INVESTIGAÇÃO DE CASOS DE AIDS COM HISTÓRICO DE TRANSFUSÃO

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Transcrição da apresentação:

INVESTIGAÇÃO DE CASOS DE AIDS COM HISTÓRICO DE TRANSFUSÃO Dissertação de Mestrado Faculdade de Saúde Pública / USP dez/2001 Maria de Fátima Alves Fernandes Orientação: Prof. Dr. Chester Luís Galvão César

Por que AIDS? Situação no Brasil Única reação transfusional adversa sistematicamente notificada. Programa de AIDS é privilegiado.

Dados informados em boletins epidemiológicos (Brasil) Ano do diagnóstico BE XI-01/1999 BE XIII-03/2000 Transfusão Total de casos N % 1991 326 2,83 11500 254 2,12 11973 1992 380 2,62 14508 279 1,85 15068 1993 373 2,28 16328 296 1,75 16943 1994 362 2,04 17778 278 1,51 18424 1995 403 2,13 18939 306 1,52 20168 1996 422 2,09 20200 308 1,35 22744 1997 248 1,31 18971 193 0,83 23173 1998 19 0,08 23119 1999 9 0,05 18288 2000 3 0,03 8596 Total 2514 118224 1945 1,09 178496

Risco residual estimado País/Estado Ano Estimativa EUA 1996 1/450.000 a 1/660.000 1, 2 França 1992 1/580.000 3 2000 1/1.350.000 4 Brasil 1993 1/2.533 a 1/15.000 5 São Paulo 1998 1/10.330 (Hc/Marília) 6 1/77.000 (Hc/Rib Preto) 7 1999 1/64.000 (FPS/São Paulo) 8 Fonte: 1 Lackritz EM e col. 2 Schreiber GB e col. 3 Couroucé AM e col. 4 Delbosc A e col. 5 Hamerschlak e col. 6 Canutti Jr V. 7 Covas DT. 8 Sabino EC.

Casos possíveis ER/casos notificados País/ Estado Ano Casos notificados Casos esperados (ER) N % EUA 1999-2000 (1 ano) 2741 0,6% 11 a 16 França 1996 572 1,4% 3 a 7 1997 342 1,5% 1998 172 0,9% Brasil 19 0,08% 21 a 155 só no ESP 1999 9 0,05% 2000 3 0,03% Fonte: 1 CDC. HIV/AIDS Surveillance Report (2000) 2 MES. IVS. Bulletin épidémiologique hebdomadaire. (2000)

Objetivos Geral Específicos Avaliar as condições das informações disponíveis para a implantação de um sistema de hemovigilância, através da investigação do histórico transfusional dos casos de AIDS. Específicos Verificar a possibilidade real de rastreamento dos hemocomponentes transfundidos. Conhecer o tipo de risco que os serviços hemoterápicos podem estar proporcionando e propor medidas de adequação. Verificar técnicas e kits usados nos testes realizados. Identificar as limitações do sistema de vigilância em relação a classificação de casos de AIDS nesse tipo de exposição.

Material e métodos Seleção dos casos Critérios de inclusão Critérios de exclusão Investigação (Fluxograma e Ficha de investigação) Ocorrência de transfusão Prontuário Preparo da transfusão SH 1 Coleta do sangue SH 2 Fracionamento do sangue SH 3 Testes sorológicos SH 4 Retestagem do sangue

Instrumento de coleta de dados

Resultados Dados iniciais Casos: 81 Categoria de exposição transfusão: 3 casos

Casos excluídos por critérios de exclusão (81 casos iniciais – 25 excluídos) SITUAÇÃO ANALISADA CASOS Transfusão em outro município 9 Data da transfusão Anterior a 1986 13 Posterior ao diagnóstico de AIDS 1 Intervalo entre a transfusão e o diagnóstico de AIDS < 1 ano 2 1 Total 25 Fonte: Programa Estadual de DST/AIDS (NEP) em 25/09/2000. 1 1 caso estava classificado na categoria de exposição transfusão. (1/3)

Casos excluídos por tipo de item prejudicado (56 casos - 34 exclusões) Não informados isoladamente Município 1 Serviço onde ocorreu a transfusão 4 1 Ano da transfusão 5 Não informados conjuntamente Município + serviço de saúde 8 Município + serviço de saúde + ano de transfusão 14 Prejudicados Serviços de saúde não existentes 2 Total 34 Fonte: Programa Estadual de DST/AIDS (NEP) em 25/09/2000. 1 1 caso estava classificado na categoria de exposição transfusão. (2/3)

Localização dos prontuários (22 casos) % Prontuários localizados Sem dificuldades 12 55% Com dificuldades 3 13% Subtotal 15 68% Prontuários não localizados Dados insuficientes 5 1 23% Paciente sem passagem pelo hospital 2 9% 7 32% Total 22 100% 1 1 caso estava classificado na categoria de exposição transfusão. (3/3)

Ocorrência de transfusão (15 casos) % Houve transfusão 8 53% Não houve transfusão 7 47% Total 15 100% Unidades transfundidas Casos Unidades 17 (ou 18?)

