CESÁRIO VERDE.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
O romantismo I – Contexto Histórico.
Advertisements

O mundo de Sophia Língua Portuguesa Manuela Monteiro Ano 2004/05
FUNÇÕES DA LINGUAGEM.
e Pós-Impressionismo no Brasil.
Impressionismo e Pós- Impressionismo no Brasil.. IMPRESSIONISMO. O Impressionismo foi um movimento artístico que revolucionou profundamente a pintura.
Análise de Imagem (Martine Joly)
Deambulação 11º4 Trabalho realizado por: Alexandra nº1 Tatiana nº26
IMPRESSIONISMO: QUE HAJA COR!!!!!!!!!!!! (1860/1886)
FUNÇÕES DA LINGUAGEM Fátima Liporage.
Fernando Pessoa.
As cidades invisíveis.
Pré-Modernismo O pré-modernismo deve ser situado nas duas décadas iniciais deste século, até 1922, quando foi realizada a Semana da Arte Moderna. Serviu.
Vertentes Realistas.
LITERATURA E SUAS FUNÇÕES
Figuras de estilo Literatura.
Pré-Modernismo EE CORONEL CALHAU.
ALUNAS: Thalita,Michele Prof.: ANA Maria Serie:9° B
SIMBOLISMO Professor Kássio.
Composição e Projeto Gráfico
Introdução aos Princípios e elementos de design
Influências na Lírica Camoniana.
CORPO, CULTURA e LINGUAGEM CORPORAL
ESTÉTICA Arte e realidade
SIMBOLISMO.
ROMANTISMO.
Cecília Meireles.
Professora: Aíla Rodrigues
Correção - Página 22 O que eu sei? O que eu descobri...
O Sentimento dum Ocidental (Ave Maria)
Introdução aos gêneros literários
A perturbadora imagem da velhice
Funções da Linguagem.
A “imaginação transfiguradora”: transfiguração do real
Sou uma poetisa.
Correção teste.
Romantismo Prof. Juarez Poletto.
GÊNEROS LITERÁRIOS.
Simbolismo. O Simbolismo é um estilo literário, do teatro e das artes plásticas é um estilo literário, do teatro e das artes plásticasliterárioteatroartes.
PARNASIANISMO E SIMBOLISMO
2ª Série Literatura Prof. HIDER OLIVEIRA
Alberto Caeiro (O Mestre)
Adriana Leite & Telma Paes
Funções da Linguagem.
DEZ TOQUES PARA A SABEDORIA
Revisão – professora Margarete
Textos dos media Maria Serafina Roque
DIZ-ME, ANTÓNIO.
O belo e a questão do gosto Arte e Técnica A função social da arte
PRODUZINDO UM TEXTO NARRATIVO
A música da Morte, a nebulosa, estranha, imensa música sombria, passa a tremer pela minh'alma e fria gela, fica a tremer, maravilhosa... Onda.
Romantismo (1) 2ª Geração.
A mensagem Fundamental do Livro do Génesis
FUNÇÕES DA LINGUAGEM.
IMPRESSIONISMO: QUE HAJA COR!!!!!!!!!!!! (1860/1886)
FASES DO DESENHO INFANTIL
2ª geração - Casimiro de Abreu
O que foi? O Simbolismo é uma escola literária que se manifesta especificamente na poesia e em outras esferas artísticas nascidas na França em fins do.
Profª Sandra. No Brasil, o movimento Simbolista foi quase inteiramente ofuscado pelo movimento Parnasiano, que desfrutou de prestígio social nas camadas.
Redação gêneros do discurso e gêneros literários
O belo e a questão do gosto Arte e Técnica A função social da arte
FUNÇÕES DA LINGUAGEM. Linguagem é qualquer e todo sistema de signos que serve de meio de comunicação de ideias ou sentimentos através de signos convencionais,
PARNASIANISMO PORTUGUÊS CAM 242 IFRJ LOUYSE FREIRE THALES SOARES PABLO DOS SANTOS MATHEUS RODRIGUES.
Trabalho Realizado por: -Jonas Costa nº13 -Luís Filipe nº14 Disciplina de Português Professora Cristina Pimentel.
AULA 6: Composição- sistemas ordenadores Professora: Geórgia Feitosa
Profª Sandra. O Romantismo é uma escola que surgiu aos poucos, desde fins do século XVIII. Vários autores estavam dispostos a mudar o estilo literário.
PARNASIANISMO LITERATURA.
ROMANTISMO ( no Brasil de 1836 a 1881)
(O Livro de Cesário Verde)
A oposição cidade/campo na obra de Cesário Verde
Transcrição da apresentação:

CESÁRIO VERDE

BIOGRAFIA Lisboa – 1855-1886 (morte por tuberculose) Filho de um abastado comerciante (burguesia) Lisboa Dicotomia cidade (Lisboa)/campo (Linda a Pastora) Uma vida dividida: os negócios do pai e a faculdade de Letras (inscreve-se quando edita os primeiros versos).

