Gênero: masculinidades

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Transcrição da apresentação:

Gênero: masculinidades IFSC Joinville Sociologia Profª Danielli Vieira

Juventude, masculinidade e violência No Brasil, o universo de jovens com idades de 15 a 24 anos concentra a maior parte de vítimas nas situações de homicídio no Brasil. Com maior intensidade do que na população total, 96,7% das vítimas entre os jovens são homens.... Em SC os homens tb são a maioria das vítimas fatais nos acidentes de trânsito, nos afogamentos e nos suicídios..... Trata-se de um quadro preocupante que atinge a própria estrutura demográfica do país: há um déficit de jovens na sociedade brasileira – fenômeno só verificado nas estruturas demográficas de sociedades que estão em guerra.

Por que os homens matam mais, são as maiores vítimas de homicídios, acidentam-se mais, suicidam-se mais? Além disso, no Brasil, as mulheres tem estudado por mais tempo, etc... Essa recorrência remete a questões de gênero, que não explicam todos esses fatos, mas nos ajudam a entender alguns aspectos... O machismo e todos os padrões que ele traz, promovem formas de opressão não apenas para as mulheres, mas para os homens também.

Desde pequenos os homens são ensinados e incentivados à serem ativos, a serem fortes, a serem bruscos, por vezes brutos...Eles aprendem que não devem expressar seus sentimentos, que devem ter uma postura contida e demonstrar sempre coragem e virilidade. Os brinquedos a eles oferecidos também tem a ver com ação, velocidade, violência...

A muitos deles é passada uma imagem das meninas/mulheres como seres inferiores e delicados: menos inteligentes, dependentes, cujo principal atributo seria a beleza de seus corpos... Os meninos vão aprendendo também a pensar, a olhar as meninas exclusivamente como objetos de desejo e não como pessoas com as quais se pode manter uma relação de reciprocidade, de igualdade...(questão estupro, preocupante, SC)

No que concerne às relações entre masculinidades e violências são interessantes as reflexões de Fátima Regina Cechetto (2004). Esta autora recusa conexão natural que geralmente se faz entre masculinidade, violência e pobreza. Para Cechetto abordagens que biologizam ou psicologizam a violência masculina (violência tratada como uma essência masculina), desviam a atenção das relações sociais e da própria dinâmica da construção social da masculinidade.

Enfatiza, também, que a violência masculina não é universal, e que seria interessante se pensar em termos de diferentes estilos de masculinidade. Dentro dessa perspectiva, as masculinidades específicas não são entendidas como tipos fixos, mas como configurações específicas de práticas constituídas em situações particulares e mutáveis. Um desdobramento possível desta perspectiva é que mesmo quando o estilo de masculinidade predominante se constitui fortemente através de modalidades de violências, é possível proceder a uma análise focada nas relações sociais que engendram tal modelo e sensível à possibilidade da coexistência entre os valores dominantes e outros de natureza diversa.  

Em meu TCC discuti o imaginário, as falas de crianças de um dos morros de Florianópolis (no qual é forte a presença do tráfico de drogas) sobre violência. Numa de minhas conversas com alguns meninos (entre 10-12 anos) perguntei a opinião deles a respeito do porque havia mais homens envolvidos em crimes do que mulheres e eles responderam: “Porque homem quando é pequeno é torturado pelos pais, a solução deles é as drogas, mulher já não.”; “A solução delas, elas desabafam com as amiga.”.

Perguntei por que os meninos não conseguiam fazer isso (especificamente desabafar com os amigos) e obtive como resposta que os meninos têm mais vergonha, pois pensam que homem não tem o direito de chorar. Questionei então se eles achavam que tinham esse direito e um deles respondeu: “Claro, a gente também, os homens também são ser humano.”  Essa fala denota a existência de valores que constituem a construção social de certo modelo de masculinidade que constrange as atitudes, os comportamentos e as escolhas desses meninos. Porém, o interessante é que mesmo no contexto de uma configuração de masculinidade marcada por valores ligados à virilidade e ao “ethos guerreiro” há lugar para valores contrários aos predominantes.

  Seria então possível ampliar o campo de possibilidades de constituição de masculinidades de maneira a dar mais espaço a modelos valorativos de masculinidade não baseados em comportamentos ligados à força, à agressividade?

Se seguimos as reflexões de Butler, por exemplo, é possível sim encontrar espaços para mudanças, pois o sujeito negocia suas construções, mesmo quando estas constituem os atributos de sua própria identidade. O exemplo do menino que advoga o “direito de chorar” remete a esse tipo de negociação possível dentro dos modelos vigentes.