio de execução ( um flutuante de 320m X 40 metros com arquibancadas para 10 000 espectadores e suportando um peso mínimo de 1 500 000 kg ), é temporária. E imagine-se o trabalho para construir, montar, fixar , desmontar e remover algo assim. O fato inacreditável é que servirá só para a regata ( para a festa) e será desmontado, será sucata Isso positivamente não resultará em legado algum, classificando o remo e canoagem no rol de esportes de menores valia e prática nacional .Insignificantes. Não merecedores de legado Em outras palavras far-se-ão instalações para as regatas, pelo compromisso olímpico , e nada mais.

O LEGADO E até esse momento , pelo projeto do Comitê Organizador Rio 2016 apresentado, remo e canoagem terão como legado: A- um pontão de largada B- a reforma da Torre de Chegada, já existente C- 4 a 6 pontões de embarque/desembarque E ISSO É TUDO e NADA MAIS como reflexo de um custo de R$ 41 milhões- dos quais 36,66 milhões serão para instalações descartáveis

O QUE SE ESPERAVA ? Alguns defendem a ideia pela qual o Estádio de Remo deve conter um centro de treinamento, o que nos parece bom Mas não seria demais pedir que ali fosse principalmente e também um local onde as pessoas em geral pudessem remar, tomar contato tanto com remo, como com a canoagem? Frequentar livremente. Local de lazer ao ar livre. Com um parque infantil, etc E aí falamos em benefícios para a toda a população, escapando-se da elitização desses esportes, o que nunca contribuiu para o seus crescimentos . Ademais trata-se de um imóvel público e como tal deve servir para o cidadão Para isso bastaria ter espaço e barcos adequados, num projeto nada difícil de ser concretizado, até porque a demanda de interessados seria das maiores E nem se fale que o atual contrato de Permissão a uma empresa é obstáculo porque ele é temporário e precário vindo-se a extinguir logo após as Olimpíadas. Então pode haver um legado para uso após a extinção desse contrato

DESAPONTAMENTO Mas a prevalecer esse estado de coisas a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro, em nada servirá para o desenvolvimento do remo ou da canoagem quanto aos aspectos materiais, perdendo-se uma oportunidade impar de resgate de instalações que pudessem acolher aos clubes, a público desejoso de praticar remo ou canoagem, enfim, de tudo o quanto possa contribuir para a manutenção e crescimento desses dois esportes, ou mesmo dotar o Estádio de Remo de instalações de grande interesse da comunidade local Não poucas pessoas tem lutado destemidamente e com sacrifícios pessoais para que o Estádio de Remo ao remo pertença. Algumas até mesmo se envolveram em ações judiciais, como Luiz José da Silva Barros, filho do Arquiteto que projetou o Estádio de Remo, ex remador e ex-vice presidente de remo do Flamengo e Alessandro Zelesco, ex-remador do Vasco e que presidiu a FRERJ. Relação dos que a isso se dedicam é grande, aumenta, razão pela qual não os relacionamos, mas a eles rendemos nosso reconhecimento, agradecimento e homenagem

O FUTURO O remo que hoje existe, e porque existe, veio de um passado de muito esforço. Dos remadores, dos dirigentes, dos clubes e de outras pessoas e instituições, construtores do seu presente e do futuro para os que viriam. Foram expectativas transformadas em realidades à custa de convicções e lutas E foram também decepções superadas Esse esforço representou amor, idealismo, comprometimento, dedicação, desprendimento, sacrifício e abnegação e sempre com crença, com aspirações, com o olhar voltado ao desenvolvimento e nunca, nunca mesmo, com acomodação, com conformismo, com indiferença Com cada um fazendo a sua parte e nunca esperando que tudo evoluísse pelos esforços dos outros Imaginar-se que basta deixar tudo como está, tratando com indiferença os males que afligem esse esporte, ou esperar pela ação do tempo ou de outros, significa até mesmo desrespeito E não se vá imaginar que o poder público tome a iniciativa porque esse só se move por conveniência ou temor á voz popular

O FUTURO – uma exortação Quem teve a generosidade e paciência de ler esse trabalho até o fim ( talvez falho em alguns aspectos e pelo que me desculpo), sabendo-se que ele contempla parcela mínima da história do remo no Rio de Janeiro, pode, ainda assim, avaliar a sua luta através dos tempos para continuar a ser reconhecido, respeitado e praticado, apesar de todos os reveses e as adversidades que lhe foram impostas por várias circunstancias Velhos remadores e adeptos do remo possuem o conhecimento, a experiência viveram a história e como tal devem transmiti-los aos jovens, Não podem se calar. Já os jovens, sempre idealistas, e pela especial compreensão e senso de justiça , devem usar esses conhecimentos na sua grande capacidade e disposição para a luta, de transformação, exercendo-a sempre ,com fé e esperança. Nem os velhos e nem os jovens podem se omitir senão com o risco de serem excluídos dos processos de mudanças O homem pode furtar-se ao presente em tudo o que apenas lhe diga respeito, mas nunca comprometendo futuras gerações, porque como herança, assim como é hoje legatário , será um dia transmitente. O material fotográfico usado nesse trabalho é de domínio público, então fica nosso agradecimento às pessoas que proporcionaram a sua divulgação. Obrigado pela atenção Em - 10 / 2013 ARNALDO BRANT