Rastreamento das 18 transfusões (8 casos) REGISTROS DA TRANSFUSÃO REGISTROS DA DOAÇÃO/UNIDADE COLETADA No Hospital No SH Triagem/Coleta Fracionamento Data Hemocomponente Ficha localizada N de UH Destino 1 05/97 CH Sim 3 ST S/ frac 2 07/94 PFC 12/93 Ausência desses registros 02/94 12/94 Devolução Não localizada 01/95 4 02/88 5 05/95 05/96 6 07/95 06/95 7 03/98 02/98 8 10/95 CHL

Rastreamento das 18 transfusões (8 casos) REGISTROS DA DOAÇÃO/UNIDADE COLETADA Testes sorológicos N Método KIT Resultado 1 2 Sim NR 3 Não 4 5 6 7 8

Retestagem sorológica dos 15 doadores (6 casos) Doações posteriores Coleta de nova amostra do doador Casos N Resultado Doador convocado localizado Nova coleta 1 NR Não Zero Sim 2 3 4 5 6

Resultado final 56 casos com histórico de transfusão Ausência de dados impossibilitando o início da investigação: 34 casos 22 casos com início de investigação possível Prontuários não localizados: 5 Sem passagem pelo hospital: 2 15 prontuários analisados Não houve transfusão: 7 8 casos com transfusão Doadores identificados: 6 casos Retestagem sorológica: 2 casos

Demonstrativo final das principais fases de investigação Aplicados os critérios de exclusão, dos 81 casos, teríamos que investigar 56 casos. Resultados: 56 casos Perda: 34 casos (61%) 22 casos 34 (61%) 5 (9%) 2 15 casos 34 (61%) 5 (9%) 2 7 8 casos 34 (61%) 5 (9%) 2 7 2 6 (10%) CASOS CONCLUÍDOS: 11 casos (20%)

Conclusões Não houve confirmação de nenhum caso de AIDS transfusional. Os casos concluídos foram uma pequena minoria. Se não forem adotadas medidas corretivas, a implantação de uma hemovigilância atuante poderá ser prejudicada.

Recomendações Para a VE Definir caso suspeito e caso confirmado de AIDS transfusional. Informar pelo menos ano provável da transfusão na FIE. Geral Capacitação de RH: importância da coleta de dados. Estimular a integração das “duas vigilâncias” : investigação conjunta VE e VISA. Serviços de saúde: Padronização mínima dos prontuários. Localização por nome, CPF, data de nascimento. Registros de transfusões mais claros.

Recomendações Serviços hemoterápicos Estabelecer mecanismos de feedback quanto ao destino final do sangue preparado. Prolongar a obrigatoriedade de arquivamento dos registros não informatizados. Prolongar a guarda de soroteca. Não deve ter tempo inferior ao período de incubação médio. Para a VISA Estimular o aumento das ações de VISA junto aos serviços de saúde.

DESDOBRAMENTOS

1 PROJETO DE REINVESTIGAÇÃO DE CASOS DE AIDS TRANSFUSIONAIS CN DST AIDS ANVISA

Reinvestigação dos casos de AIDS transfusionais Casos selecionados pela CN DST AIDS (notificações de 1998 a 2000) UF MG RJ MA MT SP BA ES PI CE PB PR RR RS SC Total Casos 10 8 6 5 2 1 46

Exclusão por critério técnico – Período de incubação (7 casos) Situação analisada Intervalo entre a transfusão e o diagnóstico de AIDS < 1 ano Casos por UF UF MA RJ ES MG RR Total Casos 2 1 7

Sem possibilidade de iniciar a investigação (14 exclusões) ITEM NÃO INFORMADO CASOS Serviço de saúde 9 Município + serviço de saúde 5 Total 14

Casos com início de investigação possível (por UF de ocorrência da transfusão) MG SP MA MT RJ PI PR Total Casos 6 5 3 1 25

Resultados parciais N = 25 UF Casos Após investigação MG 6 4 hemofílicos (Transfusão) 2 sem confirmação de transfusão prontuários não localizados SP MA 5 5 sem confirmação de transfusão MT 3 1 sem confirmação de transfusão prontuário não localizado RJ 1 não houve transfusão 1 com várias transfusões em investigação PI 1 1 com transfusão PR

Resultados parciais Após investigação Casos Inconclusivos (prontuários não localizados) 11 Não houve transfusão 1 Houve transfusão Hemofílicos 4 Outros 2 * Casos não concluídos 7 * Total 25 * Investigações em andamento

2 PORTARIA CVS 4 de 22/04/2002, publicada no DOE SP de 24/04/2002 Dispõe sobre a obrigatoriedade de informação do destino final dos hemocomponetes preparados para transfusão, com fins de rastreabilidade, sobre a obrigatoriedade de informação da ocorrência de reações transfusionais adversas e dá outras providência correlatas.

Contato Fátima Fernandes visahemoterapia@cvs.saude.sp.gov.br