Prof. Dr. Dakir Larara Machado da Silva

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Transcrição da apresentação:

Prof. Dr. Dakir Larara Machado da Silva A dominação da natureza: a técnica como relação social e de poder Prof. Dr. Dakir Larara Machado da Silva

A dominação da natureza: a técnica como relação social e de poder Para desenvolver a Inglaterra, foi necessário o planeta inteiro. O que será necessário para desenvolver a Índia? (Mahatma Ghandi) * Não existe sociedade sem conhecimento racional, sociedade que não ajuste os meios aos fins mediante técnica. * O que existe são diferentes matrizes de racionalidade. * O que difere de uma sociedade para outra, ou em uma mesma sociedade ao longo do tempo, é a relação que cada uma mantém com as técnicas, com as suas técnicas. * Cada sociedade inventa as técnicas para realizar seus fins, o que torna difícil separar a técnica do seu uso (não há técnica em si boa ou má, mas técnica realizando determinados fins que não são eles mesmos definidos por ela).

A dominação da natureza: a técnica como relação social e de poder * Segundo Milton Santos, todo objeto técnico é um objeto impregnado de intencionalidade, por meio do qual se busca, sempre, controlar os efeitos da ação no espaço e no tempo, seja um arco e flecha ou um lançador de foguetes. * Devemos considerar que a revolução tecnológica não é externa às relações sociais e de poder. * Devemos nos libertar da idéia de que as revoluções tecnológicas em curso ocorrem naturalmente, mas sim refletirmos sobre quem as coloca em curso e o porquê – as técnicas não caminham por si mesmas.

A dominação da natureza: a técnica como relação social e de poder A Segunda Revolução Técnologica e a invenção da desordem ambiental mundial A revolução no imaginário europeu, causada pelo Renascimento e por sua crítica ao Teocentrismo, teve importante implicação na relação da sociedade com a natureza – afirmação do Antropocentrismo. Para dominar a natureza é necessário que ela esteja à disposição dos que a dominarão – propriedade privada. O Antropocentrismo não é simplesmente o homem como espécie biológica dominando a natureza, mas a dominação de alguns homens sobre outros homens para que possam dominar a natureza – técnicas jurídicas, técnicas políticas (Maquiavel) e técnicas militares (geopolítica).

A dominação da natureza: a técnica como relação social e de poder Neste período moderno-colonial, fica claro as relações sociais e de poder entre as novas técnicas, as quais configuravam esse novo sistema mundo. Exemplos: monoculturas modernas na América do século XVI se fez juntamente com a escravidão. Modernização é, desde sempre, colonização. A Terceira Revolução Tecnológica e Nova Desordem Ambiental Mundial Nova revolução nas relações sociais e de poder no sistema mundo moderno-colonial com o uso do carvão, por meio da descoberta da máquina à vapor. A energia que desde os séculos XV e XVI os europeus usavam para o transporte era impossível de ser controlada totalmente (vento) e, para a produção, dependia em grande parte dos homens e mulheres com sua força de trabalho e uma força de coerção externa aos povos – chibata, armas de fogo e a imposição da religião.

A dominação da natureza: a técnica como relação social e de poder A descoberta de novos usos para o carvão (e depois para os outros combustíveis fósseis) proporcionou uma revolução nas relações sociais e de poder por meio das novas tecnologias no mundo da transformção da matéria – produção. A produção agora não depende, somente, da energia animal que tem de ser reposta todo o dia. Rigorosamente falando nenhuma sociedade produz carvão, petróleo, gás ou qualquer outro minério, mas simplesmente os extrai. Somos, na verdade, extratores e não produtores, e isso é fundamental para que reconheçamos os nossos limites diante da natureza. Um grande paradoxo se vê quando constatamos que as sociedades mais desenvolvidas do ponto de vista científico-tecnológico, como a estadunidense, a européia e a japonesa, dependem amplamente do suprimento de recursos naturais.

