UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

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Transcrição da apresentação:

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIAS — CAMPUS XXIII CURSO: LICENCIATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS BOLSISTAS: DOMINGOS JOSÉ CASSIMIRO NETO (FAPESB-UNEB 2008–2009) ELINE LOPES DE OLIVEIRA (PICIN-UNEB 2008–2009) ORIENTADOR: GILDECI DE OLIVEIRA LEITE GRUPO DE PESQUISA: CRÍTICA LITERÁRIA E IDENTIDADE CULTURAL

Notícias do Dicionário Cultural Amadiano Fase IV

DICIONÁRIO CULTURAL AMADIANO O PROJETO DICIONÁRIO CULTURAL AMADIANO CATALOGA PALAVRAS, DITOS, USOS E COSTUMES DE NOSSA CULTURA, DENTRO DA OBRA AMADIANA

DICIONÁRIO CULTURAL AMADIANO: fase IV Subprojeto 1: O país do carnaval, Cacau: dicionarizando palavras, hábitos e costumes em obras amadianas. Subprojeto 2: Suor e Terras do Sem Fim: dicionarizando palavras, hábitos e costumes em obras amadianas.

PROPOSTA DESTE TRABALHO Durante esses primeiros meses como bolsistas, fizemos a coleta do material proposto pelo projeto. Entretanto, para este trabalho, decidimos enfocar em algumas palavras da cultura afro-baiana e em expressões populares que entraram em desuso. As obras escolhidas foram O Pais do Carnaval, e Suor.

CATEGORIAS DE PALAVRAS ENCONTRADOS EM O Pais do Carnaval, e Suor CULINÁRIA DANÇA FESTA RELIGIÃO COSTUMES ARCAISMO

País do Carnaval (PC) e Suor (SU) Palavras retiradas de País do Carnaval (PC) e Suor (SU) Abará (PC) Acarajé (PC) Cabaça (SU) Caboclo (PC) Carnaval (PC) Feitiço (PC) Fetichismo (PC) Latrina (SU) Pilhérias (SU) e (PC)

Samba (PC) Terreiro (PC) Xibungos (SU)

Abará (PC) “[...] espécie de bolo de feijão fradinho, preparado com azeite-de-dendê, envolvido com folhas de bananeira e cozido em banho-maria.” (CASTRO, 2005, p. 136) “Uma preta, na rua, rebolando as ancas, gritava: - Amendoim torrado! Acarajé e abará! – E, mais longe,” (AMADO, 1979, p.122)

Acarajé (PC) “[...] bolo de feijão fradinho, temperado e moído com camarão seco, sal e cebola, frito em azeite-de-dendê; serve-se quente, com molho-de-nagô e vatapá. Ver acarajé-com-pimenta, baiana-do-acarajé. Cf.acará. Fon acará vermelho, frito no dendê em lugar do óleo de amendoim e que se oferece as divindades. 2- (Ba)-s.m. diz-se de uma pessoa sardenta e cabelo-de-dendê.” (CASTRO, 2005, p. 139) “A mesa do bar, alguns rapazes conversavam. A luz das lâmpadas elétricas, na rua, dava chibatadas na escuridão envolvente. Pretas gordas, nas esquinas, vendiam acarajé...” (AMADO, 1979, p.30)

Cabaça (SU) (banto) 1. (LS) – s. saco, alforje, mochila. Kik. / Kimb. (ka)basa. 2. (PS) – s. gêmieo que nasce em segundo lugar. CF. mabaça. Kik. / Kimb. Kabasa. (CASTRO, 2005, p. 182). “Cabaça cortou o acarajé em pedaços pequenos, que o rato comeu vorazmente. Alisou-lhe as costas um bom tempo, até que o animal deu mostras de impaciência”. (AMADO, 1980,p. 42).

Caboclo (PC) “[...] designação genérica dada à personificação de espíritos indígenas brasileiros, também cultuados pelos iniciados ao lado das divindades africanas, mais tidos na categoria de “entidades nobres” e não de “santos”. Tomam, por isso, nomes das mais conhecidas tribos brasileiras (Tupiniquim, Tupinambá, Cariri, etc.)” (CASTRO, 2005, p. 183). “E a vitrola cantou: ... numa casa de caboco, um é pouco, dois bao, três é demais...” (AMADO, 1979, p.26)

Carnaval (PC) “Festa profana ligada ao calendário católico, o carnaval encontra similares em várias culturas africanas. Na acã, por exemplo, é comum a realização de um grande festival anual, o odwira, seguido de um longo período de recolhimento e abstinência, como na quaresma. Devido a essa similitude, as celebrações carnavalescas nas Américas com certeza devem sua alegria e seu brilho, fundamentalmente, à música dos afro-descendentes. Assim foi e é no Brasil, nos ranchos carnavalescos, nas escolas de samba, nos afoxés, blocos-afro etc.” (LOPES, 2004, p. 170-171). “Ele pensava em gritar: “Viva o Brasil! Viva o Brasil!” Sentia-se integrado na alma do povo e não pensou que aquilo era somente durante o carnaval quando todos, como ele fizera durante toda a sua vida, se entregavam aos instintos e faziam da carne o deus da humanidade...”(AMADO, 1979, p.28)