Biografia A cidade: retrata nos seus versos as gentes observadas nos seus percursos (matéria banal e comum). O campo Contacta, por motivos de saúde, com Paris e Londres em diversas curtas viagens - textos marcados pelo espírito de modernidade. A sua obra foi publicada apenas em círculos jornalísticos. Só após a sua morte, em 1887, se publicou o Livro de Cesário Verde graças ao seu amigo Silva Pinto.

parnasianismo Objetividade e preciosismo (o pormenor) Descrição visual Reação antirromântica Cânones clássicos “realismo na poesia” Procura da perfeição formal

impressionismo Valorização da sensação pura e da perceção imediata; Interesse pelo efeito que provoca o objeto no artista; Recurso à hipálage (transposição de um atributo do agente para a ação).

Características realistas/ naturalistas • Supremacia do mundo externo (em oposição ao mundo interior) - “realismo na poesia”. • Predomínio do cenário urbano (o favorito dos escritores realistas e naturalistas). • Recurso frequente a advérbios/ expressões temporais e espaciais para situar as cenas apresentadas. • Predomínio dos substantivos principalmente concretos. • Uso predominante do Presente e Pretérito Perfeito do Indicativo. • Atenção ao pormenor, ao detalhe.

• A seleção temática: a dureza do trabalho («Cristalizações» e «Num Bairro Moderno»); a doença e a injustiça social («Contrariedades»); a imoralidade das «impuras», a desonestidade do «ratoneiro» e a «miséria do velho professor» em «O Sentimento dum Ocidental». • Presença de factos históricos e referências a figuras históricas, como por exemplo em «O Sentimento dum Ocidental». • Recurso frequente a termos do domínio das ciências (observar, examinar...); • Características jornalísticas dos poemas.

MODERNISMO Apesar de um marcado realismo, encontramos um olhar subjetivo (porque à partida seletivo) e valorativo, que se manifesta num impressionismo pictórico, pois, mais do que a representação do real, importa a sua impressão, que resulta numa transfiguração do real. Ex: “Num bairro moderno”, em que o conteúdo da giga (frutas e legumes) se transformam num corpo humano.

TEMÁTICA Introdução na poesia daquilo que é considerado inestético: o vulgar, o feio, a realidade trivial e quotidiana. Forte componente sinestésica (cruzamento de várias sensações na apreensão do real), de pendor impressionista, que valoriza a sensação em detrimento do objeto real. Um certo cruzamento entre planos diferentes, visualismo e memória, real e imaginário.

ESTILO a regularidade métrica, estrófica e rimática: preferência pelo verso decassílabo ou alexandrino (12 sílabas); preferência evidente pela quadra (que permite registar as observações e saltar com facilidade para outros assuntos). os recursos fónicos – as aliterações, que contribuem para a musicalidade e para a perfeição formal; os processos estilísticos – abundância de imagens, de metáforas, de sinestesias...; Coloquialismo (ex: “Num bairro Moderno”) com a introdução do discurso direto.

Estilo Estrutura narrativa, sob forma de texto poético, ações protagonizadas por várias personagens/ sujeitos (ex: «Cristalizações» e «Num bairro moderno»). Estrutura deambulatória, uma poesia itinerante: a exploração do espaço é feita através de sucessivas deambulações, numa perspetiva de câmara de filmar, em que se vão fixando vários planos (ex: «Cristalizações», em que se configuram vários planos, e «O Sentimento dum Ocidental», em que há um fechamento cada vez maior dos cenários apreendidos pelo olhar). Olhar itinerante e fragmentário, que reflete o passeio pela cidade (ou pelo campo) e o movimento: poesia errante.

ESTILO Olhar seletivo: descrição/evocação do espaço filtrada por um juízo de valor transfigurador, profundamente sinestésico (ex: «Num Bairro Moderno»). O poeta é como um espelho em que vem repercutir-se a diversidade do mundo citadino. . Contraste luz/sombra: a incidência da luz é uma forma de valorizar os objetos, entendendo-se a luz como o princípio de vida. Associações desconexas de ideias, visível nas frases curtas, nas súbitas exclamações, na sequência de orações coordenadas assindéticas, que sugerem o encadear de ideias da mente humana. Adjetivação dupla e tripla particularmente abundante e expressiva, quando serve o impressionismo.

