Gênero e Sexualidade: uma visão arejada e crítica para as escolas

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Transcrição da apresentação:

Gênero e Sexualidade: uma visão arejada e crítica para as escolas Lula Ramires Guarulhos, SP Março de 2011

Lula Ramires Formado em Filosofia pela USP Mestre em Educação pela F.E. USP Tradutor técnico e professor de inglês Coordenador de Política, Ativismo e Comunidade do CORSA Membro da Comissão Executiva do Fórum Paulista LGBT Assistente Técnico do Programa de Aids de Osasco

Cidadania, Orgulho, Respeito, Solidariedade e Amor C.O.R.S.A. Cidadania, Orgulho, Respeito, Solidariedade e Amor ONG de São Paulo que atua em projetos de Direitos Humanos, DST/Aids e Educação Criador da Parada do Orgulho LGBT Advocacy (atuação política – leis e políticas públicas) Intervenção técnica

Antes de falar da diversidade sexual propriamente dita... Há uma pluralidade que é social e cultural Condições materiais de existência (classe) Ethos familiar Escolaridade do pai e da mãe Acesso aos bens culturais Mobilidade física, possibilidades de interação corpo, a família, o meio em que vive

A passagem para a vida adulta em cada sociedade Tribais: linha demarcatória clara – ritos de passagem Pré-industrial – o menino sai do convívio com as mulheres aos 7-8 anos e é inserido no mundo dos homens adultos (campo/oficina – caçadas, viagens, guerras) Industrial – o jovem vai para o campo, pastoreio, minas ou fábrica. Aprende no local. Ritos no exército e casamento.

QUEM SOU EU? Confusão, contradição, transtornos – ao próprio corpo, desejos, identidade Novo papel, entre a dependência e a independência Pais – dificuldade em lidar com a personalidade e a sexualidade. Deixam de ser heróis para serem os que criticam e julgam.

Temos que levar em conta que, em nossa sociedade, o lugar da aprendizagem formal é a escola… Nela acontece: - Transmissão do conhecimento científico, cultural e artístico - Relações sociais (socialização)

Em relação ao Conhecimento: Pedagogias específicas para cada conteúdo (disciplinas) Matemática, Português, História, Ciências, Química, Física, Geografia, Biologia, etc.

Mas em relação às Relações Sociais... Não achamos que mereçam atenção, planejamento, metodologia, objetivos! Sera que podemos falar numa pedagogia das relações sociais? - Aprendemos o tempo todo, em todas as situações e interações pessoais e coletivas

Pedagogia das relações sociais: - liberdade - autonomia - afirmação - busca - receptividade - estímulo - horizontalidade

A escola transmite e constrói conhecimento mas também: - reproduz padrões sociais - perpetua concepções, valores e clivagens sociais - fabrica sujeitos (corpos e identidades) - legitima relações de poder, hierarquias e processos de acumulação

A escola é tributária de uma visão do “outro” como aquele que está fora dos seus padrões, normas e crenças, aquele ou aquela que não se sintoniza com eles.

Sexualidade e Gênero são aspectos transversais da nossa vivência e da construção de nossas identidades...

Sexualidade = Energia vital cuja base é: os corpos humanos são sexuados Cromossomos XY = macho XX = fêmea = Procriação, reprodução da espécie = Prazer, elo erótico e/ou afetivo entre as pessoas

Gênero Conceito feminista para denunciar que as diferenças biológicas são insuficientes para explicar as desigualdade sociais entre homens e mulheres Gênero é elemento constitutivo e estru-turante das relações sociais, primeiro modo de dar sentido às relações de poder

Preconceito - nascido de visões “naturalizadas” sobre os sexos e, por extensão, sobre o que é ser homem e mulher Discriminação – atos explícitos que limitam ou impedem o exercício de direitos Crimes de ódio HOMOFOBIA (lesbofobia, transfobia)

DIVERSIDADE SEXUAL Termo utilizado para falar de todas as variações possíveis de expressão da sexualidade Inclui a heterossexualidade, fala-se de todas e todos Situa-se no campo ético, trabalha-se o respeito à diferença

Identidade de Gênero É como nos sentimos e nos portamos em face da maneira como somos vistos e somos tratados pelas pessoas ao nosso redor É uma CONSTRUÇÃO: não nascemos nada, nos tornamos o que somos

Orientação Sexual É a direção (seta) do desejo, para onde aponta a nossa libido É atração espontânea, não influenciável 3 possibilidades: Pelo sexo oposto: heterossexual Pelo mesmo sexo: homossexual Indistinta: bissexual

O QUE FAZER ENTÃO? não pensar estes aspectos como “conteúdo separado” (perpassar o currículo, fazer parte do PPP) cotidiano (mesmo sem querer estamos lá todos os dias, o que é bom e ruim ao mesmo tempo) estamos no presente (desfaz a ideia de “preparar para o futuro”) – adiar prazeres e direitos esforço/trabalho para realizar/obter conquistas – nem tudo é prazer

Avançar na comunicação... - jornal mural (visibilidade) - internet - email - sites informativos - blogs - sites de relacionamento - ferramentas de interação (chat)

Dentro e fora da escola: a vida acontece... Sexismo Heteronormatividade Homofobia Vulnerabilidade maior: Garotas adolescentes Garotos homo e bissexuais

A escola é também um lugar de opressão, preconceito e discriminação LGBTs são vulneráveis porque Internalizam a homofobia Entram em crise e negam a si mesmos Se culpabilizam (são assim pq querem) Tem aversão ou ódio de si mesmos

Homofobia na escola: - Tratamento preconceituoso - medidas discriminatórias - ofensas - constrangimentos - ameaças e agressões físicas e verbais São constantes na vida das e dos estudantes LGBT

Pedagogia do insulto: piadas, brincadeiras, jogos, apelidos, insinuações, expressões desqualificadoras são mecanismos poderosos de silenciamento e dominação simbólica.

Articulação Saúde e Educação SPE – Saúde e Prevenção nas Escolas “Árvore do Prazer” (dinâmica / Unicef) “Ação destinada a impedir que algo ruim ou desfavorável aconteça”

JOVENS LGBT Sentimento de ser “diferente” desde a infância IDENTIDADE construída de forma clandestina, oculta, dolorosa, solitária Sem apoio da familia ou da escola, de materiais, de modelos positivos Baixa auto-estima (incorpora os rótulos que a sociedade atribui aos homossexuais)

JOVENS LGBT Medo de expor - cair no ridículo ou sofrer violência verbal e física Seqüelas do estigma e conflitos intensos – tentativas de suicídio Entre o desejo e a identidade: incerteza Exploração e experimentação Namorar e ficar Bissexualidade Práticas sexuais X identidade de gênero e orientação sexual

ASSUMIR-SE (sair do armário) Impacto do estigma na construção da identidade Ocorre ao longo de um intervalo de tempo (não é um momento único) Auto-aceitação gradual Revelação a pessoas não homossexuais

Guia CORSA / ECOS Discussão dos conceitos Contexto escolar Situações desafiadoras Indicações de filmes e bibliografia

L U L A R A M I R E S www.corsa.org.br lularamires@terra.com.br Fones: (11) 3773 5514 / 7171 5055 CORSA / São Paulo www.corsa.org.br