Feitiço (PC) “Irradiação de forças negativas, maléficas, contra alguém. Ebó. Coisa –feita. Canjerê. Despacho. Muamba. Pode ser direto, por contato com o agente transmissor, ou indireto, por irradiação à distância. //objeto que contém vibrações maléficas para atingir quem o tocar. O feitiço é realizado na Quimbanda (Macumba), Catimbó, Pajelança etc.” (CACCIATORE, 1988, p. 125). “- Hoje o feitiço domina. No Norte, senhor bispo, a religião é uma mistura de fetichismo, espiritismo e catolicismo. Aliás, eu não acredito que Cristo haja pregado religião. Cristo foi apenas um romântico judeu revoltoso. Os senhores, Padres e Papas, é que fizeram a religião...” (AMADO, 1979, p.14)

Fetichismo (PC) “Termo usado para adoração de ídolos, crença em objetos materiais como sendo a própria divindade. Significação errônea, derivada da incompreensão, pelos europeus, da verdadeira natureza do fetiche (otás, símbolos, oxê etc.), visto pelos africanos como suporte da força divina e não a própria divindade (V. fetiche). As estruturas antropomórficas africanas também apenas “representaram” os antepassados e orixás , não eram os próprios e eram veneradas e honradas como o são as imagens católicas dos santos, sendo a veneração dirigida ao ser espiritual, não a imagem material. F. - V. fetiche.” (CACCIATORE, 1988, p. 126-127).

Fetichismo e feitiço, aparecem em País do Carnaval (1979) no mesmo trecho, e conservam os significados atribuídos por Cacciatore (1988).

Latrina (SU) ‘(vaso) sanitário’ XVI. Do lat. Lãtri, de lãvatrina (<lavãre). (CUNHA, 2007,p.467) “ – Também nessa bilosca mora gente de toda laia ... Já reparou na vizinha dos fundos, dona Risoleta? Caga em papel de jornal para não esperar que a latrina se esvazie.” (AMADO, 1980, p. 13) (O termo Latrina, também já caiu em desuso).

Pilhérias (SU) e (PC) sf. ‘piada’ XVII. De etimologia obscura//pilheriar XX// pilhérico XX. (CUNHA, 2007, p.604) “Pilheriavam os amigos com ele e com o seu patriotismo de momento. Desculpava-se dizendo que aquilo tudo era egoismo. Queria elevar o nome da Pátria para assim elevar o dele, Paulo Rigger. Um meio ... No fundo, predominava...” (AMADO, 1979, 19)

“Dirigiam pilhérias ao mendigo, que dormia: - Você é que tá bem, Cabaça... Trepa com esse ratão...” (AMADO,1980,p.53). Tanto em O País do Carnaval quanto em Suor, encontramos referencias à pilhéria, com o sentido sarcástico visando fazer do outro um motivo de piada.

Samba (PC) “[...] dança cantada, de origem africana, compasso binário e acompanhamento obrigatoriamente sincopado” (CUNHA,2007, p.702) “Quando Paulo Rigger saiu o grupo de mulatas sambava na rua. Cor de canela, seio quase à mostra, requebravam-se voluptuosamente, num delírio. Paulo viu ali todo sentimento da raça. Viu-se integrado no seu povo. Caiu no samba a berrar: ...” (AMADO, 1979, p.27-28)

Terreiro (PC) “Designação genérica do espaço físico onde se sediam as comunidades religiosas afro-brasileiras. Outrora, no Rio de Janeiro, o termo designava também o que hoje se conhece como “quadra” de escola de samba. As regras de comportamento nesses locais, como, por exemplo, a participação exclusivamente feminina nas rodas de dança, obedeciam aos mesmos padrões daquelas estabelecidas nas casas de culto de mais antigas ou tradicionais.” (LOPES, 2004, p. 646). “Os animais, acostumados a andarem aquele caminho todos os dias, carregando sacos de cacau, estacarem ante a casa alva. No terreiro, galinhas e perus catavam iscas descuidadamente”. (AMADO, 1979, p.54)

A palavra terreiro em O Pais do Carnaval, recebe um sentido diferente dos designados por Lopes (2004). No romance de Amado (1979), terreiro vem a ser o espaço em volta das casas, assim como os habitantes das cidades de Novo Horizonte e Souto Soares, no interior da Bahia, atribuem a mesma denominação a terreiro encontrada em O País do carnaval.

Xibungo (SU) (banto)- Homossexual, pederasta passivo. (CASTRO, 2005, p.353) “Talvez por tudo isso, quando Medonho passava com o seu tabuleiro de frutas (tinha freguesia certa e boa), os homens sentados à porta do 68 nada diziam, não faziam pilhérias. Se era, porém, o alemão quem passava, vestido de casimira azul, terno velho, mais limpo, eles assobiavam e gritavam: - Xibungo! Xibungo! ” (AMADO, 1980, p. 55).

REFERÊNCIAS AMADO, Jorge. O País do carnaval, 36ª ed. Rio de janeiro, Record, 1979,183p. AMADO, Jorge. Suor, 34ª.ed. Rio de Janeiro, Record, 1980, 164p. CACCIATORE, Olga Gudolle. Dicionário de cultos afro-brasileiros: com a indicação da origem das palavras, 3ª edição Rio de janeiro, Forense-Unuversitária, 1988. CASTRO, Yeda Pessoa de. Falares Africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro:Topbooks, 2005

CUNHA, Antônio Geraldo da CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa/Geraldo da Cunha; assistentes: Claúdio Mello Sobrinho...[et.al.]. – Rio de Janeiro: Lexikon Editora Digital, 2007. LEITE, Gildeci de Oliveira. Jorge Amado: da ancestralidade. Salvador: Quarteto, 2008. LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. – São Paulo: Selo Negro, 2004.