TEMÁTICAS Oposição cidade/campo: cidade = espaço de morte, de doença, de decadência, castrador e opressor. campo = espaço de vida, de liberdade, do não isolamento – valorização do natural em detrimento do artificial. A esta oposição associam-se os contrastes: belo/feio, claro/escuro, força/fragilidade, vida/morte , saúde/ doença...

TEMÁTICAS Oposição, passado/presente: Passado = tempo de harmonia com a natureza; presente – contaminado pelos malefícios da cidade (ex: «Nós»). A inviabilidade do Amor na cidade. A humilhação (sentimental, estética, social). A preocupação com as injustiças sociais. O sentimento antiburguês.

TEMÁTICAS O perpétuo fluir do tempo, que só trará esperança para as gerações futuras. Presença recorrente da figura feminina, retratada: De modo negativo, porque contaminada pela civilização urbana : mulher opressora – mulher nórdica, fria, símbolo da eclosão do desenvolvimento da cidade como fenómeno urbano, imagem da classe social opressora e, por isso, geradora de um erotismo da humilhação (ex: «Frígida», «Deslumbramentos» e «Esplêndida»), em que se reconhece a influência de Baudelaire; mulher objeto – vista enquanto estímulo dos sentidos carnais, sensuais, como impulso erótico (ex: atriz de «Cristalizações»).

TEMÁTICAS De modo positivo, porque relacionada com o campo – mulher anjo – visão angelical, reflexo de uma entidade divina, símbolo de pureza campestre, frequentemente com os cabelos loiros, dotada de uma certa fragilidade («Em Petiz», «Nós», «De Tarde»)– também tem um efeito regenerador; - mulher regeneradora – mulher frágil, pura, natural, simples, representa os valores do campo na cidade, que regenera o sujeito poético e lhe estimula a imaginação (ex: as figuras femininas de a «A Débil» e «Num Bairro Moderno»);

Temáticas mulher oprimida – tísica, resignada, vítima da opressão social urbana, humilhada, com a qual o sujeito poético se sente identificado ou por quem nutre compaixão (ex: «Contrariedades»); - mulher como representação social – (ex: “as burguesinhas” e as varinas de «O Sentimento dum Ocidental»).

A temática social: “Num bairro moderno” O drama da injustiça social: contraste das classes sociais – atitude de desdém com que o criado trata a vendedeira “rota” e “pequenina”. “Eu acerquei-me dela, sem desprezo”. O contacto humano com a vendedeira, na ajuda que lhe oferece; O contacto mais físico e próximo que lhe revigora o espírito e a alma: “E recebi naquela despedida, as forças, a alegria, a plenitude”. A vendedeira de frutos e legumes: tipo social, a gente do povo, que contrasta com a imagem elegante e requintada de um bairro burguês e moderno.

A vendedeira frágil é obrigada a um trabalho pesado – a atenção do poeta: as indicações relativas ao aspeto físico - "pequenina" (est. IV), "esguedelhada, feia", "os (...) bracinhos brancos" (est. V), "magra", "enfezadita" (est. XIX); ao vestuário - "rota" (est. IV), "os tamancos", "abre-se-lhe o algodão azul da meia" (est. V), "na sua chita" (est. XIX) caracterização social e impressão de debilidade, de fragilidade (diminutivos): o peso da opressão de que é vítima.

Num bairro moderno Impressões/expressões que relatam os movimentos e gestos da rapariga: expressividade dos verbos utilizados: "ajoelhando" (est. IV), "se curva", "pendurando" (est. V), "Nós levantámos todo aquele peso / Que ao chão de pedra resistia preso / Com um enorme esforço muscular." (est. XIV), "Carregam sobre a pobre caminhante" (est. XX). A indiferença das classes privilegiadas diante dos desfavorecidos: a figura do criado, contexto burguês, que aparece “do patamar” de cima, altivo, "muito descansado", em contraste com a vendedeira: "Atira um cobre ignóbil“.

Num bairro moderno Poesia descritiva: procura da objetividade parnasianista. Predomínio do uso do Presente do Indicativo e pontualmente do Pretérito Perfeito; Introdução de falas (coloquialidade); Dupla e tripla adjetivação, que procura marcar e descrever o pormenor; Referências temporais e espaciais ao longo do texto;

Num Bairro Moderno Recurso abundante a nomes concretos e a termos técnicos/ científicos; Texto prosaico com um certo cunho jornalístico Versos simples sem grande recurso a figuras de estilo; uma descrição objetiva (exceto as estrofes 7 a 10 marcadas por um profundo impressionismo).