A dominação da natureza: a técnica como relação social e de poder

A dominação da natureza: a técnica como relação social e de poder Desta forma, apropriar-se destas jazidas minerais torna-se estratégico no âmbito geopolítico. Na maquinofatura, o trabalhador se torna um apêndice da máquina e até mesmo a demanda por mais ou menos braços vai depender da capacidade técnica instalada – os corpos dos que trabalham devem se submeter ao ritmo e tempo de quem comenda o processo de trabalho (Tempos Modernos). Nesta etapa tecnológica se estruturam os meios de transporte (a navegação transoceânica e as ferrovias). Os quais proporcionaram as condições técnicas de poder para buscar onde estiver, o que se quiser e transportar para onde quer.

A dominação da natureza: a técnica como relação social e de poder O desenvolvimento do capitalismo deveu-se muito aos combustíveis fósseis. Podemos concfluir que a sociedade industrial, tal como se constituiu até aqui, sob as relações sociais e de poder é fossilista. Assim, o controle das reservas de energia fóssil, além de uma questão geoeconômica é, sobretudo, uma questão geoestratégica e de logística. Pouco antes da invasão do Iraque em 2003, enquanto o barril de petróleo custava US$ 25,00, o custo militar para garantir o suprimento do Ocidente deste recurso equivalia a US$ 75,00 por barril. Os EUA com apenas 6% da população mundial, responde por 24% de todo o consumo anual de combustíveis fósseis. Como cada vez mais suas prórpias reservas territoriais estratégicas escasseiam, o pânico parece tomar conta dos estrategistas estadunidenses; suas incursões e tentativas bélicas/geopolíticas: oriente médio, ásia central e Mar Cáspio (Afeganistão), América Latina e Caribe (Colômbia);

A dominação da natureza: a técnica como relação social e de poder Novos materiais e as novas relações sociais e de poder por meio de tecnoligiais * O geólogo aregentino Eduardo Mari afirma que, até 1945, a humanidade não manipulava mais do que 25 a 30 dos elementos da tabela periódica da química. Hoje, são usados todos os 90 e mais 26 sintéticos que, tal como os transgênicos, não existem em estado natural. * Assim, em um período de apenas 60 anos, vimo-nos manipulando materiais com que a espécie Homo sapiens sapiens, em todo seu processo de hominização, não havia manipulado até então. * Há, aqui, uma tensão entre tempos distintos, o da espécie humana como ser biológico, processo de hominização, e ser histórico num tempo acelerado impulsionado pela tecno-lógica do time is money que se acredita sem limites. * Exemplos: química fina, biologia molecular, microbiologia, física nuclear, micro- eletrônica, nanotecnologia, etc.

A dominação da natureza: a técnica como relação social e de poder Novos materiais e as novas relações sociais e de poder por meio de tecnoligiais

A dominação da natureza: a técnica como relação social e de poder A injustiça ambiental como parte da des-ordem mundial * Uma análise da "pegada ecológica" de diferentes países e cidades revela a enorme injustiça ambiental implicada na atual des-ordem mundial. * A população de Londres, por exemplo, com 12% da população total do Reino Unido, exige uma pegada ecológica de 21 milhões de hectares ou, simplesmente, toda a terra produtiva do Reino Unido. Em Vancouver, no Canadá, constatou-se que a área exigida para manter o nível de vida da população corresponde a 174 vezes a área de sua prórpria jurisdição (Pnuma, 2002 – Perspectivas del médio ambiente mundial) * Em outras palavras, um habitante de uma cidade típica da América do Norte tem uma pegada ecológica de 461ha, enquanto na Índia a pegada ecológica per capita de 45ha. * Assim, o planeta sofre um impacto ambiental dez vezes maior quando nasce um bebê não primeiro mundo do que quando nasce um bebê na Índia, na China ou no Paquistão. Um malthusianismosmo cego, ainda hegemônico nas lideranças ambientalistas, está infelizmente muito mais preocupado com o controle da população na Índia do que com a injustiça ambiental que sustenta a injusta ordem de poder mundial

A dominação da natureza: a técnica como relação social e de poder A injustiça ambiental como parte da des-ordem mundial * Esses dados nos permitem visualizar o componente da injustiça ambiental que está vinculado ao atual padrão de poder mundial, e nos autoriza afirmar que há uma verdadeira dívida ecológica das populações urbanas para com as rurais, dos países industrializados e suas populações para com os países agrícolas e suas populações. * E a Organização do Espaço Geográfico Mundial com tudo isso????