ETOLOGIA HUMANA E PSICOLOGIA EVOLUTIVA

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Transcrição da apresentação:

ETOLOGIA HUMANA E PSICOLOGIA EVOLUTIVA

O programa adaptacionista Adaptação Psicologia Evolutiva = programa adaptacionista aplicado ao estudo da mente humana (= mecanismos psicológicos) Existe um constrangimento adaptativo na flexibilidade comportamental (cultural)

Cinco erros comuns na crítica do programa adaptacionista O comportamento humano é geneticamente determinado Se um comportamento tem uma base evolutiva então não o conseguimos modificar (i.e. torna-se aceitável) a teoria evolutiva requer capacidades computacionais avançadas por parte dos indivíduos a teoria evolutiva implica uma motivação para maximizar a reprodução Os mecanismos psicológicos actuais têm um design optimizado

A controvérsia sociobiológica E.O. Wilson (1975) “Sociobiology: the new synthesis”(Stephen J. Gould; R. Lewontin) Genes e comportamento humano: níveis de análise Comportamento humano e sucesso reprodutor: intencionalidade vs. selecção natural Comportamentos humanos não adaptativos Sociobiologia é uma doutrina política reaccionária

Sociobiologia da adopção Oceania 30% das crianças são adoptadas Marshall Sahlins (1976): hábito cultural arbitrário Joan Silk(1980): pais adoptivos são primos ou parentes mais próximos (r0.125) Adopções quando r=0? Famílias pequenas em culturas agrícolas maladaptação casais sem filhos ocorrência em animais não-humanos (e.g. pinguins)

Selecção Sexual, ou porque é que machos e fêmeas são diferentes? Lineu (1758) Anas platyrhynchos e A. boschas ou macho e fêmea? Darwin (1871) organismos unisexuais que trocam material genético diferenças no sucesso reprodutor competição por parceiros sexuais

Anisogamia Gâmetas de dimensões diferentes: fêmeas produzem ovos grandes e nutritivos machos produzem esperma de pequenas dimensões e com elevada mobilidade. Resultado de duas pressões evolutivas: aumento do tamanho do zigoto (e da sua sobrevivência) aumento do número de gâmetas

Conflicto entre os sexos Devido ao elevado número de gâmetas que produzem os MACHOS competem entre si para acasalar com o maior número possível de fêmeas Devido ao maior investimento num menor número de gâmetas as FÊMEAS são mais “cuidadosas” (selectivas) na escolha do parceiro sexual.

Competição por parceiros sexuais “Sexual selection... depends, not on a struggle for existence, but on a struggle between the males for possession of the females; the result is not death to the unsuccessful competitor, but few or no offspring” (Darwin, 1859, On the origin of species by means of natural selction)

Mecanismos de Competição

A Natureza Humana “Human nature was carefully designed by natural selection for the use of a social, bipedal originally African ape, as Human stomachs were designed for the use of an omnivorous African ape with a taste for meat” (M. Ridley, 1993, The Red Queen) Contra-argumentos: Criacionismo “Cultura”

Escolha do parceiro, ou o Pavão Humano Poligamia e a natureza masculina Poligamia e estatuto social: Império Inca: harém de Atahualpa Realeza e nobreza ocidental e os bastardos Promiscuidade homosexual em São Francisco: gays vs. lésbicas Monogamia e a natureza feminina O limiar da poligamia: recursos vs. investimento parental qual dos sexos é o benificiado?

Os 4 mandamentos da teoria dos sistemas de acasalamento 1. Se as fêmeas benificiam da escolha de machos monogâmicos, então o sistema é monogâmico; 2. caso contrário os machos podem exercer pressão sobre as fêmeas no sentido de um sistema poligâmico; 3. Se não existem custos para as fêmeas ao escolherem machos já acasalados, então a poligamia pode ser adoptada; 4. A não ser que as fêmeas dos machos já acasalados previnam os seus parceiros de acasalar com outras fêmeas.

Preferências sexuais em Humanos David M. Buss (Univ. Michigan, U.S.) teste de hipóteses evolutivas em 37 culturas de 33 nacionalidades (n=10,047) Quais as caracteristicas que as pessoas valorizam em potenciais parceiros sexuais? Homens e Mulheres apresentam diferentes preferências: Mulheres = aquisição de recursos Homens = capacidade reprodutora

O que é que as mulheres preferem? capacidade económica estatuto social idade ambição estabilidade inteligência compatibilidade tamanho e força boa saúde amor e compromisso

Os Homens preferem outras coisas... idade jovem beleza física forma do corpo Singh, “waist-to-hip ratio” 0.67-0.80 mulher reprodutora 0.85-0.95 homens Playboy centerfolds 0.70

Sinais honestos ou bluffing? Ornamentos femininos cosmética roupas jóias Ornamentos masculinos carros desportivos estilo de vida mulher vistosa- jóias

Qual a validade do estudo de Buss? As respostas ao questionário reflectem preferências reais? As preferências influenciam as decisões reprodutoras (matrimoniais) Validação do estudo com dados demográficos para 27 dos 33 Países amostrados

Diferença de idades no casamento Preferências: Homens = parceiros 2.66 anos mais novos Mulheres = parceiros 3.42 anos mais velhos média inter-sexual= 3.04 anos Dados demográficos: 2.17 anos (Irlanda) a 4.92 anos (Grécia) média inter-países = 2.99 anos

Idade absoluta no casamento Homens: casar aos 27.5 anos com rapariga de 24.8 anos Mulheres: casar aos 25.4 com rapaz de 28.8 anos Dados demográficos: Homens casam aos 28.2 Mulheres aos 25.3

Correlação entre a magnitude da diferença preferida e a magnitude da diferença observada Correlação utilizando os valores para cada País da preferência vs. observados Homens: R=0.68, p<0.01, n=28 Mulheres: R=0.71, p<0.01, n=28 Conclusão: Amostras de Países em que se prefere uma diferença de idade menor apresentam na realidade valores menores!

Correlação entre a magnitude da diferença preferida e a magnitude da diferença observada Correlação utilizando os valores para cada País da preferência vs. observados Homens: R=0.68, p<0.01, n=28 Mulheres: R=0.71, p<0.01, n=28 Conclusão: Amostras de Países em que se prefere uma diferença de idade menor apresentam na realidade valores menores!

Sexo, preferências e jornais

Sexo, preferências e jornais

Competição de esperma em Humanos Bakker & Bellis, Manchester Univ. Predição: associação positiva enter quantidade de esperma inseminado e o risco de a fêmea ter acasalado com outro macho (Parker 1970, 1982) Exº: em Primatas espécies poliândricas possuem testículos de maiores dimensões do que espécies monoândricas.

Cenário evolutivo para competição de esperma em humanos nível mínimo de duplos-acasalamentos: 1/7700 nível reportado em questionário (UK): 1/1000 Paternidade não atribuível ao pai legal (DNA fingerprinting, US): 10% “cuckoldry” Machos de espécies monogâmicas fazem guarda do par entre cópulas; risco de EPC está inversamente associado ao tempo passado junto à fêmea!

Masturbação vs. Cópulas nº esperma /ejaculado vs. tempo juntos desde a última cópula: Masturbação: Rs=-0.19, p=0.30 (NS) Cópula: Rs=-0.95, p<0.001 Percentagem de tempo que o par passou junto é um bom predictor do número de esperma ejaculado durante cópula (79% da variância explicada, F=30.5, p<0.001)